Pesquisar este blog

sexta-feira, julho 02, 2010

PROSA

Notas do Subsolo
Fiódor Dostoievski
(Tradução Maria Aparecida Botelho Pereira Soares)

Sou um homem doente...sou mau. Não tenho atrativos. Acho que sofro do fígado. Aliás, não entendo bulhufas da minha doença e não sei com certeza o que é que me dói. Não me trato, nunca me tratei, embora respeite os médicos e a medicina. Além de tudo, sou supersticioso ao extremo; bem, o bastante para respeitar a medicina. (Tenho instrução suficiente para não ser supersticioso, mas sou) Não, senhores, se não quero me tratar é de raiva. Isso os senhores provavelmente não compreendem. Que assim seja, mas eu compreendo. Certamente, não poderia explicar a quem exatamente eu atinjo, nesse caso, com minha raiva; sei perfeitamente que, não me tratando, não posso prejudicar os médicos; sei perfeitamente bem que, com isso, prejudico somente a mim e a mais ninguém. Mesmo assim, se não me trato, é de raiva. Se o fígado dói, que doa ainda mais.
http://culturadetravesseiro.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Esse monstro sagrado do romance que foi Dostoievski, conseguiu driblar seus problemas mentais, deixando para a posteridade paginas apreciadas até hoje. Obrigado Fiodor. Rubem

    ResponderExcluir