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quarta-feira, junho 30, 2010

MEDICINA

Doença maníaco-depressiva

A doença maníaco-depressiva, também chamada perturbação bipolar, é uma situação na qual os períodos de depressão alternam com períodos de mania ou de algum grau menor de excitação.
A doença maníaco-depressiva afecta em algum grau um pouco menos de 2 % da população. Pensa-se que a doença é hereditária, embora se desconheça o defeito genético exacto. A doença maníaco-depressiva afecta por igual homens e mulheres e habitualmente começa entre os 10 e os 40 anos.
Sintomas e diagnóstico
A perturbação maníaco-depressiva começa geralmente com depressão e apresenta pelo menos um período de mania em algum momento durante a doença. Os episódios de depressão duram habitualmente de 3 a 6 meses. Na forma mais grave da doença, chamada perturbação bipolar de tipo I, a depressão alterna com mania intensa. Na forma menos grave, chamada perturbação bipolar de tipo II, episódios depressivos de curta duração alternam com hipomania. Os sintomas da perturbação bipolar de tipo II voltam muitas vezes a aparecer em certas estações do ano; por exemplo, a depressão acontece no Outono e no Inverno e a euforia menor acontece na Primavera ou no Verão.
Numa forma ainda mais suave da doença maníaco-depressiva, chamada perturbação ciclotímica, os períodos de euforia e de depressão são menos intensos, duram habitualmente somente alguns dias e voltam a apresentar-se com bastante frequência com intervalos irregulares. Embora as perturbações ciclotímicas possam, em último grau, evoluir para uma doença maníaco-depressiva, em muitas pessoas esta perturbação nunca conduz a uma grande depressão ou à mania. Uma perturbação ciclotímica pode contribuir para o êxito nos negócios, na liderança, na obtenção de objectivos e na criatividade artística. No entanto, pode também provocar resultados irregulares no trabalho e na escola, frequentes mudanças de residência, repetidos desenganos amorosos ou separações matrimoniais e abuso de álcool ou de drogas. Em cerca de um terço das pessoas com perturbações ciclotímicas, os sintomas podem conduzir a uma perturbação do humor que requer tratamento.
O diagnóstico da doença maníaco-depressiva baseia-se nos seus sintomas característicos. O médico determina se a pessoa está a sofrer um episódio maníaco ou depressivo, com o objectivo de prescrever o tratamento correcto. Cerca de um terço das pessoas com uma perturbação bipolar sofrem simultaneamente sintomas maníacos (ou hipomaníacos) e depressivos. Esta situação é conhecida como um estado bipolar misto.
Prognóstico e tratamento
A doença maníaco-depressiva reaparece em quase todos os casos. Por vezes, os episódios podem mudar da depressão para a mania, ou vice-versa, sem qualquer período de humor normal pelo meio. Algumas pessoas mudam mais rapidamente que outras entre episódios de depressão e de mania. Até cerca de 15 % das pessoas com doença maníaco-depressiva, sobretudo mulheres, têm quatro ou mais episódios por ano. As pessoas que sofrem ciclos rápidos são mais difíceis de tratar.
As incidências de mania ou de hipomania na doença maníaco-depressiva podem ser tratadas como a mania aguda. Os episódios depressivos tratam-se como a depressão. No entanto, em geral, os antidepressivos podem provocar mudanças de depressão para hipomania ou mania e, por vezes, produzem mudanças rápidas de ciclo entre as duas situações. Por isso, estes fármacos utilizam-se durante curtos períodos e os seus efeitos sobre o humor são controlados com muito cuidado. Quando se observam os primeiros indícios de mudança para a hipomania ou a mania, retira-se o antidepressivo. Os antidepressivos menos propensos a provocar alterações no humor são o bupropion e os inibidores da monoaminooxidase. O ideal para todos os que sofrem de uma perturbação maníaco-depressiva seria administrar-lhes fármacos estabilizadores do humor, como o lítio ou um anticonvulsivante.
O lítio não produz efeitos sobre o estado de humor normal, mas reduz a tendência para mudanças extremas do humor em cerca de 70 % dos que sofrem de uma perturbação maníaco-depressiva. O médico controla os valores sanguíneos de lítio através de análises de sangue. Os possíveis efeitos secundários do lítio incluem tremores, contracções musculares, náuseas, vómitos, diarreia, sensação de sede, aumento do volume de urina e aumento de peso. O lítio pode piorar o acne ou a psoríase e pode causar uma diminuição das concentrações sanguíneas de hormonas tiróideas. Os valores muito altos de lítio no sangue podem provocar uma dor de cabeça persistente, confusão mental, adormecimento, convulsões e ritmos cardíacos anormais. Os efeitos secundários aparecem com maior frequência nas pessoas de idade avançada. As mulheres, quando tentam ficar grávidas, devem deixar de tomar lítio porque este pode (raramente) produzir malformações cardíacas no feto.
Durante os últimos anos desenvolveram-se novos tratamentos farmacológicos. Estes incluem os anticonvulsivantes carbamazepina e divalproato. No entanto, a carbamazepina pode causar uma diminuição preocupante do número de glóbulos vermelhos e de leucócitos, e o divalproato pode danificar o fígado (sobretudo nas crianças). Estes problemas ocorrem raramente quando existe uma cuidadosa supervisão médica, e a carbamazepina e o divalproato constituem alternativas úteis ao lítio na doença maníaco-depressiva, especialmente nas formas mistas ou nas de tecidos rápidos quando estas não responderam a outros tratamentos.
A psicoterapia é frequentemente recomendada para os que tomam fármacos estabilizadores do humor, sobretudo para os ajudar a continuar com o tratamento. Algumas pessoas que tomam lítio sentem-se menos alerta, menos criativas e com menos controlo sobre as coisas do que em condições habituais. No entanto, a diminuição real da criatividade é pouco frequente, particularmente porque o lítio permite às pessoas com doença maníaco-depressiva levar uma vida mais regular, melhorando a sua capacidade global de trabalho. A terapia de grupo utiliza-se, frequentemente, para ajudar as pessoas e os seus cônjuges, ou os seus familiares, a compreender a doença e a enfrentá-la em melhores condições.
A fototerapia é muitas vezes utilizada para tratar as pessoas com doença maníaco-depressiva, especialmente as que têm uma depressão mais ligeira e de carácter mais estacional: depressão no Outono-Inverno e hipomania na Primavera-Verão. Para a fototerapia coloca-se a pessoa numa sala fechada com luz artificial. A luz é controlada para imitar a estação do ano que o terapeuta está a tentar criar: dias mais longos para o Verão e dias mais curtos para o Inverno. Se a dose de luz for excessiva, a pessoa pode sofrer uma mudança para a hipomania ou, em alguns casos, dano nos olhos. Portanto, a fototerapia deve ser supervisada por um médico especializado no tratamento das perturbações do humor.

http://www.manualmerck.net/?id=110

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