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terça-feira, janeiro 24, 2017

Enfim II. Charles Fonseca. Prosa

ENFIM II
Charles Fonseca

Demorou mas ainda não desapareceu o sonho impossível. O do amar sem limites, sem a baliza da razão. Em querer o recíproco de outras singularidades eu tão diferente delas. Mais que doeu na alma, que ulcerou no corpo, das chagas restaram as cicatrizes. Mas assim foi, é e será como no passado eu fui o futuro que não chegou, a promessa que não se cumpriu, o presente que esteve ausente. Fiz o que pude sem poder, fui o que pensava ser não sendo e serei o que enfim será aquele que viria a ser e foi-se. O ciclo vital aí está pra mim como pra todos que me sucederão nos mistérios do amor, como esteve para os que se foram levando consigo suas saudades, seus sonhos delírios, suas imagens disformes, o seu concreto posto ao chão, sua alma voltando para onde veio, para a sua origem e sua eternidade.

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