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sexta-feira, outubro 28, 2016

Geleia brasileira. Charles Fonseca. Prosa

GELEIA BRASILEIRA
Charles Fonseca

Tenho 784, digamos, amigos no Facebook. É a geleia geral brasileira em desfile. Porta estandartes, mestres-sala, atuando ou sendo instrumentos de percussão agogô, afoxé, chimbau, chocalho, ganzá, pratos, reco-reco, triângulo, xequerê, atabaque, bateria, bongô, cuíca, pandeiro, tambor, tamborim, zabumba. A lista é grande. O barulho de monta. De sopro, trombetas a querer derrubar as muralhas de Jericó da incredulidade. Muitos querendo expressar suas emoções através de imagens copiadas sabe lá de onde. Outros querendo convencer incréus e livrá-los do fogo eterno. Alguns a se proclamar da fé atéia. Raro um violino, uma flauta doce, um grave cello. A maioria ocupantes dos céus em missão na terra a tentar convencer as ovelhas para este ou aquele aprisco. Há um bodum em alguns. Em outros a ingenuidade. Muitos os sinceros em sua crença ainda que vicária. E o consumo agradece a freguesia.

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