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segunda-feira, setembro 01, 2014

Porque Aécio tanto quanto Marina tenderão a piorar a situação do médico e da Medicina no Brasil Marcelo Caixeta . Medicina

Porque Aécio tanto quanto Marina tenderão a piorar a situação do médico e da Medicina no Brasil
Marcelo Caixeta


Tanto Marina quanto Aécio erram ao propor “veneno para tratar o doente” : mais “ações do Governo” na saúde pública, quando se sabe que o que a assistência médico-hospitalar está precisando no Brasil é justamente o contrário : menos ingerência pública. Isto nenhum dos candidatos propõe.
Não sacaram ainda o grande paradoxo : “para resolver o problema da Saúde, o Governo tem de parar de “querer resolver o problema da Saúde”. Tem de aprender a delegar isto para quem, de fato, vai fazê-lo: a Sociedade Civil, os médicos, os hospitais.
Dilma foi o governante que mais prejudicou a assistência médico-hospitalar no Brasil em todos os tempos, justamente por querer ser a “que mais fez pelo setor”.
Vou tentar simplificar a história para me fazer melhor entender : a assistência médico-hospitalar degringolou a partir do momento em que o Governo quis “corrigir” o preço excessivo que médicos e hospitais gananciosos cobravam pelos seus serviços ( ganância tanto mais cruel quanto exercida sobre a urgência e desespero da dor, sofrimento e morte ). O governo “entrou na jogada” e “contratou médicos”, “construiu hospitais”, abaixando lá embaixo o preço destes serviços na Sociedade Civil. Médicos e hospitais, ganhando pouco ( o Governo desacostumou o povo de pagar o médico por consultas e internações ) , apertados pelos impostos e exigências governamentais ( cada vez maiores ) , hospitais privados fecham ( inclusive os conveniados pelo SUS ), médicos mais especializados abandonam consultórios ( não só os médicos do SUS, mas também os de Planos de Saúde, que reproduzem a baixa valorização do médico, vigente no SUS ) . A sociedade sofre um “apagão” de médicos e hospitais resolutivos. O caos da saúde transparece em todo noticiário de televisão. Acontece o que o Governo quer : precarizar o trabalho na assistência médico-hospitalar liberal e empurrar os médicos para o serviço público. No entanto, no serviço público, o médico também fica sufocado, pois o “socialismo” vigente em todo serviço público tende para a “anti-autoridade-médica” ( “médico não é melhor que ninguém”, “médico não pode ganhar melhor”, “não é médico que manda”, “não somos aqui serviçais de médicos” ). Aí, mesmo se recebesse os maiores salários, o médico tende mesmo a abandonar ou a fazer corpo mole dentro do serviço público. O governo, mais uma vez ,“tentando resolver o problema da Medicina” ( e só aumentando-os ) , traz agentes de saúde cubanos, transforma-os em “médicos escravos necessários ao SUS” ( aceitam serem chicoteados ), cria e aumenta vagas de Medicina em Faculdades sem condições de formá-los. Há e continuará havendo uma “inundação” de médicos incompetentes no mercado, pois, ao contrário de políticos, médicos não se formam com discursos, decretos, cuspe e giz. Como dizia Hegel, não há como quantidade transformar-se em qualidade. As ingerências do Governo PT/Dilma/Lula na Medicina só pioraram a situação. Com o despovoamento de médicos especialistas no SUS, despovoamento de hospitais no SUS, só os “agentes de saúde cubanos em postinhos” já mostraram que são um engodo para resolver as “doenças de verdade” ( só “resolvem” gripe, que vai passar com médico, sem médico, apesar de médico ). Dilma diz que vai resolver o problema ( mais uma vez ), agora trazendo “médicos especialistas de Cuba”.
Bom, qualquer criança que sabe ler já notou a “maçaroca” que os Governos fizeram com a saúde.
E qualquer criança pode entender como é simples resolver isto : se o Governo diminuir drasticamente impostos, exigências, excesso de regras e controle, sobrará dinheiro para o povo ir a médicos e hospitais, e, com dinheiro, haverá médicos e hospitais, especializados e adequados. Aos poucos verdadeiramente pobres que sobrarem, aqueles que não tem como pagar médicos e hospitais, a própria sociedade se encarrega de acolhê-los, se o Governo,mais uma vez, não fizesse o que está fazendo : destruindo a rede assistencial filantrópica médico-hospitalar. Se o Governo jogasse mesmo com a Sociedade Civil, poderia até desonerar e subsidiar aqueles que se mostrassem verdadeiramente filantrópicos. Ou então, poderia ressarcir o atendimento médico-hospitalar , qualquer que fosse, livremente escolhido pelos verdadeiramente pobres. Tudo muito fácil, não ? Mas governante nenhum, nem Aécio, muito menos Marina, querem desmontar a galinha-dos-ovos-de-ouro do SUS : precisam deles para manterem o “curral-eleitoral-dos-pobres” e o “cabide-de-emprego-dos-ricos” ( “todo rico no Brasil quer ser funcionário público”).
O que é mais preocupante é que não há uma linha sobre isto dito aí acima nos planos dos candidatos presidenciais, todos com viés estatizante, todos sem tocar um dedo, não só na resolução, mas nem no diagnóstico correto da situação.
Governante brasileiro, mesmo o Aécio, que se diz pró-Sociedade-Civil, ainda não abandonou o narcisismo infantil de querer ser um “Grande Estadista a dirigir um “Estado Grande”. Só há duas coisas que fazem um governante abandonar este “narcisismo pró-Estado” : 1) Pressão do povo ( isto não existe no Brasil, onde a ignorância - falta de leitura - e as “boquinhas no governo” transformam todo mundo em “pró-Estado” ). 2) Cristianismo, que é um dispositivo que tenta anular nosso próprio narcisismo em benefício de outrem. Marina se diz “cristã”, mas eu desconfio que seu cristianismo, como o de todo governante, não é genuíno o bastante para vencer o “doce gozo nada-divino das benesses do poder”.
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Marcelo Caixeta, médico-psiquiatra

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