sábado, fevereiro 15, 2025

Soneto de Aurélio Buarque de Holanda

Amar-te – não por gozo da vaidade,

Não movido de orgulho ou de ambição,

Não à procura da felicidade,

Não por divertimento à solidão.


Amar-te – não por tua mocidade

– Risos, cores e luzes de verão –

E menos por fugir à ociosidade,

Como exercício para o coração.


Amar-te por amar-te: sem agora:

Sem amanhã, sem ontem, sem mesquinha

Esperança de amor, sem causa ou rumo.


Trazer-te incorporada vida fora,

Carne de minha carne, filha minha,

Viver do fogo em que ardo e me consumo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário