sexta-feira, fevereiro 21, 2025

Fados Contrários de Castro Alves (A José Jorge.) Num álbum

Diz à flor a borboleta:

“Vamos, irmã, tudo é luz!

Há muito prisma doirado

Que pelos ares transluz…

Tuas pétalas são asas…

Das nuvens nas tênues gazas,

D’aurora nos seios nus

Tens um ninho entre perfumes…

Vamos boiar, entre lumes

Desses páramos azúis”.


À linda filha dos ares,

Responde a silvestre flor:

“Eu amo o gemer das auras

E o beijo do beija-flor…

Se és do céu a violeta,

Sigo um destino menor.

Buscas o céu — eu a alfombra,

Queres a luz — quero a sombra,

Pedes glória — eu peço amor.

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