Pesquisar este blog

sexta-feira, janeiro 18, 2019

NO SENTIDO DA TERRA. Rodrigo Petronio. Poesia.

NO SENTIDO DA TERRA
Rodrigo Petronio

I

Se eu abro meu pulso para uma estrela e a chuva
[ em coro vem arar meu dorso.
Se procedo líquido da boca da madeira e por ela
[ canto o canto circular de um morto.
Se adentro sem pegadas o teu corpo de vidro e
[ me comovo com a floração das teclas.
O pólen fecunda a primavera. Anjo volátil. Rosto
[ vascular talhado em pedra.
Ânfora sem coração que acolhe em si o que Deus
[ recusa e a eternidade congela.
Falo do farol. Falo de um dardo de folha. Que
[ desviando do alvo encontra a meta.
O rio regressa. A ave regressa. A musculatura
[ lisa da lua trama flores convexas.
O campo revolve a ordem divina. Analfabeta. A
[ ignorância nos protege de sua luz que cega.
Não sou o guardião dessa terra anônima. Apenas
[ nomeio o que a mão não toca.
Encarno o que a lava não sonha. E cumpro as
[ estações que nosso olhar nos veda.


Nenhum comentário:

Postar um comentário