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segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Rua do comércio. Vera Lúcia Oliveira. Poesia

RUA DE COMÉRCIO
Vera Lúcia de Oliveira

Sou poeta da cidade magra
da cidade que não
caminha
sou dessa planicidade
sou da violência das vidas
poeta da cidade que afunda casas
e pessoas
sou da puta da cidade que só tem
superfície

amanheço todo dia nua e estreita
como uma rua de comércio

Van Gogh. Pintura


sexta-feira, fevereiro 24, 2017

Atos dos Apóstolos, 5

1.Um certo homem chamado Ananias, de comum acordo com sua mulher Safira, vendeu um campo

2.e, combinando com ela, reteve uma parte da quantia da venda. Levando apenas a outra parte, depositou-a aos pés dos apóstolos.

3.Pedro, porém, disse: Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo?

4.Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Por que imaginaste isso em teu coração? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus.

5.Ao ouvir estas palavras, Ananias caiu morto. Apoderou-se grande terror de todos os que o ouviram.

6.Uns moços retiraram-no dali, levaram-no para fora e o enterraram.

7.Depois de umas três horas, entrou também sua mulher, nada sabendo do ocorrido.

8.Pedro perguntou-lhe: Dize-me, mulher. Foi por tanto que vendestes o vosso campo? Respondeu ela: Sim, por esse preço.

9.Replicou Pedro: Por que combinastes para pôr à prova o Espírito do Senhor? Estão ali à porta os pés daqueles que sepultaram teu marido. Hão de levar-te também a ti.

10.Imediatamente caiu aos seus pés e expirou. Entrando aqueles moços, acharam-na morta. Levaram-na para fora e a enterraram junto do seu marido.

11.Sobreveio grande pavor a toda a comunidade e a todos os que ouviram falar desse acontecimento.

12.Enquanto isso, realizavam-se entre o povo pelas mãos dos apóstolos muitos milagres e prodígios. Reuniam-se eles todos unânimes no pórtico de Salomão.

13.Dos outros ninguém ousava juntar-se a eles, mas o povo lhes tributava grandes louvores.

14.Cada vez mais aumentava a multidão dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor.

15.De maneira que traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles.

16.Também das cidades vizinhas de Jerusalém afluía muita gente, trazendo os enfermos e os atormentados por espíritos imundos, e todos eles eram curados.

17.Levantaram-se então os sumos sacerdotes e seus partidários (isto é, a seita dos saduceus) cheios de inveja,

18.e deitaram as mãos nos apóstolos e meteram-nos na cadeia pública.

19.Mas um anjo do Senhor abriu de noite as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, disse-lhes:

20.Ide e apresentai-vos no templo e pregai ao povo as palavras desta vida.

21.Obedecendo a essa ordem, eles entraram ao amanhecer, no templo, e puseram-se a ensinar. Enquanto isso, o sumo sacerdote e os seus partidários reuniram-se e convocaram o Grande Conselho e todos os anciãos de Israel, e mandaram trazer os apóstolos do cárcere.

22.Dirigiram-se para lá os guardas, mas ao abrirem o cárcere, não os encontraram, e voltaram a informar:

23.Achamos o cárcere fechado com toda segurança e os guardas de pé diante das portas, e, no entanto, abrindo-as, não achamos ninguém lá dentro.

24.A essa notícia, os sumos sacerdotes e o chefe do templo ficaram perplexos e indagaram entre si sobre o que significava isso.

25.Mas, nesse momento, alguém transmitiu-lhes esta notícia: Aqueles homens que metestes no cárcere estão no templo ensinando o povo!

26.Foi então o comandante do templo com seus guardas e trouxe-os sem violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo.

27.Trouxeram-nos e os introduziram no Grande Conselho, onde o sumo sacerdote os interrogou, dizendo:

28.Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome. Não obstante isso, tendes enchido Jerusalém de vossa doutrina! Quereis fazer recair sobre nós o sangue deste homem!

29.Pedro e os apóstolos replicaram: Importa obedecer antes a Deus do que aos homens.

30.O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, que vós matastes, suspendendo-o num madeiro.

31.Deus elevou-o pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.

32.Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que lhe obedecem.

33.Ao ouvirem essas palavras, enfureceram-se e resolveram matá-los.

34.Levantou-se, porém, um membro do Grande Conselho. Era Gamaliel, um fariseu, doutor da lei, respeitado por todo o povo.

35.Mandou que se retirassem aqueles homens por um momento, e então lhes disse: Homens de Israel, considerai bem o que ides fazer com estes homens.

36.Faz algum tempo apareceu um certo Teudas, que se considerava um grande homem. A ele se associaram cerca de quatrocentos homens: foi morto e todos os seus partidários foram dispersados e reduzidos a nada.

37.Depois deste, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e arrastou o povo consigo, mas também ele pereceu e todos quantos o seguiam foram dispersados.

38.Agora, pois, eu vos aconselho: não vos metais com estes homens. Deixai-os! Se o seu projeto ou a sua obra provém de homens, por si mesma se destruirá;

39.mas se provier de Deus, não podereis desfazê-la. Vós vos arriscaríeis a entrar em luta contra o próprio Deus. Aceitaram o seu conselho.

40.Chamaram os apóstolos e mandaram açoitá-los. Ordenaram-lhes então que não pregassem mais em nome de Jesus, e os soltaram.

41.Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus.

42.E todos os dias não cessavam de ensinar e de pregar o Evangelho de Jesus Cristo no templo e pelas casas.

Sebastião Salgado. Fotografia


Florianópolis. Fotografia


Florianópolis. Fotografia


quarta-feira, fevereiro 22, 2017

Mansão. Charles Fonseca. Prosa

MANSÃO
Charles Fonseca

Adolescente, já ajudei a construir uma casa de taipa, janela e portas abertas, coberta de sapé, fogueira na porta para espantar a onça suçuarana. Não faltava maxixe, quiabo, jiló, abóbora, umbu. Se faltava água, era retirada de umas cabaças que existem cheias dela na raiz do umbuzeiro. De súbito, uma espingarda dispara. Um irmão mais novo 6 anos acidentalmente foi o autor da façanha. Uns furinhos de caroços de chumbo saídos lerdamente da espingarda de socar com bucha de sisal, penetraram no solo. Pasmo, meu pai recolheu a mesma e deu uma aula conjunta de artilharia em plena caatinga no centro da Bahia. Foi na Fazenda Mansão, de sua propriedade, por doação de um prático em odontologia. O Dr. Araujo, muito conceituado, nas terras dos Maracás.

Kandinski.



terça-feira, fevereiro 21, 2017

Porquê, um sacramento de Reconciliação depois do Batismo?

1425. «Vós fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus» (1 Cor 6, 11). Precisamos de tomar consciência da grandeza do dom de Deus que nos foi concedido nos sacramentos da iniciação cristã, para nos apercebermos de até que ponto o pecado é algo de inadmissível para aquele que foi revestido de Cristo (7). Mas o apóstolo São João diz também: «Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós» (1 Jo 1, 8). E o próprio Senhor nos ensinou a rezar: «Perdoai-nos as nossas ofensas» (Lc 11, 4 ), relacionando o perdão mútuo das nossas ofensas com o perdão que Deus concederá aos nossos pecados.
1426. A conversão a Cristo, o novo nascimento do Baptismo, o dom do Espírito Santo, o corpo e sangue de Cristo recebidos em alimento, tornaram-nos «santos e imaculados na sua presença» (Ef 1, 4), tal como a própria Igreja, esposa de Cristo, é «santa e imaculada na sua presença» (Ef 5, 27). No entanto, a vida nova recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação para o pecado, a que a tradição chama concupiscência, a qual persiste nos baptizados, a fim de que prestem as suas provas no combate da vida cristã, ajudados pela graça de Cristo (8). Este combate é o da conversão, em vista da santidade e da vida eterna, a que o Senhor não se cansa de nos chamar (9). Catecismo

Florianópolis. Fotografia


O ócio construído. Charles Fonseca. Prosa

Quando você deixa as amarras do vínculo empregatício, quando se torna um liberal do ócio construído, as trevas se distanciam, um mundo caleidoscópico reluz, possibilidades insuspeitadas se lhe abrem, fecham-se óbices ao belo e você adquire novos matizes.

Escultura


Eneida. Virgilio. Poesia

Caríbdis o lado esquerdo; e das profundezas do seu abismo, por três vezes ao dia ela suga as águas para o abismo, e depois as joga para cima, molhando as estrelas com sua espuma.

CANELA E CRAVO. Charles Fonseca. Poesia

CANELA E CRAVO
Charles Fonseca

As meninas lá da roça
Poem na face um carmim
Têm no corpo um cheirim
Ai que bom digo em troça

Este vate trova o travo
Quer pra ele um beijim
Doce devagar assim
Sobe ao céu canela e cravo

Mulher. Fotografia


segunda-feira, fevereiro 20, 2017

A montanha pariu um rato

Rembrandt. Pintura


Mil. Charles Fonseca. Poesia

MIL
Charles Fonseca

Contudo deixo a todos o meu silêncio falante, o meu sorriso triste, alegria mascarada, a paciência acoitada. Deixo o meu verso sem prosa, a minha lira a vibrar, o tempo a esgarçar, a semente feita em germe, o dormente a erigir-se, folhas e flores à sombra, frutos pecos na alfombra, os férteis a reproduzir. O bem que veio raiz, o belo que refloriu, o fruto a seu justo tempo morreu pra dar de si mil

Onde é? Fotografia


sábado, fevereiro 18, 2017

Olhar de mormaço. Charles Fonseca. Fotografia


São João, 6

1.Depois disso, atravessou Jesus o lago da Galiléia (que é o de Tiberíades.)

2.Seguia-o uma grande multidão, porque via os milagres que fazia em beneficio dos enfermos.

3.Jesus subiu a um monte e ali se sentou com seus discípulos.

4.Aproximava-se a Páscoa, festa dos judeus.

5.Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com ele e disse a Filipe: Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer?

6.Falava assim para o experimentar, pois bem sabia o que havia de fazer.

7.Filipe respondeu-lhe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pedaço.

8.Um dos seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

9.Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes... mas que é isto para tanta gente?

10.Disse Jesus: Fazei-os assentar. Ora, havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se aqueles homens em número de uns cinco mil.

11.Jesus tomou os pães e rendeu graças. Em seguida, distribuiu-os às pessoas que estavam sentadas, e igualmente dos peixes lhes deu quanto queriam.

12.Estando eles saciados, disse aos discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca.

13.Eles os recolheram e, dos pedaços dos cinco pães de cevada que sobraram, encheram doze cestos.

14.À vista desse milagre de Jesus, aquela gente dizia: Este é verdadeiramente o profeta que há de vir ao mundo.

15.Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte.

16.Chegada a tarde, os seus discípulos desceram à margem do lago.

17.Subindo a uma barca, atravessaram o lago rumo a Cafarnaum. Era já escuro, e Jesus ainda não se tinha reunido a eles.

18.O mar, entretanto, se agitava, porque soprava um vento rijo.

19.Tendo eles remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus que se aproximava da barca, andando sobre as águas, e ficaram atemorizados.

20.Mas ele lhes disse: Sou eu, não temais.

21.Quiseram recebê-lo na barca, mas pouco depois a barca chegou ao seu destino.

22.No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar percebeu que Jesus não tinha subido com seus discípulos na única barca que lá estava, mas que eles tinham partido sozinhos.

23.Nesse meio tempo, outras barcas chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão, depois de o Senhor ter dado graças.

24.E, reparando a multidão que nem Jesus nem os seus discípulos estavam ali, entrou nas barcas e foi até Cafarnaum à sua procura.

25.Encontrando-o na outra margem do lago, perguntaram-lhe: Mestre, quando chegaste aqui?

26.Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos.

27.Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal.

28.Perguntaram-lhe: Que faremos para praticar as obras de Deus?

29.Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou.

30.Perguntaram eles: Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra?

31.Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu (Sl 77,24).

32.Jesus respondeu-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu;

33.porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo.

34.Disseram-lhe: Senhor, dá-nos sempre deste pão!

35.Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede.

36.Mas já vos disse: Vós me vedes e não credes...

37.Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora.

38.Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

39.Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia.

40.Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

41.Murmuravam então dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.

42.E perguntavam: Porventura não é ele Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?

43.Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.

44.Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia.

45.Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus (Is 54,13). Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim.

46.Não que alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem de Deus, esse é que viu o Pai.

47.Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.

48.Eu sou o pão da vida.

49.Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram.

50.Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer.

51.Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.

52.A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?

53.Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.

54.Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

55.Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.

56.Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.

57.Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.

58.Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.

59.Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum.

60.Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir?

61.Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: Isso vos escandaliza?

62.Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?...

63.O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.

64.Mas há alguns entre vós que não crêem... Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair.

65.Ele prosseguiu: Por isso vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido.

66.Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele.

67.Então Jesus perguntou aos Doze: Quereis vós também retirar-vos?

68.Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.

69.E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!

70.Jesus acrescentou: Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio!...

71.Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, porque era quem o havia de entregar não obstante ser um dos Doze.

Livreiro. Salvador. Bahia


LASSOS II. Charles Fonseca. Poesia

LASSOS II
Charles Fonseca

Assim se foi mais dia,
agora chega a noite,
suave, tranquila, foi-se,
o luar nos alumia,

assim como além mais astros,
mais estros se nos esperam,
há vida nos que espermam,
nos corpos que ao fim lassos.

Sobrinho. Fotografia


sexta-feira, fevereiro 17, 2017

O MARUJO. Charles Fonseca. Poesia

O MARUJO
Charles Fonseca

Os ruídos do amar,
o marulhar das ondas,
os gemidos ao luar,
o quero mais nas sombras,

nas noites escuras, ai,
nas profundezes, ui,
no líquido de um que flui,
gemidos sem dor, vem, vem mais.

Cão pastor alemão. Fotografia


Um novo olhar. Charles Fonseca. Fotografia


quarta-feira, fevereiro 15, 2017

Florianópolis. Fotografia


CRISTAL II. Charles Fonseca. Poesia

CRISTAL II
Charles Fonseca

Meu coração é de cristal
cada estilhaço uma paixão,
cada emenda um não sei não
se me faz bem ou choro o mal

Em cada alma uma trinca
uma saudade um bem querer
um nunca mais ou um té mais ver
no além, o mal porém, ainda.

Rembrandt. Pintura


Como se chama este sacramento?


1423. É chamado sacramento da conversão, porque realiza sacramentalmente o apelo de Jesus à conversão (4) e o esforço de regressar à casa do Pai (5) da qual o pecador se afastou pelo pecado.
É chamado sacramento da Penitência, porque consagra uma caminhada pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação por parte do cristão pecador.
1424. É chamado sacramento da confissão, porque o reconhecimento, a confissão dos pecados perante o sacerdote é um elemento essencial deste sacramento. Num sentido profundo, este sacramento é também uma «confissão», reconhecimento e louvor da santidade de Deus e da sua misericórdia para com o homem pecador.

E chamado sacramento do perdão, porque, pela absolvição sacramental do sacerdote. Deus concede ao penitente «o perdão e a paz» (6).

E chamado sacramento da Reconciliação, porque dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia: «Deixai-vos reconciliar com Deus» (2 Cor 5, 20). Aquele que vive do amor misericordioso de Deus está pronto para responder ao apelo do Senhor: «Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão» (Mt 5, 24). Catecismo

terça-feira, fevereiro 14, 2017

Uma linda mulher. Charles Fonseca. Fotografia


Minha participação no golpe de 64. CharlesFonseca. Prosa

MINHA PARTICIPAÇÃO NO GOLPE DE 64
Charles Fonseca

O que sou testemunha é de uma coronhada de fuzil quando na Praça Municipal, vindo de uma exibição de capoeira de Angola domingo à tarde, amiguinha ao lado, no ponto de ônibus: "Cobrir!" A soldadesca em cima de um caminhão pulou e começou a correr em nossa direção de baioneta. Um soldado misericordioso conseguiu me alcançar e me aplicou uma coronhada nas costas. Quase não doeu tal a velocidade que eu já desenvolvia. Cercaram a entrada do Elevador Lacerda. Encostei no canto da Praça cara a cara contra uma parede. A paz do Senhor, irmão! E os anjos me cercaram.

Marido de Aluguel. Charles Fonseca. Cinema


domingo, fevereiro 12, 2017

Exame de admissão. Charles Fonseca. Prosa

EXAME DE ADMISSÃO AO GINÁSIO
Charles Fonseca

Prestei o exame. Minha mãe foi minha professora leiga. Passou em primeiro lugar. Eu passei arrastado. Ela me recomendou que quando fosse ao sanitário do ginásio levasse uma borracha e apagasse as pornografias que visse. Começou o meu aprendizado 'nesse recinto afamado onde todo covarde faz força onde todo valente se caga'. Depois resolveu que eu, ela e meu pai curssassemos o primeiro ano ginasial no noturno no meio de adultos trabalhadores no comércio, donas de casa, etc. Aí tive que ser ouvido por uma comissão de investigação . Ao meu lado sentava uma loira. O professor de matemática costumava colocar uma das pernas sobre a carteira da colega. A frequência a incomodou. O marido veio e de revolver em punho ameaçou o mestre. Outros colegas foram ouvidos. Minha mãe esteve ao meu lado, era de menor. O presidente me perguntou se eu tinha observado algo estranho na sala de aula. Disse-lhe que o que eu via era a coxa dele sobre a carteira dela e que ficava aquele volume. Todos pudicos, desataram a rir e enrubescer. Era a época da cueca samba canção que felizmente voltou à moda.

Tilly. Charles Fonseca. Cinema


sábado, fevereiro 11, 2017

800 metros de ladeira. Charles Fonseca. Cinema


DEVIR. Charles Fonseca. Prosa

DEVIR
Charles Fonseca

Algumas coisas a contar, o tempo urge, a vida escoa. Mas ainda nem tudo está preparado. Só poucos haverão de saber, pra cada um diversa a versão, cada qual sua visão, surpresa, tristeza, poderá haver até alegria, pasmo, ódio, um amor infinito, saudade do que poderia ter sido, arrependimento pelo julgar por inferência, maldade, maledicência. O tempo corre, o vento assopra, o sol que nasce é o mesmo que se põe e ainda assim restará no peito de cada qual, do que se foi, do que será, do que virá, uma ternura, lição aprendida, uma sabedoria oculta, inatingível, no aquém, no alguém, no que viria a ser e se foi.

Casa. Fotografia


Apocalipse, 5

Apocalipse, 5
1.Eu vi também, na mão direita do que estava assentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos.

2.Vi então um anjo vigoroso, que clamava em alta voz: Quem é digno de abrir o livro e desatar os seus selos?

3.Mas ninguém, nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro ou examiná-lo.

4.Eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro e examiná-lo.

5.Então um dos Anciãos me falou: Não chores! O Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi achou meio de abrir o livro e os sete selos.

6.Eu vi no meio do trono, dos quatro Animais e no meio dos Anciãos um Cordeiro de pé, como que imolado. Tinha ele sete chifres e sete olhos (que são os sete Espíritos de Deus, enviados por toda a terra).

7.Veio e recebeu o livro da mão direita do que se assentava no trono.

8.Quando recebeu o livro, os quatro Animais e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfume (que são as orações dos santos).

9.Cantavam um cântico novo, dizendo: Tu és digno de receber o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça;

10.e deles fizeste para nosso Deus um reino de sacerdotes, que reinam sobre a terra.

11.Na minha visão ouvi também, ao redor do trono, dos Animais e dos Anciãos, a voz de muitos anjos, em número de miríades de miríades e de milhares de milhares,

12.bradando em alta voz: Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a glória, a honra e o louvor.

13.E todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo que contêm, eu as ouvi clamar: Àquele que se assenta no trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos.

14.E os quatro Animais diziam: Amém! Os Anciãos prostravam-se e adoravam.

A notabilidade do burro é ser rústico

sexta-feira, fevereiro 10, 2017

Florianópolis. Fotografia


HAVER. Charles Fonseca. Poesia

HAVER
Charles Fonseca

Quando chegar o último momento meu
Aos pés da santa cruz leva pecados últimos
Teus para comigo orgulho ódio fúlgidos
Crepitantes vivos, perdão eu peço a Deus.

Melhor pra todos não mais o falso eu ver
Ouvir pio adeus enquanto a vida esfria
A ceifadeira perto a mim o joio espia
Meu corpo ao pó, minha alma de Deus haver.

Florianópolis. Fotografia


Os sacramentos da cura

1420. Pelos sacramentos da iniciação cristã, o homem recebe a vida nova de Cristo. Ora, esta vida, nós trazemo-la «em vasos de barro». Por enquanto, ela está ainda «oculta com Cristo em Deus» (Cl 3, 3). Vivemos ainda na «nossa morada terrena» (1), sujeita ao sofrimento à doença e à morte. A vida nova de filhos de Deus pode ser enfraquecida e até perdida pelo pecado.
1421. O Senhor Jesus Cristo, médico das nossas almas e dos nossos corpos, que perdoou os pecados ao paralítico e lhe restituiu a saúde do corpo (2) quis que a sua Igreja continuasse, com a força do Espírito Santo, a sua obra de cura e de salvação, mesmo para com os seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o sacramente da Penitência e o da Unção dos enfermos. Catecismo

quinta-feira, fevereiro 09, 2017

Provérbios 3: 21-23

21.Meu filho, guarda a sabedoria e a reflexão, não as percas de vista.

22.Elas serão a vida de tua alma e um adorno para teu pescoço.

23.Então caminharás com segurança, sem que o teu pé tropece.

24.Se te deitares, não terás medo. Uma vez deitado, teu sono será doce.

25.Não terás a recear nem terrores repentinos, nem a tempestade que cai sobre os ímpios,

26.porque o Senhor é tua segurança e preservará teu pé de toda cilada.

Preciso de ajuda. Charles Fonseca. Prosa

PRECISO DE AJUDA
Charles Fonseca

Todos sabem, tenho um cão pastor alemão, filho e neto de campeões no Brasil e na Argentina. Virgem com 6 anos. 42 quilos. Tenho preocupações sobre os efeitos, digamos psíquicos, como uma amiga minha já me alertou várias vezes... Eis que um veterinário que o conhece desde bebê indicou a uma dona de uma pastora alemã a excelência do meu cão em porte, beleza, genealogia, pedigree, etc. A pastora tem lá um toque misto bem marcado da raça, mas há um passado não pastor de origem não sabida. Mas isto não está me importando muito uma vez que não pretendo ser dono de canil para povoar o meu Estado através do mais belo cão pastor de toda a redondeza. A noiva também é donzela. Ainda não sabe, como nós sabemos, os efeitos salutares de um orgasmo. Não seu se o meu cão ao sentir o odor inebriante, enlouquecedor, antropofágico de fartar-se ante a fome genésica, ante a sede de onde manda o mais puro mel, haverá de imediato de acertar o rumo certo, atravessar docemente o vestibular, de fazer gol sem bola na trave, essas coisas. O que ele vai deixar na cadela em cio, será certamente o de melhor qualidade. Agora, o meu problema, já que o dele haverá de se sair, ou melhor, de entrar muito bem. Não sei quanto vai entrar no meu bolso por tamanha efeméride. Tenho despesas mensais com ele em torno de 350 reais: ração de primeira, banho mensal no pet shop, vermífugo, anti-pulga adulta, anti-pulga anticoncepcional, atingindo os 3 ciclos evolutivos das impertinentes, vacinação. Face aos títulos nobiliárquicos dele, às despesas mensais, à prole com ancestral de origem nobre, ao meu homem hora de cuidar dele todos os dias, varrer o canil de 36 metros quadrados, colher o cocô, escová-lo duas vezes por semana, etc., quanto vocês acham que devo cobrar por tão auspicioso evento logo antes de noiva entrar no harém? Dinheiro em espécie? Em sacas de ração? Ou ser magnanimo e não ser tão capitalista?

Sophia Loren. Fotografia


Mulher. Fotografia


Tiago, 5


1 Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir.
2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça.
3 O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias.
4 Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos.
5 Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança.
6 Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.
7 Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.
8 Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima.
9 Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta.
10 Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.
11 Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
12 Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação.
13 Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;
15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.
17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.
18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.
19 Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter,
20 Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.

quarta-feira, fevereiro 08, 2017

Adeus, meu cão amado. Flávia Davies. Prosa

Essa é uma das minhas fotos favoritas suas, filho. Você estava na casa da sua bisa e deveria ter uns 2 anos, no máximo. E hoje, com 14, você se foi. E levou um pedaço meu com você. Um bem grande. Acabo de voltar para casa e ainda te sentir em cada cantinho que você gostava de ficar. Ainda paro pra pensar se você estaria deitado no sol ou na sombra, e pensar se você tinha bebido ou comido água suficientes para ficar bem durante o dia. Ainda escuto também os seus passos. Incrível que com 4 cachorros em casa, atualmente, eu reconheça os passos e o jeitinho de caminhar de cada um. Dói bastante. Muito. Mas também respiro aliviada - bem no fundo - em saber que agora você finalmente descansou. Os últimos meses não estavam sendo nada divertidos, não é? E qual o sentido da vida a partir do momento em que não se vive mais? Mesmo que por pouco tempo, consegui cumprir a promessa de te dar uma vida ao ar livre, no mato. Sem muitos carros, confusão e elevadores (você só entrava pelo lado esquerdo e, ainda assim, odiava). As únicas palavras que me vêm a cabeça são amor e agradecimento. Poder conhecer o que é o amor e fidelidade, de verdade. E sem nadinha em troca. Meu Jejão, Didi, Jojo e mais alguns milhões de apelidos que eu te dava a cada instante. E o melhor era que você me olhava em todas as vezes que eu te chamava por um mais estranho que o outro. Eu te amo MUITO. Você ainda está aqui comigo.

Mulher. Escultura


Caatinga. Charles Fonseca. Prosa

CAATINGA
Charles Fonseca

Aí minha mãe trabalhava nos Correios. Aí eu estudava inglês com ela que tomava aulas e me repassava o que aprendia. Aí ela sustentou a casa sozinha durante algum tempo quando meu pai, agente de tributos, resolveu prender duas ou três boiadas, até que o proprietário pagasse ao Estado o imposto de circulação da mercadoria. Mas o proprietário era o prefeito da cidade, vindo a ser depois governador do Estado. Ele pagou o tributo. Meu pai foi demitido antes de que ele viesse a ser governador logo a seguir. Foi nessa época que todos os dias saia com ele para a caatinga caçar nambú, juriti, rolinha, siriema, teiú. De vez em quando ele apontava o cano da espingarda para o chão e dziia: olhe o rastro dela; dela quem meu pai? Da suçuarana. Eu morria de medo da onça aparecer. Mas ele dizia, que nada, ela é mansa, é como um gato do mato... Fim da caçada, a carne estava assegurada para a mulher e os cinco filhos. Aí começou meu amor pela caatinga.

Catedral. Arquitetura


terça-feira, fevereiro 07, 2017

Freud adolescente. Fotografia


,

Brasil pandeiro. Música


Pirro. Charles Fonseca. Prosa

PIRRO
Charles Fonseca

Certa vez recebi um tapa na cara, sem merecer. Jesus disse que se um inimigo batesse na face de alguém este deveria oferecer a outra face. Ao ver o sangue escorrer não me contive e terminei pondo meu pé sobre o peito da pessoa ofensora caída, dominada. Oh, quanto errei! Tendo a minha razão, ao revidar a perdi. Pois que mesmo avançado em anos, enquanto um filete descia da minha face muito sangue me subiu à cabeça. Houve um general na antiguidade chamado Pirro que numa batalha venceu a luta mas tantos dos seus caíram que quase ficou sem exército. Assim, ainda hoje, quando se diz ‘uma vitória de Pirro’ está a se dizer que não valeu a pena. Hoje, com pena da minha vitória digo que me derrotei. É que venci alguém e a perdi. Às vezes o perder é ganho. Se não tivesse revidado teria ficado com honra e a agressão sofrida seria até hoje um saldo credor à espera da hora do meu perdão que um dia pode ser que ocorra. É só ocorrer o pedido para que eu abrace e beije quem me faz tanta falta.

Muro. Eileen Davies. Fotografia


"Quem é bom não precisa de cota racial nem de resgate de dívidas passadas. Sou negro mas nunca aceitei estes favores"

A vovó cineasta de Freud. Cinema


A vida continua


segunda-feira, fevereiro 06, 2017

AINDA. Charles Fonseca. Poesia

AINDA
Charles Fonseca

Meu coração é de cristal
cada estilhaço uma paixão
cada emenda um não sei não
se me faz bem ou choro o mal

Em cada alma uma trinca
uma saudade um bem querer
um nunca mais ou um 'té mais ver
no além, o mal num bem, ainda.

domingo, fevereiro 05, 2017

Sonia Loren. Fotografia


Tua vida foi uma bênção para nós disse Marcos ao avô que partia

Besame mucho. Lucho Garcia. Música


Frutos da Comunhão

1391. A Comunhão aumenta a nossa união com Cristo. Receber a Eucaristia na comunhão traz consigo, como fruto principal, a união íntima com Cristo Jesus. De facto, o Senhor diz: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele» (Jo 6, 56). A vida em Cristo tem o seu fundamento no banquete eucarístico: «Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também o que Me come viverá por Mim» (Jo 6, 57):
«Quando, nas festas do Senhor, os fiéis recebem o corpo do Filho, proclamam uns aos outros a boa-nova de que lhes foram dadas as arras da vida, como quando o anjo disse a Maria de Magdala: "Cristo ressuscitou!". Eis que também agora a vida e a ressurreição são conferidas àquele que recebe Cristo» (229).
1392. O que o alimento material produz na nossa vida corporal, realiza-o a Comunhão, de modo admirável, na nossa vida espiritual. A comunhão da carne de Cristo Ressuscitado, «vivificada pelo Espírito Santo e vivificante» (230), conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Baptismo. Este crescimento da vida cristã precisa de ser alimentado pela Comunhão eucarística, pão da nossa peregrinação, até à hora da morte, em que nos será dado como viático.
1393. A Comunhão afasta-nos do pecado. O corpo de Cristo que recebemos na Comunhão é «entregue por nós» e o sangue que nós bebemos é «derramado pela multidão, para remissão dos pecados». É por isso que a Eucaristia não pode unir-nos a Cristo sem nos purificar, ao mesmo tempo, dos pecados cometidos, e nos preservar dos pecados futuros:
«Sempre que O recebemos, anunciamos a morte do Senhor (231). Se nós anunciamos a morte do Senhor, anunciamos a remissão dos pecados. Se, de cada vez que o seu sangue é derramado, é derramado para remissão dos pecados, eu devo recebê-lo sempre, para que sempre Ele perdoe os meus pecados. Eu que peco sempre, devo ter sempre um remédio» (232).
1394. Tal como o alimento corporal serve para restaurar as forças perdidas, assim também a Eucaristia fortifica a caridade que, na vida quotidiana, tende a enfraquecer-se; e esta caridade vivificada apaga os pecados veniais (233). Dando-Se a nós, Cristo reaviva o nosso amor e torna-nos capazes de quebrar as ligações desordenadas às criaturas e de nos radicarmos n'Ele.
«Uma vez que Cristo morreu por nós por amor, quando nós fazemos memória da sua morte no momento do sacrifício, pedimos que esse amor nos seja dado pela vinda do Espírito Santo; suplicamos humildemente que, em virtude desse amor pelo qual Cristo quis morrer por nós, também nós, recebendo a graça do Espírito Santo, possamos considerar o mundo como crucificado para nós e sermos nós próprios crucificados para o mundo; [...] tendo recebido o dom do amor, morramos para o pecado e vivamos para Deus» (234).
1395. Pela mesma caridade que acende em nós, a Eucaristia preserva-nos dos pecados mortais futuros. Quanto mais participarmos na vida de Cristo e progredirmos na sua amizade, mais difícil nos será romper com Ele pelo pecado mortal. A Eucaristia não está ordenada ao perdão dos pecados mortais. Isso é próprio do sacramento da Reconciliação. O que é próprio da Eucaristia é ser o sacramento daqueles que estão na plena comunhão da Igreja.
1396. A unidade do corpo Místico: a Eucaristia faz a Igreja. Os que recebem a Eucaristia ficam mais estreitamente unidos a Cristo. Por isso mesmo, Cristo une todos os fiéis num só corpo: a Igreja. A Comunhão renova, fortalece e aprofunda esta incorporação na Igreja já realizada pelo Baptismo. No Baptismo fomos chamados a formar um só corpo (235). A Eucaristia realiza esta vocação: «O cálice da bênção que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, porque participamos desse único pão» (1 Cor 10, 16-17):
«Se sois o corpo de Cristo e seus membros, é o vosso sacramento que está colocado sobre a mesa do Senhor, é o vosso sacramento que recebeis. Vós respondeis «Ámen» [«Sim, é verdade!»] àquilo que recebeis e, ao responder, o subscreveis. Tu ouves esta palavra: «O corpo de Cristo»; e respondes: «Ámen», Então, sê um membro de Cristo, para que o teu «Ámen» seja verdadeiro» (326).
1397. A Eucaristia compromete-nos com os pobres: Para receber, na verdade, o corpo e o sangue de Cristo entregue por nós, temos de reconhecer Cristo nos mais pobres, seus irmãos (237):
«Saboreaste o sangue do Senhor e não reconheces sequer o teu irmão. Desonras esta mesa, se não julgas digno de partilhar o teu alimento aquele que foi julgado digno de tomar parte nesta mesa. Deus libertou-te de todos os teus pecados e chamou-te para ela; e tu nem então te tornaste mais misericordioso» (238).
1398. A Eucaristia e a unidade dos cristãos. Perante a grandeza deste mistério, Santo Agostinho exclama:«O sacramentum pietatis! O signum unitatis! O vinculum caritatis! – Ósacramento da piedade, ó sinal da unidade, ó vínculo da caridade!» Quanto mais dolorosas se fazem sentir as divisões da Igreja que rompem a comum participação na mesa do Senhor, tanto mais prementes são as orações que fazemos ao Senhor para que voltem os dias da unidade completa de todos os que crêem n' Ele.
1399. As Igrejas orientais que não estão em comunhão plena com a Igreja Católica celebram a Eucaristia com um grande amor. «Essas Igrejas, embora separadas, têm verdadeiros sacramentos; e principalmente, em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia, por meio dos quais continuam unidos a nós por vínculos estreitíssimos» (240). Portanto, «uma certa comunhão in sacris é não só possível, mas até aconselhável em circunstâncias oportunas e com aprovação da autoridade eclesiástica» (241).
1400. As comunidades eclesiais saídas da Reforma, separadas da Igreja Católica, «não [conservaram] a genuína e íntegra substância do mistério eucarístico, sobretudo por causa da falta do sacramento da Ordem» (242). É por esse motivo que a intercomunhão eucarística com estas comunidades não é possível para a Igreja Católica. No entanto, estas comunidades eclesiais, «quando na santa ceia fazem memória da morte e ressurreição do Senhor, professam que a vida é significada na comunhão com Cristo e esperam a sua vinda gloriosa» (243).
1401. Se urgir uma grave necessidade, segundo o juízo do Ordinário os ministros católicos podem ministrar os sacramentos (Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos) aos outros cristãos que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica, mas que os pedem por sua livre vontade: requer-se, nesse caso, que manifestem a fé católica em relação a estes sacramentos e que se encontrem nas devidas disposições (244).
VII. A Eucaristia – «Penhor da futura glória»
1402. Numa antiga oração, a Igreja aclama assim o mistério da Eucaristia: «O sacrum convivium in quo Christus sumitur: recolitur memoria passionis eius; mens impletur gratia et futurae gloriae nobis pignus datur – Ó sagrado banquete, em que se recebe Cristo e se comemora a sua paixão, em que a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da futura glória» (245). Se a Eucaristia é o memorial da Páscoa da Senhor, se pela nossa comunhão no altar somos cumulados da «plenitude das bênçãos se graças do céu» (246), a Eucaristia é também a antecipação da glória celeste.
1403. Na última ceia, o próprio Senhor chamou a atenção dos seus discípulos para a consumação da Páscoa no Reino de Deus: «Eu vos digo que não voltarei a beber deste fruto da videira, até o dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai» (Mt 26, 29) (247). Sempre que a Igreja celebra a Eucaristia, lembra-se desta promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que vem» (Ap 1, 4). Na sua oração, ela clama pela sua vinda: «Marana tha» (1Cor 16, 22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20), «que a Tua graça venha e que este mundo passe!» (248).
1404. A Igreja sabe que, desde já, o Senhor vem na sua Eucaristia e que está ali, no meio de nós. Mas esta presença é velada. E é por isso que nós celebramos a Eucaristia «expectantes beatam spem et adventum Salvatoris nostri Jesu Christi – enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso Salvador» (249), pedindo a graça de ser acolhidos «com bondade no vosso Reino, onde também nós esperamos ser ser recebidos, para vivermos [...] eternamente na vossa glória, quando enxugardes todas as lágrimas dos nossos olhos; e, vendo-Vos tal como sois, Senhor nosso Deus, seremos para sempre semelhantes a Vós e cantaremos sem fim os vossos louvores, por Jesus Cristo nosso Senhor» (250).
1405. Desta grande esperança – dos novos céus e da nova terra, onde habitará a justiça (251) – não temos garantia mais segura nem sinal mais manifesto do que a Eucaristia. Com efeito, cada vez que se celebra este mistério, «realiza-se a obra da nossa redenção» (252) e nós «partimos o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas viver em Jesus Cristo para sempre» (253).
Resumindo:
1406. Jesus diz: «Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente [...] Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna [...], permanece em Mim, e Eu nele» (Jo 6, 51.54.56).
1407. A Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de acção de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na cruz; por este sacrifício, Ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja.
1408. A celebração eucarística inclui sempre: a proclamação da Palavra de Deus, a acção de graças a Deus Pai por todos os seus benefícios, sobretudo pelo dom do seu Filho, a consagração do pão e do vinho e a participação no banquete litúrgico pela recepção do corpo e do sangue do Senhor Estes elementos constituem um só e mesmo acto de culto.
1409. A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, isto é, da obra do salvação realizada pela vida, morte e ressurreição de Cristo, obra tornada presente pela acção litúrgica.
1410. É o próprio Cristo, sumo e eterno sacerdote da Nova Aliança, que, agindo pelo ministério dos sacerdotes, oferece o sacrifícioeucarístico. E é ainda o mesmo Cristo, realmente presente sob as espécies do pão e do vinho, que é a oferenda do sacrifício eucarístico.
1411. Só os sacerdotes validamente ordenados podem presidir à Eucaristia e consagrar o pão e o vinho, para que se tornem o corpo e o sangue do Senhor:
1412. Os sinais essenciais do sacramento eucarístico são o pão de trigo e o vinho da videira, sobre os quais é invocada a bênção do Espírito Santo, e o sacerdote pronuncia as palavras da consagração ditas por Jesus durante a última ceia: «Isto é o meu corpo, que será entregue por vós... Este é o cálice do meu sangue...».
1413. Pela consagração, opera-se a transubstanciação do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo. Sob as espécies consagradas do pão e do vinho, o próprio Cristo, vivo e glorioso, está presente de modo verdadeiro, real e substancial, com o seu corpo e o seu sangue, com a sua alma e a sua divindade (254).
1414. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é oferecida também em reparação dos pecados dos vivos e dos defuntos e para obter de Deus benefícios espirituais ou temporais.
1415. Aquele que quiser receber Cristo na Comunhão eucarística deve encontrar-se em estado de graça. Se alguém tiver consciência de ter pecado mortalmente, não deve aproximar-se da Eucaristia sem primeiro ter recebido a absolvição no sacramento da Penitência.
1416. A sagrada Comunhão do corpo e sangue de Cristo aumenta a união do comungante com o Senhor perdoa-lhe os pecados veniais e preserva-o dos pecados graves. E uma vez que os laços da caridade entre o comungante e Cristo são reforçados, a recepção deste sacramento reforça a unidade da Igreja, corpo Místico de Cristo.
1417. A Igreja recomenda vivamente aos fiéis que recebam a sagrada Comunhão quando participam na celebração da Eucaristia; e impõe-lhes a obrigação de o fazerem ao menos uma vez por ano.
1418. Uma vez que Cristo em pessoa está presente no Sacramento do Altar; devemos honrá-Lo com culto de adoração. «A visita ao Santíssimo Sacramento é uma prova de gratidão, um sinal de amor e um dever de adoração para com Cristo nosso Senhor» (255).1419. Tendo passado deste mundo para o Pai, Cristo deixou-nos na Eucaristia o penhor da glória junto d'Ele: a participação no santo sacrifício identifica-nos com o seu coração, sustenta as nossas forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e desde já nos une à Igreja do céu, à Santíssima Virgem e a todos os santos.

Um cantinho e só nós dois


Munch. Pintura


sábado, fevereiro 04, 2017

Só reconheço válido o Evangelho segundo os santos Mateus, Marcos, Lucas e João

A letra P

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
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Pálido, porém perseverante, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo… "Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses".
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Passando pela principal praça parisiense, partindo para Portugal, pediu para pintar pequenos pássaros pretos. Pintou, prostrou perante políticos, populares, pobres, pedintes. - "Paris! Paris!" Proferiu Pedro Paulo. -"Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir".
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: -Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? -Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal. Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.
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Clark Gable. Fotografia


sexta-feira, fevereiro 03, 2017

Quando o assunto não aflora. Charles Fonseca. Prosa

QUANDO O ASSUNTO NÃO AFLORA
Charles Fonseca

Começa dizendo isso: Por que será que não tenho assunto pra conversar contigo? Ou será que tenho tanto assunto que não sei por onde começar? E se você começar, desatar o nó, pegar o fio da meada e ir puxando lentamente será que você consegue me ajudar? E se assim mesmo a pessoa nada disser é por que seria cega, surda ou muda. Muda o foco, cai fora. Talvez, aí, a pessoa caia em si e caia em cima de você com uma fome de querer, uma vontade de comer, um abraço caloroso, calma, devagar, quase me quebrou um osso...

Mulher. Fotografia


quinta-feira, fevereiro 02, 2017

O tempo assopra. Charles Fonseca. Prosa

O TEMPO ASSOPRA
Charles Fonseca

Algumas coisas a contar, o tempo urge, a vida escoa. Só uns poucos haverão de saber, pra cada um diversa a versão, cada qual com sua visão, surpresa, tristeza, poderá haver até alegria, pasmo, algum ódio, um amor infinito, saudade do que poderia ter sido, arrependimento pelo julgar errôneo, por inferência, maldade, maledicência. O tempo corre, o vento assopra, o sol que nasce é o mesmo que se põe. E ainda assim restará no peito de cada qual, do que se foi, do que está, do que virá, uma ternura, uma lição aprendida, tanta sabedoria oculta, inatingível, no aquém, no alguém, no que viria a ser e se foi.

quarta-feira, fevereiro 01, 2017

Serenata de Schubert. Cauby Peixoto

Hebreus, 5

1.Em verdade, todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.

2.Sabe compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro, porque também ele está cercado de fraqueza.

3.Por isso, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados quanto pelos pecados do povo.

4.Ninguém se apropria desta honra, senão somente aquele que é chamado por Deus, como Aarão.

5.Assim também Cristo não se atribuiu a si mesmo a glória de ser pontífice. Esta lhe foi dada por aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei (Sl 2,7),

6.como também diz em outra passagem: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec (Sl 109,4).

7.Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade.

8.Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve.

9.E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem,

10.porque Deus o proclamou sacerdote segundo a ordem de Melquisedec.

11.Teríamos muita coisa a dizer sobre isso, e coisas bem difíceis de explicar, dada a vossa lentidão em compreender...

12.A julgar pelo tempo, já devíeis ser mestres! Contudo, ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da palavra de Deus; e vos tornastes tais, que precisais de leite em vez de alimento sólido!

13.Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma doutrina profunda, porque é ainda criança.

14.Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal.

Delacroix. Pintura

Eugene Delacroix Odalisque sketch:

Os riscos da internet. Charles Fonseca. Prosa

OS RISCOS DA INTERNET
Charles Fonseca

A bisbilhotagem na internet feita por todos os países é tanta que recomendo só falar face a face, bem pertinho um do outro, aos sussurros, um olhar no fundo da retina, de vez em quando olhar na iris cor de mel, negra, castanha, verde, azul, cinzenta ou violeta como as de Elizabeth Taylor, uma raridade. No máximo um cochicho ao pé d'ouvido, cobrindo os lábios com a mão delicadamente aposta e lentamente retirada. Corre o risco de ter dito algo com a voz trêmula, entrecortada, balbuciante, um ou outro silêncio eloquente em si mesmo e em quem está ouvindo que de tal modo fique tão bem informada que emudeça, desça do céu, fique nas nuvens, os pés na terra mas com as pernas trêmulas ante o enunciado e por tanto tempo querido e aguardado. Aí, todo o mundo já sabe o assunto falado e em solidariedade silencia. Falam entre si os enamorados.