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quinta-feira, junho 29, 2017

Romanos, 15

1 Nós, que somos os fortes, devemos suportar as fraquezas dos que são fracos, e não agir a nosso modo.

2 Cada um de vós procure contentar o próximo, para seu bem e sua edificação.

3 Cristo não se agradou a si mesmo; pelo contrário, como está escrito: Os insultos dos que vos ultrajam caíram sobre mim (Sl 68,10).

4 Ora, tudo quanto outrora foi escrito, foi escrito para a nossa instrução, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que dão as Escrituras, tenhamos esperança.

5 O Deus da perseverança e da consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Jesus Cristo,

6 para que, com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

7 Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como Cristo nos acolheu para a glória de Deus.

8 Pois asseguro que Cristo exerceu seu ministério entre os incircuncisos para manifestar a veracidade de Deus pela realização das promessas feitas aos patriarcas.

9 Quanto aos pagãos, eles só glorificam a Deus em razão de sua misericórdia, como está escrito: Por isso, eu vos louvarei entre as nações e cantarei louvores ao vosso nome (II Sm 22,50; Sl 17,50).

10 Noutro lugar diz: Alegrai-vos, nações, com o seu povo (Dt 32,43).

11 E ainda diz: Louvai ao Senhor, nações todas, e glorificai-o, todos os povos (Sl 116,1)!

12 Isaías também diz: Da raiz de Jessé surgirá um rebento que governará as nações; nele esperarão as nações (Is 11,10).

13 O Deus da esperança vos encha de toda a alegria e de toda a paz na vossa fé, para que pela virtude do Espírito Santo transbordeis de esperança!

14 Estou pessoalmente convencido, meus irmãos, de que estais cheios de bondade, cheios de um perfeito conhecimento, capazes de vos admoestar uns aos outros.

15 Se, em parte, vos escrevi com particular liberdade, foi para relembrar-vos. E o fiz em virtude da graça que me foi dada por Deus,

16 de ser o ministro de Jesus Cristo entre os pagãos, exercendo a função sagrada do Evangelho de Deus. E isso para que os pagãos, santificados pelo Espírito Santo, lhe sejam uma oferta agradável.

17 Tenho motivo de gloriar-me em Jesus Cristo, no que diz respeito ao serviço de Deus.

18 Porque não ousaria mencionar ação alguma que Cristo não houvesse realizado por meu ministério, para levar os pagãos a aceitar o Evangelho, pela palavra e pela ação,

19 pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito. De maneira que tenho divulgado o Evangelho de Cristo desde Jerusalém e suas terras vizinhas até a Ilíria.

20 E me empenhei por anunciar o Evangelho onde ainda não havia sido anunciado o nome de Cristo, pois não queria edificar sobre fundamento lançado por outro.

21 Fiz bem assim como está escrito: Vê-lo-ão aqueles aos quais ainda não tinha sido anunciado; conhecê-lo-ão aqueles que dele ainda não tinham ouvido falar (Is 52,15).

22 Foi isso o que muitas vezes me impediu de ir ter convosco.

23 Mas, agora, já não tenho com que me ocupar nestas terras; e como há muitos anos tenho saudades de vós,

24 espero ver-vos de passagem, quando eu for à Espanha. Espero também ser por vós conduzido até lá, depois que tiver satisfeito, ao menos em parte, o meu desejo de estar convosco.

25 Mas no momento vou a Jerusalém para ajuda dos irmãos.

26 A Macedônia e a Acaia houveram por bem fazer uma coleta para os irmãos de Jerusalém que se acham em pobreza.

27 Houveram-no por bem; aliás, o devem a eles, pois se os pagãos têm parte nos bens espirituais dos judeus, devem por sua vez assisti-los com os bens materiais.

28 Logo que eu tiver desempenhado essa incumbência, e lhes tiver feito entrega fiel dessa coleta, irei à Espanha, passando por vós.

29 E sei que, quando for ter convosco, irei com todas as riquezas das bênçãos de Cristo.

30 Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo e em nome da caridade que é dada pelo Espírito, combatei comigo, dirigindo vossas orações a Deus por mim

31 para que eu escape dos infiéis que estão na Judéia, e para que o auxílio que levo a Jerusalém seja bem acolhido pelos irmãos.

32 Então poderei ir ver-vos com alegria e, se for a vontade de Deus, encontrar no vosso meio algum repouso.

33 E o Deus da paz esteja com todos vós. Amém.

Marcio Vasconcelos. Fotografia


Atos dos Apóstolos, 15

1 Alguns homens, descendo da Judéia, puseram-se a ensinar aos irmãos o seguinte: Se não vos circuncidais, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos.

2 Originou-se então grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e resolveu-se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta questão com os apóstolos e os anciãos em Jerusalém.

3 Acompanhados (algum tempo) dos membros da comunidade, tomaram o caminho que atravessa a Fenícia e Samaria. Contaram a todos os irmãos a conversão dos gentios, o que causou a todos grande alegria.

4 Chegando a Jerusalém, foram recebidos pela comunidade, pelos apóstolos e anciãos, a quem contaram tudo o que Deus tinha feito com eles.

5 Mas levantaram-se alguns que antes de ter abraçado a fé eram da seita dos fariseus, dizendo que era necessário circuncidar os pagãos e impor-lhes a observância da Lei de Moisés.

6 Reuniram-se os apóstolos e os anciãos para tratar desta questão.

7 Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem.

8 Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que a nós.

9 Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus corações.

10 Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?

11 Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente como eles.

12 Toda a assembléia o ouviu silenciosamente. Em seguida, ouviram Barnabé e Paulo contar quantos milagres e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios.

13 Depois de terminarem, Tiago tomou a palavra: Irmãos, ouvi-me, disse ele.

14 Simão narrou como Deus começou a olhar para as nações pagãs para tirar delas um povo que trouxesse o seu nome.

15 Ora, com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito:

16 Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi que caiu. E reedificarei as suas ruínas, e o levantarei

17 para que o resto dos homens busque o Senhor, e todas as nações, sobre as quais tem sido invocado o meu nome.

18 Assim fala o Senhor que faz estas coisas, coisas que ele conheceu desde a eternidade (Am 9,11s.).

19 Por isso, julgo que não se devem inquietar os que dentre os gentios se convertem a Deus.

20 Mas que se lhes escreva somente que se abstenham das carnes oferecidas aos ídolos, da impureza, das carnes sufocadas e do sangue.

21 Porque Moisés, desde muitas gerações, tem em cada cidade seus pregadores, pois que ele é lido nas sinagogas todos os sábados.

22 Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a comunidade escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé: Judas, que tinha o sobrenome de Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos.

23 Por seu intermédio enviaram a seguinte carta: "Os apóstolos e os anciãos aos irmãos de origem pagã, em Antioquia, na Síria e Cilícia, saúde!

24 Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras, transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante incumbência.

25 Assim nós nos reunimos e decidimos escolher delegados e enviá-los a vós, com os nossos amados Barnabé e Paulo,

26 homens que têm exposto suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.

27 Enviamos, portanto, Judas e Silas que de viva voz vos exporão as mesmas coisas.

28 Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do seguinte indispensável:

29 que vos abstenhais das carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da impureza. Dessas coisas fareis bem de vos guardar conscienciosamente. Adeus!

30 Tendo-se despedido, a delegação dirigiu-se a Antioquia. Ali reuniram a assembléia e entregaram a carta.

31 À sua leitura, todos se alegraram com o estímulo que ela trazia.

32 Judas e Silas, que eram também profetas, dirigiam aos irmãos muitas palavras de exortação e de animação.

33 Demoraram-se ali por algum tempo. Foram depois pelos irmãos despedidos em paz, voltando aos que lhos tinham enviado.

34 [A Silas contudo, pareceu bem ficar ali, e Judas partiu sozinho.]

35 Paulo e Barnabé detiveram-se também em Antioquia, ensinando e pregando com muitos outros a palavra do Senhor.

36 Ao termo de alguns dias, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades onde temos pregado a palavra do Senhor, para ver como estão passando.

37 Barnabé queria levar consigo também João, que tinha por sobrenome Marcos.

38 Paulo, porém, achava que não devia ser admitido quem se tinha separado deles em Panfília e não os havia acompanhado no ministério.

39 Houve tal discussão que se separaram um do outro, e Barnabé, levando consigo Marcos, navegou para Chipre.

40 Paulo, porém, tendo escolhido Silas, e depois de ter sido recomendado pelos irmãos à graça do Senhor, partiu. Ele percorreu a Síria, a Cilícia, confirmando as comunidades.

Seguro morreu de velho e desconfiado ainda está vivo

Admirável amor. Charles Fonseca. Prosa

ADMIRÁVEL AMOR
Charles Fonseca

Como é desvanecedor inspirar ventura a quem nos trouxe a amor de volta! Que belo sentimento brota onde havia a não esperança, somente o sonho etéreo! Oh, grande é esse mistério! Que grata satisfação! Que importa se o tempo é pouco para um grande amor, se a vida é curta se o espaço é infinito! Como gostaria de ser mais doce, mais presente, menos néscio, menos menos! Oh, amar, este o destino, o ser mais que o ter, o estar mais que o a ver! Vem comigo, amada, de mãos dadas pelos caminhos do céu, por entre os espaços luzentes, juntos entre as neblinas, passo a passo além das brumas. E se primeiro e adiante eu for que fique a ternura do tão vivido, a saudade do compartilhado, os nossos saberes sabidos por todos, os nossos segredos por poucos notados!

quarta-feira, junho 28, 2017

Belo


São João, 14


1 Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim.

2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar.

3 Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais.

4 E vós conheceis o caminho para ir aonde vou.

5 Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?

6 Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

7 Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto.

8 Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.

9 Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai...

10 Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras.

11 Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras.

12 Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.

13 E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

14 Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.

15 Se me amais, guardareis os meus mandamentos.

16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco.

17 É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.

18 Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós.

19 Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis.

20 Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.

21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele.

22 Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?

23 Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.

24 Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.

25 Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco.

26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.

27 Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!

28 Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu.

29 E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem.

30 Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não tem nada em mim.

31 O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.

Presidenta é a sua

Lindo


terça-feira, junho 27, 2017

O que é politicamente correto? André Marroig

O QUE É O POLITICAMENTE CORRETO?
André Marroig

Outro dia, em um vídeo o qual postei, fui criticado por um integrante da intelligentsia alegando que eu mencionara o “politicamente correto” e que me mostrara equivocado sobre o que significava. Enfadado diante de mais um discurso dissonante cognitivo fiz o que deveria ter feito; ignorei-o. Acredito simplesmente que tal figura, longe de qualquer anseio em aprender, segue Derrida em seu desconstrucionismo. Agora que o mesmo caíra em seu devido lugar, ou seja, no esquecimento, e sobrando um tempinho para poder aqui desenvolver o tema, trago-lhes um pouco da origem, significado e a que se presta esta aberração chamada “politicamente correta”.
A dialética marxista previa a luta de classes e a revolta do proletariado, mas as conquistas da revolução industrial e o próprio nacionalismo na Primeira Grande Guerra, mostraram que Marx estava errado. A despeito da Revolução Russa, basicamente o processo não se estendera pelo restante da Europa.
Lukács na Hungria e Gramsci na Itália forneceriam o substrato para compreensão do equívoco marxista. Como disse, as conquistas da Revolução Industrial, especialmente na Inglaterra, abriram as portas para o acesso a bens nunca dantes sonhados. Muitos tiveram acesso a bens e serviços os quais seus pais nunca haviam sonhado. Estes, NUNCA se rebelariam contra o stablishment. Gramsci traria a noção de que, para instalar o processo revolucionário, haveria de ser destruída a sociedade ocidental. Lukács, respeitado teórico marxista, tornou-se em 1919, Comissário da Cultura no governo Bolchevique de Bela Kun, na Hungria. Lukács lançou o programa conhecido como “Terrorismo Cultural”, onde uma massiva campanha de “educação sexual” fora empreendida nas escolas da Hungria. Ali se esboçava o “politicamente correto” como conhecemos. O objetivo era a destruição do núcleo familiar triangular clássico, unidade considerada burguesa e instrumento-chave na sociedade judaico-cristã. As crianças eram o foco do processo para Lukács, pois o mesmo acreditava que era muito mais fácil a conversão de uma criança do que a de um adulto. O projeto serviu de base para a introdução massiva de conceitos marxistas em basicamente todas as áreas educacionais.
O governo de Bela Kun pouco durou, e parte de sua queda é atribuída a uma resistência da própria classe trabalhadora aos ensinamentos de Lukács. Na Alemanha nova tentativa semelhante aconteceria. Felix Weil propõe a criação de um instituto para “pesquisas sociais”. O mesmo seria sede de estudos marxistas, mas intentava não ser diretamente associado a tal. Tal grupo seria conhecido mais tardiamente como “Escola de Frankfurt”, sediado na Universidade de mesmo nome. Lukács fazia parte do grupo, e seus escritos serviram de base teórica para o que estava por vir. Ali o marxismo era traduzido do âmbito econômico para o âmbito cultural. Carl Grumberg fora seu primeiro diretor, e em seu discurso de abertura disse:
“Desde o começo tem sido nossa intenção aqui de manter a uniformidade na maneira como olhamos e resolvemos os problemas. Eu também sou um oponente da ordem econômica, social e legal herdada da história para nós, e também sou um dos apoiadores do marxismo neste instituto. Finalmente o marxismo terá uma casa.”

Em 1930, Grumberg deixa a direção da casa e quem assume é Horkheimer. Uma nova guinada acontece e Horkheimer percebe a inércia do proletariado diante da ansiada revolução. Sem ainda saber quem poderia assumir tal processo, a trupe manteve o foco de suas investidas na cultura. Ao associar o marxismo com uma deturpação tosca da obra freudiana (coitado do Freud) encontraram uma máxima de que a cultura ocidental era repressora, transferindo para o âmbito cultural o conflito de classes tradicionalmente proposto por Marx. Alegaram uma alienação sexual imposta pela cultura ocidental tão significativa quanto a alienação econômica. Na época, Erich Fromm, psicanalista, em agressiva psicologia de liberalização sexual (termo cunhado pelo mesmo), fomentou as bases da “política de gênero”. Para o mesmo, as características sexuais não seguiriam bases fisiológicas e sim apareceriam como resultado de imposições da sociedade burguesa e das relações de trabalho. Aqui se firmava nova e importante peça do quebra-cabeça chamado “politicamente correto”.
Os trabalhos de Fromm, Adorno e Marcuse culminaram com a “teoria crítica”. A mesma consistia em uma sistemática crítica a todas as instituições ocidentais visando à completa destruição das mesmas. Base dos estudos sociológicos hoje em universidades, a Teoria Crítica é praticada sistematicamente no intento de não deixar pedra sobre pedra. Adorno mostraria que não haveria uma defesa a qual se apoiar na Teoria Crítica, pois a mesma nada defendia além da completa destruição. Horowitz transpôs o processo para os campus americanos após percepção de que as atrocidades soviéticas haviam alertado ao mundo sobre os horrores do stalinismo. Propondo uma forma “light” de socialismo usava de todas as ferramentas para a tomada e implantação socialista em todos os espaços. Horowitz mais tarde daria forte guinada e se tornaria um ativista conservador. O mesmo assumiria que a trupe de Frankfurt não mais ansiava a construção da utopia, e sim, a destruição de tudo. A Teoria Crítica se fundaria então na destruição da própria lógica, relativizando-a; se a favor da revolução, a lógica pode ser acessada, se contrária, destruída. Ali estava a base do “Politicamente Correto”.
A fuga diante do nazismo para os EUA incrementou as possibilidades ao expor o grupo ao financiamento polpudo. A Teoria Crítica então fora massivamente aplicada à sociedade americana. Adorno defendia que a sociedade americana era fascista e que quem a defendesse era doente psicologicamente. Conheces o uso do termo “fascista” para defini-lo? Pois bem, devemos a Adorno. O mesmo também transpõe a dialética para o controle da natureza, trazendo para junto os “verdinhos”.
Após a Segunda Grande Guerra, Marcuse se manteve nos EUA e intensificou as críticas à sociedade americana/ocidental no meio acadêmico onde lecionava. Ali ele recrutou o grupo que assumiria o lugar do proletariado, o mesmo grupo rechaçado por Marx, o lumpemproletariado. Este grupo consistia daqueles os quais, por algum motivo se sentissem ressentidos diante do restante da sociedade e pudessem ter neste sentimento o combustível atiçado para continuidade do processo revolucionário. Ali nascia mais um elemento do “Politicamente Correto”: a vitimização. Em “Eros e a Civilização” de Marcuse, uma perversa releitura de Freud usava sua teorização para sustentar que nenhuma repressão sexual deveria existir. Marcuse alegava que sem qualquer repressão à sexualidade a pulsão de vida inauguraria uma nova era profícua em felicidade e realizações (mais uma vez, coitado do Freud). Aqui outro elemento do politicamente correto: liberalismo extremo da sexualidade e culto a bizarrices. Conceitua também a chamada “tolerância libertadora”, que de forma relativizada era tolerante com o que eles defendiam e intolerante com os opositores. Este conceito evoluiu para a “tolerância repressiva” que convidava à ação sobre o discordante. Nasciam outros elementos do “Politicamente Correto”: a relativização moral e a intransigência e a agressividade diante do discordante.
Sem sombra de dúvida a corrente socialista mais efetiva, esta trupe, hoje, contamina todos os espaços midiáticos, acadêmicos e culturais. Percebes agora o quanto foste manipulado?

André Marroig

domingo, junho 25, 2017

São Lucas, 14

1.Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2.Havia ali um homem hidrópico. 3.Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado? 4.Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5.Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado? 6.A isto nada lhe podiam replicar. 7.Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola: 8.Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu, 9.e vindo o que te convidou, te diga: Cede o lugar a este. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar. 10.Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, passa mais para cima. Então serás honrado na presença de todos os convivas. 11.Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado. 12.Dizia igualmente ao que o tinha convidado: Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. 13.Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. 14.Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos. 15.A estas palavras, disse a Jesus um dos convidados: Feliz daquele que se sentar à mesa no Reino de Deus! 16.Respondeu-lhe Jesus: Um homem deu uma grande ceia e convidou muitas pessoas. 17.E à hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados: Vinde, tudo já está preparado. 18.Mas todos, um a um, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um terreno e preciso sair para vê-lo; rogo-te me dês por escusado. 19.Disse outro: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te me dês por escusado. 20.Disse também um outro: Casei-me e por isso não posso ir. 21.Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Então, irado, o pai de família disse a seu servo: Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. 22.Disse o servo: Senhor, está feito como ordenaste e ainda há lugar. 23.O senhor ordenou: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa. 24.Pois vos digo: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará a minha ceia. 25.Muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes: 26.Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27.E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. 28.Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? 29.Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, 30.dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar. 31.Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? 32.De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz. 33.Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. 34.O sal é uma coisa boa, mas se ele perder o seu sabor, com que o recuperará? 35.Não servirá nem para a terra nem para adubo, mas lançar-se-á fora. O que tem ouvidos para ouvir, ouça!"

The Rolling Stones - (I Can't Get No) Satsfaction (Live) - OFFICIAL

sexta-feira, junho 23, 2017

NOITE DE SÃO JOÃO. Charles Fonseca. Poesia

NOITE DE SÃO JOÃO
Charles Fonseca

É noite de São João
sobem fogueiras aos céus
chuvas de estrelas descem
riscam foguetes nos ares
que enfim, fenecem.
Tudo é folia
é festa a noite inteira
É noite de São João.
Os fogos de artifício!
Nas mãos de crianças 'lágrimas' choram
balões multicores no céu vão embora
Baião, roupas de chita, forró e milho!

Kuarup. Salgado Maranhão. Poesia

KUARUP
Salgado Maranhão

de seis milhões
em mil e quinhentos
restou apenas
uma legião
de vultos
soletrando
uma algazarra
zorra,
um kuarup de calça jeans.

os outros foram mortos
até os que estão vivos
até os que não nasceram.

Minha Rainha


Apocalipse, 13

1.Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios. 2.A Fera que eu vi era semelhante a uma pantera: os pés como de urso, e as fauces como de leão. Deu-lhe o Dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. 3.Uma das suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa ferida de morte fora curada. E todos, pasmados de admiração, seguiram a Fera 4.e prostraram-se diante do Dragão, porque dera seu prestígio à Fera, e prostraram-se igualmente diante da Fera, dizendo: Quem é semelhante à Fera e quem poderá lutar com ela? 5.Foi-lhe dada a faculdade de proferir arrogâncias e blasfêmias, e foi-lhe dado o poder de agir por quarenta e dois meses. 6.Abriu, pois, a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os habitantes do céu. 7.Foi-lhe dado, também, fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação, 8.e hão de adorá-la todos os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos desde a origem do mundo no livro da vida do Cordeiro imolado. 9.Quem tiver ouvidos, ouça! 10.Quem procura prender será preso. Quem matar pela espada, pela espada deve ser morto. Esta é a ocasião para a constância e a confiança dos santos! 11.Vi, então, outra Fera subir da terra. Tinha dois chifres como um cordeiro, mas falava como um dragão. 12.Ela exercia todo o poder da primeira Fera, sob a vigilância desta, e fez com que a terra e os seus habitantes adorassem a primeira Fera (cuja ferida de morte havia sido curada). 13.Realizou grandes prodígios, de modo que até fez descer fogo do céu sobre a terra, à vista dos homens. 14.Seduziu os habitantes da terra com os prodígios que lhe era dado fazer sob a vigilância da Fera, persuadindo-os a fazer uma imagem da Fera que sobrevivera ao golpe da espada. 15.Foi-lhe dado, também, comunicar espírito à imagem da Fera, de modo que essa imagem se pusesse a falar e fizesse com que fosse morto todo aquele que não se prostrasse diante dela. 16.Conseguiu que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tivessem um sinal na mão direita e na fronte, 17.e que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse marcado com o nome da Fera, ou o número do seu nome. 18.Eis aqui a sabedoria! Quem tiver inteligência, calcule o número da Fera, porque é número de um homem, e esse número é seiscentos e sessenta e seis."

Steve McCurry. Fotografia

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O costume de casa se leva à Praça

quinta-feira, junho 22, 2017

Romanos, 14

1.Acolhei aquele que é fraco na fé, com bondade, sem discutir as suas opiniões. 2.Um crê poder comer de tudo; outro, que é fraco, só come legumes. 3.Quem come de tudo não despreze aquele que não come. Quem não come não julgue aquele que come, porque Deus o acolhe do mesmo modo. 4.Quem és tu, para julgares o servo de outros? Que esteja firme, ou caia, isto é lá com o seu senhor. Mas ele estará firme, porque poderoso é Deus para o sustentar. 5.Um faz distinção entre dia e dia; outro, porém, considera iguais todos os dias. Cada um proceda segundo sua convicção. 6.Quem distingue o dia, age assim pelo Senhor. Quem come de tudo, o faz pelo Senhor, porque dá graças a Deus. E quem não come, abstém-se pelo Senhor, e igualmente dá graças a Deus. 7.Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si. 8.Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor. 9.Para isso é que morreu Cristo e retomou a vida, para ser o Senhor tanto dos mortos como dos vivos. 10.Por que julgas, então, o teu irmão? Ou por que desprezas o teu irmão? Todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus. 11.Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará glória a Deus (Is 45,23). 12.Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. 13.Deixemos, pois, de nos julgar uns aos outros; antes, cuidai em não pôr um tropeço diante do vosso irmão ou dar-lhe ocasião de queda. 14.Sei, estou convencido no Senhor Jesus de que nenhuma coisa é impura em si mesma; somente o é para quem a considera impura. 15.Ora, se por uma questão de comida entristeces o teu irmão, já não vives segundo a caridade. Pela comida não causes a perdição daquele por quem Cristo morreu! 16.Não venha a tornar-se objeto de calúnia a tua vantagem. 17.O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no Espírito Santo. 18.Quem deste modo serve a Cristo, agrada a Deus e goza de estima dos homens. 19.Portanto, apliquemo-nos ao que contribui para a paz e para a mútua edificação. 20.Não destruas a obra de Deus por questão de comida. Todas as coisas, em verdade, são puras, mas o que é mau para um homem é o fato de comer provocando um escândalo. 21.Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem outra coisa que para teu irmão possa ser uma ocasião de queda. 22.Tens uma convicção; guarda-a para ti mesmo, diante de Deus. Feliz é aquele que não se condena a si mesmo no ato a que se decide. 23.Mas, aquele que come apesar de suas dúvidas, condena-se, por não se guiar pela convicção. Tudo o que não procede da convicção é pecado."

Monet. Pintura

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A Saudade Mata a Gente - Maria Bethânia (HD)

Entreabertas. Charles Fonseca. Prosa

Entretantos entre tanto entre. Há centenas de portas entreabertas. Feche na que você entrar. Não esqueça de fechar por dentro e jogar a chave fora. Mas num lugar fácil de achar.

A confissão dos pecados

A CONFISSÃO DOS PECADOS

1455. A confissão (a acusação) dos pecados, mesmo de um ponto de vista simplesmente humano, liberta-nos e facilita a nossa reconciliação com os outros. Pela confissão, o homem encara de frente os pecados de que se tornou culpado; assume a sua responsabilidade e, desse modo, abre-se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, para tornar possível um futuro diferente.

1456. A confissão ao sacerdote constitui uma parte essencial do sacramento da Penitência: «Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de que têm consciência, após se terem seriamente examinado, mesmo que tais pecados sejam secretíssimos e tenham sido cometidos apenas contra os dois últimos preceitos do Decálogo (47); porque, por vezes, estes pecados ferem mais gravemente a alma e são mais perigosos que os cometidos à vista de todos» (48):

«Quando os fiéis se esforçam por confessar todos os pecados de que se lembram, não se pode duvidar de que os apresentam todos ao perdão da misericórdia divina. Os que procedem de modo diverso, e conscientemente ocultam alguns, esses não apresentam à bondade divina nada que ela possa perdoar por intermédio do sacerdote. Porque, "se o doente tem vergonha de descobrir a sua ferida ao médico, a medicina não pode curar o que ignora"» (49).

1457. Segundo o mandamento da Igreja, «todo o fiel que tenha atingido a idade da discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano» (50). Aquele que tem consciência de haver cometido um pecado mortal, não deve receber a sagrada Comunhão, mesmo que tenha uma grande contrição, sem ter previamente recebido a absolvição sacramental (51); a não ser que tenha um motivo grave para comungar e não lhe seja possível encontrar-se com um confessor (52). As crianças devem aceder ao sacramento da Penitência antes de receberem pela primeira vez a Sagrada Comunhão (53).

1458. Sem ser estritamente necessária, a confissão das faltas quotidianas (pecados veniais) é contudo vivamente recomendada pela Igreja. (54) Com efeito, a confissão regular dos nossos pecados veniais ajuda-nos a formar a nossa consciência, a lutar contra as más inclinações, a deixarmo-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo com maior frequência, neste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele (55):

«Aquele que confessa os seus pecados e os acusa, já está de acordo com Deus. Deus acusa os teus pecados; se tu também os acusas, juntas-te a Deus. O homem e o pecador são, por assim dizer, duas realidades distintas. Quando ouves falar do homem, foi Deus que o criou: quando ouves falar do pecador, foi o próprio homem quem o fez. Destrói o que fizeste, para que Deus salve o que fez. [...] Quando começas a detestar o que fizeste, é então que começam as tuas boas obras, porque acusas as tuas obras más. O princípio das obras boas é a confissão das más. Praticaste a verdade e vens à luz» (56). Catecismo

quarta-feira, junho 21, 2017

Marrocos. Charles Fonseca. Fotografia


Maria Bethânia - Reconvexo (DVD Tempo Tempo Tempo Tempo)

Código de ética médica VI

VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade.

Homem Vitruviano (desenho de Leonardo da Vinci)

Atos dos Apóstolos, 14

1.Em Icônio, Paulo e Barnabé, segundo seu costume, entraram na sinagoga dos judeus e ali pregaram, de tal modo que uma grande multidão de judeus e de gregos se converteu à fé. 2.Mas os judeus, que tinham permanecido incrédulos, excitaram os ânimos dos pagãos contra os irmãos. 3.Não obstante, eles se demoraram ali por muito tempo, falando com desassombro e confiança no Senhor, que dava testemunho à palavra da sua graça pelos milagres e prodígios que ele operava por mãos dos apóstolos. 4.A população da cidade achava-se dividida: uns eram pelos judeus, outros pelos apóstolos. 5.Mas como se tivesse levantado um motim dos gentios e dos judeus, com os seus chefes, para os ultrajar e apedrejar, 6.ao saberem disso, fugiram para as cidades da Licaônia, Listra e Derbe e suas circunvizinhanças. 7.Ali pregaram o Evangelho. 8.Em Listra vivia um homem aleijado das pernas, coxo de nascença, que nunca tinha andado. 9.Sentado, ele ouvia Paulo pregar. Este, fixando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, 10.disse em alta voz: Levanta-te direito sobre os teus pés! Ele deu um salto e pôs-se a andar. 11.Vendo a multidão o que Paulo fizera, levantou a voz, gritando em língua licaônica: Deuses em figura de homens baixaram a nós! 12.Chamavam a Barnabé Zeus e a Paulo Hermes, porque era este quem dirigia a palavra. 13.Um sacerdote de Zeus Propóleos trouxe para as portas touros ornados de grinaldas, querendo, de acordo com todo o povo, sacrificar-lhos. 14.Mas os apóstolos Barnabé e Paulo, ao perceberem isso, rasgaram as suas vestes e saltaram no meio da multidão: 15.Homens, clamavam eles, por que fazeis isso? Também nós somos homens, da mesma condição que vós, e pregamos justamente para que vos convertais das coisas vãs ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles há. 16.Ele permitiu nos tempos passados que todas as nações seguissem os seus caminhos. 17.Contudo, nunca deixou de dar testemunho de si mesmo, por seus benefícios: dando-vos do céu as chuvas e os tempos férteis, concedendo abundante alimento e enchendo os vossos corações de alegria. 18.Apesar dessas palavras, não foi sem dificuldade que contiveram a multidão de sacrificar a eles. 19.Sobrevieram, porém, alguns judeus de Antioquia e de Icônio que persuadiram a multidão. Apedrejaram Paulo e, dando-o por morto, arrastaram-no para fora da cidade. 20.Os discípulos o rodearam. Ele se levantou e entrou na cidade. No dia seguinte, partiu com Barnabé para Derbe. 21.Depois de ter pregado o Evangelho à cidade de Derbe, onde ganharam muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia (da Pisídia). 22.Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações. 23.Em cada igreja instituíram anciãos e, após orações com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham confiado. 24.Atravessaram a Pisídia e chegaram a Panfília. 25.Depois de ter anunciado a palavra do Senhor em Perge, desceram a Atália. 26.Dali navegaram para Antioquia (da Síria), de onde tinham partido, encomendados à graça de Deus para a obra que estavam a completar. 27.Ali chegados, reuniram a igreja e contaram quão grandes coisas Deus fizera com eles, e como abrira a porta da fé aos gentios. 28.Demoraram-se com os discípulos longo tempo."

Vivian Maier. Fotografia

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terça-feira, junho 20, 2017

Chico Buarque - Construção

São João, 14

1.Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. 2.Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. 3.Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais. 4.E vós conheceis o caminho para ir aonde vou. 5.Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? 6.Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. 7.Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto. 8.Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. 9.Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... 10.Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras. 11.Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras. 12.Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai. 13.E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14.Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei. 15.Se me amais, guardareis os meus mandamentos. 16.E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. 17.É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. 18.Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós. 19.Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis. 20.Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós. 21.Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele. 22.Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo? 23.Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. 24.Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou. 25.Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. 26.Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito. 27.Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize! 28.Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu. 29.E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem. 30.Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não tem nada em mim. 31.O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui."

Lençóis. Bahia. Fotografia


A captura e a morte. Federico García Lorca. Poesia

A CAPTURA E A MORTE
Federico García Lorca

Às cinco horas da tarde.
Eram cinco da tarde em ponto.
Um menino trouxe o lençol branco
às cinco horas da tarde.
Um cesto de cal já prevenida
às cinco horas da tarde.
O mais era morte e apenas morte
às cinco horas da tarde.

O vento arrebatou os algodões
às cinco horas da tarde.
E o óxido semeou cristal e níquel
às cinco horas da tarde.
Já pelejam a pomba e o leopardo
às cinco horas da tarde.
E uma coxa por um chifre destruída
às cinco horas da tarde.
Os sons já começaram do bordão
às cinco horas da tarde.
As campanas de arsênico e a fumaça
às cinco horas da tarde.
Pelas esquinas grupos de silêncio
às cinco horas da tarde.
E o touro todo coração ao alto
às cinco horas da tarde.
Quando o suor de neve foi chegando
às cinco horas da tarde,
quando de iodo se cobriu a praça
às cinco horas da tarde,
a morte botou ovos na ferida
às cinco horas da tarde.
Às cinco horas da tarde.
Às cinco em ponto da tarde.

Um ataúde com rodas é a cama
às cinco horas da tarde.
Ossos e flautas soam-lhe ao ouvido
às cinco horas da tarde.
Por sua frente o touro já mugia
às cinco horas da tarde.
O quarto se irisava de agonia
às cinco horas da tarde.
A gangrena de longe já se acerca
às cinco horas da tarde.
Trompa de lis pelas virilhas verdes
às cinco horas da tarde.
As feridas queimavam como sóis
às cinco horas da tarde,
e as pessoas quebravam as janelas
às cinco horas da tarde.
Ai que terríveis cinco horas da tarde!
Eram as cinco em todos os relógios!
Eram cinco horas da tarde em sombra!

Fotografia


segunda-feira, junho 19, 2017

O muito amado


Mônica Klein. Charles Fonseca. Fotografia


São Marcos, 14

1.Ora, dali a dois dias seria a festa da Páscoa e dos (pães) Ázimos; e os sumos sacerdotes e os escribas buscavam algum meio de prender Jesus à traição para matá-lo. 2.Mas não durante a festa, diziam eles, para não haver talvez algum tumulto entre o povo. 3.Jesus se achava em Betânia, em casa de Simão, o leproso. Quando ele se pôs à mesa, entrou uma mulher trazendo um vaso de alabastro cheio de um perfume de nardo puro, de grande preço, e, quebrando o vaso, derramou-lho sobre a cabeça. 4.Alguns, porém, ficaram indignados e disseram entre si: Por que este desperdício de bálsamo? 5.Poder-se-ia tê-lo vendido por mais de trezentos denários, e os dar aos pobres. E irritavam-se contra ela. 6.Mas Jesus disse-lhes: Deixai-a. Por que a molestais? Ela me fez uma boa obra. 7.Vós sempre tendes convosco os pobres e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; mas a mim não me tendes sempre. 8.Ela fez o que pode: embalsamou-me antecipadamente o corpo para a sepultura. 9.Em verdade vos digo: onde quer que for pregado em todo o mundo o Evangelho, será contado para sua memória o que ela fez. 10.Judas Iscariotes, um dos Doze, foi avistar-se com os sumos sacerdotes para lhes entregar Jesus. 11.A esta notícia, eles alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele buscava ocasião oportuna para o entregar. 12.No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava a Páscoa, perguntaram-lhe os discípulos: Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa? 13.Ele enviou dois dos seus discípulos, dizendo: Ide à cidade, e sair-vos-á ao encontro um homem, carregando um cântaro de água. 14.Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre pergunta: Onde está a sala em que devo comer a Páscoa com os meus discípulos? 15.E ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, mobiliada e pronta. Fazei ali os preparativos. 16.Partiram os discípulos para a cidade e acharam tudo como Jesus lhes havia dito, e prepararam a Páscoa. 17.Chegando a tarde, dirigiu-se ele para lá com os Doze. 18.E enquanto estavam sentados à mesa e comiam, Jesus disse: Em verdade vos digo: um de vós que come comigo me há de entregar. 19.Começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe, um após outro: Porventura sou eu? 20.Respondeu-lhes ele: É um dos Doze, que se serve comigo do mesmo prato. 21.O Filho do homem vai, segundo o que dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem for traído! Melhor lhe seria que nunca tivesse nascido... 22.Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-lho, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. 23.Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e todos dele beberam. 24.E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos. 25.Em verdade vos digo: já não beberei do fruto da videira, até aquele dia em que o beberei de novo no Reino de Deus. 26.Terminado o canto dos Salmos, saíram para o monte das Oliveiras. 27.E Jesus disse-lhes: Vós todos vos escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas (Zac 13,7). 28.Mas depois que eu ressurgir, eu vos precederei na Galiléia. 29.Entretanto, Pedro lhe respondeu: Ainda que todos se escandalizem de ti, eu, porém, nunca! 30.Jesus disse-lhe: Em verdade te digo: hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me terás negado. 31.Mas Pedro repetia com maior ardor: Ainda que seja preciso morrer contigo, não te renegarei.E todos disseram o mesmo. 32.Foram em seguida para o lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto vou orar. 33.Levou consigo Pedro, Tiago e João; e começou a ter pavor e a angustiar-se. 34.Disse-lhes: A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai. 35.Adiantando-se alguns passos, prostrou-se com a face por terra e orava que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. 36.Aba! (Pai!), suplicava ele. Tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres. 37.Em seguida, foi ter com seus discípulos e achou-os dormindo. Disse a Pedro: Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora! 38.Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca. 39.Afastou-se outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras. 40.Voltando, achou-os de novo dormindo, porque seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. 41.Voltando pela terceira vez, disse-lhes: Dormi e descansai. Basta! Veio a hora! O Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. 42.Levantai-vos e vamos! Aproxima-se o que me há de entregar. 43.Ainda falava, quando chegou Judas Iscariotes, um dos Doze, e com ele um bando armado de espadas e cacetes, enviado pelos sumos sacerdotes, escribas e anciãos. 44.Ora, o traidor tinha-lhes dado o seguinte sinal: Aquele a quem eu beijar é ele. Prendei-o e levai-o com cuidado. 45.Assim que ele se aproximou de Jesus, disse: Rabi!, e o beijou. 46.Lançaram-lhe as mãos e o prenderam. 47.Um dos circunstantes tirou da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e decepou-lhe a orelha. 48.Mas Jesus tomou a palavra e disse-lhes: Como a um bandido, saístes com espadas e cacetes para prender-me! 49.Entretanto, todos os dias estava convosco, ensinando no templo, e não me prendestes. Mas isso acontece para que se cumpram as Escrituras. 50.Então todos o abandonaram e fugiram. 51.Seguia-o um jovem coberto somente de um pano de linho; e prenderam-no. 52.Mas, lançando ele de si o pano de linho, escapou-lhes despido. 53.Conduziram Jesus à casa do sumo sacerdote, onde se reuniram todos os sacerdotes, escribas e anciãos. 54.Pedro o foi seguindo de longe até dentro do pátio. Sentou-se junto do fogo com os servos e aquecia-se. 55.Os sumos sacerdotes e todo o conselho buscavam algum testemunho contra Jesus, para o condenar à morte, mas não o achavam. 56.Muitos diziam falsos testemunhos contra ele, mas seus depoimentos não concordavam. 57.Levantaram-se, então, alguns e deram esse falso testemunho contra ele: 58.Ouvimo-lo dizer: Eu destruirei este templo, feito por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, que não será feito por mãos de homens. 59.Mas nem neste ponto eram coerentes os seus testemunhos. 60.O sumo sacerdote levantou-se no meio da assembléia e perguntou a Jesus: Não respondes nada? O que é isto que dizem contra ti? 61.Mas Jesus se calava e nada respondia. O sumo sacerdote tornou a perguntar-lhe: És tu o Cristo, o Filho de Deus bendito? 62.Jesus respondeu: Eu o sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, vindo sobre as nuvens do céu. 63.O sumo sacerdote rasgou então as suas vestes. Para que desejamos ainda testemunhas?!, exclamou ele. 64.Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece? E unanimemente o julgaram merecedor da morte. 65.Alguns começaram a cuspir nele, a tapar-lhe o rosto, a dar-lhe socos e a dizer-lhe: Adivinha! Os servos igualmente davam-lhe bofetadas. 66.Estando Pedro embaixo, no pátio, veio uma das criadas do sumo sacerdote. 67.Ela fixou os olhos em Pedro, que se aquecia, e disse: Também tu estavas com Jesus de Nazaré. 68.Ele negou: Não sei, nem compreendo o que dizes. E saiu para a entrada do pátio; e o galo cantou. 69.A criada, que o vira, começou a dizer aos circunstantes: Este faz parte do grupo deles. 70.Mas Pedro negou outra vez. Pouco depois, os que ali estavam diziam de novo a Pedro: Certamente tu és daqueles, pois és galileu. 71.Então ele começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais. 72.E imediatamente cantou o galo pela segunda vez. Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe havia dito: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E, lembrando-se disso, rompeu em soluços."

Elizeth Cardoso - "As Pastorinhas" (Noel Rosa/Braguinha)

Quanto mais perguntas sem respostas mais certezas apostas

domingo, junho 18, 2017

Alegria alegria. Charles Fonseca. Fotografia


Acima de qualquer suspeita. José Paulo Paes. Poesia

ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA
José Paulo Paes

a poesia está morta

mas juro que não fui eu

eu até que tentei fazer o melhor que podia para salvá-la

imitei diligentemente augusto dos anjos paulo torres car-
los drummond de andrade manuel bandeira murilo
mendes vladimir maiakóvski joão cabral de melo neto
paul éluard oswald de andrade guillaume apollinaire
sosígenes costa bertolt brecht augusto de campos

não adiantou nada

em desespero de causa cheguei a imitar um certo (ou
incerto) josé paulo paes poeta de ribeirãozinho estrada
de ferro araraquarense

porém ribeirãozinho mudou de nome a estrada de ferro
araraquarense foi extinta e josé paulo paes parece
nunca ter existido

nem eu

Maria Bethânia - Debaixo D'agua - Agora - DVD Dentro do Mar Tem Rio

São Mateus, 14

1.Por aquela mesma época, o tetrarca Herodes ouviu falar de Jesus. 2.E disse aos seus cortesãos: É João Batista que ressuscitou. É por isso que ele faz tantos milagres. 3.Com efeito, Herodes havia mandado prender e acorrentar João, e o tinha mandado meter na prisão por causa de Herodíades, esposa de seu irmão Filipe. 4.João lhe tinha dito: Não te é permitido tomá-la por mulher! 5.De boa mente o mandaria matar; temia, porém, o povo que considerava João um profeta. 6.Mas, na festa de aniversário de nascimento de Herodes, a filha de Herodíades dançou no meio dos convidados e agradou a Herodes. 7.Por isso, ele prometeu com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse. 8.Por instigação de sua mãe, ela respondeu: Dá-me aqui, neste prato, a cabeça de João Batista. 9.O rei entristeceu-se, mas como havia jurado diante dos convidados, ordenou que lha dessem; 10.e mandou decapitar João na sua prisão. 11.A cabeça foi trazida num prato e dada à moça, que a entregou à sua mãe. 12.Vieram, então, os discípulos de João transladar seu corpo, e o enterraram. Depois foram dar a notícia a Jesus. 13.A essa notícia, Jesus partiu dali numa barca para se retirar a um lugar deserto, mas o povo soube e a multidão das cidades o seguiu a pé. 14.Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes. 15.Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia. 16.Jesus, porém, respondeu: Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer. 17.Mas, disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes. _ 18.Trazei-mos, disse-lhes ele. 19.Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo. 20.Todos comeram e ficaram fartos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios. 21.Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças. 22.Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão. 23.Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite, estava lá sozinho. 24.Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25.Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar. 26.Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: É um fantasma! disseram eles, soltando gritos de terror. 27.Mas Jesus logo lhes disse: Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo! 28.Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti! 29.Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. 30.Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me! 31.No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste? 32.Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou. 33.Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus. 34.E, tendo atravessado, chegaram a Genesaré. 35.As pessoas do lugar o reconheceram e mandaram anunciar por todos os arredores. Apresentaram-lhe, então, todos os doentes, 36.rogando-lhe que ao menos deixasse tocar na orla de sua veste. E, todos aqueles que nele tocaram, foram curados."

sexta-feira, junho 16, 2017

Retrato do artista com a mente jovem


Canção do Exército Brasileiro

O Causo do Dia | 01

NA VALSA DA SOLIDÃO. Charles Fonseca. Poesia

NA VALSA DA SOLIDÃO
Charles Fonseca

Ai, em mim quanta tristeza,
Ver teu rosto sempre rindo
Falsamente e eu me indo
De roldão na tua esperteza

Eu girando qual pião
Amarrando-me aos teus pés
Tu sorrindo eu ao revés
Amando volteio em vão.

Tal qual uma carapeta
Na valsa da solidão
Gira o mundo de roldão
Alegria em tristeza

Tua mentira é verdade
Rastejas no amar profundo
Teu céu é só o teu mundo
No templo da falsidade

No entanto quero amar-te
Não mais ver-me eu em trilha
Da ilusão que suplicia
Ante todos e eu sou parte.

Tudo bem com você?

Se esta doutrina é sabedoria. Suma Teológica. São Tomás de Aquino

Art. 6 — Se esta doutrina é sabedoria.
(I Sent., prol., a. 3, qI, 3; II Cont. Gent., cap. IV)
O sexto discute-se assim — Parece que esta doutrina não é sabedoria.
1. Pois nenhuma doutrina que receba de outra os seus princípios, merece o nome de
sabedoria, cabendo ao sábio ordenar e não ser ordenado, como diz Aristóteles. Ora, esta doutrina
recebe de outra os seus princípios, como do sobredito aparece (a. 2). Logo, não é sabedoria.
2. Demais — À sabedoria compete provar os princípios das outras ciências, por onde é chamada cabeçadas demais, como se vê no Filósofo. Ora, não justifica esta doutrina os princípios das outras ciências, nem é, portanto, sabedoria.
3. Demais — Adquire-se esta doutrina pelo estudo, mas rec ebemos a sabedoria por infusão, e, por isso, se conta entre os sete dons do Espírito Santo, como se vê na Escritura (Is 2,2). Logo, esta doutrina não é sabedoria.
Mas, em contrário, a Escritura (Dt 4, 6): Porque nisto mostrarei a vossa sabedoria e inteligência aos
povos.
SOLUÇÃO. — De toda a sabedoria humana, é esta doutrina a mais alta, não relativa, mas
absolutamente. Pois sendo próprio do sábio ordenar e julgar, e, pela causa mais alta, considerar as
inferiores, sábio se chama, em qualquer gênero, quem lhe atende à altíssima causa. Assim, no tocante à construção, o artífice que traça a planta da casa é chamado sábio e arquiteto, em relação aos operários inferiores, que aplainam a madeira e preparam as pedras; donde o dito da Escritura (1 Cor 3,10): Lancei o fundamento como sábio arquiteto. Também, no que respeita à vida humana em conjunto, é o prudente chamado sábio, enquanto ordena os atos humanos ao fim obrigatório; donde outro dito da Escritura (Pr 10, 23): A sabedoria é, para o homem, prudência. Quem, portanto, considera a causa absoluta mais alta do universo, que é Deus, deve ser chamado sábio por excelência. Pelo que também se define a sabedoria conhecimento das coisas divinas, como se vê em Agostinho. Ora, o próprio da sagrada doutrina é considerar a Deus, causa altíssima, não só enquanto cognoscível por meio das criaturas — o que souberam os filósofos, como diz a Escritura (Rm 1, 19): O que se pode conhecer de Deus lhes é manifesto — senão também naquilo que só ele de si mesmo conhece e foi aos outros revelado e comunicado. Por isso, tal doutrina em sumo grau merece o nome de sabedoria.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Não recebe a sagrada doutrina os seus princípios de nenhum saber humano, senão da ciência divina, a qual regula todo o nosso conhecimento, a título de suprema sabedoria.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Os princípios das demais ciências ou são por si evidentes, e não podem ser provados; ou se demonstram noutra ciência por algum motivo natural. Porém, o conhecimento próprio desta ciência assenta na revelação, e não em premissas naturais. Donde, não lhe cabe provar os princípios das outras ciências, mas só julgá-las; porque tudo o que nelas repugnar à verdade desta, condena-se, de vez, como falso, segundo o Apóstolo (2 Cor 10, 4-5): Derribando os conselhos e toda a altura que se levanta contra a ciência de Deus.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Por ser o juízo próprio do sábio, e por haver dois modos de julgar, deve a sabedoria ter dois sentidos. O primeiro modo de julgar é por inclinação: por exemplo, quem tiver bons costumes, por atração da virtude, pode com acerto julgar dos atos que se devem praticar moralmente.
Por isto está em Aristóteles: o virtuoso é medida e regra dos atos humanos. — O segundo modo é pelo conhecimento: como o instruído na ciência moral poderia julgar dos atos de virtude, mesmo se a não tivesse. Ora, o primeiro modo de julgar as coisas divinas pertence à sabedoria enquanto dom do Espírito Santo, segundo a Escritura (1 Cor 2,15):O espiritual julga todas as coisas; e Dionísio: Hieroteu é douto, não só por aprender mas, antes, por sentir as coisas divinas. O segundo modo de julgar é próprio desta doutrina, enquanto se adquire por estudo, embora sejam os princípios recebidos pela revelação.

A misericórdia. Charles Fonseca. Prosa

A MISERICÓRDIA
Charles Fonseca

Era assim: minha mãe não permitia que os esmoleres/pedintes tocassem violão na porta de nossa casa sob o argumento de que na Bíblia havia um versículo que proibia que estes tocassem trombetas à porta de alguém com a mesma finalidade. Que o que se dava com a mão a outra não devia ver. E quando chegava à nossa porta um pedinte/doente mental sujo, maltrapilho, cabeludo a pedir um prato de comida, ela prometia dar desde que ele consentisse em tomar um banho no nosso quintal. O cidadão consentia e, incontinente, era levado ao quintal, posto em um banquinho, ficando só com uma calça velha de meu pai cortada acima do joelho a título de bermuda... Bucha e sabão massa em todo o corpo, enxaguado com água morna, cortado o cabelo e as unhas. Enquanto isso nós pulávamos de alegria, era uma festa! Cheiroso, alimentado, lá se ia pelo mundo aquela alma.

quinta-feira, junho 15, 2017

Pitangas. Betty Vidigal. Poesia

PITANGAS
Betty Vidigal

Era uma febre, um delírio,
Uma mandinga bem feita,
cama com cheiro de lírio.

Era um delírio, uma febre,
amor que não se endireita,
quebranto que ninguém quebra,
tremedeira de maleita,
uma mulher e um ébrio
de amor que não toma jeito.
E ela, que não se emenda?

Meus dedos fazendo renda
com os pêlos do seu peito;
o coração que se escuta
pelo quarteirão inteiro;
pitangas no travesseiro,
cama com cheiro de fruta.

Amigos de Montreal


Apocalipse, 14

1.Eu vi ainda: o Cordeiro estava de pé no monte Sião, e perto dele cento e quarenta e quatro mil pessoas que traziam escritos na fronte o nome dele e o nome de seu Pai. 2.Ouvia, entretanto, um coro celeste semelhante ao ruído de muitas águas e ao ribombar de potente trovão. Esse coro que eu ouvia era ainda semelhante a músicos tocando as suas cítaras. 3.Cantavam como que um cântico novo diante do trono, diante dos quatro Animais e dos Anciãos. Ninguém podia aprender este cântico, a não ser aqueles cento e quarenta e quatro mil que foram resgatados da terra. 4.Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois são virgens. São eles que acompanham o Cordeiro por onde quer que vá; foram resgatados dentre os homens, como primícias oferecidas a Deus e ao Cordeiro. 5.Em sua boca não se achou mentira, pois são irrepreensíveis. 6.Vi, então, outro anjo que voava pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para anunciar aos habitantes da terra e a toda nação, tribo, língua e povo. 7.Clamava em alta voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu julgamento. Adorai aquele que fez o céu e a terra, o mar e as fontes. 8.Outro anjo seguiu-o, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, por ter dado de beber a todas as nações do vinho de sua imundície desenfreada. 9.Um terceiro anjo seguiu-os, dizendo em alta voz: Se alguém adorar a Fera e a sua imagem, e aceitar o seu sinal na fronte ou na mão, 10.há de beber também o vinho da cólera divina, o vinho puro deitado no cálice da sua ira. Será atormentado pelo fogo e pelo enxofre diante dos seus santos anjos e do Cordeiro. 11.A fumaça do seu tormento subirá pelos séculos dos séculos. Não terão descanso algum, dia e noite, esses que adoram a Fera e a sua imagem, e todo aquele que acaso tenha recebido o sinal do seu nome. 12.Eis o momento para apelar para a paciência dos santos, dos fiéis, aos mandamentos de Deus e à fé em Jesus. 13.Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem. 14.Eu vi ainda uma nuvem branca, sobre a qual se sentava como que um Filho do Homem, com a cabeça cingida de coroa de ouro e na mão uma foice afiada. 15.Outro anjo saiu do templo, gritando em voz alta para aquele que estava assentado na nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, pois está madura a seara da terra. 16.O Ser que estava assentado na nuvem lançou então a foice à terra, e a terra foi ceifada. 17.Outro anjo saiu do templo do céu. Tinha também uma foice afiada. 18.E outro anjo, aquele que tem poder sobre o fogo, saiu do altar e bradou em alta voz para aquele que tinha a foice afiada: Lança a foice afiada e vindima os cachos da vinha da terra, porque maduras estão as suas uvas. 19.O anjo lançou a sua foice à terra e vindimou a vinha da terra, e atirou os cachos no grande lagar da ira de Deus. 20.O lagar foi pisado fora da cidade, e do lagar saiu sangue que atingiu até o nível dos freios dos cavalos pelo espaço de mil e seiscentos estádios."

Lindo


Uma família unida e feliz


quarta-feira, junho 14, 2017

E viva a Festa de São João!


Defesa pessoal. Como Sair de uma Gravata #KungFu

Romanos, 13

1.Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus. 2.Assim, aquele que resiste à autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem, atraem sobre si a condenação. 3.Em verdade, as autoridades inspiram temor, não porém a quem pratica o bem, e sim a quem faz o mal! Queres não ter o que temer a autoridade? Faze o bem e terás o seu louvor. 4.Porque ela é instrumento de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, porque não é sem razão que leva a espada: é ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que pratica o mal. 5.Portanto, é necessário submeter-se, não somente por temor do castigo, mas também por dever de consciência. 6.É também por essa razão que pagais os impostos, pois os magistrados são ministros de Deus, quando exercem pontualmente esse ofício. 7.Pagai a cada um o que lhe compete: o imposto, a quem deveis o imposto; o tributo, a quem deveis o tributo; o temor e o respeito, a quem deveis o temor e o respeito. 8.A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei. 9.Pois os preceitos: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e ainda outros mandamentos que existam, eles se resumem nestas palavras: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 10.A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei. 11.Isso é tanto mais importante porque sabeis em que tempo vivemos. Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé. 12.A noite vai adiantada, e o dia vem chegando. Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. 13.Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes. 14.Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites."

Grécia arcaica. Escultura

Vivien Maier. Fotografia

Photos de New York et Chicago des années 50 et 60 par Vivian Maier (15):

terça-feira, junho 13, 2017

Atos dos Apóstolos, 13

1.Havia então na Igreja de Antioquia profetas e doutores, entre eles Barnabé, Simão, apelidado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém, companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo. 2.Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado. 3.Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos e os despediram. 4.Enviados assim pelo Espírito Santo, foram a Selêucia e dali navegaram para a ilha de Chipre. 5.Chegados a Salamina, pregavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. Tinham com eles João para auxiliá-los. 6.Percorreram toda a ilha até Pafos e acharam um judeu chamado Barjesus, mago e falso profeta, 7.que vivia na companhia do procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este chamou Barnabé e Saulo, e exprimiu-lhes o desejo de ouvir a palavra de Deus. 8.Mas Élimas, o Mago - pois assim é interpretado o seu nome -, se lhes opunha, procurando desviar da fé o procônsul. 9.Então Saulo, chamado também Paulo, cheio do Espírito Santo, cravou nele os olhos e disse-lhe: 10.Filho do demônio, cheio de todo engano e de toda astúcia, inimigo de toda justiça, não cessas de perverter os caminhos retos do Senhor! 11.Eis que agora está sobre ti a mão do Senhor e ficarás cego. Não verás o sol até nova ordem! Caíram logo sobre ele a escuridão e as trevas, e, andando à roda, buscava quem lhe desse a mão. 12.À vista deste prodígio, o procônsul abraçou a fé, admirando vivamente a doutrina do Senhor. 13.Paulo e os seus companheiros navegaram de Pafos e chegaram a Perge, na Panfília, de onde João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém. 14.Mas eles, deixando Perge, foram para Antioquia da Pisídia. Ali entraram em dia de sábado na sinagoga, e sentaram-se. 15.Depois da leitura da lei e dos profetas, mandaram-lhes dizer os chefes da sinagoga: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação ao povo, falai-a. 16.Paulo levantou-se, fez um sinal com a mão e falou: Homens de Israel e vós que temeis a Deus, ouvi. 17.O Deus do povo de Israel escolheu nossos pais e exaltou este povo no tempo em que habitava na terra do Egito, de onde os tirou com o poder de seu braço. 18.Por espaço de quarenta anos alimentou-os no deserto. 19.Destruiu sete nações na terra de Canaã e distribuiu-lhes por sorte aquela terra durante quase quatrocentos e cinqüenta anos. 20.Em seguida, lhes deu juízes até o profeta Samuel. 21.Pediram então um rei, e Deus lhes deu, por quarenta anos, Saul, filho de Cis, da tribo de Benjamim. 22.Depois, Deus o rejeitou e mandou-lhes Davi como rei, de quem deu este testemunho: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará todas as minhas vontades. 23.De sua descendência, conforme a promessa, Deus fez sair para Israel o Salvador Jesus. 24.João tinha pregado, desde antes da sua vinda, o batismo do arrependimento a todo o povo de Israel. 25.Terminando a sua carreira, dizia: Eu não sou aquele que vós pensais, mas após mim virá aquele de quem não sou digno de desatar o calçado. 26.Irmãos, filhos de Abraão, e os que entre vós temem a Deus: a nós é que foi dirigida a mensagem de salvação. 27.Com efeito, os habitantes de Jerusalém e os seus magistrados não conheceram Jesus, e, sentenciando-o, cumpriram os oráculos dos profetas, que cada sábado são lidos. 28.Embora não achassem nele culpa alguma de morte, pediram a Pilatos que lhe tirasse a vida. 29.Depois de realizarem todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro, puseram-no num sepulcro. 30.Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos. 31.Durante muitos dias apareceu àqueles que com ele subiram da Galiléia a Jerusalém, os quais até agora são testemunhas dele junto ao povo. 32.Nós vos anunciamos: a promessa feita a nossos pais, 33.Deus a tem cumprido diante de nós, seus filhos, suscitando Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei (Sl 2,7). 34.Que Deus o ressuscitou dentre os mortos, para nunca mais tornar à corrupção, ele o declarou desta maneira: Eu vos darei as coisas sagradas prometidas a Davi (Is 55,3). 35.E diz também noutra passagem: Não permitirás que teu Santo experimente a corrupção (Sl 15,10). 36.Ora, Davi, depois de ter servido em vida aos desígnios de Deus, morreu. Foi reunido a seus pais e experimentou a corrupção. 37.Mas aquele a quem Deus ressuscitou não experimentou a corrupção. 38.Sabei, pois, irmãos, que por ele se vos anuncia a remissão dos pecados. 39.Todo aquele que crê é justificado por ele de tudo aquilo que não pôde ser pela Lei de Moisés. 40.Cuidai, pois, que não venha sobre vós o que foi dito pelos profetas: 41.Vede, ó desprezadores, pasmai e morrei de espanto. Pois eu vou realizar uma obra em vossos dias, obra a que não creríeis, se alguém vo-la contasse (Hab 1,5). 42.Ao saírem, rogavam que lhes repetissem essas palavras no sábado seguinte. 43.Depois que a assembléia terminou, muitos judeus e prosélitos devotos seguiram Paulo e Barnabé, os quais com muitas palavras os exortavam a perseverar na graça de Deus. 44.No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. 45.Os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e puseram-se a protestar com injúrias contra o que Paulo falava. 46.Então Paulo e Barnabé disseram-lhes resolutamente: Era a vós que em primeiro lugar se devia anunciar a palavra de Deus. Mas, porque a rejeitais e vos julgais indignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os pagãos. 47.Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te estabeleci para seres luz das nações, e levares a salvação até os confins da terra (Is 49,6). 48.Estas palavras encheram de alegria os pagãos que glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que estavam predispostos para a vida eterna fizeram ato de fé. 49.Divulgava-se, assim, a palavra do Senhor por toda a região. 50.Mas os judeus instigaram certas mulheres religiosas da aristocracia e os principais da cidade, que excitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé e os expulsaram do seu território. 51.Estes sacudiram contra eles o pó dos seus pés, e foram a Icônio. 52.Os discípulos, por sua vez, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo."

segunda-feira, junho 12, 2017

Provérbios, 16

1.Cabe ao homem formular projetos em seu coração, mas do Senhor vem a resposta da língua. 2.Todos os caminhos parecem puros ao homem, mas o Senhor é quem pesa os corações. 3.Confia teus negócios ao Senhor e teus planos terão bom êxito. 4.Tudo fez o Senhor para seu fim, até o ímpio para o dia da desgraça. 5.Todo coração altivo é abominação ao Senhor: certamente não ficará impune. 6.É pela bondade e pela verdade que se expia a iniquidade; pelo temor do Senhor evita-se o mal. 7.Quando agradam ao Senhor os caminhos de um homem, reconcilia com ele seus próprios inimigos. 8.Mais vale o pouco com justiça do que grandes lucros com iniquidade. 9.O coração do homem dispõe o seu caminho, mas é o Senhor que dirige seus passos. 10.As palavras do rei são como oráculos: quando ele julga, sua boca não erra. 11.Balança e peso justos são do Senhor, e são obra sua todos os pesos da bolsa. 12.Fazer o mal, para um rei, é coisa abominável, porque pela justiça firma-se o trono. 13.Os lábios justos são agradáveis ao rei; ele ama o que fala com retidão. 14.A indignação do rei é prenúncio de morte, só o sábio sabe aplacá-la. 15.Na serenidade do semblante do rei está a vida: sua clemência é como uma chuva de primavera. 16.Adquirir a sabedoria vale mais que o ouro; antes adquirir a inteligência que a prata. 17.O caminho dos corretos consiste em evitar o mal; o que vigia seu procedimento conserva sua vida. 18.A soberba precede à ruína; e o orgulho, à queda. 19.Mais vale ser modesto com os humildes que repartir o despojo com os soberbos. 20.Quem ouve a palavra com atenção encontra a felicidade; ditoso quem confia no Senhor. 21.Inteligente é o que possui o coração sábio; a doçura da linguagem aumenta o saber. 22.A inteligência é fonte de vida para quem a possui; o castigo dos insensatos é a loucura. 23.O coração do sábio torna sua boca instruída, e acrescenta-lhes aos lábios o saber. 24.As palavras agradáveis são como um favo de mel; doçura para a alma e saúde para os ossos. 25.Há caminhos que parecem retos ao homem e, contudo, o seu termo é a morte. 26.A fome do trabalhador trabalha por ele, porque sua boca o constrange a isso. 27.O perverso cava o mal, há em seus lábios como que fogo devorador. 28.O perverso excita questões, o detrator separa os amigos. 29.O violento seduz seu próximo e o arrasta pelo mau caminho. 30.Quem fecha os olhos e planeja intriga, ao morder os lábios, já praticou o mal. 31.Os cabelos brancos são uma coroa de glória a quem se encontra no caminho da justiça. 32.Mais vale a paciência que o heroísmo, mais vale quem domina o coração do que aquele que conquista uma cidade. 33.As sortes lançam-se nas dobras do manto, mas do Senhor depende toda a decisão."

Tom, Vinícius, Toquinho & Miucha - Minha namorada

Amor é fogo que arde sem se ver. Camões. Poesia

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

O sol por testemunha. II


Começamos em 2004


domingo, junho 11, 2017

O perfil de um esquerdopata. Autor desconhecido

O PERFIL DE UM ESQUERDOPATA
(Autor desconhecido)

Depois de 55 anos de vida, enquanto psiquiatra, parei para refletir sobre o
perfil psicológico da imensa maioria dos esquerdopatas.

Foram péssimos estudantes, a maioria com várias repetições de ano. Mas são de família de classe média, onde sempre sofreram pressão pra "ser alguém na vida".

Como são preguiçosos, sem disciplina e folgados, precisam arrumar um jeitinho para se dar bem e se fazerem passar por coisas que não são, pensam ser! Fingir que é culto, "engajado", e "crítico", o que rende pontos.

Assim, prestam vestibular sem concorrência, de preferência em um curso de Geografia, Ciências Sociais e História.

Então, começam sua carreira de charlatanismo. Alguns pouquíssimos estão em
cursos como Direito, Medicina, Engenharia, Administração, Economia mas, como
não são chegados a estudar, terminam por trancar a matrícula ou mudam de curso. E, muito dificilmente, se enturmam quando tentam esses cursos acima e assemelhados.

Ali, na universidade, encontram todas as ferramentas: professores
barbudinhos, livros de esquerda, cigarros de maconha, palestras com "doutores" no assunto; e até o assédio de políticos "guerreiros" do PT, do PC do B et caterva.

É claro que não estudam nada! Vivem o tempo todo no DCE, ligam-se à UNE, deitados no chão, passeando no campus com aquelas mochilas velhas, calças cargo, sandálias de couro e cabelos ensebados.

Alguns começam a se infiltrar nos sindicatos e nas reuniões dos Sem-terra.
Já começam a se achar revolucionários e reserva intelectual das massas
proletárias exploradas; e também das causas revolucionárias.

Assim, se passam por intelectuais, cultos, moderninhos e diferentes.

Sentem-se mais seguros para atacar as mulheres, achando que elas são doidas por esse tipo de gente. Começam a ver os amigos que estão trabalhando ou cursando Engenharia, Direito, Medicina, Administração ou Economia como
pobres coitados que não tiveram a chance da "iluminação".

Como não trabalham e vivem apenas da mesada, estão sempre sem grana. Aí começa a brotar a inveja, o ódio de quem se veste um pouco melhor ou tem um
carrinho popular. Estes, são os chamados "porcos capitalistas" ou "burgueses
reacionários"!

Começam uma fase ainda mais aloprada da vida quando passam a ouvir Chico Buarque e músicas andinas. Nessa fase, já começam a pensar em se tornar
terroristas, lutar ao lado dos norte-coreanos, admiram Cuba, Venezuela e, muitos deles, apoiam o Irã e não acreditam no holocausto judeu!

Fingem esquecer do episódio do muro de Berlim e da queda do comunismo na antiga União Soviética. Não usam mais desodorante e a cada 5 minutos aparece nas suas mentes a imagem de um MacDonald's totalmente destruído.

Mas é claro que o que querem não é a revolução, isso é apenas uma desculpa.
Como são incompetentes pra quase tudo, até mesmo para bater um prego na parede, e como sentem vergonha de fazer trabalhos mais simples, por serem arrogantes o suficiente para não começar por baixo, querem saltar etapas.

Querem, no fundo, a coisa que todo esquerdista (esquerdopata!) mais deseja, mesmo que de forma sublimada: um emprego público! Mas, aí surge um outro problema: é a coisa mais difícil passar em um concurso! É preciso estudar
(argh!).

Por isso, sonham com a "revolução" proletária, com a tomada do poder por uma elite da esquerda, nas quais eles estão incluídos, obviamente, afinal são da mesma tribo!

Consequentemente, ocuparão, por indicação, um cargo comissionado em alguma repartição qualquer, onde ganharão um bom salário para poder aplicar seus
"vastos e necessários conhecimentos" adquiridos durante anos na luta pela derrubada do sistema capitalista imundo.

Nessa fase, mudam e se contradizem: cortarão o cabelo, usarão terno,
passarão a apreciar bons vinhos e restaurantes. E, dependendo do cargo que ocuparão, até motorista particular terão!

E, sem dó, enfiarão a mão –e com muito tesão –no dinheiro dos cofres da nação!!! Claro, que pela nobre causa socialista e para o bem dos trabalhadores, postura sem noção!

Tenho certeza que, após esta leitura, você lembrou de vários vizinhos,
conhecidos, colegas, políticos etc...

Marcio Scavone. Fotografia

Resultado de imagen para marcio scavone photography

O casal virtuoso se massageia todos os dias

Nova passante. Carlito Azevedo. Poesia

NOVA PASSANTE
Carlito Azevedo


1. sobre
esta pele branca
um calígrafo oriental
teria gravado sua escrita
luminosa
— sem esquecer entanto
a boca: um
ícone em rubro
tornando mais fogo
suor e susto
tornando mais ácida e
insana a sede
(sede de dilúvio)

2. talvez
um poeta afogado num
danúbio imaginário dissesse
que seus olhos são duas
machadinhas de jade escavando o
constelário noturno:
a partir do que comporia
duzentas odes cromáticas
— mas eu que venero (mais que o ouro verde
raríssimo) o marfim em
alta-alvura de teu andar em
desmesura sobre uma passarela de
relâmpagos súbitos, sei que
tua pele pálida de papel
pede palavras
de luz

3. algum
mozárabe ou andaluz
decerto
te dedicaria
um concerto
para guitarras mouriscas
e cimitarras suicidas
(mas eu te dedico quando passas
no istmo de mim a isto
este tiroteio de silêncios
esta salva de arrepios)

Felizes. Fotografia


Guerreira nordestina

Salmos, 5

1.Ao mestre de canto. Com flautas. Salmo de Davi. 2.Senhor, ouvi minhas palavras, escutai meus gemidos. 3.Atendei à voz de minha prece, ó meu rei, ó meu Deus. 4.É a vós que eu invoco, Senhor, desde a manhã; escutai a minha voz, porque, desde o raiar do dia, vos apresento minha súplica e espero. 5.Pois vós não sois um Deus a quem agrade o mal, o mau não poderia morar junto de vós; 6.os ímpios não podem resistir ao vosso olhar. Detestais a todos os que praticam o mal, 7.fazeis perecer aqueles que mentem, o homem cruel e doloso vos é abominável, ó Senhor. 8.Mas eu, graças à vossa grande bondade, entrarei em vossa casa. Prostrar-me-ei em vosso santuário, com o respeito que vos é devido, Senhor. 9.Conduzi-me pelas sendas da justiça, por causa de meus inimigos; aplainai, para mim, vosso caminho. 10.Porque em seus lábios não há sinceridade, seus corações só urdem projetos ardilosos. A garganta deles é como um sepulcro escancarado, com a língua distribuem lisonjas. 11.Deixai-os, Senhor, prender-se nos seus erros, que suas maquinações malogrem! Por causa do número de seus crimes, rejeitai-os, pois é contra vós que se revoltaram. 12.Regozijam-se, pelo contrário, os que em vós confiam, permanecem para sempre na alegria. Protegei-os e triunfarão em vós os que amam vosso nome. 13.Pois, vós, Senhor, abençoais o justo; vossa benevolência, como um escudo, o cobrirá."