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segunda-feira, janeiro 30, 2017

CANGAÇO. Charles Fonseca. Poesia

A ovelha perdida

domingo, janeiro 29, 2017

Pink Floyd - Another Brick In The Wall (HQ)

Cadela rosada. Elizabeth Bishop. Poesia

CADELA ROSADA
Elizabeth Bishop

Sol forte, céu azul. O Rio sua.
Praia apinhada de barracas. Nua,
passo apressado, você cruza a rua.

Nunca vi um cão tão nu, tão sem nada,
sem pêlo, pele tão avermelhada...
Quem a vê até troca de calçada.

Têm medo da raiva. Mas isso não
é hidrofobia — é sarna. O olhar é são
e esperto. E os seus filhotes, onde estão?

(Tetas cheias de leite.) Em que favela
você os escondeu, em que ruela,
pra viver sua vida de cadela?

Você não sabia? Deu no jornal:
pra resolver o problema social,
estão jogando os mendigos num canal.

E não são só pedintes os lançados
no rio da Guarda: idiotas, aleijados,
vagabundos, alcoólatras, drogados.

Se fazem isso com gente, os estúpidos,
com pernetas ou bípedes, sem escrúpulos,
o que não fariam com um quadrúpede?

A piada mais contada hoje em dia
é que os mendigos, em vez de comida,
andam comprando bóias salva-vidas.

Você, no estado em que está, com esses peitos,
jogada no rio, afundava feito
parafuso. Falando sério, o jeito

mesmo é vestir alguma fantasia.
Não dá pra você ficar por aí à
toa com essa cara. Você devia

pôr uma máscara qualquer. Que tal?
Até a quarta-feira, é Carnaval!
Dance um samba! Abaixo o baixo-astral!

Dizem que o Carnaval está acabando,
culpa do rádio, dos americanos...
Dizem a mesma bobagem todo ano.

O Carnaval está cada vez melhor!
Agora, um cão pelado é mesmo um horror...
Vamos, se fantasie! A-lá-lá-ô...!

Dali. Pintura

Woman with a Head of Roses, by Salvador Dali, 1935. Oil on canvas; 13 3/4 x 10 5/8":

sábado, janeiro 28, 2017

Da futucação no Facebook e suas consequências. Charles Fonseca. Prosa

DA FUTUCAÇÃO NO FACEBOOK E SUAS CONSEQUÊNCIAS.
Charles Fonseca

Esse tal de cutucar é um afago e tanto! Gosto da futucação. Mas temo que ao futucar alguém goste tanto que queira mais, mais, ais, ais, uis, uis, e aí o bicho pega. Podia ter uns aplicativos mais variados começando com um olhar, um faz que olha, um cheiro, um beijinho bem rápido, um selinho, um aperto de mão, um beliscão só no braço, outro mais acima, um no pescoço, e a daí vai descendo, à direita, à esquerda, em outros lugares que são segredo dos mais elaborados nessas artes. Aí está minha contribuição virtual aos meus contatos sem contato, à grande empresa Facebook, com direito a placa de prata com frases agradecidas. Mas se não vierem, por mensagem, podem me agradecer, já que a citada empresa anda com negócios bilionários e os meus são não remunerados, totalmente voluntários. Os emoticons existentes ao que eu saiba não localizam com precisão e delicadeza o local da aplicação, coisa de vital importância.
www.charlesfonseca.blogspot.com

O encanto permanece


quinta-feira, janeiro 26, 2017

Quem quer consertar o mundo começa em casa

Píncaros. Prosa. Charles Fonseca

PÍNCAROS
Charles Fonseca

Escrevo o que não dito, dito mas não ouvido, ouvido que descartado ou então foi recalcado. Quando não mais minha fala aos pósteros aqui um sido pois que fui mais do que presto aos píncaros azulados.

Caravaggio. Pintura

Just stunning - Caravaggio. Detail from 'The Denial of St. Peter'. A master of Chiaroscuro.:

quarta-feira, janeiro 25, 2017

Mudam-se os tempos. Camões. Poesia

MUDAM-SE OS TEMPOS...
Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

NAS TUAS MÃOS. Charles Fonseca. Poesia

«TOMAI TODOS E COMEI»: A COMUNHÃO

1384. O Senhor dirige-nos um convite insistente a que O recebamos no sacramento da Eucaristia: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós» (Jo 6, 53).

1385. Para responder a este convite, devemos preparar-nos para este momento tão grande e santo. São Paulo exorta a um exame de consciência: «Quem comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e então coma desse pão e beba deste cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação» (1Cor 11, 27-29). Aquele que tiver consciência dum pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximar da Comunhão.

1386. Perante a grandeza deste sacramento, o fiel só pode retomar humildemente e com ardente fé a palavra do centurião (219) : «Domine, non sum dignus, ut intres sub tectum meum, sed tantum dic verbum, et sanabitur anima mea – Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma [só] palavra e serei salvo» (220). E na divina liturgia de São João Crisóstomo, os fiéis oram no mesmo Espírito:

«Faz-me comungar hoje, ó Filho de Deus, na tua ceia mística. Porque eu não revelarei o segredo aos teus inimigos, nem te darei o beijo de Judas. Mas, como o ladrão, eu te suplico: Lembra-Te de mim, Senhor, no teu Reino» (221).

1387. Para se prepararem convenientemente para receber este sacramento, os fiéis devem observar o jejum prescrito na sua Igreja (222). A atitude corporal (gestos, traje) deve traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo Se torna nosso hóspede.

1388. É conforme ao próprio sentido da Eucaristia que os fiéis, se tiverem as disposições requeridas (223), recebam a Comunhão quando participam na missa (224): «Recomenda-se vivamente aquela mais perfeita participação na missa em que os fiéis, depois da comunhão do sacerdote, recebem, do mesmo sacrifício, o corpo do Senhor» (225).

1389. A Igreja impõe aos fiéis a obrigação de «participar na divina liturgia nos domingos e dias de festa» (226) e de receber a Eucaristia ao menos uma vez em cada ano, se possível no tempo pascal (227) preparados pelo sacramento da Reconciliação. Mas recomenda-lhes vivamente que recebam a santa Eucaristia aos domingos e dias de festa, ou ainda mais vezes, mesmo todos os dias.

1390. Graças à presença sacramental de Cristo sob cada uma das espécies, a comunhão apenas sob a espécie de pão permite receber todo o fruto de graça da Eucaristia. Por razões pastorais, esta maneira de comungar estabeleceu-se legitimamente como a mais habitual no rito latino. «A sagrada Comunhão tem uma forma mais plena, enquanto sinal, quando é feita sob as duas espécies. Com efeito, nesta forma manifesta-se mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico» (228). É a forma habitual de comungar, nos ritos orientais.

Catecismo

Cartola. Fotografia


terça-feira, janeiro 24, 2017

Enfim II. Charles Fonseca. Prosa

ENFIM II
Charles Fonseca

Demorou mas ainda não desapareceu o sonho impossível. O do amar sem limites, sem a baliza da razão. Em querer o recíproco de outras singularidades eu tão diferente delas. Mais que doeu na alma, que ulcerou no corpo, das chagas restaram as cicatrizes. Mas assim foi, é e será como no passado eu fui o futuro que não chegou, a promessa que não se cumpriu, o presente que esteve ausente. Fiz o que pude sem poder, fui o que pensava ser não sendo e serei o que enfim será aquele que viria a ser e foi-se. O ciclo vital aí está pra mim como pra todos que me sucederão nos mistérios do amor, como esteve para os que se foram levando consigo suas saudades, seus sonhos delírios, suas imagens disformes, o seu concreto posto ao chão, sua alma voltando para onde veio, para a sua origem e sua eternidade.

Mencionar o ferro. Ricardo Rizzo. Poesia

MENCIONAR O FERRO
Ricardo Rizzo


Mencionar o ferro é expô-lo
à dura nudez de palavra

no registro encerrada, sílabas
articulando matéria, antimatéria.

Em que categoria confinar o ferro
todo o ferro que há no mundo,
insuspeito?

Se em uma só palavra, e curta,
traz a geografia de mundos, estrelas?

O ferro do despeito
vaza a sintaxe,
fere e desnorteia.

Não é o ferro palatável, o ferro
que a todos resume, paroxítono.

Dizer o ferro é lambê-lo,
comê-lo, fruta escura,

é atividade carnal, antes
tenso combate subterrâneo

que se trava, ou melhor, se turva
entre noite e sombra nos edifícios.

Mas já um sal do ferro convida
a dobrar o ferro utilitário

a romper o ferro posto
vingar-lhe o porte mortuário

mencionar o ferro é mudá-lo
em terrena dor de gente;

é fecundar-lhe o ventre
divergente e proletário.

domingo, janeiro 22, 2017

Quem não sabe rezar xinga a Deus

Mestre Julio. Fotopintura

Coleção Mestre Júlio:

Conjugação carnal. Charles Fonseca. Prosa

CONJUGAÇÃO CARNAL
Charles Fonseca

O passado já passou? Não é verdade. Ele nunca passa, submerge. Fica lá enferrujando a alma para alguns, para outros dando só saudades do que poderia ser e não foi. Há ainda os que dele têm vergonha e jamais admitem tocar na ferida, na cicatriz. Também há passado que ajuda a viver o presente tão mal passado. E ainda há o passado do futuro, a saudade do mesmo. Vejam como agem as mulheres, machos, pra que tanta hesitação? Ou não há excitação? Dá um jeito! Há um presente amo dê no que der. O passado perfeito que você diz amei, voltaria a fazê-lo? O imperfeito da infeliz dizia que amava mas não era tanto assim. Nós amaremos quando chegar a hora certa, agora não dá, só o futuro dirá e aí será o gostoso agarra-agarra, agora não, estão olhando, o que vão pensar de nós? Amaríeis no futuro se o passado não estivesse impregnado nesse xodó gostoso que nem ata nem desata tudo fica no condicional por enquanto e ai eu quase que não aguento de tanto querer, de tanto esperar. Que eles amem lá entre si mas que não impeçam a nossa conjunção carnal, tão legal, tão ilegal, etc. e tal. Se eu amasse a você meu nêgo como eu ando pensando, você nunca mais queria sair de baixo ou de cima desse meu amasso, você não sabe o que andou perdendo um passado imperfeito, é verdade, mas inesquecível. Porque, olha bem nos meus olhos, quando tu me amares, cheiros sargaços é que não vão faltar nunca mais no futuro em todos os poros em todos os furos. Amemos logo, abestalhado, aqui quem manda sou eu, é um imperativo, não posso mais esperar, moleirão, eu mulherão, não vou ficar nessa seca sem fim. Não ameis vós mulheres tímidas que não dão um passo a frente, uma cutucada como quem não quer nada, quando só está bastando um empurrãozinho e aí haja bastão bastante pra dar conta do que ficou recolhido, submerso, quase enferrujando, mas agora fica bem lubrificado, mel puro com leve pitada de sal pra não azedar, bobonas. Infinitivamente pessoal é assim que faço e olha que tem dado certo. Acredite. Sem estardalhaço, vá, de frente.

Escultura

Bronze de bronze fundido sob a forma de uma cabeça humana.  Os olhos são embutidos com ferro.

O navio negreiro. Henrich Heine. Poesia

Passo uma versão livre que fiz de trechos do poema "Das Sklavenschiff" (O Navio Negreiro), do poeta alemão Henrich Heine (em cujo rastro Castro Alves compôs o seu próprio "Navio Negreiro"):

OUTRA NAVILOUCA
Antonio Riserio

Do alto azul do céu
mais de mil estrelas miram
latejando de desejo
como olhos de mulheres bonitas.
Nenhuma flâmula flutua
no navio negreiro.
Apenas velhas lanternas
desenham uma clareira
para a música dançante.
Um bando de pretos grita
girando alucinados
ao redor da banda.
É uma alegria louca no convés
e muita preta bonita
enlaça em volúpia
seu parceiro nu.
O carrasco é o mestre do prazer:
entre açoites e chicotadas sem fim
pensa que obriga
os negros
a se divertir.

sábado, janeiro 21, 2017

Sofrimento. Henriqueta Lisboa. Poesia

SOFRIMENTO
Henriqueta Lisboa


No oceano integra-se (bem pouco)
uma pedra de sal.

Ficou o espírito, mais livre
que o corpo.

A música, muito além
do instrumento.

Da alavanca,
sua razão de ser: o impulso,

Ficou o selo, o remate
da obra.

A luz que sobrevive à estrela
e é sua coroa.

O maravilhoso. O imortal.

O que se perdeu foi pouco.

Mas era o que eu mais amava.

Steve Mccury. Fotografia

Resultado de imagem para pinterest STEVE MCCURRY

I Timóteo 5

1.Ao ancião não repreendas com aspereza, mas adverte-o como a um pai, aos moços como a irmãos,

2.às mulheres de idade como a mães, às jovens como a irmãs, com toda a pureza.

3.Honra as viúvas que são realmente viúvas.

4.Se uma viúva tem filhos ou netos, como primeira obrigação aprendam estes a exercer com a própria família o dever da piedade filial e a retribuir aos pais o que deles receberam, porque isto é agradável a Deus.

5.Mas a que verdadeiramente é viúva e desamparada, põe a sua esperança em Deus e persevera noite e dia em orações e súplicas.

6.Aquela, pelo contrário, que vive nos prazeres, embora viva, está morta.

7.Recorda-lhes isto, para que sejam irrepreensíveis.

8.Quem se descuida dos seus, e principalmente dos de sua própria família, é um renegado, pior que um infiel.

9.Poderá ser inscrita como viúva apenas quem tenha pelo menos sessenta anos de idade, casada uma só vez,

10.conhecida pelo seu bom comportamento, tenha educado bem os filhos, exercido a hospitalidade, lavado os pés dos santos, socorrido os infelizes e praticado toda espécie de boas obras.

11.Não admitas viúvas jovens, porque, ao sentirem os atrativos da paixão contrária a Cristo, quererão casar-se outra vez

12.e incorrerão na censura de ter violado o primeiro compromisso.

13.Além disso, habituam-se a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também indiscretas e curiosas, falando coisas que não devem.

14.Quero, pois, que as viúvas jovens se casem, cumpram os deveres de mãe e cuidem do próprio lar, para não dar a ninguém ensejo de crítica.

15.Algumas já se perverteram, para irem após Satanás.

16.Se algum fiel tem viúvas em casa, procure dar-lhes assistência, de tal maneira que elas não sejam um peso para a Igreja, a fim de que esta possa socorrer as que verdadeiramente são viúvas.

17.Os presbíteros que desempenham bem o encargo de presidir sejam honrados com dupla remuneração, principalmente os que trabalham na pregação e no ensino.

18.Pois diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando ele pisar o grão (Dt 25,4); e ainda: O operário é digno do seu salário (Lc 10,7).

19.Não recebas acusação contra um presbítero, senão por duas ou três testemunhas.

20.Aos que faltam às suas obrigações, repreende-os diante de todos, para que também os demais se atemorizem.

21.Eu te conjuro, diante de Deus e de Cristo Jesus e dos anjos escolhidos, a que guardes essas regras sem prevenção, nada fazendo por espírito de parcialidade.

22.A ninguém imponhas as mãos inconsideradamente, para que não venhas a tornar-te cúmplice dos pecados alheios. Conserva-te puro.

23.Não continues a beber só água, mas toma também um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes indisposições.

24.Os pecados dos homens às vezes são conhecidos já antes de levados a juízo; outras vezes o serão depois.

25.Da mesma forma, as boas obras: ou já são manifestas ou não poderão permanecer ocultas.

Quando o poeta dorme. Charles Fonseca. Poesia

sexta-feira, janeiro 20, 2017

Pascha Nostrum (Easter, Communion)

Gauguin. Pintura

Paul Gauguin's 1893 work "Tehamana Has Many Ancestors" from Gauguin's first journey to Tahiti. He was disappointed that the primitive paradise he sought was being suffused by Western colonial forces. He painted Tehamana (who became his companion) in the modest "Mother Hubbard" dress that was imposed on Tahitian women by missionaries.:

Zanzando. Charles Fonseca. Prosa

ZANZANDO
Charles Fonseca

Já havia lido a biografia de Freud elaborada por Peter Gay, 752 páginas. Depois resolvi ler a biografia dele escrita por seu aluno, analisado e depois psicanalista Ernest Jones, 1472 páginas, grifando. Decidi me submeter à psicanálise que durou 3 anos. No curso desta e logo no início, resolvi comprar e ler toda a obra de Sigmund Freud, 24 volumes. Aí já com uma conotação de estudo, grifando. Além disso já li 8 dos 23 volumes da obra de Lacan que dizia a seus alunos 'vocês se dizem lacanianos mas eu sou freudiano'. Não me apaixonei transferencialmente pela minha analista e ao término da minha análise quando ela já me convidava para fazer parte de seu grupo de analistas disse-lhe: 'observou que nestes três anos não me apaixonei por você? E ela: 'é verdade'. Retruquei: 'Em compensação li os 24 volumes dos escritos de Freud em 10 meses'. Ela concluiu: 'É, houve um deslocamento'. Tudo isso escrevi como memória. De vez em quando sai numa revista qualquer a manchete "Freud está morto". Friedrich Wilhelm Nietzsche também disse "Deus está morto". Há mortos vivos e vivos mortos. Outros estão zanzando por ai.

Escultura

quinta-feira, janeiro 19, 2017

NEM NO MAR NEM NA TERRA. Charles Fonseca. Poesia

O banquete pascal

1382. A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor. Mas a celebração do sacrifício eucarístico está toda orientada para a união íntima dos fiéis com Cristo pela comunhão. Comungar é receber o próprio Cristo, que Se ofereceu por nós.

1383. O altar, à volta do qual a Igreja se reúne na celebração da Eucaristia, representa os dois aspectos dum mesmo mistério: o altar do sacrifício e a mesa do Senhor, e isto tanto mais que o altar cristão é o símbolo do próprio Cristo, presente no meio da assembleia dos seus fiéis, ao mesmo tempo como vítima oferecida para a nossa reconciliação e como alimento celeste que se nos dá. «Com efeito, o que é o altar de Cristo senão a imagem do corpo de Cristo?» – pergunta Santo Ambrósio (216); e noutro passo: «O altar representa o corpo [de Cristo], e o corpo de Cristo está sobre o altar» (217). A liturgia exprime esta unidade do sacrifício e da comunhão em numerosas orações. Assim, a Igreja de Roma reza na sua anáfora:

«Humildemente Vos suplicamos, Deus todo-poderoso, que esta nossa oferenda seja apresentada pelo vosso santo Anjo no altar celeste, diante da vossa divina majestade, para que todos nós, participando deste altar pela comunhão do santíssimo corpo e sangue do vosso Filho, alcancemos a plenitude das bênçãos e graças do céu»» (218)

Catecismo

quarta-feira, janeiro 18, 2017

Michelangelo. Pintura

Miguel Ángel - Sibila Délfica:

Ares. Charles Fonseca

ARES
Charles Fonseca

Renunciar ao sonho, que coisa difícil! Sonho, delírio fisiológico quando você está dormindo. Mas sonhar acordado pode trazer tantas desilusões, sofrimentos, ressentimentos, prisões. A perda da liberdade de novos caminhos, novas aventuras, empreendimentos, de um carinho. Mil vezes o deserto que o canto das sereias se no mar ou os requebros perfumados das odaliscas se na miragem de um oásis. Oh azes do bem querer! Oh ases do quero mais! Mostrai-me as trilhas, o abrir da mata virgem, como passear pelos prados, subir os píncaros, ver além dos montes, cheirar os ares!

Escultura


Quanto você modificou no último ano?

Vivien Maier. Fotografia

Découvrez le travail de la photographe Vivian Maier et son histoire incroyable (toute son oeuvre a été retrouvée après sa mort) ! On vous conseille également le très bon documentaire de Charlie Siskel. #photographie #BAM:

terça-feira, janeiro 17, 2017

Matisse. Pintura

ALONGTIMEALONE: bofransson: The Idol - Henri Matisse, 1905-06:

Maria Gadú - Podres Poderes

Podres Poderes
Caetano Veloso
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com Ellis
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau

Galope. Roberval Pereyr

GALOPE
Roberval Pereyr

Meus pensamentos são meus camelos
Meus pensamentos são meus cavalos

(com uns cavalgo para o silêncio
com outros marcho para a saudade).

Meus pensamentos são meus cavalos
Meus pensamentos são meus camelos

(sou sertanejo, nasci nos matos,
ando a cavalo para mim mesmo).

Meus sentimentos são meus desejos
em que me vejo perdido, e calo.

Meus pensamentos são meus camelos
Meus pensamentos são meus cavalos

A mãe e seus tesouros


Francés - Lección 1 - Pronunciación (1ra. Parte)

segunda-feira, janeiro 16, 2017

Ingratidões. Charles Fonseca. Prosa

INGRATIDÕES
Charles Fonseca

Tantas, tão variadas, de onde não esperava, sem razão evidente, que começo a pensar que aqui ou acolá fui eu que perdi o juízo, andei de miolo mole, a noção joguei ao eito, virou seixo de aluvião ou então larguei a direção do barco do querer demais, deixei solto o timão eu, velho marinheiro das procelas, dos mares revoltos. Sem ordem cronológica chamo a todos os contracenantes de personagem, palavra masculina do teatro grego aplicável a qualquer gênero. Exemplos a esmo. Um, salvei a vida e pra este estou virtualmente morto. Outro, livrei de ser incurso nas malhas da lei e age como asinino. Um entrou em falência de comando, dominei o motim. Mais um, à sua autoproclamada honorabilidade acostei a minha, ficou com um processo dormitando na polícia, a essa altura prescrito. O bom da vida é que ela também é bela, é boa e nela não me deixo ficar à toa. Continuo a curti-la, nutrir a esperança, a fé, a caridade, virtudes que creio já terem usado para comigo quando, onde, por que, como, quem haverá de? Umas por outras, elas por elas. Melhor ser puro como as pombas e prudente como as serpentes conforme o ensinamento, cada qual de per si, solo, como meta aonde quer que queira ir, seja levado ou deseje aqui ou lá ficar.

Velasquez. Pintura

Diego Velázquez - Wikipedia, la enciclopedia libre:

Roda Viva - Chico Buarque e Mpb4 (1967)

domingo, janeiro 15, 2017

O mito se deixa eternamente interpretar

Waldir Azevedo - Naquele tempo (choro - 1968)

Passeata. Charles Fonseca. Prosa

PASSEATA
Charles Fonseca

Ontem vi que estudantes de uma faculdade de medicina particular em Salvador fizeram manifestação tipo passeata obstruindo 3 das 4 faixas de rolamento na mais movimentada avenida da cidade. Não sou estrategista de tráfego nem líder estudantil. Mas convenhamos que se duas centenas de estudantes ao invés de desfilarem com palavras de ordem e não sei bem por que jalecos brancos atravancando o já complicado fluxo de tráfego cada qual entrasse em cada ônibus distribuindo em silêncio panfletos sobre as suas justas reivindicações atingiriam um público alvo milhares de vezes maior, leitores atentos leriam o texto ao invés de ficarem nos ônibus a passo de tartaruga em sua ida ou vinda para o trabalho. De quebra não ouviriam berros, bombas de efeito moral, zunir de balas de borracha, desmaios de estudantes que quase sempre caem de barriga para cima e pernas sabe Deus lá como. Lá ele, diria baianamente o Freud, o Lênin, Marx e outros menores.

The Beatles "Help" Live 1965 (Reelin' In The Years Archives)


Socorro!

Socorro, eu preciso de alguém
Socorro, não qualquer pessoa
Socorro, você sabe que eu preciso de alguém, socorro!

Quando eu era jovem, muito mais jovem que hoje
Eu nunca precisei da ajuda de ninguém em nenhum sentido
E agora estes dias se foram, eu não sou uma pessoa assim tão segura
Agora eu acho que mudei minha mente e abri as portas

Ajude-me, se você puder, eu me sinto pra baixo
E eu aprecio você estar por perto
Ajude-me, coloque meus pés de volta no chão
Você não vai, por favor, me ajudar?

E agora minha vida mudou em muitos sentidos
Minha independência parece dissipar-se na neblina
Mas de vez em quando me sinto tão inseguro
Eu sei que preciso de você como nunca precisei antes

Ajude-me, se você puder, eu me sinto pra baixo
E eu aprecio você estar por perto
Ajude-me, coloque meus pés de volta no chão
Você não vai, por favor, me ajudar?

Quando eu era jovem, muito mais jovem que hoje
Eu nunca precisei da ajuda de ninguém em nenhum sentido
E agora estes dias se foram, eu não sou uma pessoa assim tão segura
Agora eu acho que mudei minha mente e abri as portas

Ajude-me, se você puder, eu me sinto pra baixo
E eu aprecio você estar por perto
Ajude-me, coloque meus pés de volta no chão
Você não vai, por favor, me ajudar?

Velasquez. Pintura

Velázquez: "retrato de un hombre joven" 1629:

sábado, janeiro 14, 2017

Qual a cor do seu catarro? Dani Altmayer. Prosa

Qual a cor do seu catarro?
Dani Altmayer

Como podem dizer que um médico não conhece a realidade?
Poucas pessoas conhecem tão bem a realidade quanto um médico.
Aliás, ninguém se forma em medicina sem antes levar um choque de realidade.
Que começa lá no começo. Primeiro ano. Cadáveres. Os desconhecidos que doam, sem saber, seus corpos para serem estudados. Alguém consegue esquecer o primeiro dia de uma aula prática de anatomia?
Essência de formol é o perfume do primeiro ano. Os sonhos são com músculos, ossos, nervos, artérias e veias. Tratados gigantes e atlas coloridos, são a leitura de todas as horas. E eles nada tem a ver com aqueles corpos acinzentados, que passamos a conhecer profundamente. Muitas vezes é preciso adivinhar. Delicadas (ou nem tanto) incisões, debridamentos, cortes. Mergulhamos em um universo paralelo, nos isolamos do mundo, para conhecermos a fundo aquilo que será nosso material de trabalho para sempre: o corpo humano. O corpo humano e suas misérias. Seus mistérios.
Passamos horas de nossas vidas acadêmicas examinando tecidos, secreções, urina e fezes. Criamos intimidade com vírus, bactérias, vermes e afins. Largamos amigos, namorados, a vida, para fazermos estágios, plantões, congressos e cursos. Esquecemos a ficção para enfiar o nariz em grossos livros de patologia, de semiologia, de fisiologia. Usamos nossos parentes como cobaias para treinar nosso exame. Decoramos nomes de remédios, fatores de risco, tipos de febre.
Atendemos pacientes, na maioria de origem humilde, (na maioria pacientes do SUS), e com eles travamos longas conversas. Anamneses. Perguntamos a cor do catarro, o cheiro do xixi, o jeito da dor, o nome do filho. Queremos saber a profissão, a alergia, e o sonho de cada um. Quebramos a cabeça em busca de diagnósticos e de tratamentos mais adequados. Sofremos as perdas. Comemoramos as vidas.
Aprendemos que, não importa a cor, o sexo, ou o status social: o intestino e o fígado são os mesmos. Coração partido também.
Todo mundo é igual por dentro.
O curso de medicina desmancha qualquer romantismo. Acaba na hora com a ilusão. É mão na massa, e a massa nem sempre cheira bem. É cabeça metida nos livros. É olho clínico, sem nunca poder ser cínico. É 24, 36, 72 horas de plantão, os pés doendo e os cabelos sujos, um lanche requentado e uma cama fria.
Ninguém sai do jeito que entrou. Ninguém se forma em medicina sem se transformar. Sem passar pelo estágio obrigatório da realidade. A mais sórdida e cruel verdade. A realidade das mazelas, do corpo e da alma.
Isso não faz do médico um santo. Médicos não são deuses, longe disso. São apenas seres humanos, a serviço de outros seres humanos. Em qualquer condição.
São gente. Mas gente formada em realidade.
Não são os médicos que não a conhecem, como andam dizendo.
São as pessoas que não conhecem a realidade de um médico.
- Dani Altmayer (médica)

(Retirado de: www.entretantosatos.blogspot.com.br/…/qual-cor-do-seu-catar…)

Quando a puta nos deixou. Charles Fonseca. Prosa

QUANDO A PUTA NOS DEIXOU
Charles Fonseca

Fico admirado como ainda existem prostitutas. Quando eu era criança, do fundo do meu quintal eu com menos de 9 anos subia no muro e ficava olhando "A avenida" onde moravam as putas, lugar misterioso onde eu só podia ver escondido de lá de cima do muro. O que é que ocorria naquele lugar que eu ainda não sabia lá muito bem. Aos 15 anos eu soube. Passar pela Avenida, nem pensar. Nem mesmo pra vender as revistas "O Cruzeiro" , "A Cigarra" que eram as revistas decentes da época. Gibi não podia, pois estimulavam a violência. Minha mãe além de agente postal telegráfica tinha em 1954 uma banca de revistas no balcão do Correio onde quem quisesse podia comprar as revistas da época que era para melhorar o nível cultural do povoado de Ibicui, como ela dizia. E lá ia eu de porta em porta a gritar pro fundo das casas com a voz infantil "Quer comprar Cruzeiro"? Uns compravam, outros folheavam a revista inteira pra ver as reportagens e não compravam. Os comerciantes, nas lojas, vendas, açougues, quitandas, então, eram especialistas na prática. "Hoje a revista não está boa", e lá ia eu adiante um tanto decepcionado. Mas voltemos ao tema da putaria. De vez em quando uma ia mas era pro cemitério. Certa vez, uma morreu. Não tinha quem fizesse o enterro.. Acho que já contei essa história, mas vale repetir. Minha mãe tomada de misericórdia, disse: "pois eu vou fazer o enterro". Arranjou cinco arranjos de flores, uma para cada filho, e disse "vamos enterrar a moça". Eu nunca tinha ido ao cemitério, tinha medo de alma, não podia ir na Avenida que era a rua das decaídas e agora ia entregar o corpo de uma delas ao chão. Um conflito moral, uma prova de bondade que nunca mais esqueci. O meu irmão mais novo tinha 3 anos e foi dada a mão a minha mãe, a líder do cortejo. A linha de frente da escola de misericórdia éramos nós. Assim foi meu primeiro contato corpo a corpo com uma puta: entregar seu corpo ao chão.

Noel Rosa - Com que Roupa ?

LUA PÁLIDA. Charles Fonseca. Poesia

LUA PÁLIDA
Charles Fonseca

Nas noites de lua cheia
Sobre as vagas praias nuas
Lampejam beijam nas ruas
Namorados não sereias



Luar em Florianópolis. Fotografia


Escultura. Rodin

Auguste Rodin - “The Thinker.”:

sexta-feira, janeiro 13, 2017

O mito atrai a interpretação

Araquém Alcântara. Fotografia

Araquém Alcântara - Koabiru - Carajá:

I Tessalonicenses, 5

1.A respeito da época e do momento, não há necessidade, irmãos, de que vos escrevamos.

2.Pois vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão de noite.

3.Quando os homens disserem: Paz e segurança!, então repentinamente lhes sobrevirá a destruição, como as dores à mulher grávida. E não escaparão.

4.Mas vós, irmãos, não estais em trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão.

5.Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas.

6.Não durmamos, pois, como os demais. Mas vigiemos e sejamos sóbrios.

7.Porque os que dormem, dormem de noite; e os que se embriagam, embriagam-se de noite.

8.Nós, ao contrário, que somos do dia, sejamos sóbrios. Tomemos por couraça a fé e a caridade, e por capacete a esperança da salvação.

9.Porquanto não nos destinou Deus para a ira, mas para alcançar a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo.

10.Ele morreu por nós, a fim de que nós, quer em estado de vigília, quer de sono, vivamos em união com ele.

11.Assim, pois, consolai-vos mutuamente e edificai-vos uns aos outros, como já o fazeis.

12.Suplicamo-vos, irmãos, que reconheçais aqueles que arduamente trabalham entre vós para dirigir-vos no Senhor e vos admoestar.

13.Tende para com eles singular amor, em vista do cargo que exercem. Conservai a paz entre vós.

14.Pedimo-vos, porém, irmãos, corrigi os desordeiros, encorajai os tímidos, amparai os fracos e tende paciência para com todos.

15.Vede que ninguém pague a outro mal por mal. Antes, procurai sempre praticar o bem entre vós e para com todos.

16.Vivei sempre contentes.

17.Orai sem cessar.

18.Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo.

19.Não extingais o Espírito.

20.Não desprezeis as profecias.

21.Examinai tudo: abraçai o que é bom.

22.Guardai-vos de toda a espécie de mal.

23.O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!

24.Fiel é aquele que vos chama, e o cumprirá.

25.Irmãos, orai também por nós.

26.Saudai a todos os irmãos com o ósculo santo.

27.Peço-vos encarecidamente, no Senhor, que esta carta seja lida a todos os irmãos.

28.A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!

Poema do falso amor. Dante Milano. Poesia

Poema do falso amor - Dante Milano

O falso amor imita o verdadeiro
Com tanta perfeição que a diferença
Existente entre o falso e o verdadeiro

É nula. O falso amor é verdadeiro
E o verdadeiro falso. A diferença
Onde está? Qual dos dois é o verdadeiro?

Se o verdadeiro amor pode ser falso
E o falso ser o verdadeiro amor,
Isto faz crer que todo amor é falso

Ou crer que é verdadeiro todo amor.
Ó verdadeiro Amor, pensam que és falso!
Pensam que és verdadeiro, ó falso Amor!

Picasso. Pintura

Pablo Picasso, 1963 Le peintre 1:

O POETA JARDINEIRO. Charles Fonseca. Prosa

O POETA JARDINEIRO
Charles Fonseca

É bem verdade que mais jardineiro que vate. Que vá te danar essa pretensão de ser bardo, borda outra, escriba! Diriam os mais achegados ou afoitos. O fato é que na minha rua calçada nenhuma casa tem passeio calçado. Em toda a rua o passeio é coberto por grama esmeralda. Usei vistosa luva amarela, óculos de proteção contra mau olhado e algum pedregulho, passei a roçadeira, o ancinho, colhi o lixo e o coloquei no porta-lixo elevado que cada casa possui. Mas dias antes joguei a lanço calcário dolomítico, reguei e depois, a lanço, adubo npk 10.10.10. Que é pra quando minhas visitas de 3 a 5 dias se hospedarem comigo, fiquem invejosos do verde esmeralda que foi a cor do anel que meu pai queria me dar de presente para a colação de grau em 1968 mas, endividado, preferi tomar emprestado de um colega já no exercício formal da profissão.

quinta-feira, janeiro 12, 2017

Izaías e Seus Chorões | Pedacinho do Céu (Waldir Azevedo) | Instrumental...

Waldir Azevedo - Atrevido (choro - 1968)

Trio Surdina - Curare (1955)

Luzes. Charles Fonseca. Prosa

LUZES
Charles Fonseca

A vida me deu uma grande oportunidade. Não só de pensar como de exprimir em prosa e verso a minha razão, a minha emoção. Lamento os que se foram e nada disseram, foram em silêncio de palavras mas não de semblante. Também tenho pesar pelos enrustidos amantes, dos odientos, admiradores ou invejosos, piedosos ou cruéis, os com todos as virtudes e mazelas que escondem dentro de si e não as deixam aflorar, muitos nem florescem, nem sequer transformam suas folhas frustras em espinhos que são elas modificadas. Que pena! Que agonia o não dizer o que se sente nem que seja usando a arte, esta grande mensageira, a poesia e suas metáforas, a música e seus enlevos, a pintura e suas luzes e sombras, a escultura e suas formas, as disformes, também elas são mensagens. Muitos gênios morrem geniosos, outros mais sabidos que todos se vão mas só eles sabem disso. Sabedores do bem e do mau mas mal difundem suas verdades eternas. De minha parte desde 2001 passei a me salvar dos dramas, tragédias, comédias, do amar de mais, do querer de menos, de me livrar no simbólico das letras daquilo que não me foi possível no real às vezes tão cruel. Abro as asas da imaginação, olho o ínfimo, olho as luzes do céu.

quarta-feira, janeiro 11, 2017

O prazer de sua companhia. Charles Fonseca. Prosa

O PRAZER DE SUA COMPANHIA
Charles Fonseca

Às vezes um ou outro me fazem solicitação de amizade. Não há o que temer. Não tenho bens materiais de monta, um carrinho velho, um cão pastor feroz, uma mulher afável com uma filha por perto. Dois outros, minha herança em vida, à distância. Bens imateriais, aí sim, aos 68 anos, deu pra acumular alguma coisa mas me considero um eterno aprendiz. Conto com os que me estão próximos. Dos à distância, uns gostaria de estivessem perto, outros que fiquem onde estão, outros que viajem para o seu bem a outra galáxia. Os que solicitam inscrição na minha rede social de "amigos" vou acolhendo quase a dizer bem-vindos sejam à taba virtual de Araquém. Pouquíssimos os que não me aceitam como amigos. Por certo razões atávicas a sobrepujar. De vez em quando um ou outro começa a polemizar com valores outros usando o meu Facebook como plataforma de lançamento para a platéia. Esses, em silêncio, retiro da minha relação de amigos não sem antes previamente ocultar aqui ou acolá suas iluminuras. Raramente bloqueio alguém, fico consternado quando o faço. Mas já houve até quem além de bloquear tive que banir de um grupo fechado do qual fazia parte.

Faça diferença entre o eco e a opinião com fundamento

A PRESENÇA DE CRISTO PELO PODER DA SUA PALAVRA E DO ESPÍRITO SANTO

1373. «Jesus Cristo, que morreu, que ressuscitou, que está à direita de Deus, que intercede por nós» (Rm 8, 34), está presente na sua Igreja de múltiplos modos (200): na sua Palavra, na oração da sua Igreja, «onde dois ou três estão reunidos em Meu nome» (Mt 18, 20), nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros (201), nos seus sacramentos, dos quais é o autor, no sacrifício da missa e na pessoa do ministro. Mas está presente «sobretudo sob as espécies eucarísticas» (202).

1374. O modo da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz dela «como que a perfeição da vida espiritual e o fim para que tendem todos os sacramentos» (203). No santíssimo sacramento da Eucaristia estão «contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo e o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo completo» (204). «Esta presença chama-se "real", não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem "reais", mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem» (205).

1375. É pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo que Ele Se torna presente neste sacramento. Os Padres da Igreja proclamaram com firmeza a fé da mesma Igreja na eficácia da Palavra de Cristo e da acção do Espírito Santo, para operar esta conversão. Assim, São João Crisóstomo declara:

«Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem corpo e sangue de Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo, pronuncia estas palavras, mas a sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o Meu corpo, diz ele. Esta palavra transforma as coisas oferecidas» (206).

E Santo Ambrósio diz a respeito da mesma conversão:

Estejamos bem convencidos de que «isto não é o que a natureza formou, ruas o que a bênção consagrou, e de que a força da bênção ultrapassa a da natureza, porque pela bênção a própria natureza é mudada» (207). «A Palavra de Cristo, que pôde fazer do nada o que não existia, não havia de poder mudar coisas existentes no que elas ainda não eram? Porque não é menos dar às coisas a sua natureza original do que mudá-la» (208).

1376. O Concílio de Trento resume a fé católica declarando: «Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação» (209).

1377. A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura enquanto as espécies eucarísticas subsistirem. Cristo está presente todo em cada uma das espécies e todo em cada uma das suas partes, de maneira que a fracção do pão não divide Cristo (210).

1378. O culto da Eucaristia. Na liturgia da Missa, nós exprimimos a nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras maneiras, ajoelhando ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. «A Igreja Católica sempre prestou e continua a prestar este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia, não só durante a missa, mas também fora da sua celebração: conservando com o maior cuidado as hóstias consagradas, apresentando-as aos fiéis para que solenemente as venerem, e levando-as em procissão» (211).

1379. A sagrada Reserva (sacrário) era, ao princípio, destinada a guardar, de maneira digna, a Eucaristia, para poder ser levada aos doentes e ausentes, fora da missa. Pelo aprofundamento da fé na presença real de Cristo na sua Eucaristia, a Igreja tomou consciência do sentido da adoração silenciosa do Senhor, presente sob as espécies eucarísticas, por isso que o sacrário deve ser colocado num lugar particularmente digno da igreja; deve ser construído de tal modo que sublinhe e manifeste a verdade da presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento.

1380. É de suma conveniência que Cristo tenha querido ficar presente à sua Igreja deste modo único. Uma vez que estava para deixar os seus sob forma visível, Cristo quis dar-nos a sua presença sacramental; e visto que ia sofrer na cruz para nos salvar, quis que tivéssemos o memorial do amor com que nos amou «até ao fim» (Jo 13, 1), até ao dom da própria vida. Com efeito, na sua presença eucarística, Ele fica misteriosamente no meio de nós, como Aquele que nos amou e Se entregou por nós (212), e permanece sob os sinais que exprimem e comunicam este amor:

«A Igreja e o mundo têm grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera-nos neste sacramento do amor. Não regateemos o tempo para estar com Ele na adoração, na contemplação cheia de fé e disposta a reparar as faltas graves e os pecados do mundo. Que a nossa adoração não cesse jamais» (213).

1381. «A presença do verdadeiro corpo e do verdadeiro sangue de Cristo neste sacramento, "não a apreendemos pelos sentidos, diz São Tomás, mas só pela fé, que se apoia na autoridade de Deus". É por isso que, comentando o texto de São Lucas 22, 19 "Isto é o Meu corpo que será entregue por vós", São Cirilo de Alexandria declara: "Não vás agora perguntar-te se isso é verdade; mas acolhe com fé as palavras do Senhor, porque Ele, que é a verdade, não mente"» (214):



«Adoro te devote, latens Deitas,
Quae sub his figuris vere latitas:
Tibi se cor meum totem subjicit,
Quica, Te contemplans, totem deficit.

Adoro-te com devoção, ó Deus que te escondes,
Que sob estas figuras de verdade te ocultas:
A ti meu coração se submete inteiramente
Porque, ao contemplar-te, desfalece por completo.

Visus, tactus, gustus in Te fallitur
Sed auditu solo tutu creditur:
Credo quidquid dixit Dei Filius:
Nil hoc Veritatis verbo verius» (215).

Visão, tacto e paladar em ti falham,
Apenas ouvindo se crê com segurança:
Creio em tudo o que disse o Filho de Deus:
Nada mais verdadeiro que esta palavra da Verdade.

Catecismo

Toquinho & Vinícius - Marcha da Quarta-feira de cinzas

Escultura

Apollo Belvedere ancient Roman sculpture in the Vatican.:

terça-feira, janeiro 10, 2017

Os beijos que não te dei. Charles Fonseca. Poesia

Disparada, final do Festival da Tv Record de 1966 completo, Jair Rodrigues

Ex/plicação. Haroldo de Campos. Poesia

EX/PLICAÇÃO
Haroldo de Campos


não há um
sentido único
num
poema

quando alguém
começa a ex-
plicá-lo e
chega ao fim
en-
tão só fica o
ex
do ponto de
partida

beco

(tente outra
vez)

sem saída

O mito é uma narrativa especial

Goya. Pintura

The Spell by Francisco Goya  O feitiço de Francisco Goya:

segunda-feira, janeiro 09, 2017

Efésios, 5

1.Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados.

2.Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor.

3.Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos.

4.Nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disto, ações de graças.

5.Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento - verdadeiros idólatras! - terá herança no Reino de Cristo e de Deus.

6.E ninguém vos seduza com vãos discursos. Estes são os pecados que atraem a ira de Deus sobre os rebeldes.

7.Não vos comprometais com eles.

8.Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes.

9.Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade.

10.Procurai o que é agradável ao Senhor,

11.e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente.

12.Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas.

13.Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz.

14.E tudo o que se manifesta deste modo torna-se luz. Por isto (a Escritura) diz: Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará (Is 26,19; 60,1)!

15.Vigiai, pois, com cuidado sobre a vossa conduta: que ela não seja conduta de insensatos, mas de sábios

16.que aproveitam ciosamente o tempo, pois os dias são maus.

17.Não sejais imprudentes, mas procurai compreender qual seja a vontade de Deus.

18.Não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito.

19.Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais. Cantai e celebrai de todo o coração os louvores do Senhor.

20.Rendei graças, sem cessar e por todas as coisas, a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo!

21.Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo.

22.As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor,

23.pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador.

24.Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos.

25.Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela,

26.para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra,

27.para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível.

28.Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.

29.Certamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja -

30.porque somos membros de seu corpo.

31.Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois constituirão uma só carne (Gn 2,24).

32.Este mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja.

33.Em resumo, o que importa é que cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido.

Agora. Charles Fonseca. Prosa

AGORA
Charles Fonseca

Vá logo e volte pois que se não vário não morro calvário eu mudo minha sorte. O mundo é criança também é idoso não quedo raivoso manhã esperança. Minha vida é bela ha sempre algo novo eterno renovo eu vou até ela. Que sempre é flora jardim horizonte infante em geronte agora, agora.

O mito esconde alguma coisa

domingo, janeiro 08, 2017

O MEMORIAL SACRIFICIAL DE CRISTO E DO SEU CORPO, A IGREJA

1362. A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a actualização e a oferenda sacramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja que é o seu corpo. Em todas as orações eucarísticas encontramos, depois das palavras da instituição, uma oração chamada anamnese ou memorial.

1363. No sentido que lhe dá a Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus fez pelos homens (188). Na celebração litúrgica destes acontecimentos, eles tomam-se de certo modo presentes e actuais. É assim que Israel entende a sua libertação do Egipto: sempre que se celebrar a Páscoa, os acontecimentos do Êxodo tornam-se presentes à memória dos crentes, para que conformem com eles a sua vida.

1364. O memorial recebe um sentido novo no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente: o sacrifício que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre atual (189): «Todas as vezes que no altar se celebra o sacrifício da cruz, no qual "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado", realiza-se a obra da nossa redenção» (190).

1365. Porque é o memorial da Páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício. O carácter sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós» (Lc 22, 19-20). Na Eucaristia, Cristo dá aquele mesmo corpo que entregou por nós na cruz, aquele mesmo sangue que «derramou por muitos em remissão dos pecados» (Mt 26, 28).

1366. A Eucaristia é, pois, um sacrifício, porque representa (torna presente) o sacrifício da cruz, porque é dele o memorial e porque aplica o seu fruto:

Cristo «nosso Deus e Senhor [...], ofereceu-Se a Si mesmo a Deus Pai uma vez por todas, morrendo como intercessor sobre o altar da cruz, para realizar em favor deles [homens] uma redenção eterna. No entanto, porque após a sua morte não se devia extinguir o seu sacerdócio (Heb 7, 24-27), na última ceia, "na noite em que foi entregue" (1 Cor 11, 13). [...] Ele [quis deixar] à Igreja, sua esposa bem-amada, um sacrifício visível (como o exige a natureza humana), em que fosse representado o sacrifício cruento que ia realizar uma vez por todas na cruz, perpetuando a sua memória até ao fim dos séculos e aplicando a sua eficácia salvífica à remissão dos pecados que nós cometemos cada dia» (191).

1367. O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: «É uma só e mesma vítima e Aquele que agora Se oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora Se ofereceu a Si mesmo na cruz; só a maneira de oferecer é que é diferente» (192). E porque «neste divino sacrifício, que se realiza na missa, aquele mesmo Cristo, que a Si mesmo Se ofereceu outrora de modo cruento sobre o altar da cruz, agora está contido e é imolado de modo incruento [...], este sacrifício é verdadeiramente propiciatório» (193).

1368. A Eucaristia é igualmente o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo, participa na oblação da sua Cabeça. Com Ele, ela própria é oferecida integralmente. Ela une-se à sua intercessão junto do Pai em favor de todos os homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do seu corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho unem-se aos de Cristo e à sua oblação total, adquirindo assim um novo valor. O sacrifício de Cristo presente sobre o altar proporciona a todas as gerações de cristãos a possibilidade de se unirem à sua oblação.

Nas catacumbas, a Igreja é frequentemente representada como uma mulher em oração, de braços estendidos em atitude orante. Como Cristo, que estendeu os braços na cruz, assim, por Ele, com Ele e n'Ele, a Igreja oferece-se e intercede por todos os homens.

1369. Toda a Igreja está unida à oblação e intercessão de Cristo. Encarregado do ministério de Pedro na Igreja, o Papa está associado a toda e qualquer celebração da Eucaristia, na qual é nomeado como sinal e servidor da unidade da Igreja universal. O bispo do lugar é sempre responsável pela Eucaristia, mesmo quando presidida por um presbítero; o seu nome é citado nela para significar a sua presidência da Igreja particular, no meio do presbitério e com a assistência dos diáconos. A comunidade intercede também por todos os ministros que, por ela e com ela, oferecem o sacrifício eucarístico:

«Seja tida como legítima somente aquela Eucaristia que é presidida pelo bispo ou por quem ele encarregou» (194).

«É pelo ministério dos presbíteros que o sacrifício espiritual dos fiéis se consuma em união com o sacrifício de Cristo. Mediador único, que é oferecido na Eucaristia de modo incruento e sacramental, pelas mãos deles, em nome de toda a Igreja, até quando o mesmo Senhor voltar» (195).

1370. À oblação de Cristo unem-se não só os membros que estão ainda neste mundo, mas também os que já estão na glória do céu: é em comunhão com a santíssima Virgem Maria e fazendo memória d'Ela, assim como de todos os santos e de todas as santas, que a Igreja oferece o sacrifício eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja, com Maria, está como que ao pé da cruz, unida à oblação e à intercessão de Cristo.

1371. O sacrifício eucarístico é também oferecido pelos fiéis defuntos, «que morreram em Cristo e não estão ainda de todo purificados» (196), para que possam entrar na luz e na paz de Cristo:

«Enterrai este corpo não importa onde! Não vos dê isso qualquer cuidado! Tudo o que vos peço é que vos lembreis de mim diante do altar do Senhor, onde quer que estejais» (197).

«Depois [na anáfora], nós rezamos pelos santos padres e bispos falecidos, e em geral por todos aqueles que morreram antes de nós, certos de que isso será de grande proveito para as almas em favor das quais tal súplica se faz, enquanto está presente a vítima santa e temível [...]. Apresentando a Deus as nossas súplicas pelos que morreram, tenham embora sido pecadores, nós [...] apresentamos Cristo imolado pelos nossos pecados, tornando assim propício, para eles e para nós, o Deus que é amigo dos homens» (198).

1372. Santo Agostinho resumiu admiravelmente esta doutrina que nos incita a uma participação cada vez mais perfeita no sacrifício do nosso Redentor que celebramos na Eucaristia:

«Toda esta cidade resgatada, ou seja, a assembleia e sociedade dos santos, é oferecida a Deus como um sacrifício universal pelo Sumo-Sacerdote que, sob a forma de servo, foi ao ponto de Se oferecer por nós na sua paixão, para fazer de nós corpo duma tal Cabeça [...] Tal é o sacrifício dos cristãos: "Nós que somos muitos, formamos em Cristo um só corpo" (Rm 12, 5). E este sacrifício, a Igreja não cessa de o renovar no sacramento do altar bem conhecido dos fiéis, em que lhe é mostrado que ela própria é oferecida naquilo que oferece» (199). Catecismo

A LÁGRIMA CRISTALINA. Charles Fonseca. Poesia.

Reveillon 2016/2017. Charles Fonseca. Fotografia


A fábula da galinha

Esta é a fábula da galinha, que convida seus vizinhos para plantar trigo. E afirma aos outros animais: “Se plantarmos trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar?”

- Eu não, disse a vaca.
- Nem eu, emendou o pato.
- Eu também não, falou o porco.
- Eu muito menos eu, disse o ganso. Faço parte de outro sindicato.

- Então eu mesma planto, falou a galinha. E plantou. O trigo cresceu e amadureceu em grãos dourados.

- Quem vai me ajudar a colher o trigo? Perguntou a galinha.

- Eu não, disse o pato.
- Não faz parte de minhas funções, disse o porco.
- Não, exclamou a vaca. É trabalho análogo a escravo.
- E o ganso? Não ajudo porque perderei o seguro desemprego.

- Então, falou a galinha, eu mesma colho. E colheu. E, com isso, chegou a hora de preparar o pão.

- Quem vai me ajudar a assar o pão? Indagou a galinha.

- Só se me pagarem hora extra. Falou a vaca.
- O pato disse não poder ajudar por que tinha auxílio-doença.
- O ganso disse: se só eu ajudar, será discriminação.
- O porco disse enrraivecido. Ô galinha! Pare com essa insistencia! Isso é assédio moral.

- Então eu mesma asso, disse a galinha. E assou cinco pães.
De repente, todo mundo queria pão. E a galinha disse:

- Não, agora eu vou comer os cinco pães sozinha.

- Lucros excessivos! Gritou a vaca.
- Sanguessuga capitalista! Exclamou o pato.
- Eu exijo direitos iguais! Bradou o ganso.
- E o porco partiu logo para a organização de um movimento com milhares de cartazes com dizeres: "Injustiça", "discriminação", "assédio". Para a galinha, os mais ofensivos impropérios.

Instalada a confusão, chegou um agente do governo. Dele, a galinha ouviu o seguinte:

- Você não pode ser assim egoísta.

- Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor, defendeu-se a galinha.

- Exatamente, disse o funcionário. Essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um neste país pode ganhar o quanto quiser, mas os mais produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada. Essa é a base dos nossos direitos humanos. País rico é país sem pobreza!

A galinha engoliu seco e calou. Calou de uma vez. E os vizinhos perguntam até hoje por que, desde então, ela nunca mais fez absolutamente nada... Não é para menos. Destruiram-se a iniciativa, a criatividade e os empregos.
Autor desconhecido

"Para se avaliar a esperança, há de se medir o futuro." Padre Antônio Vieira

Monet. Pintura

Claude Monet 1907 Water Lilies oil on canvas:

sábado, janeiro 07, 2017

Finado. Charles Fonseca. Prosa

FINADO
Charles Fonseca

Em cada coração uma saudade, em cada dor uma paixão, nada mais nem sim nem não, agora só fraterno, irmão, adeus amor bondade. Agora o seu tempo passou, antes não havia tempo, tudo corrido, lamento, vou pra outro futuro sem dor. Agora resta um passado, um vir a ser que se foi, um mais sem menos pois, doeu sangrou, finado.

Escultura

Famous Angel Statues | Estas famosas esculturas se encuentran en el Cementerio Monumental de ...:

sexta-feira, janeiro 06, 2017

Nunca se distancie dos seus filhos e netos

O CRAVO. Charles Fonseca. Poesia

O dia da Festa do Santo Reis - Tim Maia

INSTANTE. Charles Fonseca. Prosa

INSTANTE
Charles Fonseca

Quando os vejo tão insones,
amigos meus tão perto,
tão longe fico a cismar.
Que haverá que não houve,
não há nem nunca haverá?
Que não foi, não é, nunca será?
Que nunca esteve, não está nem nunca há de estar?
Será amor, será a dor, será ardor ou o fogo apagou?
Ainda fumega, ainda se nega, não há a entrega, por que não se apega?
Que nunca teve, talvez um tiquinho, que não tem embora duvide, que nunca terá ou vai demorar.
Que faço distante, por que da espera, pois tudo já era e eu fui instante?

Não se fala em corda na casa de enforcado

Da Vinci. Pintura

Leonardo Pastel Portraits                                                                                                                                                                                 More:

Gálatas, 5

1.É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão.

2.Eis que eu, Paulo, vos declaro: se vos circuncidardes, de nada vos servirá Cristo.

3.E atesto novamente, a todo homem que se circuncidar: ele está obrigado a observar toda a lei.

4.Já estais separados de Cristo, vós que procurais a justificação pela lei. Decaístes da graça.

5.Quanto a nós, é espiritualmente, da fé, que aguardamos a justiça esperada.

6.Estar circuncidado ou incircunciso de nada vale em Cristo Jesus, mas sim a fé que opera pela caridade.

7.Corríeis bem. Quem, pois, vos cortou os passos para não obedecerdes à verdade?

8.Esta sugestão não vem daquele que vos chama.

9.Um pouco de fermento leveda toda a massa.

10.Tenho confiança no Senhor a vosso respeito, que de maneira alguma mudareis de sentir. Portanto, quem vos perturbar responderá por isto, seja quem for.

11.Se é verdade, irmãos, que ainda prego a circuncisão, por que, então, sou perseguido? Assim o escândalo da cruz teria cessado!

12.Oxalá acabem por mutilar-se os que vos inquietam!

13.Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade,

14.porque toda a lei se encerra num só preceito: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18).

15.Mas, se vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros.

16.Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne.

17.Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis.

18.Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a lei.

19.Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem,

20.idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos,

21.invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!

22.Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade,

23.brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei.

24.Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências.

25.Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito.

26.Não sejamos ávidos da vanglória. Nada de provocações, nada de invejas entre nós.

Escultura

Detail : Atlas. 2nd.century A.D. Roman copy. marble. National Archaeological Museum. Naples.:

quinta-feira, janeiro 05, 2017

Proscenio. Charles Fonseca. Prosa

PROSCÊNIO
Charles Fonseca

O golpe foi o contra golpe. Avisado soletrado imposto desgosto amargo. O ganho sempre, tu pro exílio, és espartilho, tu és demente. Agora vai atrás vem gente sai docemente me deixa em paz. Ele se foi, por entre brumas, tomou escuna, ninguém por oi. O mar bravio, a nau que geme, vento semente, noite de estio. E foi à forra, ele já forro, vem meu vindouro, vem logo agora. Não era a hora muito a penar, nalgum lugar muita história. Aqui tá fundo, aqui tá raso, quanto atraso, que mar profundo. Ele esconde o bem querer eu quero ver mas onde, onde? Quem sabe um dia, talvez à noite, azar um coice, uma arrelia. Café com pão, manteiga sim, tem dó de mim, fuja mais não. Não vou embora, todo em silêncio, a vida é palco, há um procênio, saio sem algo, mas deixo história. Aqui que jaz, este que foi, viria a ser, tantos os ois, em paz, as pás.

quarta-feira, janeiro 04, 2017

Optei por não ver TV desde 2009

Gramado. Charles Fonseca. Fotografia


A morte do perdão em Rousseau. André Marroig. Prosa

A MORTE DO PERDÃO EM ROUSSEAU

Não há como não tirar o chapéu diante do brilhantismo de Rousseau. Mas, contrariamente ao que muitos pensam, a perfeição primeva proposta pelo filósofo é a conclusão e não o “bojo” de sua teorização. É o final de um conflito teológico com o intuito de anular a necessidade do perdão como condição sine qua non para as relações humanas. É óbvio que o inocente não necessita de perdão, mas diante da própria natureza humana, quem é inocente?
O pecado original, e podemos optar por isentá-lo do seu cunho teológico, é uma metáfora de nossa natureza há muito descrita. Desde os gregos pré-socráticos a noção de que somos “carregados de paixões”, passando pelo pessimismo schopenhauriano e adentrando a psicanálise com o “princípio do prazer” freudiano, a noção de uma natureza humana com componentes carregados de um “bem”, mas com forte propensão ao “mal”, sempre fora clara.
Rousseau, percebendo a crise na cristandade na primeira metade do século XVIII, apropriou-se dos impasses e ofertou com maestria uma nova cosmovisão, agora reivindicando para si uma posição messiânica e relatora. Juntemos a isso um talento refinado para a escrita e encontramos o cerne de uma série de pensamentos e políticas que cimentaram e ainda estruturam a contemporaneidade.
De uma forma bem simplificada, tentarei trazer-lhes a maestria com que Rousseau subverte este conceito de pecado original para alçar-se aos píncaros de sua messiânica nova posição. Diante de alguém que praticou algo lesivo, situa-se o direito da vítima em puni-lo. O direito de perdoar estaria atrelado, portanto, ao direito de punição. A opção por perdoar em detrimento ao punir, por si só, impulsiona a vítima a uma posição de prestígio diante do outro pelos sublimes valores associados. Tal posicionamento acaba por aumentar a desigualdade entre o transgressor e a vítima, que agora posiciona-se de forma superior impulsionada pelas suas escolhas. O “perdão” então ampliaria as desigualdades entre ambos. Para anular as desigualdades no sistema rousseauniano, haveria, portanto, a necessidade de abolir o perdão, e a proclamação de uma perfeição primeva. Todos seriam perfeitos por natureza, e a subversão dos mesmos aconteceria por “forças externas”, ou seja, “o meio”. Compreendes a base do vitimismo contemporâneo?
Um pouco mais profundamente percebemos que Rousseau inverte a noção judaico-cristã de uma antecedência do perdão ante o pecado. Para o desatento leitor, o conceito de que, para que haja o perdão, previamente deve ter havido o pecado, parece cognitivamente mais aceitável. Porém somente o perdão é capaz de revelar e iniciar o movimento de reparação. A acusação pura e simples da culpabilidade do transgressor nada resolve e, na maioria das vezes, somente instila no outro um movimento reativo. A capacidade da vítima de perdoar é a única capaz de disparar no outro o movimento reparatório. Transpondo para a psicanálise, evoco Winnicott e seu conceito de amadurecimento da agressividade. Winnicott nos mostra que o bebê ao buscar sua saciedade e prazer, usa o outro de forma “impiedosa”. A destruição deste outro como consequência, passa completamente despercebida diante da satisfação de suas necessidades. Se o objeto o qual é alvo desta destrutibilidade mantém-se ali, sustenta a si e o agressor e não devolve na mesma moeda, impulsiona o bebê a um amadurecimento. Nesse novo estágio, o bebê, se o objeto vitimado continuar mantendo-se ali e não “devolvendo na mesma moeda”, passa a perceber este outro como algo “bom” e inicia um movimento reparatório cujo sintoma é a culpa. Ou seja, anteceder o pecado sobre o perdão é expor ao agressor sua transgressão pura e simplesmente. O mesmo provavelmente devolverá a acusação ao seu acusador perpetuando a cadeia reativa.
Rousseau ao propor quebrar esta cadeia reativa antecedendo o pecado ao perdão, fundamento cristão básico, viu-se refém de sua própria armadilha, restando ao seu sistema uma única alternativa; o contrato social. Ao “libertar” a humanidade do perdão, restou-nos uma ampliação na vigilância no exercício das virtudes e a crença na existência de uma natureza humana carregada de perfeição. É na vigilância do outro em prol “do bem coletivo”, cada vez mais intensa e tirânica, que baseia-se a práxis do sistema rousseauniano. E se a base do mesmo é perfeita, podemos lapidá-los para um retorno a esta inocência primeva. Conseguimos assim compreender a tirania do “politicamente correto” e a intolerância com qualquer opinião contrária a das massas e também os inúmeros mecanismos de engenharia social. As políticas doutrinatórias e a engenharia social intensiva baseiam-se na crença desta falácia criada por Rousseau diante do desamparo humano restante após a morte de Deus.
A destruição da necessidade do perdão impulsiona o indivíduo ao narcisismo e a solidão inerente ao mesmo. Por outro lado, na ausência dos mecanismos de culpa e perdão, resta-nos somente como mecanismo relacional com um outro, o contrato social, como já disse. Como consequência, qualquer interesse pessoal deve ser rechaçado em prol desta coletividade. Inaugura-se assim a noção de um inimigo comum, qualquer individualidade.
Rousseau ao propor a “libertação” do perdão e da culpa acaba por impulsionar-nos a um sistema muito mais opressor, onde cada cidadão tem por obrigação movimentar-se em prol da construção de uma “virtuosa” sociedade. A sujeição a uma ideia soberana de virtuosidade com o intuito da recuperação de um suposto estado primevo de purificação e “imaculação” moldam um modelo supremamente autoritário. A expulsão de um mal supostamente absoluto (o desejo individual) em prol de um bem também supostamente absoluto (o desejo coletivo), ou seja, a polarização esquizoparanóide a que venho denunciando já há algum tempo, passa a basear-se em um modelo educacional (cognitivo), e com consequente racionalização da vida. Destroem-se assim as contradições inerentes ao humano e toda a individualidade. O ensino como uma ferramenta, torna-se doutrinatório e posiciona-se completamente em prol do projeto.

André Marroig

Peço que me acompanhe como tal e semelhante, sempre.

terça-feira, janeiro 03, 2017

Iniciação. Charles Fonseca. Prosa

INICIAÇÃO
Charles Fonseca

A iniciação foi com Ana aos cinco de idade. Ela provavelmente aos treze. Subia comigo ao primeiro andar do sobrado. Em baixo, armazém de fumo com prensa de madeira. Em cima sentados um defronte ao outro ela estimulava o pintinho que mostrava sua vocação pra frango através da calça. Mas minha mãe me flagrou de calça curta com a bainha desta umedecida a clara de ovo. Demitiu de imediato a Ana. Saudoso, dia seguinte fui à rua onde ela morava... Nunca mais vi a Ana!

O vento. Charles Fonseca. Prosa

O VENTO
Charles Fonseca

Foi ditada uma verdade mentirosa durante anos, à socapa. Um matraquear de oitiva lento, incessante. Sucesso absolutamente relativo. A ditadura enterrada. As prisões portas abertas. Os detentos capengantes. Do exílio, pouco a pouco, chegam pedaços de novo vir a ser. O tempo corre, o vento leva.

Amor uruguayo


segunda-feira, janeiro 02, 2017

Prolegômenos. Charles Fonseca. Prosa

PROLEGÔMENOS
Charles Fonseca

Só um namorico. Treze anos de idade, juvenil ainda, um começo de erótico a esbolsar. Não está errada a palavra, não. A origem estava em duas bolinhas a crescer, uma voz a destoar. O gato que dormia em saco de armazém começando a se espreguiçar. Quer namorar comigo? Escreveu num papel e passou pra ela nos bancos da igreja. Duas pombinhas a crescer sob a blusa azul, um olhar olho no olho, eu olho naquilo. Sim, veio a resposta por escrito. Namoro formalizado, passado em papel. Mas a menina era muito presa. Namorar na porta da casa dela, nem pensar. Entre um hino e outro, uma oração e outra, o sermão do reverendo a correr, uma mão na mão, o livro sagrado cobrindo o profano a se elevar. A fé nas almas, no corpo algo a vibrar, nela algo a se contrair. Mas não passava disso. O olhar severo do pai andava por perto. Feneceu aquele amor primeiro, broxou. E a priminha? Partiu pra ela e ela correspondeu. Agora, sim. Camisa passada, a perfumada água Velva no rosto, calça engomada, vinco perfeito, lá ia pra conversar com a distinta. Mão na mão, pra começar, mão naquilo a maquinar. Namoro na varanda da casa, nem de portão podia. Uma vez, duas vezes, tava na hora de diminuir a conversa e agir, avançar. Súbito, ela aparece com um distinto na porta da igreja, mão na mão. O primeiro corno. Quantos dei, quantos me deram?Melhor calar, essas coisas não se falam. Come quieto, come calado, a regra de ouro.

Temos até a vanguarda do atraso a crocitar

domingo, janeiro 01, 2017

Genesis 1:27

27.Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher.

Não use meios se chegou o fim

Presente prometido em 07.10.83. Eroildes da Silva Fonseca. Fotografia

Querido filho Charles.
Esta Bíblia será sua quando eu não mais existir. Siga os princípios nos quais você foi orientado. "O mundo passa, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre."
Eroildes

CANA CAIANA. Charles Fonseca. Poesia

Benedicta Es Tu (Immaculate Conception, Gradual)

Carta

Querido
Mais um ano se foi.
Desejo que ele tenha levado um pouco das imperfeições de minha alma para abrir espaço suficiente à entrada de bens que a maturidade traz.
Que o ano que se foi tenha levado com ele os motivos de desacordo entre nós, para que o ano que entra nos encontre em clima de harmonia, paz e muito amor.
Obrigada por viver comigo esses anos que passaram.
Obrigada pelos anos que virão e que se Deus quiser, serão muito bons e produtivos para o nosso crescimento.
Renovo, na entrada desse ano novo, os votos de amor e companheirismo feitos a muitos anos velhos passados.
Deus nos abençoe e ilumine nossos corações.
Feliz 2017 !

INVEJA. Charles Fonseca. Prosa

INVEJA
Charles Fonseca

Quando o desamor bateu à porta ele se viu só. Sem parentes, colaterais também não. E o que mais? O de menos, o ódio velado, a inveja. Um cajado a apascentar iguais. Dos grotões da espia o movimento dos fantasmas incorporados à luz do dia. Uns burburinhos, uns rumorejos, uns crocitar. E o velho a martelar: você é muito invejado.

Van Gogh. Pintura

Vincent van Gogh - 'Le Moulin de la Galette' - Paris, Autumn 1886. Oil on canvas.: