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sexta-feira, dezembro 09, 2016

Praça Municipal de Salvador. Charles Fonseca. Prosa

PRAÇA MUNICIPAL DE SALVADOR
Charles Fonseca

Ali vi o prefeito Virgildásio Sena ser preso pela ditadura. Ali recebi uma coronhada de fuzil. Ali me encostei num canto da praça enquanto a soldadesca batia. Ali perdi aquela que nunca veio a ser minha namorada. Ali acabou uma tarde de domingo após ver capoeira de Angola do Mestre Pastinha antes dele ir à África e de nunca mais ver a luz do sol. As mulheres ao fim da tarde em vestidos saia rodada e perfumes faziam que não viam os olhares gulosos dos homens a fumar. A mulher do roxo ali desfilava, mistura de dama e mendiga, freira e noiva abandonada ao altar. Que havia naquela alma, no seu coração a não ser sobre seus fartos peitos um humilde crucifixo a balouçar?

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