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sexta-feira, dezembro 23, 2016

Mistério. Charles Fonseca. Prosa

MISTÉRIO
Charles Fonseca

Paciência, a vida parou ao sol posto pra esperar um novo tipo de beleza, a lua crescente, os luzeiros dos céus fúlgidos, muitos chegando novos até nós quando já morreram mas pra nós é vida. As vermelhas, coradas de pudor pela loucura dos homens e das mulheres desde outras eras e que se repete e que ainda vai chegar o dia quem sabe, algum dia. E as amarelas de vergonha de amarelarem antes da hora, o céu é infinito, pra que pressa? E as azuis nascendo para a vida, um novo tipo de vida, a via láctea dos peitos ebúrneos, túrgidos, onde mamam os inocentes, os pios, os vadios. Ah, o orbe! Ah, a nave Terra onde navegam as paixões eternas, o mistério, o amor, a dor, a saudade do que se foi, do que está sendo, do que será mas já dá saudade. Ah, criaturas do não criado, do imóvel, do mistério!

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