CRONICAMENTE
Charles Fonseca
Como escrever esta crônica? Sem assunto, paixão, razão, quem vai ler esta zorra, por piedade? Não é pra ganhar dinheiro, converter incréus, arrebanhar fiéis, é só um passatempo enquanto espero dar uma boa caminhada numa esteira rolante, avaliação cardiológica de rotina, você crê? Mas meu coração vai até bem depois de tanto pára e anda, para onde, com quem, você vem ou eu vou? Gostou da mudança? Eu também. Mas o tal do cardiologista está demorando de me atender ou fartô ao trabaio cumpanhêro? Um soslaio, um piscar d’olhos, a recepcionista sorri plastificado e eu acoitado nesse cantinho da sala, solo, a amada que adoro foi dar uma voltinha no em torno e eu retorno ao início. Será que já é uma crônica ou só um lero lero eu quero, eu quero, você não? É só mão na mão, tudo foi ilusão, me atacou um tesão, agora não, daqui a pouco, eu também quero... “– Sr. Charles, por favor!” Logo agora que estava esquentando?
quarta-feira, dezembro 07, 2016
Cronicamente. Charles Fonseca.Prosa
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