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terça-feira, agosto 23, 2016

Um modo de viver. Charles Fonseca. Prosa

UM MODO DE VIVER
Charles Fonseca

Moro com minha mulher e filha. Nos faz a guarda um belo cão pastor alemão muito bem cuidado. Outros apetrechos áudio visuais também fazem a guarda. Nunca faltam animal e um alarmezinho discreto que só faz acordar a vizinhança, se usado, nos 300 metros ao redor. Sempre em guarda, nunca foi preciso o doce tocar de sua sirene. Com isso não acordamos a vizinhança que curiosamente tem o mesmo costume de criar cãezinhos de dentes afiados. Uma paz, o condomínio que dispões de câmaras de segurança em pontos estratégicos, umas bisbilhoteiras. A nossa casa abriga uma família feliz. Hospeda umas gralhas azuis infiéis que gostam de visitar as árvores dos quintais e jardins vizinhos. Aves de arribação só as andorinhas. Bem-te-vis, esses olheiros indiscretos, a cantar. Só hospedamos os que ao longo dos anos nos são próximos e leais. A nossa casa não é hospedaria a não ser para salamandras que nos protegem de um ou outro pernilongo voador desavisado. Os que só fazem andar e mais escutam e olham do que falam não bem vindos. Só familiares, só os que nos amam, só velhos amigos que gostam de, eventualmente, passar um final de semana emendado com um feriado e que prolongam por mais um ou dois dias o nosso prazer em tê-los conosco. Enfim, uma família nuclear feliz, de vez em quando estendida.

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