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sexta-feira, julho 31, 2015

Cena de rua. Picasso


Quem não ajunta espalha.

quarta-feira, julho 29, 2015

Salmos, 13

Salmos, 13

1. Ao mestre de canto. De Davi. Diz o insensato em seu coração: Não há Deus. Corromperam-se os homens, sua conduta é abominável, não há um só que faça o bem.
2. O Senhor, do alto do céu, observa os filhos dos homens, para ver se, acaso, existe alguém sensato que busque a Deus.
3. Mas todos eles se extraviaram e se perverteram; não há mais ninguém que faça o bem, nem um, nem mesmo um só.
4. Não se emendarão esses obreiros do mal, que devoram meu povo como quem come pão? Eles que não invocam o Senhor?
5. Mas irão tremer de pavor, porque Deus está com a raça dos justos;
6. pretendeis frustrar os planos do humilde, mas o Senhor é seu refúgio.

7. Ah, que venha de Sião a salvação de Israel! Quando o Senhor tiver mudado a sorte de seu povo, Jacó exultará e Israel se alegrará.

Michelangelo

Os pobres. Olavo Bilac

Os pobres
Olavo Bilac

Aí vêm pelos caminhos,
Descalços, de pés no chão,
Os pobres que andam sozinhos,
Implorando compaixão.

Vivem sem cama e sem teto,
Na fome e na solidão:
Pedem um pouco de afeto,
Pedem um pouco de pão.

São tímidos? São covardes?
Têm pejo? Têm confusão?
Parai quando os encontrardes,
E dai-lhes a vossa mão!

Guiai-lhe os tristes passos!
Dai-lhes, sem hesitação,
O apoio do vossos braços,
Metade de vosso pão!

Não receieis que, algum dia,
Vos assalte a ingratidão:
O prêmio está na alegria
Que tereis no coração.

Protegei os desgraçados,
Órfãos de toda a afeição:
E sereis abençoados
Por um pedaço de pão . . .

terça-feira, julho 28, 2015

Aqui morei 3 meses. Montreal. Canadá


Desgraça de Dilma na Bahia

Clique: http://veja.abril.com.br/multimidia/video/desgraca-de-dilma-chega-ao-maior-reduto-petista-e-derruba-lula-aponta-pesquisa
Lula, que já foi mais popular que todos os santos na Bahia, hoje perderia a eleição para Aécio Neves. É o que aponta levantamento do Instituto Paraná Pesquisas. E mais: a grande maioria dos baianos reprova o governo petista, diz que Dilma mentiu na campanha e quer o impeachment da presidente.

Root Canal Treatment

Desastres em série. Reinaldo Azevedo

Clique: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/desastres-em-serie-dilma-reune-ministros-para-frente-anti-impeachment-e-fantasia-que-lava-jato-custa-1-ponto-percentual-do-pib-e-so-maluquice-sem-metodo/

Pissarro

Camille Pissarro (1830-1903)

OS VIVOS MORTOS. Charles Fonseca

OS VIVOS MORTOS
Charles Fonseca

Naquela tarde distante
Foi-se mais um em silêncio
Sem dar adeus com um lenço
A vivas faces semblantes

Umas a chorar às outras
Outras chorando por si
Mais umas sorrindo em si
Tantas em vozes roucas

É que ali foi-se um puro
De coração aos pedaços
A sair deste regaço
Do mundo dos vivos duros

De corações abjetos
Inflados peito orgulhos
Murchos amores discretos
Sobre suas almas monturos.

Projeto 4 Cantos - Luigi Bertolli - Brasil Pandeiro

Auto-retrato. Manuel Bandeira

Auto-retrato
Manuel Bandeira

Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.

Sossegai - (be still) - Legendado (Feliciano Amaral)

A Metáfora da Caixa de Bombom

A pediatria no SUS. Marcelo Caixeta

"Gostaria de desabafar o que aconteceu comigo. Eu era pediatra-neonatologista-intensivista na UTI neonatal da Sta Casa de Y [ SUS] , e ganhava "X", fui reclamar para a diretoria, que estava baixo demais, e ao invés de tentarem aumentar, me demitiram, contrataram um médico não-pediatra, não-intensivista, não-neonato, com 3 anos e meio de formado, recebendo X/2. Resultado: me disseram que em aproximadamente um mês morreram quase 10 crianças, a média antes era de uns 4 óbitos...Como vc acha que vai-se resolver ( ou não ) esta situação no Brasil "?
Eu opino : Cara amiga, pessoas como você, que me parecem ser competentes, não tem muito espaço no SUS, onde a qualidade não conta e onde pode morrer 10 pessoas que 8 a terra encobre e 2 a papelada encobre. Os filantrópicos, ou Organizações Sociais [OS] ( a nova "moda" ) também não costumam pautar pela meritocracia ( "posso não gostar de você , mas você vale quanto produz, e pela qualidade do que produz" ). As OS também estão envoltas na "politicagem do SUS", assim como os filantrópicos, pois a "politicagem suja do SUS" contamina tudo. Filantrópicos também tem muito de "raiva de médicos" pois diretores geralmente não são médicos e até tem raiva de médicos que "aparecem mais que eles", "fazem o BEM mais que eles", "são mais caridosos e competentes na caridade do que eles", etc. Além do quê, sem um gerenciamento empresarial, profissional, tendem a ter muito de "compadrio", "nepotismo", "politicagem", "não-posso-demitir-fulano-porque-a-família-dele-contribui-com-a-Igreja", etc. Portanto, o único espaço que sobraria para voce seria fazer como eu que , mesmo sem dinheiro, montei meu próprio lugar de trabalho, ou então unir-se a uma instituição particular que valorize seu trabalho ( por causa da meritocracia e não porque "são seus amigos ou gostam de você"). Os particulares, no entanto, também , quando não ssão profissionais, padecem de problemas também , tipo "o diretor me demitiu para contratar a filha dele".... Enfim, problemas, mas acho que você teria mais chance de ser valorizada num serviço particular ( "profissional", "gerencial", "empresarial" ) do que em qualquer coisa ligada a SUS, pois nestes lugares não se importa muito com quem morre ( e com quantos morrem ).

segunda-feira, julho 27, 2015

Salvador

Brazil, Salvador, Bahia, Pelourinho

O tempo litúrgico

O TEMPO LITÚRGICO

1163. «A santa mãe Igreja considera seu dever celebrar com uma comemoração sagrada, em determinados dias do ano, a obra de salvação do seu divino Esposo. Em cada semana, no dia a que chamou Domingo, celebra a memória da ressurreição do Senhor, como a celebra também uma vez no ano, na Páscoa, a maior das solenidades, unida à memória da sua bem-aventurada paixão. E distribui todo o mistério de Cristo pelo decorrer do ano [...]. Comemorando assim os mistérios da Redenção, ela abre aos fiéis as riquezas das virtudes e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar de algum modo presentes a todos os tempos, para que os fiéis, em contacto com eles, se encham da graça da salvação» (38).

1164. O povo de Deus, desde o tempo da lei mosaica, conheceu festas em datas fixadas a partir da Páscoa, para comemorar as acções portentosas do Deus Salvador, dar-Lhe graças por elas, perpetuar-lhes a lembrança e ensinar as novas gerações a conformarem com elas a sua conduta. No tempo da Igreja, situado entre a Páscoa de Cristo, já realizada uma vez por todas, e a sua consumação no Reino de Deus, a liturgia celebrada em dias fixos está toda impregnada da novidade do mistério de Cristo.

1165. Quando a Igreja celebra o mistério de Cristo, há uma palavra que ritma a sua oração: Hoje!, como um eco da oração que lhe ensinou o seu Senhor (39) e do chamamento do Espírito Santo (40). Este «hoje» do Deus vivo, em que o homem é chamado a entrar, é a «Hora» da Páscoa de Jesus, que atravessa e sustenta toda a história:

«A vida derramou-se sobre todos os seres e todos são inundados duma grande luz: o Oriente dos orientes invade o universo e Aquele que era "antes da estrela da manhã" e antes dos astros, imortal e imenso, o grande Cristo, brilha mais que o Sol sobre todos os seres. É por isso que, para nós que n'Ele cremos, se instaura um dia de luz, longo, eterno, que não se extingue: a Páscoa mística» (41).

catecismo

Geografia do Brasil Região Nordeste

Por que amo a Inglaterra. Vinicius de Moraes

POR QUE AMO A INGLATERRA. 12/2015
Vinicius de Moraes

A Inglaterra não foi para mim um amor à primeira vista. Ao chegar a Londres, em agosto de 1938, em gozo da primeira bolsa para Oxford, dada a um brasileiro pelo Conselho Britânico, a cidade surpreendeu-me pela sua reserva. Senti, de fato, a poesia do grande porto, com meu navio a penetrar lentamente o Tâmisa nas luzes de uma antemanhã cinza-azul, toda povoada de lentas asas brancas de gaivotas. Mas quando enfrentei as calçadas de Piccadilly Circus, cerca de meu hotel, senti como se a cidade imensa estivesse se divertindo em observar o rapaz carioca - o rapaz carioca em quem o moleque de praia era doublé de um poeta um tanto metafísico e esotérico - em seu primeiro contacto com a austeridade do Império Britânico. E encabulei. Eram seis horas da tarde e havia multidões pelas ruas desembocando de Regente e Bond Street, multidões que passavam por mim sem me olhar, a dar-me a sensação de que eu era justamente o que a minha vaidade de jovem poeta premiado não podia permitir que eu fosse: uma forma liliputiana a mais a passear no rosto gigantesco de Gulliver, acorrentado, mas a divertir-se com a pequenez dos seus conquistadores. Lembro-me de que, num dado momento, passou por mim uma família hindu, vestida a caráter, os homens de turbante, as mulheres envoltas em saris. Eu nunca tinha visto um hindu na minha vida. Aquilo foi demais para mim. Fui refugiar-me atrás de um sherry no bar do meu hotel, de onde só saí para ir dormir, às nove da noite. No quarto, sozinho, senti um isolamento atroz, que me parecia vir da cidade infinita a trazer-me de vez em quando, adormecidos pela distância, os ruídos informes de sua vida noturna.

Foi só três ou quatro dias depois, ao tentar atravessar uma rua no momento errado, que me senti realmente protegido pelo Império Britânico, e comecei a achar que, malgrado a minha selvageria de menino de ilha, poderia amar a Inglaterra. Ao avançar, pousou-se sobre o meu ombro uma mão, a um tempo imperiosa e amiga, que me fixou ao solo sem maior esforço. Olhei para o lado e vi, acima, muito acima de mim, mirando em frente, esse ser especial no mundo que se chama um guarda inglês, um constable: alto como a Torre de Londres, firme como a rocha de Gibraltar. Quando o momento de atravessar chegou, a pressão desfez-se do meu ombro, a mão retirou-se e eu pude partir. Dei-lhe um olhar grato, a que ele respondeu com um outro, em que senti um frio e inteligente senso de humor.

Uma semana mais tarde, numa tarde agônica, constantemente cortada de uma chuva fina e neurastenizante, estando eu a comprar uma entrada para um concerto de Yehudi Menuhin, vi uma fila de guarda-chuvas formada numa rua cerca do teatro. Dirigi-me para lá. Pouco depois passava, num automóvel, um senhor, ou melhor, um guarda-chuva famoso, a agitar na mão uma folha de papel para o povo que o aplaudia. Nesse senhor reconheci o primeiro-ministro Neville Chamberlain e lembrei-me de que ele voltava de Munique. O papel em questão era o pseudocompromisso de não declarar guerra, de Hitler, que, apesar disso, logo em seguida incorporaria a Tchecoslováquia ao poderio alemão. Não dei muita importância ao fato, pois naquele tempo eu tinha apenas 24 anos e a política não era o meu forte. Mas dois dias não eram passados e vi no rosto do homem das ruas de Londres a "ressaca" daquele triste e inútil desfile. Vi o povo de Londres de siso grave e olhar preocupado. Li pela primeira vez nos seus traços o sentimento contido da cólera e achei que, desabafada, essa cólera deveria ser terrível.

Não me lembro mais se foi na véspera de Munique, ou pouco antes, que correu a notícia de que Londres seria bombardeada. Eu passara o dia em casa de um conhecido e ao sair à rua, sem saber ainda de nada, entrei no fog mais espesso que já vi na minha vida. Encostei-me a um edifício e resolvi esperar, e não sem um certo sentimento de estranheza no coração. Foi novamente um constable que me tirou da dificuldade, encaminhando-me, como um guia de cego, até um táxi; e só quando cheguei ao meu quarto, numa pensão para onde me mudara - um quarto no subsolo, desses de onde se vê, através da janela, apenas os pés da humanidade - é que encontrei um bilhete do British Council mandando-me seguir de urgência para Oxford. Do céu noturno de Londres chegava-me, maciço e constante, o ronco dos aviões de caça, à espera de qualquer eventualidade. Era a minha primeira experiência de guerra, mas não tive nenhum medo e resolvi desobedecer ao Conselho Britânico. Deitei-me e fiquei à escuta daquele ruído informe, sinistro e pressago, o ouvido atento ao silvo eventual da primeira bomba ou ao estilhaçar da primeira explosão. Aquilo tudo era, para mim, uma grande aventura, uma grande aventura que, misteriosamente, me aproximava da Inglaterra e do seu povo. Achei dentro de mim que seria uma covardia eu desertar, abandonar Londres às bombas alemãs, não estar presente a sua defesa, não defendê-la eu mesmo - à cidade que tinha mãos para proteger minha vida, cuidados maternos para com a minha inexperiência. E assim foi que acabei por dormir. Nunca cheguei a confessar ao Conselho Britânico,a minha indisciplina, o que faço agora, certo de que, no seu fair play, a nobre entidade a estimará mais do que estimaria uma obediência mecânica e menos proveitosa, do ponto de vista da experiência e do coração.

Uma certa noite, depois de alguns drinques - e possivelmente one too many - eu cismei de subir o underground de Piccadilly Circus no sentido inverso. A escada rolante desce a uma velocidade razoável, e tratava-se de ultrapassar essa velocidade e atingir a plataforma superior da grande estação. Lancei-me à prova, que até hoje não sei como consegui terminar, tal foi o esforço empregado. Pois bem: fui formidavelmente encorajado por todos os que desciam, a me animarem com palavras e aplausos, havendo-se formado uma verdadeira torcida a meu favor. Não houve um só protesto contra a impertinência do estrangeiro a perturbar a boa ordem de um serviço de utilidade pública. Esse foi meu primeiro contato com o espírito esportivo inglês, e uma das razões por que amei a Inglaterra e me senti tão bem em Londres.

Depois, em Oxford, muitos outros elementos vieram solidificar a estrutura desse sentimento de afetividade crescente para com a Inglaterra. Lembro-me, por exemplo, da primeira gafe que cometi à mesa de jantar, no grande hall de Magdalen College. Ignorante ainda dos usos e costumes da Universidade, alguma coisa fiz que foi notada pela high table, ou seja, a mesa do deão e dos professores do colégio - os tutors, como são chamados -, o que me valeu receber um bilhete em latim, trazido por um mordomo numa pequena bandeja de prata. Segundo esse bilhete, eu deveria expiar a minha gafe bebendo uma quantidade de cerveja suficiente para afogar um recém-nascido, cuja cerveja me foi trazida num fantástico canecão, cheio até as bordas. Vi todo mundo parar de comer e voltar-se para mim: mais de quatrocentos estudantes em suas capas pretas. Tratava-se de beber ou morrer. Levantei-me, tomei da enorme caneca e iniciei a prova. Até a metade foi tudo muito bem. Mas da metade para baixo, não sei até hoje como consegui ingerir aquilo. Sentia como se a cerveja me fosse sair pelos ouvidos, de tal modo estava locupletado. Mas o fato de ser o primeiro brasileiro com uma bolsa do Conselho Britânico para Oxford impôs-me o dever moral de não fazer feio, custasse o que custasse. E bebi, impulsionado por aquele sentimento cego. Não é preciso dizer como fui encorajado sobretudo na parte heróica da prova, pelos meus colegas. Quando acabei, a ovação foi geral. Dali por diante, todos passaram a falar comigo afetuosamente, e comecei a ser convidado freqüentemente para os loucos parties nos quartos dos estudantes. Aí está Reginald Maudling, ex-aluno do Merton College, atual ministro do Império Britânico e companheiro querido dos dias universitários, que não me deixa mentir.

De outra feita, um rapaz cujo nome não me lembro, disse à mesa coisas desairosas sobre o Brasil. Disse-o mais para implicar comigo, pois era o único estudante dos que sentavam perto de mim que parecia não ir particularmente com o meu jeito. Na saída do hall, numa escada, ainda ajuntou algo mais, alto bastante para que eu ouvisse. Desci-lhe o braço, e não fosse a quantidade de estudantes que se aglomeravam na escada e que o sustentaram na queda, é possível que se tivesse machucado seriamente. Fui, muito amolado com a história, para o meu quarto, à espera dos seus padrinhos, que ele me disse mandaria imediatamente, a fim de que nós fôssemos fight it out, nos grounds do colégio. Embora muito brigão em menino, sempre me desagradou a violência fisica, e não sei o que teria dado para ver o assunto resolvido amigavelmente. Pois bem: os deuses da boa educação inglesa atenderam aos meus rogos. Meia hora depois chegavam os padrinhos do rapaz, mas não para me levarem com eles. Para conversarem, sim, com os meus padrinhos, e apresentarem desculpas em nome do meu desafeto. Que ele reconhecia ter-se comportado mal e gostaria que eu esquecesse o incidente.

Larguei todo o mundo e fui, correndo e emocionado, ao seu quarto, onde nos abraçamos estreitamente. Depois disso ficamos bons camaradas, e só não o ficamos mais porque, no período seguinte, ele saía da Universidade. Isso chama-se fair play: qualidade que se pode encontrar eventualmente em indivíduos, mas nunca tão universalmente como na Inglaterra.

Não foi exatamente fácil para mim a vida em Oxford. Estranhei, de início, a quase total liberdade dada aos estudantes de trabalhar, numa espécie de desafio ao seu senso de responsabilidade. Meu inglês, apesar de o haver eu capinado duramente antes de sair do Brasil, estava longe de ser perfeito, e tive de enfrentar um período preliminar de anglo-saxão, em cima do "Beowful" e outros textos arcaicos da literatura inglesa. Chegava, uma vez por semana, ao quarto de meu tutor em total desalento. Ele me encorajava. Que não desanimasse, era assim mesmo, logo me habituaria. Paralelamente, freqüentava o curso de poesia do professor Fox, e devorava os livros que constituíam meu dever semanal. Mas atrapalhava-me muito o estado altamente lírico em que o ambiente universitário me deixava, agudizado ainda mais pela leitura, por minha conta, dos poetas modernos. À noite, em meu estúdio, pegava o violão, que tanto encantava minha landlady miss Mourdaunt, e me deixava estar, cogitando versos, sonhando a forma nova de minha poesia, que deveria realmente revelar-se a partir daí. Depois murava-me contra a poltrona, com uma tábua de escrever, e fazia versos sem parar. Quando me faltava o espírito, traduzia literalmente os sonetos de Shakespeare, que procurava depois recriar em português. Vivia às voltas com o dicionário de Oxford. Sabia que ali, no meu colégio, tinha estudado Shelley, um poeta grandemente amado. Tudo isso me perturbava muito. Às vezes saía à noite, pelas vielas internas, para um passeio a coberto dos proctors, os guardiães da Universidade, que volta e meia passavam, nos seus bowler-hats, à cata de estudantes noctívagos. Sofria da beleza daqueles muros ilustres, daquela pedra patinada por séculos de cultura, como a exsudar dentro da noite o calor de sua sábia austeridade.

Foi talvez o período mais fecundo de minha vida de poeta. O verso, a principio timidamente, foi-se afirmando numa forma cada vez mais enxuta e clara, com um anseio muito maior de comunicação. O soneto, principalmente, começou a impor-se a determinados temas com uma prestança nunca experimentada. Dois terços de meu livro Poemas, sonetos e baladas foram escritos em Oxford, a bem dizer nos primeiros seis meses universitários.

Houve outros sofrimentos também, tirante os da vida puramente escolar. O caso é que, no Brasil, eu tinha remado, cerca de um ano, no Clube de Regatas do Flamengo, sob os palavrões de ensinamento de um palamenta famoso como "Engole-Garfo", que fizera num iole-a-dois o raid Montevidéu-Rio de Janeiro. Tratava-se de um ambiente da mais total boçalidade, mas eu saíra do Clube sob a impressão de que era um remador. Assim é que, quando me perguntaram que esportes queria praticar, disse imediatamente: remo e boxe. Quem sabe não chegaria a disputar um dia um campeonato intercolegial...

Comprei calções extraordinários, camisas de lã fabulosas e lá fui, através de Christ Church Meadows, para a barcaça de Magdalen College, ancorada à margem do Isis, que é o nome universitário do Tâmisa em sua tranqüila passagem por Oxford. O instrutor pôs-me num esquife e, de sua bicicleta, à margem, ordenou-me com um alto-falante manual que desse umas poucas voltas pelo rio, que era para ele julgar de minhas possibilidades. O resultado é que, eu, o remador do Flamengo, tive que remar 15 dias a seco, num esquife especial colocado em terra, para reaprender tudo de novo. Desde a posição das mãos nos remos até o tempo das remadas, estava tudo errado. Fiquei meio humilhado, mas embora nunca tivesse tido a honra de remar pelo meu colégio, nem por isso deixaram de me colocar numa guarnição que, nas frias manhãs de Oxford, remava como um só homem, antes da ducha quente na barcaça de Magdalen College.

Com o boxe a experiência foi mais dolorosa ainda. Comprei luvas de seis onças, calções de primeira qualidade, sapatos apropriados, e ingressei na Academia da Universidade. Tive um mês de instrução, aprendendo o a-b-c do boxador, e fazendo muita corda e muito saco de areia para endurecer a fibra. Depois passei para a punching ball e, de vez em quando, fazia um ou dois rounds com o meu instrutor. Mas meu instrutor era um santo, e nunca me acertava à vera. Uma bela tarde, chego à Academia e ele me anuncia ter destacado um aluno mais antigo para me experimentar. Fui para o ringue e não pude deixar de sorrir ante o físico do meu adversário. Tratava-se de um magriço, um rapazinho da minha altura mas muito menos sólido que eu, com as costelas à mostra e uns bracinhos finos, que as luvas pareciam engolir. Resultado, não o acertei uma só vez, e ele encaixou tantos que, no fim do terceiro round, completamente grogue e presa dessa horrível angústia da impotência diante da competência, fui dado como incapaz de continuar a luta. Confesso que não voltei à Academia nem sequer para buscar os meus apetrechos, que tinha deixado lá.

Tudo isso, embora não desse ao mundo nenhum grande desportista, não deixou de incutir no primeiro bolsista brasileiro para Oxford um senso de esportividade. Torci muito pela minha Universidade, nas grandes regatas contra Cambridge, que, ai de mim, perdermos nesse ano.

E que não dizer de minha grande dívida à poesia inglesa, de que já falei atrás, mas sobre o que quero voltar. Que não dizer do que devo a esses poetas todos que, desde Chaucer, desde os anônimos elizabetanos, comecei a ler e amar, e que tanto me deram nos duros caminhos da poesia. O que não dizer da imensa dívida a Shakespeare, para mim o maior dos poetas da humanidade: das indescritíveis descobertas operadas no texto dos sonetos, sobre que teria feito a minha tese, não houvesse a guerra, que me apanhou em férias na França, impedido a minha volta à Universidade. O que não dizer das noites do terrível inverno de 1938, passadas no meu estúdio de High Street, em companhia de Milton, Dreyden, Blake, Wordsworth, Coleridge, Keats, Shelley, Lear, McNeice, Auden e Eliot; das noites de releitura de tantos clássicos da meninice: Robinson Crusoé, Ivanhoe, Alice in Wonderland e o conhecimento de clássicos novos: Pilgrim's Progress, Pride and Prejudice, Wuthering Heights, The Forsyte, Saga, Jude, the Obscure e tantos outros - o romance inglês a me oferecer um novo panorama da vida e da paixão dos homens e mulheres da Inglaterra.

Eis por que amo a Inglaterra, e eis por que sua lembrança ficou em mim, todo esse tempo, viva e exata como a de nenhum outro país jamais visitado e conhecido. Ao voltar a Londres depois de 16 anos, como me foi doce reconhecer ruas percorridas, rever edifícios familiares, olhar os doces telhados de Chelsea, onde morei, em King's Road, e que me sugeriram o canto bilíngüe de minha "Quinta elegia"... E à BBC, onde trabalhei durante as grandes férias de verão de 1938, nos primeiros programas para o Brasil, pude dizer com emoção: já fostes a minha casa. Pois foi em casa que me senti nela e em Londres; como, de resto, em toda aquela bela e grande ilha, ao mesmo tempo apaixonada e discreta, cordial e austera, pátria de poetas como não se viu maiores, na longa luta do mundo para realizar-se em tranqüilidade e poesia.

Tintoretto

Jacopo Robusti, called Tintoretto:  Nativity  (detail of the head of the Virgin, late 1550s, reworked 1570s, oil on canvas)

O volume morto. Arnaldo Jabor

O volume morto
Arnaldo Jabor

A palavra de ordem não era derrotar o capitalismo? Pois agora estão conseguindo cumprir

No Brasil, qual a diferença entre o comunismo de antigamente e o comunismo de hoje? Só uma: hoje eles estão no poder. Essa é a diferença principal. Na oposição são ardorosos sabotadores, no poder são um desastre administrativo. E se dedicam a sabotar o capitalismo mesmo dentro do poder capitalista. Como eles costumavam dizer, essa é a “contradição principal” deles: como ser contra o regime e governá-lo ao mesmo tempo?

A outra diferença entre ontem e hoje é de sentimentos: antes havia sim uma esquerda romântica, como vi e vivi nos tempos de estudante na UNE. A esquerda não era corrupta. Hoje a esquerda é só um pretexto para o petismo, o lulismo e o banditismo.

Naquela época, não. Nosso romantismo era meio babaca, mas era a única porta para entender o mundo.

Nós éramos mais “puros”, mais poéticos, mais heroicos que os meus colegas de PUC, todos já de gravatinhas adultas. Como era bom se sentir acima dos outros, não por competência ou cultura, mas por superioridade ética. Os operários eram nossa meta existencial. Para nós eles eram o futuro da Humanidade. Nas oficinas do jornal estudantil que eu fazia, crivavam-nos de perguntas e agrados, sendo que os ditos operários ficavam desconfiados e pensavam que nós éramos veados e não fervorosos “revolucionários”.

Naquele tempo não era possível pensar de outro jeito. De Sartre a Brizola, não havia outra ideologia disponível. A guerra fria dividia o mundo em duas facções, e a tomada do poder de Fidel Castro inebriou nossos desejos. Mesmo delirando em utopias, queríamos verdadeiramente, romanticamente salvar o país, contra o “imperialismo americano, o latifúndio e a direita espoliadora”. Não havia espaço para outras ideias, e quem ousasse pensar diferente era canalha, lacaio dos americanos. Por exemplo, Raymond Aron era de “direita” porque discordou do Sartre, pois esse incitava seus leitores para agir; Aron ensinava-os a pensar. Como acreditávamos nessa dualidade, ela virou uma verdade incontestável. E essas “verdades” criaram uma nova linguagem que praticávamos com fé e determinação. Em vez dos fatos, a linguagem bastava e nos movia. A linguagem ignorava o mundo real, chato e complexo demais para a mutação histórica que faríamos pois, afinal, éramos os “sujeitos da história”. Só as palavras simplistas explicavam nossa visão de mundo: alienação, massa atrasada, massa avançada, conscientização, sectarismo, aventureirismo, reacionarismo, entreguismo, proletariado, democracia burguesa e a palavra sagrada que tudo justificava: o “povo”.

E é impressionante a manutenção das mesmas ideias de 50 anos atrás. Éramos implacáveis com as tentativas de conciliação; um dia, o próprio Costa e Silva aceitou receber uma delegação de estudantes. Nada aconteceu porque nós, na porta do Planalto, nos recusamos a vestir paletós. Nossas certezas eram tão sólidas que me lembro de dizer, no dia 31 de março de 1964: “Oba! Já derrotamos o imperialismo americano; agora só falta a burguesia nacional!” No dia seguinte, a UNE pegava fogo e surgia o anão verde-oliva Castelo Branco, o novo ditador.

Como era fácil ignorar a realidade quando se é da oposição, como era (e é) moleza tramar um programa político sem ter de administrar nada. Os românticos esquerdistas achavam que administrar era coisa de capitalistas (e ainda acham) pois, no desespero da zona geral, tiveram agora de contratar um “neoliberal” para tentar salvar um país quase em “perda total”.

Na época, tudo fazia sentido para nós, sentido calcado em palavras-chaves que descreviam a vida, o país, as tragédias mundiais, a subestimação da resistência daquele mal chamado “capitalismo” que tudo descrevia. O capitalismo era tratado como uma pessoa: “capitalismo hoje acordou de mau humor, o capitalismo tentou nos enganar outro dia, o capitalismo está mentindo etc.” Nunca entenderam (como hoje) que o capitalismo não é um regime político, mas um modo de produção — mal ou bem, o único que ainda funciona nesse mercado devastado por crises.

O socialismo utópico ou não era a única ideologia que movia o mundo e que agora justifica a destruição do Estado e do país que os petistas estão perpetrando. De certa forma, essa cagada que aprontaram (perdoem a vulgaridade) foi uma vitória.

A palavra de ordem não era derrotar o capitalismo? Pois agora estão conseguindo cumprir sua utopia: derrotá-lo (e o Brasil junto) sem terem nada para botar no lugar. É espantosa a capacidade de errar dessa gente. Mas para eles, na pior tradição hegeliana, o “erro” é apenas um acidente de percurso. O erro é apenas uma contradição negativa e passageira. Nesse tempo, as reuniões eram incessantes e insuportavelmente longas. E era o mesmo papo de agora no PT: precisamos falar com o povo, com movimentos sociais, sindicatos e (uma palavra que me deprimia) “associações de bairro”. Eu pensava: “Que será isso? Será que querem conscientizar minhas tias?”. Nas infinitas reuniões todos falavam inflados de certezas e ao final se perguntavam: o que fazer? Ninguém sabia. Mas continuávamos firmes militantes do nada, sem saber para onde ir, porque ter dúvidas era “revisionismo”. É como hoje; ver o Rui Falcão falando até me emociona, pois é uma viagem no tempo. Não havia espaço para os males internos e seculares do Brasil; tudo era culpa dos inimigos externos (como hoje — não é, Dilma?).

Hoje já estão no “volume morto”, como definiu o Lula num raro acesso de autocrítica, mas continuarão persistindo na marcha da insensatez. Eles não mudam nunca.

Nunca me esqueço de um debate do grande intelectual “aroniano” José Guilherme Merquior com dois marxistas na TV. Os dois falavam sempre dos erros da esquerda, mas considerados apenas como “percalços” de uma marcha triunfal para o futuro. Eles diziam, batendo no peito: “Erramos no stalinismo, na Hungria, em Praga, aqui erramos em 1935, 1964, em 1968, mas continuaremos lutando.” Merquior respondeu na lata: “Por que vocês não desistem?”

Dance rock com Celly Campello (Estúpido Cupido)

Sarah Chang - Bruch Violin Concerto No. 1 in G Minor, Op. 26

Peixaria PT. Especializada em robalo.

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Conta corrente 112.744-6

domingo, julho 26, 2015

André Rieu - Adiós Nonino

A educação de um filho começa setenta anos antes

Evangelho segundo São João 6,1-15.

Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades.
Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes.
Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos.
Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?».
Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer.
Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um».
Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro:
«Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?».
Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar, e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil.
Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram.
Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca».
Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido.
Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo».
Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.

Gauguin

Paul Gauguin - Mata Mua (in Olden Times), 1892 at Museo Thyssen-Bornemisza Madrid Spain

A arte de ser avó. Rachel de Queiroz

A arte de ser avó.
Rachel de Queiroz

Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu... É como dizem os ingleses, "um ato de Deus". Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto. O neto é, realmente, o sangue do seu sangue, o filho do filho, mais que filho mesmo...
Cinquenta anos, cinquenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que você esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações, todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto, mas acredita. Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores com paixões:a doçura da meia idade não lhe exige essa efervescência. A saudade é de alguma coisa que você tinha e que lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade.
Bracinhos de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as crianças?
Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum suas crianças perdidas. São homens e mulheres- não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe coloca nos braços um bebê. Completamente grátis- nisso é que está a maravilha.
Sem dores, sem choro, aquela criancinha da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade, longe de ser um estranho, é um filho seu que é devolvido.
E o espanto é que todos lhe reconhecem o direito de o amar com extravagância. Ao contrário, causaria espanto, decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho certeza de que a vida nos dá netos para compensar de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre o olho e diz: "Vo!", seu coração estala de felicidade, como pão no forno!

Rachel de Queiroz

Maria Bethânia. Jeito estúpido de te amar

A melhor herança é a dignidade

Henry Purcell: Dido's Lament, Anna Dennis, soprano

sábado, julho 25, 2015

O brejo está se aproximando da vaca

Van Gogh

Poppy flowers - Van Gogh

'Às vezes, é melhor ficar quieto e deixar que pensem que você é um idiota, do que escrever e não deixar nenhuma dúvida.'

Só a Grécia salva Dilma. Guilherme Fiuza

Só a Grécia salva Dilma
Austeridade é o palavrão da moda. A Grécia deve € 26 milhões à Espanha, e a culpa é dos espanhóis
Guilherme Fiuza

Do alto de seus 9% de aprovação, Dilma Rousseff abriu as janelas do palácio e bradou ao povo: “Eu não vou cair”. A presidente afirmou que a Operação Lava Jato nunca vai provar que ela roubou. E que “todo mundo neste país sabe” que ela não roubou. É um pouco constrangedor quando a argumentação chega a esse ponto. Lembra aquele político de Brasília que, apanhado fraudando o painel de votação do Senado, reagiu: “Eu não matei! Eu não roubei!”. Acabou preso.

Se Dilma chega ao ponto de declarar que não é ladra, o brejo está mesmo se aproximando da vaca. Até aqui, a presidente tem contado com a formidável blindagem do STF, coalhado de companheiros que chegaram lá graças a décadas de bajulação ao PT. A dobradinha com o procurador-geral da República, de fazer inveja à dupla Messi-Neymar, impediu até agora que Dilma fosse sequer investigada. E, se não for investigada, realmente jamais será provado que ela roubou.

Vamos economizar trabalho aos investigadores: Dilma não roubou. É apenas a representante legal de um grupo político que depenou o país. Que, entre outras façanhas, estuprou a maior empresa nacional – naquele que foi possivelmente o maior roubo da história, chegando pelas últimas estimativas à casa dos R$ 20 bilhões. Com um currículo desses, que inclui o assalto cinematográfico do mensalão, muitos petistas não se sentem ladrões. E estão sendo sinceros. Eles acham que expropriar recursos do Estado em benefício do partido governante é uma espécie de mal necessário – um meio não muito nobre que justifica o mais nobre dos fins: manter a esquerda no poder, em nome do povo.

Ninguém jamais localizará essa procuração dada pelo povo aos iluminados do PT, autorizando-os a sugar a economia popular para montar uma casta governante com estrelinha no peito e figurino revolucionário. Há quem diga que o falsário mais perigoso é o que acredita na própria falsidade. A impostura involuntária é contagiosa. Basta ver quantas personalidades respeitáveis mantêm o apoio ao governo delinquente, de peito estufado e latejante orgulho cidadão. Um país está em maus lençóis quando perde a capacidade de distinguir os inocentes úteis dos parasitas convictos.

A crise na Grécia veio mostrar que a demagogia do oprimido está longe de ser desmascarada. Na apoteose da mistificação populista, boa parte do mundo culto resolveu se convencer de que os gregos são vítimas da austeridade – o palavrão da moda. Como disse Mario Vargas Llosa: a Grécia deve € 26 milhões à Espanha, e a culpa é dos espanhóis. A receita é genial: você gasta mais do que tem, pede emprestado para cobrir o rombo, faz um plebiscito para oficializar o calote e, quando lhe cobram a dívida, você alega desrespeito à soberania.

E eis a bancada do PT querendo enquadrar a Polícia Federal. A Lava Jato é realmente um flagrante desrespeito da soberania petista, ferindo seu direito de ir e vir entre os cofres públicos e o caixa do partido. A PF tem de se submeter a quem tem voto, argumentou um deputado do PT. É uma espécie de tráfico de democracia – o criminoso com voto vira vítima.

E aí, embebido da inocência aguda que o eleitor lhe concedeu, o Partido dos Trabalhadores decide atacar a política de juros altos praticada pelo governo do Partido dos Trabalhadores. Basta de austeridade, vociferam os mandatários oprimidos. Tudo sob as bênçãos de Caloteus, o deus grego do almoço grátis. A sobremesa de demagogia caramelada é por fora – tratar com o tesoureiro.

O problema é que o tesoureiro está preso. Entre outras acusações, responde pela suspeita de roubar a Petrobras para financiar a eleição da presidente – que jura não ter roubado um tostão. Mandato roubado não tem problema. O PT montou uma casta de nababos, nadando em verbas piratas, propinas oficiais, altos cargos e altíssimos subsídios partidários, mas ninguém roubou um tostão. É tudo dinheiro da revolução – a tal procuração popular para essa gente sofrida desfalcar o contribuinte e padecer no paraíso.

O site Sensacionalista revelou por que Dilma disse que não vai cair: “As pedaladas foram dadas com rodinhas”. E acrescentou que ela não sabia quem estava pedalando sua bicicleta. É isso aí. O jeito é continuar falando grego, língua oficial dos caloteiros do bem.

Apelo - Elizeth Cardoso e Raphael Rabello

A Cor do Paraíso - Filme Completo


A Cor do Paraíso narra a comovente história de Mohammad, um menino cego que mora numa escola para deficientes visuais e que, nas férias, volta para seu vilarejo nas montanhas, onde convive com as irmãs e sua adorada avó.
O pai, que é viúvo, se prepara para casar novamente. Mohammad é um garoto muito vivo, que tem uma enorme sensibilidade. Seu jeito simples de "ver o mundo" é uma lição de vida.

Mônica Klein


Lula, é a sua vez

Clique: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/executivo-da-oas-se-oferece-para-contar-a-lava-jato-segredos-devastadores-sobre-lula

Capa VEJA - Edição 2436

sexta-feira, julho 24, 2015

A maturidade. Suely Monteiro

A Maturidade abriu os portais da minha vida para a chegada da Velhice.
Recebi-a e, como eu imaginava desde a juventude, foi amor à primeira vista.
A simpática senhora sorriu-me de modo doce e quando a convidei para conversarmos no jardim de inverno, preferiu que fossemos para o salão de visitas por ser mais amplo.
Explicou-me que gostava de ser vista, admirada e , também de mostrar seus dotes ao mundo. Como é Vaidosa essa senhora - eu pensei -, mas notei pelo seu sorriso que lera meu pensamento e não se importou muito com minha opinião sobre o assunto.
Disse-me que sua chegada mudaria minha vida.
Amei o jeito suave com que tomou meu braço e, talvez por isto, não esbocei reação negativa quando percebi que ela foi ocupando todos os espaços que considerava razoável e redecorando-os (à medida em que conversávamos sobre diferentes assuntos ) com sobriedade, elegância e muito bom gosto, mas a seu modo.
Arrastando algumas peças que considerava pesadas para mim , confidenciou-me que guardaria na galeria central as obras da minha infância, adolescência e maturidade, mas que elas não deveriam servir , daquele momento em diante, senão como suporte ou base para as novas construções que faríamos juntas. Riu, como uma menina levada, e continuou detalhando seu projeto para o meu futuro com ela.
Gente, vcs não imaginam com que rapidez ela tomou conta da minha vida!
Parecíamos velhas conhecidas perfeitamente harmonizadas passeando por avenidas, ruas, vielas, lagos, montanhas, sob climas variados e coloridos de emoções , sentimentos, enfim, de reações de gradações tão ricas, diferentes e, algumas vezes, tão sutilmente discordantes entre si, que eu quase não me dava conta de que aquelas paisagens musicadas que serviam de mobiliário para meu novo ambiente, nada mais eram do que a minha vida que readquirira valor e beleza pela forma com que a sábia cenógrafa a estava dispondo...
Ela ensinou-me a olhar e sentir de um modo totalmente novo, rápido e eficiente.
Mostrou-me como mergulhar fundo nas coisas sem me machucar, usando a instrumentação adequada.
Num passe de mágica retirou muitas de minhas arestas adelgando meu perfil psicológico ao mesmo tempo em que o enrijecia sem ser em demasia, esculturando-o com o mármore do amor (material que só então compreendi), se constitui ou pelo menos se encontra em abundância no self.
Descobri que ao expandir a visão e percepção de mim, das pessoas e, consequentemente, do mundo, a Velhice estava, sim, mudando minha vida, pra melhor.
Eu estava encantada!
Eu continuo encantada!

O girassol. Vinicius de Moraes

O girassol
Vinicius de Moraes

Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel.

O girassol é o carrossel das abelhas.

Pretas e vermelhas
Ali ficam elas
Brincando, fedelhas
Nas pétalas amarelas.

— Vamos brincar de carrossel, pessoal?

— "Roda, roda, carrossel
Roda, roda, rodador
Vai rodando, dando mel
Vai rodando, dando flor".

— Marimbondo não pode ir que é bicho mau!
— Besouro é muito pesado!
— Borboleta tem que fingir de borboleta na entrada!
— Dona Cigarra fica tocando seu realejo!

— "Roda, roda, carrossel
Gira, gira, girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol".

E o girassol vai girando dia afora . . .

O girassol é o carrossel das abelhas.

O falso pisa em falso

Lampião, o rei do cangaço.

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade - Ser Saudável (06/07/...

André Rieu - My Heart Will Go On

A profissão impossível. Marcelo Ferreira Caixeta

A PROFISSÃO IMPOSSÍVEL : PORQUE, HOJE EM DIA NO BRASIL, É CADA VEZ MAIS PERIGOSO SER UM BOM MÉDICO.

Marcelo Ferreira Caixeta

A PROFISSÃO IMPOSSÍVEL : PORQUE, HOJE EM DIA NO BRASIL, É CADA VEZ MAIS PERIGOSO SER UM BOM MÉDICO.
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Há poucos dias, em Goiânia, uma paciente, 24 anos, dona-de-casa, mãe de dois filhos, morreu de uma doença disseminada, epidêmica, mas pouco conhecida, chamada “conluio do anonimato” . Esta doença foi descoberta pelo psiquiatra húngaro M. Balint, relatada em seu livro “O médico, seu paciente e a doença”. A paciente citada, com acidente vascular hemorrágico, ou seja, artéria sangrando dentro do cérebro, peregrinou por 10 hospitais de Goiânia, sem que nenhum tivesse assumido seu caso prá valer; médicos e hospitais se esconderam no “anonimato de uma rede complexa”, hospitalar, governamental, conveniada com o SUS, privada, dentro da qual “ninguém é dono do paciente”. Agora, após a morte, fala-se em “punir culpados”, mas, eu pergunto, “que culpados?”. Os dez hospitais ? As dezenas de médicos pelos quais ela passou ? Os gestores públicos, os governadores, a presidente, os prefeitos ? Nenhum deles, a culpa está estrategicamente diluída. Um dos motivos pelos quais os donos de hospitais particulares estão fechando seus estabelecimentos é este : não querem mais ficar na linha de frente, como pessoa física, como sujeitos a processos e indenizações. Querem, como as instâncias governamentais, como os “médicos de convênio”, como os “hospitais dos planos de saúde”, diluírem a culpa... e assim livrarem-se dela.
Nos convênios médicos é assim, vou citar exemplos concretos. Chega em nosso hospital psiquiátrico uma senhora com 83 anos de idade, quase morta de tanto remédio, de tantas condutas médicas, de tanta intoxicação e intervenções, procedimentos, etc. Dizem que ela tem diabetes, hipertensão, hipotiroidismo, parkinson, depressão, psicose, ileo paralítico ( “intestino que não funciona” ), epilepsia, AVC, excesso de ácido úrico, falta de vitamina B12, etc. Aí a gente interna a paciente e começa a investigar, vai tirando remédio para diabetes, vai tirando remédio para hipertensão, para tireoide, etc, etc, no final não sobra quase nada. Ou seja, a paciente estava sendo “morta” por tanto entulho de remédios e diagnósticos que ela estava recebendo por médicos “superficiais”, cada um “tratando” os efeitos colaterais que o outro “médico superficial” produziu. E nenhum coordenando nada, nenhum pensando o quadro dela como um todo. Diriam eles : “mas como você quer que a gente se debruce sobre um quadro complicado destes ganhando 40 reais por consulta ? ( é 70, mas retirando taxas, impostos, secretária, aluguel, consultório, condomínio, conselho de medicina, sindicato, combustível, telefone, etc, só sobra isto mesmo ) . Ou seja, a paciente é de todo mundo mas não é de ninguém, ninguém se responsabiliza por ela, ninguém, de fato, “sabe o que está acontecendo”. No SUS, nem precisa falar, é pior ainda. No mundo hospitalar, o mesmo problema se aplica. Aí, se aparece um médico, um hospital, que resolve “assumir” tudo, pegar no chifre do boi, são estes que irão levar chumbo da família, pois estes são “pessoa física”, são “pessoas-em-carne-e-osso”. Estes estão ali para o que der e vier e, como todos sabem, as maiores decepções a gente tem com quem a gente mais ajudou, com quem a gente mais deu amor. Quando estoura um problema, quando morre alguém, quando as sequelas advêm, aí os parentes, os pacientes, vêem em cima de quem está ali. Eles não vão em cima da “cadeia enorme de anonimato” que só “deu uma olhadinha, fez um examezinho, fez um diagnoticozinho, deu uma dicazinha, e passou por cima, lavou as mãos”. Você que está ali, “segurando o boi pelo chifre”, é que vai levar fumo... Vai levar as reclamações e os processos daquela família. O resto apenas faturou o seu e vazou, mas quem ficou é quem se lasca. Hospitais conveniados, médicos conveniados, sejam pelo SUS, sejam por convênios, sempre terão esta desculpa : “é problema do Governo, é problema do Convênio”, é o Governo que não deu condições, é o plano de saúde que não deu condições. Os próprios médicos, em sua maioria, preferem trabalhar nestas condições de anonimato, por isto os “clínicos de consultório”, os “clínicos de beira-de-leito”, estão desaparecendo, você não acha mais um médico que “cuide” de fato de seu parente, de você mesmo. Cada um só quer ser uma “parte da engrenagem”, justamente para, na hora do pepino, “ele não ter nada a ver com a aquilo”. No caso mesmo desta dona-de-casa que morreu com AVC, agora cada um dilui a sua culpa : “não tínhamos neurocirurgião”, “não tinhamos aparelhos de neuroradiologia intervencionista”, “não fomos notificados, ela chegou andando no hospital”, “enquanto ficou aqui, por uns poucos dias, poucas horas, não apresentou estes problemas”, “encaminhamos para fazer exames”, “encaminhamos para fazer cirurgia”, “o hospital X ou a central de regulação Y não autorizou o procedimento”, etc. Ou seja, é uma teia tão grande de “anonimato” que todos se protegem debaixo dela e passa a ser praticamente impossível julgar responsabilidades no meio de uma selva tão escura. “Bobo”, então, do médico e do hospital que, hoje em dia, resolverem “assumir” qualquer paciente, todo o peso da responsabilidade recairá sobre ele. Isto é outra coisa que sofro em nosso hospital; a gente tenta tratar o paciente do melhor modo possível, com toda individualidade, mas aí “os santos pagam pelos pecadores”, ontem mesmo uma paciente disse : “eu vou filmar o que vocês estão dizendo, vou filmar o que vocês estão fazendo comigo” ( isto porque ela queria dois colchões em sua cama, por causa de problemas de coluna ). É uma paciente com problemas muito graves e que, modestia a parte, nunca havia sido examinada e acompanhada com tanto denodo ( até 5 visitas médicas por dia, duas juntas médicas por dia ). Ela ficou num hospital onde, segundo ela, em 30 dias, fora “vista” apenas duas vezes, ou seja, uma vez a cada 15 dias. Nunca falou em “processar” esta clínica, agora, no nosso hospital, onde recebeu uma atenção que nunca havia recebido, quer “filmar, gravar e processar”. Quer fazer isto porque aqui o nosso hospital tem um nome, tem uma individualidade, tem uma “pessoa física”, ao passo que, nos locais onde ela passou, tanto ela era diluída enquanto pessoa física ( não passava de um número ) quanto os próprios serviços médico-hospitalares eram impessoais... De modo que, hoje, em medicina, quanto melhor você trabalha, ou tenta trabalhar, pior prá você.

Faça sua prece a qualquer hora. Não tem fila

quarta-feira, julho 22, 2015

Ela impeachada, ele assume, o segundo colocado espera e se elege

Van Gogh

Vincent van Gogh -  Almond Blossoms

Luiz Gonzaga - A volta da asa branca

Luiz Gonzaga Canta Acauã de Zé Dantas

Salvador Dali

Dali, Salvador

Luiz Gonzaga - Sanfona Sentida

Jan Vermeer. A Girl Reading a Letter.

Jan Vermeer. A Girl Reading a Letter. Look at the reflection on the window, that is so incredible. That is one reason that Vermeer is a true master.

Nem se despediu de mim - Luiz Gonzaga

Céus

Luiz Gonzaga - Sorriso cativante

Estrela de Ouro. Luiz Gonzaga

O bom cabrito berra quando convém

Razão contra Sandice. Machado de Assis

Razão contra Sandice
Machado de Assis

Já o leitor compreendeu que era a Razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair, clamando, e com melhor jus, as palavras de Tartufo:
La maison est à moi, c'est à vous d'en sortir.
Mas é sestro antigo da Sandice criar amor às casas alheias, de modo que, apenas senhora de uma, dificilmente lha farão despejar. É sestro; não se tira daí; há muito que lhe calejou a vergonha. Agora, se advertirmos no imenso número de casas que ocupa, umas de vez, outras durante as suas estações calmosas, concluiremos que esta amável peregrina é o terror dos proprietários. No nosso caso, houve quase um distúrbio à porta do meu cérebro, porque a adventícia não queria entregar a casa, e a dona não cedia da intenção de tomar o que era seu. Afinal, já a Sandice se contentava com um cantinho no sótão.

-- Não, senhora, replicou a Razão, estou cansada de lhe ceder sótãos, cansada e experimentada, o que você quer é passar mansamente do sótão à sala de jantar, daí à de visitas e ao resto.

-- Está bem, deixe-me ficar algum tempo mais, estou na pista de um mistério...

-- Que mistério?

-- De dous, emendou a Sandice; o da vida e o da morte; peço-lhe só uns dez minutos.

A Razão pôs-se a rir.

-- Hás de ser sempre a mesma cousa... sempre a mesma cousa... sempre a mesma cousa...

E, dizendo isto, travou-lhe dos pulsos e arrastou-a para fora; depois entrou e fechou-se. A Sandice ainda gemeu algumas súplicas, grunhiu algumas zangas; mas desenganou-se depressa, deitou a língua de fora, em ar de surriada, e foi andando...

Matuto de Opinião. Luiz Gonzaga

Mônica Klein. 2

Fernando Gabeira: As meninas entram em cena

Fernando Gabeira: As meninas entram em cena


Você poderia chamá-las de petroputas ou prostipetro, mas não seria preciso. As meninas aparecem em quase todo grande escândalo em Brasília. Não são especializadas. Finalmente, deram as caras no escândalo do Petrolão. Documentos da PF indicam que houve gastos com garotas de programa, mencionadas em rubricas como Jô 132 e 3 Monik nas planilhas de Alberto Youssef, um dos grandes nomes do caso.

Lembro-me de que uma das grandes cafetinas de Brasília uma vez me perguntou no aeroporto o que pensava das garotas de programa nesses escândalos. Disse que não as incriminava. Os políticos e empresários gostam de Rolex, compram sapatos Labutin para suas mulheres. Não se podem culpar as marcas, muito menos os vendedores que não costumam perguntar sobre a origem do dinheiro.

Mas a presença das meninas dá um tom global ao escândalo. O ex-dirigente do FMI Dominique Strauss-Kahn foi preso em Nova York por assédio. Mas na França, onde a prostituição é criminalizada, teve de responder a processo. O mesmo se passa com Silvio Berlusconi, com suas famosas bunga-bungas. Também foi processado.

Num contexto de prostituição legalizada, as coisas seriam mais fáceis. Aos documentos da Lava-Jato seriam incorporados recibos de prestação de serviços. Papai e mamãe, blow jobs e o caríssimo beijo na boca seriam especificados.

A Lava-Jato já tem inúmeros componentes cinematográficos. Mas a entrada das meninas nas festas dos poderosos assaltantes da Petrobras era uma espécie de elo que faltava. Gurus, políticos e empresários costumam revelar nesses episódios o desejo de uma satisfação sexual ilimitada. É uma espécie de calcanhar de Aquiles.

Leio que as garotas de programa já apareceram em revistas e talvez por isso cobrem mais caro. São contratadas como os ricos compram quadros, não pelas formas, mas pela fama do pintor.

Outro dia, um grupo de São Paulo me convidou para contribuir com o roteiro de um filme sobre Brasília. Respondi com uma ideia tão maluca que nunca mais voltaram ao assunto.

Era uma nave de outra galáxia que se aproximava de Brasília com a missão de ocupar alguns prédios habitados por duas tribos de cabelos pintados: os Acaju e os Graúna. Na medida em que eles se aproximavam, acompanhavam pela tela da nave o comportamento da sociedade que ainda não conheciam em detalhes.

Agora vejo que caberia nesse argumento cinematográfico uma garota de programa infiltrada que mandaria mensagens constantes para o big data; crescimento dos implantes de pênis, baixa da tesão nos dias em que o Banco Central anuncia a taxa de juros.

Sempre me interessei pela economia libidinal de Brasília. No passado, escrevi sobre as prostitutas que faziam um cordão em torno do setor de hotéis. Cheguei a propor uma cartilha para os prefeitos do interior distinguirem uma travesti de uma garota de programa.

Um equívoco. Creio hoje que para todos é melhor uma dose de ambiguidade. Uma travesti que conheço, talentosa técnica administrativa, me contou que ao descobrirem o que se trata, alguns políticos fingem que não viram.

Talvez no futuro vejamos um livro do tipo “Memórias de uma cafetina em Brasília”. Espero também que não tenha nomes. Apenas elementos que nos ajudem a descortinar o universo libidinal do poder. Se não servir para a história, no sentido mais amplo, servirá para os roteiristas que buscam histórias de gente de carne e osso.

As meninas custaram a aparecer no Petrolão. Parecia um escândalo baseado em fortunas, compra de apartamentos, obras de arte. Elas apelam não só para um sentido universal, o sexo, mas também para o fugaz reencontro com o doce pássaro da juventude.

Com a entrada da Polícia Federal na casa de Fernando Collor, constatei que, além de seu carro oficial, ele tem três carros de luxo na garagem que devem valer juntos R$ 6 milhões. São apenas três de sua coleção de 14.

Qual o sentido disso, exceto garantir a Collor que ele tem carros de luxo na garagem, que é o bambambã?

Com a grana da corrupção, compram um sopro de juventude, transando com as meninas: com a coleção carros compra-se uma infância de brinquedos de luxo.

A nave se aproxima horrorizada.

Reduzir a jornada de trabalho para ajudar nosso planeta? Mônica Monteiro Klein

Clique: http://www.matrixeditora.com.br/produtos/reduzir-a-jornada-de-trabalho/

Peixaria


Acupuntura

Clique: http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CRMPB/pareceres/2002/16_2002.htm

Todos os perfumes lembram mulher

Não permita a privatização da paisagem pública

terça-feira, julho 21, 2015

Bernini

Desculpa de aleijado é muleta

Como Nossos Pais - Elis Regina

História da Igreja Católica 17. As heresias

História da Igreja Católica
17. As heresias

O apóstolo Paulo já tinha preocupações com a integridade da fé das comunidades cristãs. Deixou advertências contra o risco das práticas judaizantes, gnósticas e contra alguns que negavam a ressurreição dos mortos.

O Apocalipse de João denuncia duas seitas gnósticas: a dos discípulos de Balaão e a dos nicolaítas. Estes últimos amaldiçoavam o Deus do Antigo Testamento e levavam uma vida libertina.

O que é gnose? A gnose é uma espécie de conhecimento superior, adquirido de modo direto, intuitivo, das respostas de todos os problemas que angustiam a alma humana. Todos os grupelhos gnósticos tinham alguns princípios em comum: a maldade da matéria e da carne, a infelicidade do homem, prisioneiro do seu próprio corpo, a existência de uma alma inferior e manchada pelo pecado, e de uma alma superior, celestial, em suma: um dualismo da pior espécie.

Os gnosticismo cristão (sim, porque havia também um gnosticismo judeu - Simão o Mago à frente - e pagão) possuía uma doutrina bastante complexa. Acreditava na existência de eões que emanavam de Deus e que faziam o papel de mediadores entre o mundo e o Criador. Estes eões eram organizados em classes, variando dos menos puros aos mais puros. Todas as classes de eões constituíam o pleroma.

No meio da seqüência de eões, um deles tentou se igualar a Deus e caiu em desgraça. Colocado para fora do mundo espiritual, teve de viver com seus descendentes em um universo intermediário. Revoltado, criou o mundo físico, essencialmente mal e contaminado pelo pecado. O éon prevaricador era conhecido como Demiurgo e identificado com o Deus do Antigo Testamento.

O homem, emanação do éon decaído, contém em si uma centelha da divindade que aspira ser libertada da materialidade. Mal é estar vivo. Os que querem viver estão condenados. São chamados de "hílicos" ou "materiais". Os que buscam a gnose, os "psíquicos", têm a possibilidade de alcançar a paz interior. Finalmente, os que renunciam à vida, os "espirituais", são os únicos capazes de obter a salvação.

Jesus era um éon escondido em um invólucro de carne humana. A razão de sua vinda era ensinar aos homens o verdadeiro conhecimento capaz de libertar, a gnose.

Existiu um gnosticismo sírio-cristão, encabeçado por Saturnilo, e depois por Cérdon. Também houve o gnosticismo de Basílides, hostil ao deus dos judeus. Principalmente, em Alexandria e em seguida em Roma, existiu o gnosticismo de Valentino, que tentava harmonizar o Evangelho com especulações estranhas. Havia ainda os cainitas, que louvavam Caim, os ofitas, que adoravam a serpente do Gênesis, e os seguidores de Judas Iscariotes, que inventaram um novo evangelho. O número de seitas era enorme.

Temos Marcião, gnóstico "híbrido". Entrou em conflito com as autoridades da Igreja de Roma. Saiu e foi excomungado em 144. Tornou-se o fundador de uma contra-igreja, na qual era dogma de fé a existência de dois deuses, um bom e um mal. O primeiro, o Demiurgo, era o Deus do Antigo Testamento: justiceiro, vingativo, impiedoso. O segundo, o Deus verdadeiro, era o Deus pregado por Jesus Cristo: amor, perdão, bondade.

Doutrinas tão "amalucadas", às vezes ridículas e às vezes terríveis, atraíam muitas almas inquietas.

Marcião organizou sua igreja e estabeleceu seu próprio cânone de livros inspirados, rejeitando tudo o que poderia contradizê-lo nas Escrituras. Os marcionitas cresceram tanto que pareciam ter invadido todo o mundo cristão. Mesmo com sua morte, em 160, suas comunidades continuaram a existir. Seus sucessores serão irrelevantes, excetuando Apeles, que diminuirá um pouco o rigor das teses do fundador. Parte dos marcionitas passará para o maniqueísmo no século III.

Há ainda o montanismo. No final do século II, Montano, da Frígia, acreditava ser o único depositário do dom da profecia. Ajudado por duas visionárias, Maximila e Priscila, que tinham deixado os maridos para o seguirem, começou um movimento de evangelização frenético pelas províncias do Oriente Próximo. O fim do mundo estava próximo, o Espírito Santo iria aparecer gloriosamente! Montano era o arauto da Era do Espírito.

Tal loucura se espalhou rápido pelo Oriente, tradicionalmente místico. A austeridade moral exigida por Montano não espantava em um lugar que já tinha visto gauleses se castrarem na iniciação dos mistérios frígios. O martírio era obrigatório no montanismo.

A partir de 170, mais ou menos, este movimento explosivo se espalhou vigorosamente pela Ásia e depois pelo Ocidente. Comunidades montanistas floresciam em muitos lugares.

A controvérsia quartodecimana, sobre a data da celebração da Páscoa, gerou vários atritos dentro da Igreja. O papa Vítor (aprox. 189-198) anunciou a ruptura da Igreja romana com as comunidades que celebravam a Páscoa no dia 14 de Nisã. Muitos bispos não aceitaram o procedimento de Vítor, e até Santo Ireneu pediu mais tolerância ao papa. Com o tempo, porém, a posição de Roma prevaleceu. (para historiadores protestantes racionalistas como Neander, Langen e Harnack, a atitude de Vítor na questão quartodecimana indica que o bispo de Roma já possuía, no século II, jurisdição sobre todas as igrejas).

O monarquianismo, inventado por Teódoto, ensinava um só Deus e uma só pessoa divina. Noeto, da cidade de Esmirna, ensinava que o Pai padeceu na cruz (patripassianismo).

Por fim, o milenarismo, que acreditava em um reinado de mil anos dos fiéis com Cristo sobre a terra, no qual se usufruiriam de todas as delícias imagináveis. Pápias era um pouco milenarista. Como veremos a seguir, levou algum tempo para esta doutrina ser condenada.

O Amor De Deus - Feliciano Amaral

Minha grande ternura. Manuel Bandeira

Minha grande ternura
Manuel Bandeira

Minha grande ternura
Pelos passarinhos mortos;
Pelas pequeninas aranhas.

Minha grande ternura
Pelas mulheres que foram meninas bonitas
E ficaram mulheres feias;
Pelas mulheres que foram desejáveis
E deixaram de o ser.
Pelas mulheres que me amaram
E que eu não pude amar.

Minha grande ternura
Pelos poemas que
Não consegui realizar.

Minha grande ternura
Pelas amadas que
Envelheceram sem maldade.

Minha grande ternura
Pelas gotas de orvalho que
São o único enfeite de um túmulo.

Tudo o que você quiser dê primeiro

Cezanne. Pintura

Que tal uma dosimetria em todos os ladrões da Pátria nos três poderes?

segunda-feira, julho 20, 2015

Biagio Marini: Sonata in ecco con tre violini (Echo Sonata), Voices of ...

As santas imagens.

AS SANTAS IMAGENS

1159. A imagem sagrada, o «ícone» litúrgico, representa principalmente Cristo. Não pode representar o Deus invisível e incompreensível: foi a Encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova «economia» das imagens:

«Outrora Deus, que não tem nem corpo nem figura, não podia de modo algum, ser representado por uma imagem. Mas agora, que Ele se fez ver na carne e viveu no meio dos homens, eu posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus [...] Contemplamos a glória do Senhor com o rosto descoberto» (33).

1160. A iconografia cristã transpõe para a imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra. Imagem e palavra esclarecem-se mutuamente:

«Para dizer brevemente a nossa profissão de fé, nós conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou não, que nos foram transmitidas intactas. Uma delas é a representação pictórica das imagens, que está de acordo com a pregação da história evangélica, acreditando que, de verdade e não só de modo aparente, o Deus Verbo Se fez homem, o que é tão útil como proveitoso, pois as coisas que mutuamente se esclarecem têm indubitavelmente uma significação recíproca» (34).

1161. Todos os sinais da celebração litúrgica fazem referência a Cristo: também as imagens sagradas da Mãe de Deus e dos santos. De facto, elas significam Cristo que nelas é glorificado; manifestam «a nuvem de testemunhas» (Heb 12, 1) que continuam a participar na salvação do mundo e às quais estamos unidos, sobretudo na celebração sacramental. Através dos seus ícones, é o homem «à imagem de Deus», finalmente transfigurado «à sua semelhança» (35), que se revela à nossa fé – como ainda os anjos, também eles recapitulados em Cristo:

«Seguindo a doutrina divinamente inspirada dos nossos santos Padres e a tradição da Igreja Católica, que nós sabemos ser a tradição do Espírito Santo que nela habita, definimos com toda a certeza e cuidado que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da Cruz preciosa e vivificante, pintadas, representadas em mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre as alfaias e vestes sagradas, nos muros e em quadros, nas casas e nos caminhos: e tanto a imagem de nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de nossa Senhora, a puríssima e santa Mãe de Deus, a dos santos anjos e de todos os santos e justos» (36).

1162. «A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para os meus olhos, e, tal como o espectáculo do campo, impele o meu coração a dar glória a Deus» (37). A contemplação dos sagrados ícones, unida à meditação da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais da celebração, para que o mistério celebrado se imprima na memória do coração e se exprima depois na vida nova dos fiéis.

catecismo

Relógio

Organ pipe clock with a monkey orchestra - Jean Moisy (clockmaker) and Jean-Claude Chambellan known as Duplessis ( goldsmith) Porcelain figures based on models by Johann-Joachim Kändler and Peter Reinicke Circa 1755-1760 Gilded bronze work, Vincennes soft-paste porcelain flowers, hard-paste Meissen porcelain figurines

Mais médicos não é mais saúde. João Batista Gomes Soares

Saúde é o completo bem-estar físico e mental do cidadão, garantido por políticas sociais adequadas. A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o aumento do número de médicos não altera satisfatoriamente os indicadores de saúde de um país.
O Programa Mais Médicos nos foi imposto em 2013, primeiro pela Medida Provisória 621/2013 e, depois, pela Lei 12.781 de 22/10/2013. Tanto a Medida Provisória quanto a lei atual conflita claramente com a Lei 3.268/57, que exige processo de validação de diploma para a entrada de médicos estrangeiros no Brasil.
Os dados mostram que são 18.247 médicos estrangeiros atuando no Brasil pelo Programa Mais Médicos, dos quais 14 mil são cubanos.
O Brasil tem 249 Faculdades de Medicina e forma por ano 22 mil médicos. Hoje temos 400 mil médicos registrados no país.
Falam que há médicos de 50 países atuando no Brasil. Pelos dados, são 5 mil médicos para 49 países.
Cuba possui 13 Faculdades de Medicina, como exporta tantos médicos?
Dizer que os médicos cubanos cuidam tanto da doença quanto de prevenção, comparando-os com os médicos brasileiros É o mesmo que jogar no lixo a história das Faculdades de Medicina da Bahia, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e tantas outras.
Os médicos cubanos trazem a experiência da solidariedade, e os médicos brasileiros convivem com a irresponsabilidade do governo, que não nos dá condições de trabalho e saqueiam as nossas verbas para a saúde, desviando-as para fins político-eleitoreiros.
Em 12 anos, o governo deixou de aplicar na saúde R$ 94 bilhões. Estatísticas indicam que o Programa Mais Médicos entre 2013 e 2015 já atendeu 63 milhões de brasileiros. Será?
Desde 1988, os médicos brasileiros atendem os usuários do Sistema Único de Saúde, que são 200 milhões de brasileiros.
Quanto ao chamado turismo médico em Cuba, lembramo-nos dos recentes tratamentos ministrados por nossos médicos a duas figuras do governo federal. Nós poderíamos tratar também do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.
Quatorze mil médicos cubanos devolvem àquele país 70% do que recebem. O Programa virou fonte de renda para Cuba.
Em reportagem de 17 de março deste ano, a TV Bandeirantes mostrou que o Programa Mais Médicos finge contratar médicos de outros países (0,13% do orçamento de 2013). A maior parte dos recursos vai para Cuba.
O Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público já se manifestaram contrariamente a este tipo de contratação. Foram mandados assessores cubanos para acompanhar o Programa, “são os vigias ou feitores do governo de Cuba”, afirma a reportagem.
O que mais nos estranha é a defesa do Programa Mais Médicos por pessoas como o nosso intelectual Frei Betto. Vale a máxima ideológica: “Tudo pelo ideal político”.
Este chamado Programa Mais Médicos causou minha renúncia ao cargo de presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, por não concordar com os caminhos que estavam sendo trilhados.
Meus princípios não me permitem assinar documentos ilegais. A hierarquia do cargo me fez sempre respeitar as leis vigentes no país.

* É médico pediatra formado pela UFMG em 1971, conselheiro e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG).

Dominguinhos Canta e Conta Gonzaga - Filme

Tintoretto. Venetian courtesan

Veronica Franco, (1541-1591) famous Venetian courtesan, by Tintoretto

domingo, julho 19, 2015

O Brasil cansa!

Pessoas em pânico com desafio de ficar dentro de carro fechado por 10 minutos



Todo ano vemos notícias de crianças que morreram após serem deixadas esperando dentro de carro fechado embaixo do sol. É uma loucura só de imaginar.

Para aumentar a conscientização sobre essas atitudes, o pessoal da Kars4Kids lançou um desafio.

Adultos teriam que ficar dentro de carro fechado no sol por 10 minutos. O prêmio? US$ 100.

No início a grana parecia ser fácil para todos eles, mas no fim eu acho que ninguém se lembrou dos cem dólares. E o motivo é bastante simples: porque eles acabaram de aprender uma lição chocante.

Não se deve deixar nenhum ser vivo numa condição como essa.

Veja o experimento, clique no play abaixo

Infelizmente o vídeo não tem legendas em português, mas as expressões de pavor e desespero são facilmente interpretadas.


Nenhuma pessoa durou 10 minutos. Cada uma delas pediu para sair antes que o tempo acabasse. Como um participante disse:

“Parece fácil no início, mas uma vez que a porta fechada, quase de imediato, torna-se muito quente e o fluxo de ar se torna opressivo.”

De acordo com o vídeo, semanalmente uma criança morre de insolação por ser deixada dentro de um carro no sol. Isso é horrível.

A Kars4Kids criou um aplicativo de celular que faz com que um alarme seja disparado toda vez que você (e o seu celular) sair do carro — assim ninguém poderá esquecer uma criança no banco de trás. Saiba mais sobre a solução no site kars4kids.org.

Ajude a mensagem espalhar, compartilhe

Se você acha a causa justa e que mais pessoas deveriam saber disso, não perca tempo: compartilhe o vídeo com seus amigos.

O post Pessoas enlouquecem com desafio de ficar dentro de carro fechado por 10 minutos apareceu primeiro em Awebic.

Só depois que eles saírem o Brasil poderá fazer a autópsia dos danos.

Escostou sua cabeça nela e chorou, chorou.

Quem pariu o monstro que o embale

Ainda uma vez. Adeus. Gonçalves Dias.

Ainda uma vez — Adeus
Gonçalves Dias

I

Enfim te vejo! — enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!

II

Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!

III

Louco, aflito, a saciar-me
D'agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esp'rança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!

IV

Vivi; pois Deus me guardava
Para este lugar e hora!
Depois de tanto, senhora,
Ver-te e falar-te outra vez;
Rever-me em teu rosto amigo,
Pensar em quanto hei perdido,
E este pranto dolorido
Deixar correr a teus pés.

V

Mas que tens? Não me conheces?
De mim afastas teu rosto?
Pois tanto pôde o desgosto
Transformar o rosto meu?
Sei a aflição quanto pode,
Sei quanto ela desfigura,
E eu não vivi na ventura...
Olha-me bem, que sou eu!

VI

Nenhuma voz me diriges!...
Julgas-te acaso ofendida?
Deste-me amor, e a vida
Que me darias — bem sei;
Mas lembrem-te aqueles feros
Corações, que se meteram
Entre nós; e se venceram,
Mal sabes quanto lutei!

VII

Oh! se lutei! . . . mas devera
Expor-te em pública praça,
Como um alvo à populaça,
Um alvo aos dictérios seus!
Devera, podia acaso
Tal sacrifício aceitar-te
Para no cabo pagar-te,
Meus dias unindo aos teus?

VIII

Devera, sim; mas pensava,
Que de mim t'esquecerias,
Que, sem mim, alegres dias
T'esperavam; e em favor
De minhas preces, contava
Que o bom Deus me aceitaria
O meu quinhão de alegria
Pelo teu, quinhão de dor!

IX

Que me enganei, ora o vejo;
Nadam-te os olhos em pranto,
Arfa-te o peito, e no entanto
Nem me podes encarar;
Erro foi, mas não foi crime,
Não te esqueci, eu to juro:
Sacrifiquei meu futuro,
Vida e glória por te amar!

X

Tudo, tudo; e na miséria
Dum martírio prolongado,
Lento, cruel, disfarçado,
Que eu nem a ti confiei;
"Ela é feliz (me dizia)
"Seu descanso é obra minha."
Negou-me a sorte mesquinha. . .
Perdoa, que me enganei!

XI

Tantos encantos me tinham,
Tanta ilusão me afagava
De noite, quando acordava,
De dia em sonhos talvez!
Tudo isso agora onde pára?
Onde a ilusão dos meus sonhos?
Tantos projetos risonhos,
Tudo esse engano desfez!

XII

Enganei-me!... — Horrendo caos
Nessas palavras se encerra,
Quando do engano, quem erra.
Não pode voltar atrás!
Amarga irrisão! reflete:
Quando eu gozar-te pudera,
Mártir quis ser, cuidei qu'era...
E um louco fui, nada mais!

XIII

Louco, julguei adornar-me
Com palmas d'alta virtude!
Que tinha eu bronco e rude
Co que se chama ideal?
O meu eras tu, não outro;
Stava em deixar minha vida
Correr por ti conduzida,
Pura, na ausência do mal.

XIV

Pensar eu que o teu destino
Ligado ao meu, outro fora,
Pensar que te vejo agora,
Por culpa minha, infeliz;
Pensar que a tua ventura
Deus ab eterno a fizera,
No meu caminho a pusera...
E eu! eu fui que a não quis!

XV

És doutro agora, e pr'a sempre!
Eu a mísero desterro
Volto, chorando o meu erro,
Quase descrendo dos céus!
Dói-te de mim, pois me encontras
Em tanta miséria posto,
Que a expressão deste desgosto
Será um crime ante Deus!

XVI

Dói-te de mim, que t'imploro
Perdão, a teus pés curvado;
Perdão!... de não ter ousado
Viver contente e feliz!
Perdão da minha miséria,
Da dor que me rala o peito,
E se do mal que te hei feito,
Também do mal que me fiz!

XVII

Adeus qu'eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar um breve Adeus!

XVIII

Lerás porém algum dia
Meus versos d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; — e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, — de compaixão,

Os três touros. Esopo

Três touros pastavam juntos e tranquilos desde longa data. Um leão, escondido no mato, os espreitava na esperança de fazer deles seu jantar, mas estava receoso de atacá-los enquanto estivessem juntos. Finalmente, quando por meio de ardilosos e traiçoeiros discursos ele conseguiu separá-los, e tão logo eles pastavam sozinhos, atacou-os sem medo, e, devorou-os um após o outro à sua própria vontade.
Esopo

Paz do meu Amor - Daniel

Composição : Luiz Vieira

Você é isso: uma beleza imensa.
Toda recompensa de um amor sem fim.
Você é isso: uma núvem calma
No céu de minh'alma; é ternura em mim.

Você é isso: estrela matutina,
Luz que descortina um mundo encantador.
Você é isso: parto de ternura,
lágrima que é pura; paz do meu amor.

Você é isso: parto de ternura,
lágrima que é pura; paz do meu amor.

Paz do meu amor!
Uma beleza imensa...
Uma beleza imensa...
Toda a recompensa...
Paz do meu amor...

sábado, julho 18, 2015

PELOURINHO. Charles Fonseca

Minha carreira artística de locutor na Radio Baiana de Jequié, terminou quando numa madrugada de 1959 saltei de uma cabine de caminhão no final da ladeira do Pelourinho, imediações do Toboão em Salvador. Fui morar num beco da Baixa dos Sapateiros, Rua Alfredo Requião, 17. Uma prima foi para Jequié morar com meus pais. Despesas com alimentação elas por elas. Vim para estudar.

Castle in the City: Casa Loma, Toronto - Ontario, Canada

A metáfora é a língua nativa do mito.

Escultura etrusca

This Etruscan terra cotta urn shows the supreme craftmanship of Etruscan terra cotta molding. It shows reliefs of high emotion and drama, for which Etruscan urns are known. On the urn there are still traces of red, blue, brown and yellow paint. The owner is depicted on the top of the urn, and is lying as if at a dinner table. This is what the Etruscans wanted in the afterlife, to enjoy an eternal dinner, with all the pleasures of the social elites. On the ends of the urn the figures Vanth

A conotação é livre de tempo e espaço. O denotado é concreto.

Preciso me Encontrar - Zeca Pagodinho, Marisa Monte, Yamandu Costa e Ham...


Preciso Me Encontrar
Cartola

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar

Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar

Freud.

A confusão mental dos idosos

Principal causa da confusão mental no idoso

Arnaldo Lichtenstein, médico

Sempre que dou aula de clínica médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta:
- Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental?
Alguns arriscam: *"Tumor na cabeça".
Eu digo: "Não".
Outros apostam: "Mal de Alzheimer"
Respondo, novamente: "Não".
A cada negativa a turma se espanta.... E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns:
- diabetes descontrolado;
- infecção urinária;
- a família passou um dia inteiro no shopping, enquanto os idosos ficaram em casa.
Parece brincadeira, mas não é. Constantemente vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos.
Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez.
A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos ("batedeira"), angina (dor no peito), coma e até morte..
Insisto: não é brincadeira.
Na melhor idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.
Portanto, os idosos têm menor reserva hídrica.
Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.

Conclusão:
Idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo.

Por isso, aqui vão dois alertas:

1 - O primeiro é para vovós e vovôs: tornem voluntário o hábito de beber líquidos. Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite, sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam. O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro. Lembrem-se disso!

2 - Meu segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação.

"Líquido neles e rápido para um serviço médico".

(*) Arnaldo Lichtenstein (46), médico, é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Cerveró, use a máscara de Dilma. Guilherme Fiuza

Cerveró, use a máscara de Dilma
É errado dizer que o PT está pagando seus pecados. Quem está pagando os pecados do governo petista são os contribuintes

Guilherme Fiuza
13.07.2015

Nestor Cerveró, o ex-diretor da Petrobras que ficou famoso por proibir máscaras de Carnaval com sua estampa, foi condenado a cinco anos de prisão. Por quê? Porque usou propina do petrolão para comprar um apartamento em Ipanema. A pergunta que o gigante adormecido se recusa a fazer é: não pode usar propina do petrolão para comprar apartamento, mas pode para se eleger presidente do Brasil?

A resposta é: pode, mas não pode. Uma resposta estranha. Não pode, porque o tesoureiro afastado do PT João Vaccari Neto está preso sob acusação, entre outras, de injetar propinas do petrolão na campanha de Dilma Rousseff. E pode porque a presidente supostamente beneficiada pela propina não é sequer investigada. Pois bem: após a torrente de evidências levantadas pela Operação Lava Jato sobre formação de caixa para o PT a partir da corrupção na Petrobras, Ricardo Pessôa, o homem-­bomba das empreiteiras, solta a língua. Pagou R$ 7,5 milhões à campanha presidencial de Dilma em 2014 para não perder negócios com a Petrobras.

Essa revelação, feita em regime de delação premiada, expõe de forma contundente o esquema de sangria da maior empresa brasileira em favor do partido governante. Um detalhe: as informações obtidas pela Justiça por meio das delações premiadas são a base do balanço oficial auditado da Petrobras, no item das perdas com corrupção. A bomba de Ricardo Pessôa deve, portanto, ensejar no mínimo a abertura de investigação sobre a legitimidade do mandato presidencial de Dilma Rousseff – obtido em circunstâncias que levaram à prisão o então tesoureiro do PT.

Só que não... Numa sinfonia tipicamente brasileira, onde as verdades dançam conforme o DJ do comício, um pas de deux entre o Ministério Público Federal e o Supremo Tribunal Federal celebra o milagre da inocência de Dilma. Abobado como sempre, o Brasil assiste aos rodopios jurídicos dos bufões oficiais e murmura para si mesmo: “É, não tem como investigar a presidenta...”.

Pobre país. Tem seus espasmos de protesto, mas não sabe nem o que escrever na cartolina. O STF é transformado em sucursal do PT, com ninguém menos que Dias Toffoli – o juiz de estrelinha – presidindo o processo da Lava Jato, e o Brasil indignado passa lá longe gritando contra a corrupção (sabe-se lá qual). Deve ser glorioso você fazer toda uma carreira de bajulação a Lula e companhia, tornar-se feliz para sempre na corte suprema e assistir tranquilo pela TV aos protestos cívicos. Deve distrair mais do que novela.

Agora Nestor Cerveró, diretor de negociatas e facilitador da sucção petista, é condenado na Lava Jato sem uma gota sequer de respingo no Palácio. Protagonista do escândalo de Pasadena, uma das refinarias que encobriram desfalques bilionários na Petrobras, ele concretizou o negócio a quatro mãos com Dilma, a inocente. A decisão bizarra foi assinada por ela, como presidente do Conselho de Administração da companhia – em 2006, quando o esquema do petrolão já tinha três anos de peripécias montadas por prepostos do PT, coincidentemente o partido de Dilma. A presunção de inocência dela já fez o apresentador inglês John Oliver cair na gargalhada. Deve ser engraçado mesmo, para quem vê de fora. Se Cerveró usasse a máscara carnavalesca de Dilma, estaria livre.

E eis que o governo popular é condenado pela Comissão de Valores Mobiliários por fazer uso político da Eletrobrás – lesando a companhia com seu artifício esperto de baixar a tarifa de energia no grito. Eletrobrás e Petrobras depenadas pela administração Dilma Rousseff, através de expedientes ilícitos para a compra de poder político com o dinheiro do povo. Os sucessivos rombos administrativos são maquiados com as pedaladas fiscais – crime de responsabilidade. E o colapso nas contas públicas é remediado com aumento de impostos e cortes que não arranham a burocracia estatal-partidária.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou, a respeito do ajuste fiscal, que o governo petista está pagando seus pecados. Não é verdade. Quem está pagando os pecados do governo petista são os contribuintes. E os companheiros continuarão pecando alegremente até que o Brasil acorde da anestesia – e exija a única medida realmente saneadora à disposição no momento: a investigação de Dilma e Lula.

Budapest.

sexta-feira, julho 17, 2015

Caviúna

Xangai - Matança [Jatobá]




Cipó Caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do Pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato, da Imburana
Descansar, morrer de sono na sombra da Barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar
Que triste sina teve o Cedro, nosso primo
Desde de menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da Sucupira
Parece até mentira que o Jacarandá
Antes de virar poltrona, porta, armário
Mora no dicionário, vida eterna, milenar

Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde dá sombra ao ar
Que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar é

Caviúna, Cerejeira, Baraúna
Imbuia, Pau-d'arco, Solva
Juazeiro e Jatobá
Gonçalo-Alves, Paraíba, Itaúba
Louro, Ipê, Paracaúba
Peroba, Massaranduba
Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro
Catuaba, Janaúba, Aroeira, Araribá
Pau-Ferro, Angico, Amargoso, Gameleira
Andiroba, Copaíba, Pau-Brasil, Jequitibá

Besouro. Cinema

Todo dia reconstruo minha história

The Charge to Saint Peter. Rafael

RAPHAEL (Raffaello Sanzio da Urbino) (1483-1520) ~ - The Charge to Saint Peter

Parece que está havendo uma briga de foice no escuro

Eduardo Cunha anuncia rompimento do governo Dilma

Natal. Vinicius de Moraes

Natal
Vinicius de Moraes

De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:

— Cristo nasceu!

O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:

— Aonde? Aonde?

Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:

— Em Belém! Em Belém!

Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:

— Foi sim que eu estava lá!

E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar: — É mentira!

Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.

O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!

Brava
A arara a gritar começa:

— Mentira! Arara. Ora essa!

— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.

Bale o cordeiro também:

— Em Belém! Mé! Em Belém!

E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.