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sábado, janeiro 31, 2015

O Brasil tem quatro anos para virar a Argentina. Guilherme Fiuza

O Brasil tem quatro anos para virar a Argentina
Ou levamos a investigação do petrolão até o fim – ou então já pode ir fazendo as malas

GUILHERME FIUZA


Uma grande empreiteira pagou R$ 886 mil a uma empresa de José Dirceu e obteve, em seguida, um contrato com a Petrobras no valor de R$ 4,7 bilhões, para realização de serviços na Refinaria Abreu e Lima. Para quem não lembra, essa é a famosa obra que multiplicou seu valor original pelo menos três vezes e passou dos R$ 40 bilhões. A reportagem de ÉPOCA que mostra a triangulação camuflada sob uma “consultoria” de Dirceu ajuda a entender por que essa refinaria ficou 200% mais cara que ela mesma. Há um outro sócio fundamental dessa transação: o eleitor de Dilma Rousseff.

Essa triangulação, descoberta pela Polícia Federal na blitz conhecida como “Dia do Juízo Final”, se deu entre 2010 e 2011. Exatamente quando Dilma ascendia à Presidência. E Dirceu já era réu no processo do mensalão. As cartas já estavam na mesa, e os anos seguintes apenas as revelaram: Dirceu condenado, e o petrolão descoberto. Quando foi às urnas em outubro passado, o eleitor brasileiro já sabia de tudo: que cardeais petistas haviam plantado uma diretoria na Petrobras para roubar a empresa em benefício da sustentação de seu projeto de poder. Exatamente a mesma tecnologia do mensalão, também tramado de dentro do Palácio do Planalto. Quem votou pela reeleição de Dilma, mesmo que alegue esquerdismo, progressismo, coitadismo ou cinismo, é sócio político do esquema.

A pergunta é: o que será do Brasil nos próximos quatro anos? Algumas vozes respeitáveis têm oferecido um ombro amigo ao governo popular – não para que ele chore suas lágrimas de crocodilo, mas para que não caia de podre. É a tese de que o impeachment é pior para o país do que carregar por quatro anos um governo na UTI. Tudo bem. Só falta combinar com os russos. O segundo mandato de Dilma Rousseff nascerá desmoralizado no país e no exterior. Nesse cenário, como investir no Brasil? Como respeitar as instituições? Como concordar e se submeter às regras do jogo, se o juiz se vendeu na cara de todo mundo?

O mais ortodoxo dos contribuintes, aquele que jamais cogitou sonegar impostos, está revoltado com cada centavo que paga ao Fisco. Caiu a máscara social do PT – e agora todos já sabem que a trilionária arrecadação da União está a serviço de uma indústria de privatização da política. Daí os níveis de investimentos irrisórios, a estagnação da infraestrutura, o desperdício de uma década de bons ventos econômicos sem avançar um milímetro nos sistemas de saúde e educação – enquanto o sistema de corrupção cresceu admiravelmente (o mensalão é troco diante do petrolão), e o bom pagador de impostos não tem mais dúvidas: estão me fazendo de otário.

Traduzindo: o contrato republicano foi rasgado. Se o brasileiro não fosse essa doçura, o primeiro governista que falasse na volta da CPMF seria crucificado em praça pública. Por meio de um dublê de bobo da corte e ministro da Fazenda, o governo assegurou que estava tudo bem com as contas públicas – até avisar, passada a eleição, que daria o golpe na Lei de Responsabilidade Fiscal. A tropa companheira marchou sobre o Congresso e incinerou, ao vivo, o principal compromisso com a saúde financeira nacional. É isso aí: torramos o dinheiro do contribuinte e mudaremos a meta na marra, para legalizar o rombo.

O projeto parasitário do PT está empobrecendo democraticamente ricos e pobres. É sempre indesejável a metáfora do câncer, mas não há descrição mais precisa dessa autópsia: um projeto de poder que plantou células degenerativas a cada movimento no organismo estatal. Como será o embate do respeitável Joaquim Levy com toda a teia de artifícios montada para gerar a famosa contabilidade criativa? Haja quimioterapia.

Seria até esperançoso imaginar que, agora, haverá 100% de esforço e sacrifício em prol do tratamento rigoroso. Só que não... O ponto a que chegou o plano petista não tem volta. A única chance de Dilma, Lula & Cia. é ajeitar as aparências e dobrar a aposta. Do contrário, a mitologia acaba e, aí sim, todos eles pagarão muito caro pelo que fizeram ao Brasil.
Ou o país leva às últimas consequências a investigação do petrolão – se for séria, ela levará a uma inevitável faxina no Palácio – ou pode ir fazendo as malas para a Argentina.

Tom Jobim: Garota de Ipanema (com Vinicius de Moraes)

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Vivre Bahia c'est beaucoup plus.

Jean Juste, 1515 - Monument of Louis XII and Anne of Bretagne Abbey Church, Saint Denis. E43. Escultura

SILÊNCIOS. Charles Fonseca . Poesia

SILÊNCIOS
Charles Fonseca

Silêncio das catedrais
o grito rouco das ruas
o olhar silente da lua
a nua mulher nos vitrais,

O breve trilhar pelo mundo
por entre os arrebóis
ver a treva entre sóis
a luz no olhar profundo

Desses mistérios tão claros
além verdades incertas
além mentiras corretas
além dos certos tão parvos,

Oh, quanta esperança morta,
outras ainda por vir,
quanta certeza ao partir,
outras que chegam, que importa?

quinta-feira, janeiro 29, 2015

El Estudio. Frédéric Bazille (1841-1870). Pintura

Boa noite. Castro Alves. Poesia

Boa noite
Castro Alves


Veux-tu donc partir? Le jour est encore éloigné:
C'était le rossignol et non pas l'alouette,
Dont le chant a frappé ton oreílle inquiète;
Il chante Ia nuit sur les branches de ce granadier
Crois-moi, cher ami, c'était le rossignol.

Shakespeare


Boa noite, Maria! Eu vou,me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde. .
Não me apertes assim contra teu seio.


Boa noite! ... E tu dizes - Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito,
— Mar de amor onde vagam meus desejos!


Julieta do céu! Ouve... a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti? ... pois foi mentira...
Quem cantou foi teu hálito, divina!


Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."


É noite ainda! Brilha na cambraia
— Desmanchado o roupão, a espádua nua
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua. . .


É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores.
Fechemos sobre nós estas cortinas...
— São as asas do arcanjo dos amores.


A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.


Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!


Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora. . .
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...


Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
— Boa noite! — formosa Consuelo.

quarta-feira, janeiro 28, 2015

Bar Dom Juan. Antonio Callado. Prosa

Bar Don Juan
Antonio Callado

Quando estacionou diante do edifício, na Lagoa, Karin já estava na calçada à sua espera, sapatos de corda, um impermeável por cima da roupa de banho, e, no bolso, um frasco de prata com vodca.

Escandalizou-se ao ver que Mansinho não vinha de calção de banho por baixo da capa.

— Você não vai cair n'água?

— E você? Está querendo me ver, depois desse tempo todo, ou só quer tomar banho de mar?

No apartamento de Karin tinha uísque, vodca, sardinha e pão. Que besteira tomar banho de mar. Foram subindo a Rua Montenegro e, ao chegarem à praia, dobraram à direita. Resignado que estava de andar até o Arpoador, Mansinho se animou, achando que iam parar talvez diante do Country, mas Karin prosseguiu pela calçada. Pelas alturas do Cinema Miramar, Mansinho teve uma dúvida atroz. Será que a Karin queria andar pela Avenida Niemeyer até o Vidigal, a Gávea, a própria Barra? Karin parou no fim do Leblon e obrigou Mansinho a tirar os sapatos para andarem na beira do mar. Entre as pedras achou flores da véspera, três copos-de-leite de talos amarrados com fita branca. Karin declamou para o mar, restituindo as flores às ondas;

Todo coberto de lírios
de velas, fogos e círios
o ano estava estendido
das areias de Ipanema
aos rochedos do Leblon.
Diante do ano morto
lemanjá dá reveillon.

— O que é isso? — disse Mansinho.

— Ora! O poema do Murta. . -

— Você sabe tudo de cor, hem!

— Claro! Pois o poema foi feito para mim.

Mansinho ficou meio amuado. Karin tomou um trago de vodca. Apesar da ressaca, Mansinho, resignado, bebeu também. Estava se sentindo mofado, úmido.

— Por que é que Murta depois começou a fugir de mim? Eu sempre tive tanta vontade de ser amada por uma poeta.

— Murta é cineasta. Pelo menos é o que ele diz.

— Quem faz versos é poeta. Onde é que ele anda?

— Em caso de dúvida, procure no Don Juan’s. Se formos até lá é quase certo encontrar o Murta.

— Ele me adorou aquela noite na areia, se lembra, de joelhos, e depois deixou a festa e veio me procurar, andou comigo pela praia inteira, recitando os versos que tinha feito. Mas não me propôs nada.

Mansinho deu de ombros. Puseram-se a andar pela beira da praia, Karin apanhando conchas, cantarolando, inventando uma música para cantar com o poema:

Dançando no gume fino
da meia-noite lunar!

Mansinho foi ficando mais emburrado e Karin cada vez mais alegre e cantadeira. Ao passarem pela frente da Rua General Urquiza ele propôs que fossem para o Bar Don Juan mas Karin, sem responder, enfiou o braço no braço dele andando e cantando. Quando chegaram à desembocadura do canal do Jardim de Alá, sentou-se no paredão que avançava pelas ondas cinzentas. Mansinho já tinha molhado as calças até os joelhos e a garoa lhe pingava dos cabelos. Dois desocupados, no paredão oposto, olhavam em frente, ou vagamente estudavam a grande escavadeira empregada no alargamento do canal. Enquanto os trabalhadores, na areia, enchiam a boca com a comida tirada da marmita, a bocarra de ferro da escavadeira descansava, os dentes imensos imobilizados em torno de uma rocha. Karin passou a mão nos cabelos encharcados de Mansinho e tomou mais vodca.

— Fala alguma coisa

— Você gosta de versos e eu só tenho prosa. De mais a mais você e que deve ter alguma coisa a contar. O que é que fez durante uma semana inteira?

Karin o olhou séria.

— Aproveitei o pretexto de estudar a festa do Círio de Nazaré e fui conhecer a tua terra.

Mansinho arregalou os olhos.

— Você foi a Belém do Pará?

Karin fez que sim com a cabeça e tomou as mãos de Mansinho nas suas. Mansinho teve grande desejo dela e vontade de deitá-la ali mesmo, na areia ou até no dorso do paredão, mas ao mesmo tempo sentiu com certa melancolia aquele principio de enjôo que sempre lhe davam as mulheres quando passavam do porre da posse e da boa cegueira física inicial para uma fixação de sentimentos.

Domesticadas e ciscando o chão até as garças viram galinhas.

Da janela do escritório do Bar Don Juan, Aniceto viu Mansinho e Karin que chegavam da praia e ficou pensando na Da Glória. Que estaria fazendo em Pão de Açúcar da beira do São Francisco, ela da voz rouca e que sabia falar longa e misteriosamente —como se tivesse aprendido a falar com o rio — mas que era tão breve de carta e de escrita tão vazia? Tinha medo dos escritos.

“Palavra escrita é feito passarinho na gaiola”, dizia. “Se um dia eu receber um telegrama me mato mas não abro.”

terça-feira, janeiro 27, 2015

O menino doente. Manuel Bandeira. Poesia

O menino doente
Manuel Bandeira

O menino dorme.

Para que o menino
Durma sossegado,
Sentada ao seu lado
A mãezinha canta:
— "Dodói, vai-te embora!
"Deixa o meu filhinho,
"Dorme . . . dorme . . . meu . . ."

Morta de fadiga,
Ela adormeceu.
Então, no ombro dela,
Um vulto de santa,
Na mesma cantiga,
Na mesma voz dela,
Se debruça e canta:
— "Dorme, meu amor.
"Dorme, meu benzinho . . . "


E o menino dorme.

domingo, janeiro 25, 2015

Dilma trabalha para fazer o pior governo do Brasil', diz Guzzo. Clique abaixo

http://veja.abril.com.br/multimidia/video/dilma-trabalha-para-fazer-o-pior-governo-do-brasil-diz-guzzo

O Governo Brasileiro apoia e estimula a intolerância. Marcelo Caixeta, psiquiatra.

O Governo Brasileiro apoia e estimula a intolerância. Entre Nordeste e Sul, entre gays e religiosos, entre médicos e a população, entre civis e militares, etc.. No entanto, quando lhe convêm dá uma de "defensor da luta contra a intolerância" : agora diz que vai controlar a "intolerância religiosa" na internet. É um cavalo-de-troia para controlar toda a internet. Não se importa com a incongruência cognitiva de suas ações, pois sabe que o povo brasileiro, que não lê, não questiona suas incongruências. O jornal Diário da Manhã desta última sexta, 23.1.15, traz matéria onde o Governo diz que vai monitorar e punir "intolerância religiosa" na internet. É uma iniciativa que tende a agradar o atual espírito dos tempos, que é um espírito anti-intolerância, anti-autoritarismo, anti-saber-absoluto. No entanto, vou mostrar que é exatamente uma armadilha sutil; sutil exatamente porque utiliza-se do mecanismo que quer destruir, que é a tolerância e a transparência. No Brasil existe, por acaso, "crime de intolerância religiosa" ? Aqui morre-se espíritas mortos por protestantes ? Protestantes mortos por católicos ? Não. Portanto, se há intolerância, esta existe no campo ideológico, e não no campo criminal. Não há, portanto, campo de "violência religiosa" a ser atacado. No entanto, mídia e governo, cada um por seu motivo, optam por passar a imagem do "politicamente correto" e "defensor das liberdades". A mídia tenta destruir a todo custo o poder da internet exatamente porque a internet é sua maior inimiga, pois a internet divulga e debate coisas que a mídia, quase completamente cooptada pelos Governos, não faz. O brasileiro de modo geral não lê e , se não tivessem subsídios gordos dos Governos, jornais e revistas encalhariam às toneladas nas bancas. Já para o Governo, não há nada pior do que a consciência política, a divulgação na internet dos "podres da nação" e de seus governantes. A punição da "intolerância religiosa ideológica", portanto, não passa de uma medida mal-disfarçada de controle da consciência nacional. O que há de errado em debater ideias, mesmo "falando mal" de religiões e religiosos ? ( desde que com base concreta, desde que sem o interesse único e exclusivo de destruir ninguém, desde que sem mentiras ). O mais poderoso instrumento da Razão é a crítica, assim como a auto-crítica. Inibir a crítica é o mesmo que inibir os mecanismos de Evolução de Darwin.É muito típico da ideologia totalitarista-comunista o utilizar-se das prerrogativas da liberdade justamente para destruir a liberdade. Stalin , Fidel, Chavez, Lula, por exemplo, levam seu povo a acreditar na troca de uma "liberdade de evoluir individualmente" por uma "igualdade monitorada assistencialmente pelo Governo". Os nazistas, por exemplo, por meio de plebiscitos repetidos, manipulação propagandística dos conceitos libertários e populistas, levaram pouco a pouco o povo a anular seu próprio poder. Isto está em franco progresso no Brasil de hoje, como mostra esta medida Governamental. Este tipo de manipulação chega ao cúmulo de penalizar aquilo que o brasileiro tem de melhor : é o povo mais tolerante do mundo, em termos inter-religiosos, inter-raciais e até inter-ideológico-políticos ( aliás, se não fosse esta "tolerância excessiva", não estaríamos nesta esgoto onde chafurdamos há séculos ). Mas o Governo quer nos fazer crer que somos intolerantes, sim. É importante que acreditemos que somos intolerantes porque aí chega o Governo e "nos salva" da intolerância. Estes dias chegou ao cúmulo de dizer que médicos discriminam doentes negros com a patologia hematológica da anemia falciforme, quando é o próprio Ministério da Saúde que não autoriza procedimentos terapêuticos eficazes mais caros para esta condição médica ( doenças de "brancos", de "ricos", são bem mais contempladas pelo Governo, como, por exemplo, o "linfoma", aquela doença hematológica que a presidenta Dilma teve ). Manipulam e distorcem tanto as informações que não explicaram para o povão que o gene que leva à esta anemia é ligado à melanodermia e tem origem africana. Ou seja, é o "gene" que é racista mas o Governo quer impingir na mente do povo, a todo custo, que o racismo vem da "elite médica branca". Este Governo, portanto, está em plena Guerra Psicológica contra uma parcela de sua própria população. Isto está muito claro. O objetivo é anular a parcela crítica da população, deixando apenas a massa amorfa dos dependentes das bolsas-assistenciais ou dos contra-cheques governamentais.
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Marcelo Caixeta, psiquiatra

sábado, janeiro 24, 2015

A petralhada em silêncio. O real se impõe ao simbólico e ao imaginário delirante. Charles Fonseca

CHOÇA. Charles Fonseca. Poesia.

CHOÇA
Charles Fonseca

Há estranho silêncio
Era uma algazarra
Todos os irmãos petralha
Metralhavam no proscênio

Agora todos na toca
Escondendo os seus rabos
Os líderes uns nababos
Pra eles a lei e choça.

Guerra de Canudos. Bahia. Brasil. Fotografia

Vista parcial de Canudos ao sul. Segundo o registro oficial do exército, foram contados 5200 casebres no arraial de Antônio Conselheiro, 1897 (Flávio de Barros/Acervo Museu da República).

Guerra de Canudos

Carta aos Hebreus 9,2-3.11-14. Igreja. Cristianismo

Carta aos Hebreus 9,2-3.11-14.

Irmãos: Na primeira aliança, tinha-se construído um tabernáculo, o primeiro tabernáculo, chamado o “Santo”, no qual estavam o lampadário, a mesa e os pães da proposição.
Por detrás do segundo véu, havia outro tabernáculo, chamado “Santo dos Santos”.
Mas Cristo veio como sumo sacerdote dos bens futuros. Atravessou o tabernáculo maior e mais perfeito, que não foi feito por mãos humanas, nem pertence a este mundo, e entrou de uma vez para sempre no Santuário.
Não derramou sangue de cabritos e novilhos, mas o seu próprio Sangue, e alcançou-nos uma redenção eterna.
Na verdade, o sangue de cabritos e de toiros e a cinza de vitela, aspergidos sobre os que estão impuros, santificam-nos em ordem à pureza legal.
Mas o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a Deus como vítima sem mancha, faz muito mais: purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo.

sexta-feira, janeiro 23, 2015

Hino ao Senhor do Bonfim. Igreja. Cristianismo. Salvador. Bahia

BLOG. Charles Fonseca. Charles Fonseca

BLOG
Charles Fonseca

O saber eu compartilho
Revelo o drama humano
Mil personas, no entanto,
Pode estar bem escondido

Através de mil versões
Silêncios muito acanhados
Cicios do recalcado
Falas com muito ferrões

Esta é minha jornada
Meu jornal minha tribuna
Meu blog vez é verruma
Outras canto ou florada.

Giovanni Battista Moroni, 1560 - The Gentleman in Pink. SV I2 Pintura

quinta-feira, janeiro 22, 2015

A PREGUIÇA. Charles Fonseca. Prosa

Comecei hoje a divulgar via e-mail poemas que passaram pela censura do autor... Estava fazendo para algumas pessoas via WhatsApp. Ontem tive a surpresa de receber um dos que divulguei por pessoa a quem não havia mandado o audio. Já tenho 38 gravados no meu celular, divulgados pelo WhatsApp. Espero que por e-mail seja um outro instrumento de divulgação. Tenho 38. Enviados um por semana já lá se vão 9 meses pela frente... São cerca de 180 divulgáveis. E lá se vão 3 anos de espera até chegar ao último! Setentão, pretendo ir mais longe. Não na linha de meu pai, 94... Poderia fazer um cd. Mas sou preguiçoso como o Caymmi se dizia.

quarta-feira, janeiro 21, 2015

Nat King Cole e Natalie Cole - Unforgettable

Quando o idiota descobre para quem é útil, está começando a deixar de ser as duas coisas.

A INESQUECÍVEL. Charles Fonseca.Fotografia

O absoluto. Olavo de Carvalho.

A única coisa em que CREIO é o Credo católico. Todas as minhas idéias filosóficas -- para não falar das politicas -- são adaptações provisórias, destinadas a ser sempre superadas por formulações melhores e mais diferenciadas, seja por mim mesmo, seja por outros autores. Como disse o Petre Tutsea, "Só o cristianismo é absoluto. Tudo o mais é relativo."

terça-feira, janeiro 20, 2015

segunda-feira, janeiro 19, 2015

A Palavra de Deus está com você. Clique abaixo

https://www.bible.com/pt/app

"Doutrina" da Igreja. Olavo de Carvalho

Sempre estive mais interessado em sentir, perceber e expressar o que "está no ar", a atmosfera do tempo e as mudanças do vento histórico, do que em "formar uma opinião" ou "tomar posição". Não apenas não sou um doutrinário, mas tenho horror dos que o são, exceto quando obrigados a isso por uma função sacramental. A única "doutrina" que levo a sério é a da Igreja. O resto é tudo hipótese e não merece ser defendido além do compatível com uma futura ampliação da consciência.

Verbos irregulares em ingles mais usados

domingo, janeiro 18, 2015

CADA QUAL COM UMA BURRICE. TODOS COM SUAS SAPIÊNCIAS. Charles Fonseca.

Um dos melhores livros do mundo. Olavo de Carvalho

Alguns livros a gente lê depressa, mas há não sei quantos anos estou lendo a "História Intelectual da Europa" de Friedrich Heer, e não acabo nunca. O texto é tão denso de informações importantes, que a cada três linhas tenho de consultar dicionários, enciclopédias e outros livros de História para ter a certeza de que compreendi os fatos como o autor os quis explicar. Estou para dizer que esse é um dos melhores livros do mundo.

Aprenda inglês on line. Dicas. Clique abaixo.

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sábado, janeiro 17, 2015

Escultura

Para quebrar o gelo, nada melhor que um latido

Para quebrar o gelo, nada melhor que um latido


Quer um conselho pra fazer amigos em Seattle? Arranje um cachorro! Compre, adote, alugue, peça emprestado, não importa. Depois de ter a companhia do melhor amigo do homem, dar a volta no quarteirão nunca mais será a mesma coisa. Cachorros são o melhor antídoto para o tal “Seattle freeze” (frieza de Seattle, numa tradução livre). Os moradores da cidade não são exatamente conhecidos por sua extroversão, mas a sisudez vai embora diante do amor pelos cãezinhos. Aquele seu vizinho que nunca lhe cumprimentou passará 20 minutos, sorriso aberto, fazendo perguntas sobre o seu bichinho. Qual a raça? Qual o nome? Qual a idade? Posso fazer um carinho? Sim, Seattle ama cachorros. Aqui, eles são parte da família. Em muitas residências, eles são “a” família. Com direito a serem levados para passear dentro de carrinhos de bebê. Ou dentro da bolsa de marca de suas donas. Ou na mochila de seus donos. No inverno, usam casaquinho. Na chuva, botinhas nas patinhas. No Halloween, saem de fantasia. Há mais cães do que crianças na cidade. Em Ballard, um dos bairros cheios de casais bem-sucedidos sem filhos, tem mais pet shop que loja de bebê. Em Capitol Hill, um dos bairros de gente moderna, o estilo do totó é extensivo ao do dono. Tem cachorro de cabelo moicano ou então todo pintado de azul. Juro. Existem comunidades inteiras construídas em torno do amor pelos bichinhos. No meu prédio, animais não só são aceitos como são muito bem-vindos. Os donos mandam fotos para o portal interno. A administração promove noites de fotos em família. Os moradores organizam passeios para que seus cachorros se conheçam. Vários dos meus vizinhos escolheram morar aqui por causa disso. Em Seattle, você pode ir a um café com temática canina, pedir comida pro seu cão num restaurante, praticar ioga na mesma sala que ele, levar o bichinho num passeio de barco e até garantir sentar lado a lado dele num voo turístico de hidroavião. Pagando-se bem por isso, é claro. Existem 45 hotéis e 150 restaurantes que aceitam cachorros, mais 11 parques em que os bichinhos podem ficar sem coleira. Fora as lojas especializadas, os salões de beleza e os serviços de passeio. Esse ramo de negócio, chamado de pet-friendly, é bem consolidado na cidade, apesar de que, oficialmente, somente os cães-guia podem ser aceitos em lugares que servem comida. As autoridades fazem vista grossa, e os gerentes agradecem. Eu já vi cachorro até dentro de supermercado. Aceitar a presença dos bichinhos significa não perder clientela. Nem o amigo.


Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

Charles Fonseca: Roberto Carlos - Mulher pequena. Música. Clique abaixo

Charles Fonseca: Roberto Carlos - Mulher pequena. Música

Hino do Flamengo Oficial.

Charles Fonseca: E o resto é silêncio... J G de Araujo Borges. Poes...

Charles Fonseca: E o resto é silêncio... J G de Araujo Borges. Poes...: E o resto é silêncio... J G de Araujo Borges E então ficamos os dois em silêncio, tão quietos como dois pássaros na sombra, recolhidos ...

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Charles Fonseca: Mollinarolo, Jacob Gabriel - St Ladislas no Túmulo...

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Charles Fonseca: O Retrato de Suzanne Bloch. Pablo Ruiz Picasso. Pi...

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Charles Fonseca: O pato - João Gilberto

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Charles Fonseca: Cantiga de Malazarte. Murilo Mendes. Poesia

Charles Fonseca: Cantiga de Malazarte. Murilo Mendes. Poesia: Cantiga de Malazarte Murilo Mendes Eu sou o olhar que penetra nas camadas do mundo, ando debaixo da pele e sacudo os sonhos. Não despre...

Charles Fonseca: A MOENDA. Da Costa e Silva. Poesia

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Orlando Silva - Aos pés da santa cruz (1942)

Charles Fonseca: Jatiuca

Charles Fonseca: Jatiuca: JATIUCA Charles Fonseca Na praia de Jatiuca Uma criança insone Diz ao mundo que consome Facebook em sinuca A noite me é criança Vem ...

quarta-feira, janeiro 14, 2015

Penetrália. Olavo Bilac.Poesia

Penetrália
Olavo Bilac

Falei tanto de amor!... de galanteio,
Vaidade e brinco, passatempo e graça,
Ou desejo fugaz, que brilha e passa
No relâmpago breve com que veio...

O verdadeiro amor, honra e desgraça,
Gozo ou suplício, no íntimo fechei-o:
Nunca o entreguei ao público recreio,
Nunca o expus indiscreto ao sol da praça.

Não proclamei os nomes, que baixinho,
Rezava... E ainda hoje, tímido, mergulho
Em funda sombra o meu melhor carinho.

Quando amo, amo e deliro sem barulho;
E quando sofro, calo-me, e definho
Na ventura infeliz do meu orgulho.

sábado, janeiro 10, 2015

Corte transversal do poema. Murilo Mendes. Poesia

Corte transversal do poema
Murilo Mendes

A música do espaço pára, a noite se divide em dois pedaços.
Uma menina grande, morena, que andava na minha cabeça,
fica com um braço de fora.
Alguém anda a construir uma escada pros meus sonhos.
Um anjo cinzento bate as asas
em torno da lâmpada.
Meu pensamento desloca uma perna,
o ouvido esquerdo do céu não ouve a queixa dos namorados.
Eu sou o olho dum marinheiro morto na Índia,
um olho andando, com duas pernas.
O sexo da vizinha espera a noite se dilatar, a força do homem.
A outra metade da noite foge do mundo, empinando os seios.
Só tenho o outro lado da energia,
me dissolvem no tempo que virá, não me lembro mais quem sou.

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Aba-Novák. Pintura


http://www.sabercultural.com/template/pintores/AbaNovakVilmos2.html

DOIS MIL E DOIS. Charles Fonseca. Poesia

DOIS MIL E DOIS
Charles Fonseca

Feliz aniversário, um eu sozinho
Dois mil e dois, um vate vário
Jogado às traças em um calvário,
Bateram à porta três seus sobrinhos

Feliz aniversário, sorriu-lhe Dulce,
Disse-lhe o irmão e a mulher doce,
Sorriu-lhe ela, tristeza foi-se,
O irmão também, saudade intui-se.

domingo, janeiro 04, 2015

A um passarinho. Vinicius de Moraes

A um passarinho
Vinicius de Moraes

Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.


Deixa-te de histórias
Some-te daqui!

04.01.2015

Exibindo

sábado, janeiro 03, 2015

Médicos de esquerda e de direita. Marcelo Caixeta. Medicina. Psiquiatria

Eu justifico os médicos que não conseguem fazer residência mas fazem "cursinhos de pós-graduação" ( p.ex., "especialização em psiquiatria" ).
Muitos aqui atacam os médicos que, ao invés de fazerem residência, fazem pós-graduação. Dizem : “quem quiser ser especialista que vá ralar, morrer de estudar, etc”.
No entanto, temos de ver o outro lado da moeda : aqui neste país, todos conspiram para não facilitar a formação do médico já graduado. Abaixo vou dar exemplos de como isto acontece na prática.
Tanto os “médicos de direita” ( os “grandões da medicina”, os“professores”, os “donos de hospitais”, os “chefes de serviço”, os “chefes de entidades” ) quanto os “médicos de esquerda” ( os “legalistas”, os burocratas, os que tem raiva da iniciativa privada, os que gostam do “poderzinho que o cargo público lhes dá”, aqueles “funcionariozinhos” que tem inveja dos que conseguiram sucesso profissional, econômico, acadêmico, etc ) conspiram contra o médico que quer especializar-se.
1) Os médicos de direita dominam as entidades, compram apoio de médicos teleguiados, e, utilizando-se disto, impedem a “concorrência”. Conheço um ótimo grupo de psiquiatras , interessados em formar os colegas, sem interesse financeiro, político, mas que são renitentemente barrados em uma Federada da Associação Bras. de Psiquiatria ( só esta pode autorizar cursos oficiais de especialização ) porque o “chefão” ( e seus teleguiados ) tem inveja deles, teme a concorrência deles, não quer mais “psiquiatras no mercado”.
2) Do lado dos médicos de esquerda, conheço também ótimo grupo de psiquiatras, assim como o listado acima, que tem ótimo hospital, preceptores, etc, mas têm seus vários pedidos de residência ( 4 ) renitentemente negados por causa de “legalismos” governamentais. O Governo diz que visa aumentar vagas de residência mas é pura balela. As regras legalistas ( aplicadas apenas aos “inimigos”; “aos inimigos, a Lei” ), extremamente rígidas quando aplicadas aos não-amigos, são intransponíveis. Um dia este grupo de psiquiatras questionou os “legalistas-esquerdistas” : “por que voces dizem que estão facilitando a residência”? A resposta : “está tendo facilitação apenas para estruturas do governo e para medicina da família” . Não é preciso dizer que , de modo geral, as “estruturas do Governo” não tem o menor interesse em aumentarem vagas, pois funcionário público não quer mais trabalho ou mais canseira, o contra-cheque dele vem no fim do mês trabalhando ele ou não. A gente sabe que a resolutividade da medicina da família é limitada e que , na verdade, é um curso que serve praticamente só para aumentar o trabalho médico-escravo no SUS...
Outra pergunta que foi feita ao médico esquerdista : “por que vocês dificultam tanto para a abertura de residencia do médico brasileiro e facilitam tanto para os cubanos, que nem médicos são” ? Resposta dos legalistas : “isto não é nossa área, e tudo que foi feito com os cubanos foi feito dentro da legalidade, em leis aprovadas no Congresso” ( todos sabemos que o Governo, quando quer ajeitar para os seus, muda até a Constituição, como vimos na Lei do Orçamento ).
O que é interessante é que tanto os médicos de direita quanto os de esquerda, recebendo gordas comissões, são professores de cursos financistas de especialização em psiquiatria. Tais cursos, para serem aprovados, para terem penetração no mercado, costumam contratar como “professores” tanto os médicos de direita quanto de esquerda, para facilitarem as coisas. São cursos de qualidade ruim, que visam só dinheiro, não formação prática, e as vezes nem teórica.
Como vimos acima, os cursos de qualidade boa, que querem oferecer prática, éticos, foram barrados pelos médicos, tanto de direita e de esquerda.. Os que querem dar estes cursos, justamente por serem éticos, estão fora das panelinhas de médicos de direita e de esquerda. Aí só sobram mesmo os cursos ruins, e estes mecanismos acima apontados nunca são desmontados, jogando-se sempre a culpa no "médico pós-graduado que quis fazer este curso chifrim".
Aí a culpa recai é sobre o pobre mortal, o zé-ninguém do médico que acabou de sair da graduação ? Aí vem a pergunta : o médico comum, recem-saído da Faculdade, para quem não há vagas adequadas disponíveis, é culpado por cair nestas armadilhas montadas tanto pelos empresários ( médicos de direita ) quanto pelo Governo ( médicos de esquerda ) ? Sem ter como aprimorar-se, nós vamos condenar o médico recem-formado, ou interessado, a quem sobrou só a tal “pos-graduaçãozinha” ? Esta situação , médicos fazendo pós-graduações ruins, geram graves distorções na psiquiatria. Aliás, a psiquiatria é justamente a mais escolhida das especialidades médicas para serem pós-graduadas porque é muito difícil diagnosticar e ver as sequelas , baixa-qualidade de vida, mortes, que sua má-prática produz. A má-prática campeia, com inúmeros pacientes sequelados , dopados, demenciados, anulados, com rebaixamento absoluto da qualidade de vida e do prognóstico. Mas, como eu disse, é muito difícil diagnosticar, denunciar e provar as “sequelas da má-prática”, por isto é tão procurada.
Um conselho prático para os médicos que não acham vagas para residência, pelos motivos acima, é o de que acionem suas Associações Médicas de Especialidades para que, acima de interesses mesquinhos dos chefões A ou B, tanto de direita quanto de esquerda, abram cursos éticos e práticos que possam ensinar-lhes. Já há legislação neste sentido, ou seja, que permite a abertura de tais especializações extra-residência, mas esta legislação não é cumprida ( como quase tudo no Brasil ) justamente porque os "grandões das Entidades" impedem a aplicação ética da lei.
Outro conselho : com ou sem especialização , só faça atos médicos que ajudem o paciente, não o piorem, não o cronifiquem, não o sequelem, não o matem. Se você acha que o curso de pós-graduação que você fez não o capacitou bem na prática, não atue ( tem alguns que não capacitam nem na teoria ) . E não julgue-se a si mesmo : "sim, eu sei praticar tal especialidade". Peça que outra pessoa, outro médico especialista, julgue seu trabalho, diga-lhe se você está ou não prejudicando seus pacientes.
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Marcelo Caixeta ( psychological.medicine1@gmail.com)

Fotografia de escravos brasileiros.

Quitandeiras

sexta-feira, janeiro 02, 2015

RUINAS. Charles Fonseca. Poesia

RUINAS
Charles Fonseca

Para crescer fiz-me pequeno
para amar pus-me no exílio
pra não chorar de mim sorrio
pra nunca mais vivo com menos

Do que pensava e nunca fui
do que já fui e que não era
do que ainda sou mera quimera
do que serei o agora rui.

Carlo Maderno, Santa Cecília Morta - Igreja de Santa Cecília, Roma. E43. Escultura

Mistério. Adalgisa Nery. Poesia

Mistério
Adalgisa Nery

Há vozes dentro da noite que clamam por mim,
Há vozes nas fontes que gritam meu nome.
Minha alma distende seus ouvidos
E minha memória desce aos abismos escuros
Procurando quem chama.
Há vozes que correm nos ventos clamando por
[ mim.
Há vozes debaixo das pedras que gemem meu
[ nome
E eu olho para as árvores tranqüilas
E para as montanhas impassíveis
Procurando quem chama.
Há vozes na boca das rosas cantando meu nome
E as ondas batem nas praias
Deixando exaustas um grito por mim
E meus olhos caem na lembrança do paraíso
Para saber quem chama.
Há vozes nos corpos sem vida,
Há vozes no meu caminhar,
Há vozes no sono de meus filhos
E meu pensamento como um relâmpago risca
O limite da minha existência
Na ânsia de saber quem grita.