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quinta-feira, dezembro 31, 2015

O relacionamento entre irmãos inspira cuidados

quarta-feira, dezembro 30, 2015

Evangelho segundo São Lucas 2,36-40.

Quando os pais de Jesus levaram o Menino a Jerusalém, a fim de O apresentarem ao Senhor, estava no templo uma profetiza, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada
e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações.
Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré.
Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.

O pai é uma instância psíquica

A Volta - Os Vips (Lp 1966) Versão Original

PAZ (I). Charles Fonseca

PAZ ( I )
Charles Fonseca

Nunca mais comigo cara
Nem tampouco qual coroa
Quero estar só na lagoa
Onde a vida ao cais atraca

Muita paz um só remanso
Pós vulcão quero as cinzas
Fundo às águas cristalinas
Pás não, paz, enfim descanso.

Michelangelo Anselmi. Pintura


Virgin in Glory Flanked by Sts John the Baptist and Stephen
ANSELMI, Michelangelo (c. 1492-1556) High Renaissance Italian painter (Parma)

terça-feira, dezembro 29, 2015

Rei morto, rei posto.

Comentário de São Gregório de Nissa

O sol inclinava-se em direcção ao poente. Mas o fervor da minha irmã Macrina não decaía; quanto mais se aproximava o momento da partida, mais ela corria em direcção ao seu bem-amado. […] Já não se dirigia a nós, os que estávamos ali presentes, mas apenas Àquele de quem não desviava o olhar […]: «Foste Tu, Senhor, que anulaste o nosso medo da morte. Foste Tu que fizeste com que, para nós, o termo da vida terreste se tornasse o começo da vida verdadeira. És Tu que, por um tempo, deixas os nossos corpos repousar em dormição e os acordas novamente “ao som da trombeta final” (1Cor 15,52). És Tu que dás à terra, como depósito, o barro de que somos feitos, o barro que modelaste com as tuas mãos (Gn 2,7), e és Tu que fazes reviver aquilo que lhe deste, transformando, pela imortalidade e pela beleza, o que em nós é mortal e disforme. […]
«Deus eterno, “pertenço-Te desde o ventre materno; desde o seio de minha mãe, Tu és o meu Deus” (Sl 21,11). Tu, a quem a minha alma amou com toda as suas forças, a quem consagrei a minha carne e a minha alma desde a juventude, coloca junto de mim um anjo luminoso que me conduza pela mão ao lugar do refrigério, aonde se encontra a “água do repouso” (Sl 22,2 ), no seio dos santos patriarcas (Lc 16,22). Tu, que […] enviaste para o paraíso aquele homem crucificado contigo que se confiou à tua misericórdia, lembra-Te também de mim “quando estiveres no teu reino” (Lc 23,42), porque também eu fui crucificada contigo. […] Que me encontre diante da tua face “sem mancha nem ruga” (Ef 5,27); que a minha alma entre as tuas mãos seja acolhida […] “como o incenso diante da tua face”» (Sl 140,2). […]
Como tinha chegado a noite, alguém colocara uma lamparina ali por cima. Macrina então abriu os olhos e dirigiu o seu olhar para aquela luz, manifestando o seu desejo de dizer a oração de acção de graças da luz. Mas faltou-lhe a voz […]; soltou um profundo suspiro e tudo cessou: tanto a oração, como a sua vida.
Luz esplendente da santa glória do Pai celeste, imortal, santo e glorioso Jesus Cristo! Sois digno de ser cantado a toda a hora e momento por vozes inocentes, ó Filho de Deus que nos dais a vida. Dissipais as trevas do universo e iluminais o espírito do homem, vencendo a noite com a luz da fé. Luz da Luz sem ocaso, imagem clara do esplendor divino: o céu e a terra proclamam a Vossa glória. Chegada a hora do sol poente, contemplando a luz do entardecer, cantamos ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo (hino de vésperas I do Domingo IV da liturgia das horas).

sábado, dezembro 26, 2015

Giovani Andrea Ansaldo. Pintura


Allegory of the Crowning of Ferdinando II de' Medici
ANSALDO, Giovanni Andrea (1584-1638) Baroque Italian painter (Genoa)

Evangelho segundo São Mateus 10,17-22.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Tende cuidado com os homens: hão de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas sinagogas.
Por minha causa, sereis levados à presença de governadores e reis, para dar testemunho diante deles e das nações.
Quando vos entregarem, não vos preocupeis em saber como falar nem com o que dizer, porque nessa altura vos será sugerido o que deveis dizer;
porque não sereis vós a falar, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós.
O irmão entregará à morte o irmão e o pai entregará o filho. Os filhos hão-de erguer-se contra os pais e causar-lhes a morte.
E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.

Juninho pernambucano - Top 10 Gols - Vasco da Gama •

Mozart - Gloria in excelsis Deo

sexta-feira, dezembro 25, 2015

Como reage o médico quando se torna paciente?

Comentário de São Gregório de Nazianzo

Jesus Cristo nasceu, dai-Lhe glória! Cristo desceu dos céus, correi para Ele! Cristo veio à Terra, exaltai-O! «Cantai ao Senhor, Terra inteira. Alegria no céu; Terra, exulta de alegria!» (Sl 96,1.11). Descendo do céu, Ele vem habitar no meio dos homens. Estremecei de temor e de alegria: de temor por causa do pecado; de alegria em razão da esperança. Hoje, as sombras dissipam-se e a luz eleva-se sobre o mundo; como outrora no Egipto envolto em trevas, hoje uma coluna de fogo ilumina Israel. O povo, que estava sentado nas trevas da ignorância, contempla hoje essa imensa luz do verdadeiro conhecimento porque «o mundo antigo desapareceu, todas as coisas são novas» (2Cor 5,17). A letra recua, o espírito triunfa (Rom 7,6); a prefiguração passa, a verdade aparece (Col 2,17).
Aquele que nos deu a existência quer também inundar-nos de felicidade; a incarnação do Filho devolve-nos a felicidade que o pecado nos havia feito perder. […] Nesta solenidade, saudamos a vinda de Deus ao meio dos homens para que possamos regressar para junto de Deus; a fim de que nos despojemos do homem velho e nos revistamos do homem novo (Col 3,9); a fim de que, mortos em Adão, vivamos em Cristo (1Cor 15,22). […] Celebremos pois este dia, cheios de uma alegria divina, não mundana, mas uma verdadeira alegria celeste. Que festa, este mistério de Cristo! Ele é a minha plenitude, o meu novo nascimento.

Renato e seus blue caps - Meu bem não me quer

MÓ. Charles Fonseca


Charles Fonseca

Teu amor que a mim dói
Que de ti tanto me afasta
Todo em mim sem uma jaça
Pouco em ti nem pouco sói

Um gesto quem sabe aceno
Um beijo nem que furtivo
Abraço joio entre trigo
Qual grão morre a pedra mói.

Louis Anquetin, Pintura


Avenue de Clichy - Five O'Clock in the Evening
ANQUETIN. Louis (1861-1932) Impressionism French painter (Paris)

Evangelho segundo São João 1,1-18.

No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.
No princípio, Ele estava com Deus.
Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito.
N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens.
A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam.
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele.
Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem.
Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu.
Veio para o que era seu e os seus não O receberam.
Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigênito, cheio de graça e de verdade.
João dá testemunho d’Ele, exclamando: “Era deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim'”.
Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça.
Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigênito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.

quinta-feira, dezembro 24, 2015

Sílvio Caldas - Gente humilde

Comentário de São Bernardo

Antes de surgir a verdadeira luz, antes do nascimento de Cristo, a noite envolvia o mundo por completo; assim também a noite reinava em cada um de nós antes da nossa conversão e regeneração interior. Aquela era a mais profunda das noites, e as trevas mais espessas à face da terra, no tempo em que os nossos pais honravam falsos deuses. […] E houve depois em nós outra noite tenebrosa, nesse período em que sem Deus vivíamos neste mundo, apenas guiados pelas nossas paixões e por atracções mundanas, fazendo coisas que hoje nos fazem corar, por serem também obras das trevas. […]

Mas agora saístes do vosso sono, santificastes-vos, tornastes-vos filhos da luz, filhos do dia, e já não sois das trevas nem da noite (1Tess 5,5) […] «Amanhã vereis a majestade de Deus em vós.» Hoje, por nós, o Filho fez-Se justiça vinda de Deus; amanhã, manifestar-Se-á como vida nossa, para que nos pareçamos com Ele na glória. Hoje nasceu-nos um Menino, para nos impedir de viver na vã glória, e para que, ao converter-nos, sejamos humildes como crianças (Mt 18,3). Amanhã Ele mostrar-Se-á na sua grandeza para nos incitar ao louvor e para que possamos, também nós, ser glorificados e louvados, quando a cada um Deus conceder a sua glória […] «Seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é» (1Jo 3,2). Hoje, com efeito, não O vemos em Si mesmo, mas como num espelho (1Cor 13,12); hoje, Ele recebe aquilo que, dependendo de nós, Lhe damos. Mas amanhã vê-Lo-emos em nós, quando Ele nos der o que depende dele, quando Se mostrar tal como é em Si mesmo, e nos tomar para nos elevar até Si.

quarta-feira, dezembro 23, 2015

Roberto Carlos - Splish Splash (1963)

Não manipule uma amizade

Lucia Anguissola, Pintura


Self-Portrait
ANGUISSOLA, Lucia (1538-1565) Mannerism Italian painter (Cremona)

NATAL 2015. Charles Fonseca. Poesia.

NATAL 2015
Charles Fonseca

Árvore troquei esta vez
de Natal coisa mais bela
um presépio que à vela
no escuro brilha a tez

Do significante
Ao significado
Jesus iluminado
Natal é a todo instante.

Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivete Sangalo - Tigresa

terça-feira, dezembro 22, 2015

Comentário de Adão de Perseigne

«A minha alma glorifica o Senhor.» Mas como podes tu glorificá-Lo? Tornando maior Aquele cuja grandeza é infinita? «O Senhor é grande», diz o salmista, «e infinitamente louvável» (Sl 144,3). Ele é tão grande, que a sua grandeza não consente comparação nem medida. Como podes, pois, tu glorificá-Lo, dado que não O tornas maior?
Glorifica-Lo porque O louvas. Glorifica-Lo porque, no meio das trevas deste mundo, mais luminosa que o sol, mais bela que a lua, mais perfumada que a rosa, mais branca que a neve, tu dás a conhecer o esplendor de Deus. Não O glorificas fazendo crescer a sua grandeza sem medida, mas levando ao meio das trevas do mundo a luz da verdadeira divindade. […] Glorifica-Lo quando és elevada a uma tal dignidade, que recebes a graça em plenitude (Lc 1,28), merecendo a visita do Espírito Santo; e, tornando-te Mãe de Deus ao mesmo tempo que permaneces virgem, dás à luz o Salvador para um mundo que se perdia.
De onde vem tudo isto? Do facto de o Senhor estar contigo (Lc 1,28), o Senhor que fez dos seus dons méritos teus. É por isso que se diz que tu O glorificas: porque tu própria és glorificada por Ele. Assim, pois, a tua alma glorifica o Senhor no sentido em que tu própria és glorificada por Ele […], porque tu és o receptáculo do Verbo, o celeiro do vinho novo que inebria a sobriedade dos crentes. Tu és a Mãe de Deus.

Sofonisba Anguissola, Pintura


Couple in the Street
1887
ANGUISSOLA, Sofonisba (c. 1530-1625) Mannerism Italian painter (Cremona)

segunda-feira, dezembro 21, 2015

terça-feira, dezembro 15, 2015

Agora vai. Fundo do poço. Valeu esforço. Agora sai.

O fim mostra o começo

Catilinária. Cícero.

"Até quando, Catilina, abusarás
da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino,
nem a ronda noturna da cidade,
nem o temor do povo,
nem a afluência de todos os homens de bem,
nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado,
nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh tempos, oh costumes!"

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Evangelho segundo São Mateus 11,11-15.

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista. Mas o mais pequeno no reino dos Céus é maior do que ele.
Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos Céus sofre violência e são os violentos que se apoderam dele.
Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João.
É ele, se quiserdes compreender, o Elias que estava para vir.
Quem tem ouvidos ouça».

4 Meses, 3 Semanas y 2 Días. Cinema. Psicologia

O trem. Dulce E. Fonseca M. Almeida. Prosa

Afinal, meu aniversário na infância era festejando no dia 13/12, dia de Santa Luzia, quando o trem Maria Fumaça chegava todo enfeitado de folhas de palmeira, buzinando a todo vapor. Acho que isso confundiu minha mãe, e só depois de grande é que eu mesma descobri que o meu dia era 11, e não 13/12. Mas foi boa a troca, porque na minha cabecinha de criança, eu entendia que o trem chegava todo fogoso, em homenagem a mim.

quarta-feira, dezembro 09, 2015

A verdade espanca a mentira

Comentário de São Beda

O Espírito Santo dará aos justos a paz perfeita na eternidade. Mas, já agora, dá-lhes uma enorme paz quando incendeia o seu coração com o fogo celeste da caridade. O apóstolo Paulo diz, com efeito: «A esperança não engana, pois o amor de Cristo foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rom 5,5). A verdadeira e mesmo a única paz das almas neste mundo consiste em estarmos repletos do amor divino e animados com a esperança do céu, a ponto de considerarmos de pouca importância os sucessos e as tribulações deste mundo; em nos despojarmos completamente dos desejos e das cobiças deste mundo; e em nos regozijarmos com as injúrias e perseguições sofridas por causa de Cristo, de tal forma que possamos dizer com o apóstolo Paulo: «Estamos firmes na esperança da glória de Deus. E não só. Estamos firmes nas tribulações» (Rom 5,2).
Engana-se aquele que imagina encontrar a paz no gozo dos bens deste mundo e nas riquezas. As frequentes provações cá de baixo e o próprio fim deste mundo deveriam convencer esse homem de que assentou os fundamentos da sua paz na areia (Mt 7,26). Pelo contrário, todos aqueles que, tocados pelo sopro do Espírito Santo, tomaram sobre si o jugo do amor de Deus e, seguindo o exemplo de Cristo, aprenderam a ser mansos e humildes de coração, gozam desde já de uma paz que é a imagem do repouso eterno.

Salvador amada.

amado

Silvinha - Eu Vou Botar Pra Quebrar

Evangelho segundo São Mateus 11,28-30.

Naquele tempo, Jesus exclamou: «Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».

Itapuã. 1952. Salvador

Caminho para Itapuã em 1952 Foto de José Nunes Neto

terça-feira, dezembro 08, 2015

Ébrio. Carlos José Holanda Guedes.

ÉBRIO
Carlos José Holanda Guedes

Um brinde à cachaça
Que sempre nos enebria
Seja na dor ou na alegria
Quer paga ou de graça

Como um cão fiel
No calor ou frio açoite
Seja dia, seja noite
No inferno ou no céu

Por Baco, por justa razão
Boêmio que de amor padece
Ou que por mulher fenece
Ingrato, merece o caixão

Copo em punho, mãos à tremer
Às quedas, de porre em porre
Mil vezes prefere a cirrose
Mais nobre que de amor morrer

Comentário de Missal Romano

Pai Santo,
Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças, sempre e em toda a parte,
e louvar-Vos, bendizer-Vos e glorificar-Vos
na Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.
Vós a preservastes de toda a mancha do pecado original
para que, enriquecida com a plenitude da vossa graça,
fosse a digna Mãe do vosso Filho.
Nela destes início à Santa Igreja, esposa de Cristo, sem mancha e sem ruga,
resplandecente de beleza e santidade.
Dela, Virgem puríssima, devia nascer o vosso Filho,
Cordeiro inocente que tira o pecado do mundo.
Vós a destinastes, acima de todas as criaturas, a fim de ser, para o vosso povo, advogada de graça e modelo de santidade.
Por isso, com os Anjos e os Santos, proclamamos com alegria a Vossa glória, cantando numa só voz:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo!

Sofonisba Anguissola. Pintura


Bernardino Campi Painting Sofonisba Anguissola
ANGOSCIOLA, Sofonisba (see ANGUISSOLA, Sofonisba) (c. 1530-1625) Mannerism Italian painter (Cremona)

segunda-feira, dezembro 07, 2015

Evangelho segundo São Lucas 5,17-26.

Certo dia, enquanto Jesus ensinava, estavam entre a assistência fariseus e doutores da Lei, que tinham vindo de todas as povoações da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e Ele tinha o poder do Senhor para operar curas.
Apareceram então uns homens, trazendo num catre um paralítico; tentavam levá-lo para dentro e colocá-lo diante de Jesus.
Como não encontraram modo de o introduzir, por causa da multidão, subiram ao terraço e, através das telhas, desceram-no com o catre, deixando-o no meio da assistência, diante de Jesus.
Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse: «Homem, os teus pecados estão perdoados».
Os escribas e fariseus começaram a pensar: «Quem é este que profere blasfémias? Não é só Deus que pode perdoar os pecados?»
Mas Jesus, que lia nos seus pensamentos, tomou a palavra e disse-lhes: «Que estais a pensar nos vossos corações?
Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou ‘Levanta-te e anda’?
Pois bem, para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, Eu te ordeno — disse Ele ao paralítico — levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa».
Logo ele se levantou à vista de todos, tomou a enxerga em que estivera deitado e foi para casa, dando glória a Deus.
Ficaram todos muito admirados e davam glória a Deus; e, cheios de temor, diziam: «Hoje vimos maravilhas».

POEMAS. Charles Fonseca

POEMAS
Charles Fonseca

Poemas contam históricos
São rasgos do eu profundo
Pedaços da alma mundos
De emoções são católicos

São lamentos protestantes
Desejos adventistas
De todos são comunistas
Do capital são instantes

Peças são de oratória
Orações de ateus que pios
Perderam-se arrepios
Arremedos são estórias

De desejos reprimidos
São arquejos muito mais
São risos são gozos ais
Do mais amar são vagidos

De nós eternas crianças
São cantares da emoção
Mistérios do sim do não
Do muito mais que esperanças.

Quem desdenha quer comprar

Comentário de Santo Aelredo de Rievaulx

Ó infeliz Adão! Que procuravas tu para além da presença divina? Mas, ingrato, aí estás tu a ruminar o mal que fizeste: «Não, eu serei como Deus!» (cf Gn 3,5) Que orgulho intolerável! Acabas de ser feito de barro e de lodo e, na tua insolência, queres ser comparável a Deus? […] Foi assim que o orgulho engendrou a desobediência, causa da nossa infelicidade. […]
Que humildade poderia compensar tal orgulho? Que obediência de homem poderia redimir semelhante falta? Cativo, como poderia ele libertar um cativo? Impuro, poderia ele libertar um impuro? Meu Deus, irá então a vossa criatura perecer? «Ter-se-á Deus esquecido da sua compaixão, ou terá fechado com ira o seu coração?» (Sl 77,10) Oh, não! «Os desígnios que tenho acerca de vós [são] desígnios de prosperidade e não de calamidade», diz o Senhor (Jr 29,11).
Apressa-Te então, Senhor: vem depressa! Vê as lágrimas dos pobres. Escuta, «chegue junto de Ti o gemido dos cativos» (Sl 79,11). Que tempo de felicidade, que dia amado e desejado surgirá quando a voz do Pai gritar: «Por causa da aflição dos humildes e dos gemidos dos pobres, Me levantarei» (Sl 12,6). […] Sim, «Salva-nos, Senhor, pois cada vez há menos justos!» (Sl 12,2).

domingo, dezembro 06, 2015

Debussy 'Clair de Lune' - Paul Barton, FEURICH 218 grand piano

Que esperar se o jogo do bicho for estatizado?

Dê prioridade à plástica da alma

Carl Orff - O Fortuna ~ Carmina Burana

Evangelho segundo São Lucas 3,1-6.

No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide e Lisânias tetrarca de Abilene,
no pontificado de Anás e Caifás, foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
E ele percorreu toda a zona do rio Jordão, pregando um batismo de penitência para a remissão dos pecados,
como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas;
e toda a criatura verá a salvação de Deus’».

sábado, dezembro 05, 2015

Jerry Adriani És Meu Amor

TRAVO. Charles Fonseca. Poesia

TRAVO
Charles Fonseca

Pra preservar uma imagem
Fiz-me cego surdo mudo
Hoje sou qual um ex tudo
A solidão me é pagem

Eis-me agora objeto
Por um caso de estudo
Eis tudo ele obtuso
Sujeito ao abjeto

Amo alguém porta travessa
Coração no esfacelo
Não ao exilio ao degredo
Verso vê-la vigil vela

Minha alma na esperança
De alguem lá do passado
Do futuro estou cansado
De Cupido tenho a lança

Cravada, eu sou da rosa
Amante não sou do cravo
Beija flor no bico trago
Travo de fel, vou-me embora.

Jô Soares Onze e Meia (SBT) entrevista Chico Anysio

sexta-feira, dezembro 04, 2015

Comentário de Santo Anselmo

«Senhor, até quando?» (Sl 6,4). Até quando, Senhor, Te esquecerás de nós? Por quanto tempo ainda nos esconderás a tua face? (Sl 12,2). Quando nos olharás e nos ouvirás? Quando iluminarás os nossos olhos e nos mostrarás a tua face? Quando virás de novo até nós? Olha para nós, Senhor, ilumina-nos, mostra-Te a nós. Concede-nos o bem da tua presença, a nós que, sem Ti, nada fazemos bem. Tem piedade dos nossos esforços activos para chegarmos a Ti, nós que nada podemos sem Ti. Se nos convidas, ajuda-nos.
Suplico-Te, Senhor, não me deixes suspirar de desespero; faz-me respirar a esperança. […] Que me seja, ao menos, permitido entrever a luz, mesmo que de longe, mesmo que das profundezas. Ensina-me a procurar-Te, e mostra-Te quando Te procuro. É que não posso procurar-Te se não me guiares, nem encontrar-Te se não Te mostrares. Procurar-Te-ei pelo desejo e desejar-Te-ei na minha procura. Encontrar-Te-ei amando-Te e amar-Te-ei quando Te encontrar.

Pierre Angilis, Pintura


Scene in a Court of Inn
ANGILLIS, Pierre (see ANGELLIS, Pieter) (1685-1734) Rococo Flemish painter

É polemista? Cale. É silencioso? Pergunte.

quinta-feira, dezembro 03, 2015

Comentário de Santa Teresa Benedita da Cruz

«Seja feita a vossa vontade.» Tomado em toda a sua plenitude, este acto de abandono deve ser a regra da vida cristã, regendo o nosso dia, da manhã à noite, o curso do ano, a vida inteira. Esta deve ser a única preocupação do cristão; todas as outras são entregues ao Senhor, mas essa será nossa até ao último dia. Pois é um facto objectivo que nunca estamos definitivamente certos de permanecer nos caminhos do Senhor. […]
Na infância da vida espiritual, quando começamos a deixar-nos conduzir por Deus, sentimos a sua mão, forte e firme, que nos guia; vemos de forma evidente o que devemos fazer e o que devemos abandonar. Mas não será sempre assim. Aquele que pertence a Cristo deve viver toda a vida de Cristo. Deve amadurecer até atingir a idade adulta de Cristo e, um dia, enveredar pelo caminho da cruz. […] Assim unido a Cristo, o cristão aguentar-se-á, mesmo na noite escura. […] Por isso, uma vez mais e precisamente no coração da noite mais escura, «seja feita a vossa vontade».

A educação e as elites dirigentes

Foto vencedora do Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha (Foto: Wilton Júnior/AE)

Foto vencedora do Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha (Foto: Wilton Júnior/AE)

O camelo

A Cor do Paraíso - Filme Completo

Evangelho segundo São Mateus 7,21.24-27.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.
Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia.
Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína».

Minha amada ouve meus pensamentos

quarta-feira, dezembro 02, 2015

REVÉS. Charles Fonseca

REVÉS
Charles Fonseca

Alguns, silêncio profundo
Dos grotões sobem aos ares
Míseros lamentos pares
Miasmas dos moribundos

Charcos que chegam aos pés
De figuras da res pública
Corruptas falsas púdicas
Emlameadas, revés.

Lama. Norma Curvelo

O menino é pai do homem. Machado de Assis

O menino é pai do homem
Machado de Assis

Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de «menino diabo»; e verdadeiramente não era outra cousa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce «por pirraça»; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, -- algumas vezes gemendo,-- mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um -- «ai, nhonhô!» -- ao que eu retorquia: -- «Cala a boca, besta!» -- Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-me beijos.

Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.

Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstâncias e logares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa regra perdia o espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas entre a manhã e a noite fazia uma grande maldade, e meu pai, passado o alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!

Sim, meu pai adorava-me. Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cérebro e muito coração, assaz crédula, sinceramente piedosa, -- caseira, apesar de bonita, e modesta, apesar de abastada; temente às trovoadas e ao marido. O marido era na terra o seu deus. Da colaboração dessas duas creaturas nasceu a minha educação, que, se tinha alguma cousa boa, era no geral viciosa, incompleta, e, em partes, negativa. Meu tio cônego fazia às vezes alguns reparos ao irmão; dizia-lhe que ele me dava mais liberdade do que ensino e mais afeição do que emenda; mas meu pai respondia que aplicava na minha educação um sistema inteiramente superior ao sistema usado; e por este modo, sem confundir o irmão, iludia-se a si próprio.

De envolta com a transmissão e a educação, houve ainda o exemplo estranho, o meio doméstico. Vimos os pais; vejamos os tios. Um deles, o João, era um homem de língua solta, vida galante, conversa picaresca. Desde os onze anos entrou a admitir-me às anedotas reais ou não, eivadas todas de obscenidade ou imundície. Não me respeitava a adolescência, como não respeitava a batina do irmão; com a diferença que este fugia logo que ele enveredava por assunto escabroso. Eu não; deixava-me estar, sem entender nada, a princípio, depois entendendo e enfim achando-lhe graça. No fim de certo tempo, quem o procurava era eu; e ele gostava muito de mim, dava-me doces, levava-me a passeio. Em casa, quando lá ia passar alguns dias, não poucas vezes me aconteceu achá-lo, no fundo da chácara, no lavadouro, a palestrar com as escravas que batiam roupa; aí é que era um desfiar de anedotas, de ditos, de perguntas, e um estalar de risadas, que ninguém podia ouvir, porque o lavadouro ficava muito longe de casa. As pretas, com uma tanga no ventre, a arregaçar-lhes um palmo dos vestidos, umas dentro do tanque, outras fora, inclinadas sobre as peças de roupa, a batê-las, a ensaboá-las, a torcê-las, iam ouvindo e redarguindo às pilhérias do tio João, e a comentá-las de quando em quando com esta palavra:

-- Cruz, diabo!... Este sinhô João é o diabo!

Bem diferente era o tio cônego. Esse tinha muita austeridade e pureza; tais dotes, contudo, não realçavam um espírito superior, apenas compensavam um espírito medíocre. Não era homem que visse a parte substancial da egreja; via o lado externo, a hierarquia, as preeminências, as sobrepelizes, as circunflexões. Vinha antes da sacristia que do altar. Uma lacuna no ritual excitava-o mais do que uma infração dos mandamentos. Agora, a tantos anos de distância, não estou certo se ele poderia atinar facilmente com um trecho de Tertuliano, ou expor, sem titubear, a história do símbolo de Nicéia; mas ninguém, nas festas cantadas, sabia melhor o número e caso das cortesias que se deviam ao oficiante. Cônego foi a única ambição de sua vida; e dizia de coração que era a maior dignidade a que podia aspirar. Piedoso, severo nos costumes, minucioso na observância das regras, frouxo, acanhado, subalterno, possuía algumas virtudes, em que era exemplar, mas carecia absolutamente da força de as incutir, de as impor aos outros.

Não digo nada de minha tia materna, D. Emerenciana, e aliás era a pessoa que mais autoridade tinha sobre mim; essa diferençava-se grandemente dos outros; mas viveu pouco tempo em nossa companhia, uns dous anos. Outros parentes e alguns íntimos não merecem a pena de ser citados; não tivemos uma vida comum, mas intermitente, com grandes claros de separação. O que importa é a expressão geral do meio doméstico, e essa aí fica indicada, -- vulgaridade de caracteres, amor das aparências rutilantes, do arruído, frouxidão da vontade, domínio do capricho, e o mais. Dessa terra e desse estrume é que nasceu esta flor.

A fé é um salto no escuro

Comentário de Catecismo da Igreja Católica

Se a Eucaristia é o memorial da Páscoa da Senhor, se pela nossa comunhão no altar somos cumulados da «plenitude das bênçãos e graças do céu» (cânone romano), a Eucaristia é também a antecipação da glória celeste. Na última ceia, o próprio Senhor chamou a atenção dos seus discípulos para a consumação da Páscoa no Reino de Deus: «Eu vos digo que não voltarei a beber deste fruto da videira, até o dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai» (Mt 26, 29). Sempre que a Igreja celebra a Eucaristia, lembra-se desta promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que vem» (Ap 1, 4). Na sua oração, ela clama pela sua vinda: «Marana tha» (1Cor 16, 22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20), «que a tua graça venha e que este mundo passe!» (Didaké).
A Igreja sabe que, desde já, o Senhor vem na sua Eucaristia e que está ali, no meio de nós. Mas esta presença é velada. E é por isso que celebramos a Eucaristia «enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso Salvador» (Tit 2,3), pedindo a graça de ser acolhidos «com bondade no vosso Reino, onde também nós esperamos ser recebidos, para vivermos […] eternamente na vossa glória, quando enxugardes todas as lágrimas dos nossos olhos; e, vendo-Vos tal como sois, Senhor nosso Deus, seremos para sempre semelhantes a Vós e cantaremos sem fim os vossos louvores, por Jesus Cristo nosso Senhor» (oração eucarística).
Desta grande esperança – dos novos céus e da nova terra, onde habitará a justiça (2Pe 3,13)– não temos garantia mais segura nem sinal mais manifesto do que a Eucaristia. Com efeito, cada vez que se celebra este mistério, «realiza-se a obra da nossa redenção» (Lg 3) e «partimos o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas viver em Jesus Cristo para sempre» (Santo Inácio de Antioquia).

Caravaggio. Pintura


terça-feira, dezembro 01, 2015

Tem muita mulher jovem e solteira por aí que não quer casar, só quer seu filho e uma pensão alimentícia para o resto da vida. Pode te custar muito caro.

Evangelho segundo São Lucas 10,21-24.

Naquele tempo, Jesus exultou de alegria pela ação do Espírito Santo e disse: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isto foi do teu agrado.
Tudo Me foi entregue por meu Pai; e ninguém sabe o que é o Filho senão o Pai, nem o que é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar».
Voltando-Se depois para os discípulos, disse-lhes: «Felizes os olhos que vêem o que estais a ver,
porque Eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram».

Caetano Veloso, Alegria Alegria, Uma noite em 67

ROSA. Charles Fonseca

ROSA
Charles Fonseca

Num tapete só vermelho
Tarde fria mês de julho
Veio ao mundo em debuxo
Um rebento meio a meio

Uma nina consangüínea
Pr’um amor pra toda a vida
O poeta deu guarida
À morena longilínea

Que lhe veio tão mimosa
Qual gatinha ronronante
Ou, quem sabe, perfumante
De sua vida, qual uma rosa.

Johann Adalbert Angemeyer. Pintura


Bouquet of Flowers with Animals
ANGERMAYER, Johann Adalbert (1674-1740) Baroque Bohemian painter (Prague)

Comentário de Santo Ireneu de Lyon

Desde o princípio, Deus criou o homem para os seus dons. Ele escolheu os patriarcas com vista à salvação e preparou para Si um povo, ensinando os ignorantes a seguirem o rasto de Deus. Em seguida, instruiu os profetas, para habituar os homens a acolherem o seu Espírito neste mundo e a entrarem em comunhão com Deus. Ele não precisava de ninguém; mas, àqueles que precisavam dele, ofereceu a sua comunhão. Para esses, em quem pôs a sua complacência (Lc 2,14), concebeu antecipadamente, qual arquitecto, o edifício da salvação: nas trevas do Egipto, fez-se Ele próprio o seu guia; no deserto, onde erravam, deu-lhes uma lei apropriada; e àqueles que entraram na terra prometida, ofereceu-lhes uma herança escolhida; enfim, para todos os que regressam ao Pai, mata o cordeiro gordo e oferece-lhes uma veste preciosa (Lc 15,22).

Assim, Deus dispôs o género humano de várias maneiras, com vista «à música e às danças» da salvação (Lc 12,25). É por essa razão que João escreve no Apocalipse: «E a sua voz era a voz das grandes águas» (Ap 1,15). É que são de facto múltiplas as águas do Espírito de Deus, pois o Pai é rico e grande. E, passando por tudo isto, o Verbo concedeu generosamente a sua assistência aos que Lhe estavam submetidos, dando a toda a criatura prescrições apropriadas.

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Concentre sua atenção no foco principal

Janelas do Curuzu. Salvador. Bahia


segunda-feira, novembro 30, 2015

Esquizofrenia: entenda a doença que provoca delírios e alucinações

Pense no ex-Presidente Bill Clinton, e diga qual é a primeira ideia que vem à sua mente. Não foi que ele equilibrou pela primeira vez em 300 anos o orçamento americano, mas o que teve um caso com uma estagiária.

A Igreja de Cristo não erra. Os cristãos, sim.

Evangelho segundo São Mateus 4,18-22.

Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
Disse-lhes: «Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens.»
E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no.
Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, os quais, com seu pai, Zebedeu, consertavam as redes, dentro do barco. Chamou-os, e
eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai, seguiram-no.

Roger Fenton. Fotografia

Roseiras dolorosas. José Antônio Jacob

ROSEIRAS DOLOROSAS
José Antonio Jacob

Estou sozinho em meu jardim sem cores,
E ainda que eu tenha mágoas, bem guardadas,
Cuido dessas roseiras desmaiadas
Que em meu canteiro nunca abriram flores.

Tais quais receosas almas delicadas
Elas se encolhem, sobre seus temores,
E abortam seus rebentos nas ramadas
Enquanto vão morrendo em suas dores...

Quantas almas, que por serem assim,
Como essas tristes plantas no jardim,
Calam-se, a olhar o nada, tão descrentes...

Feito as minhas roseiras dolorosas
Que só olham para a vida, indiferentes,
E não me dão espinhos e nem rosas.

A maior herança é a dignidade

domingo, novembro 29, 2015

Sobrinho


1ª Carta aos Tessalonicenses 3,12-13.4,1-2.

Irmãos: O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos, tal como nós a temos tido para convosco.
O Senhor confirme os vossos corações numa santidade irrepreensível, diante de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de Jesus, nosso Senhor, com todos os santos.
Finalmente, irmãos, eis o que vos pedimos e recomendamos no Senhor Jesus: recebestes de nós instruções sobre o modo como deveis proceder para agradar a Deus, e assim estais procedendo; mas deveis progredir ainda mais.
Conheceis bem as normas que vos demos da parte do Senhor Jesus.

Orquídea. Vilma Pinto

HERDADE. Charles Fonseca

HERDADE
Charles Fonseca

Há um amor a ser curtido
Um ódio a ser curado
Num amante ser amado
Por amado a ser remido

Por soluço a ser chorado
Por beijo quem sabe tido
De alguém já tão sofrido
Deste alguém lá do passado

Que é terno como eu vivo
A morrer só de saudade
A deixar-lhe por herdade
Este amor que há comigo.

O Espírito Santo e a Igreja na liturgia

1091. Na liturgia, o Espírito Santo é o pedagogo da fé do povo de Deus, o artífice das «obras-primas de Deus» que são os sacramentos da Nova Aliança. O desejo e a obra do Espírito no coração da Igreja é que nós vivamos da vida de Cristo ressuscitado. Quando Ele encontra em nós a resposta da fé que suscitou, realiza-se uma verdadeira cooperação. E, por ela, a liturgia torna-se a obra comum do Espírito Santo e da Igreja.

1092. Nesta dispensação sacramental do mistério de Cristo, o Espírito Santo age do mesmo modo que nos outros tempos da economia da salvação: prepara a Igreja para o encontro com o seu Senhor; lembra e manifesta Cristo à fé da assembleia; torna presente e actualiza o mistério de Cristo pelo seu poder transformante; e finalmente, enquanto Espírito de comunhão, une a Igreja à vida e à missão de Cristo.

catecismo

Angeluccio. Pintura


Rural Scene
1640s
ANGELUCCIO c. 1620-c. 1650) Baroque Italian painter (Rome)

sábado, novembro 28, 2015

sexta-feira, novembro 27, 2015

Gaúchos. Marcelo Caixeta

Marcelo Ferreira Caixeta, gostaria que vc fizesse uma análise médicopsicológica do que vou escrever abaixo.
É o seguinte : o centro-sul adora meter o pau no Norte-Nordeste, mas veja bem :
Você viu o que o pessoal do RS fez com um motorista da uber? Andei pensando. Esses gaúchos são herdeiros de europeus sindicalistas e estatistas que vieram ao Brasil na época do auge do nacionalismo. Ao mesmo tempo em que se acham superiores aos brasileiros, com seus sobrenomes (muitas vezes dos tetravôs) europeus), eles parecem ser ainda mais socialistas e comunistas que os seus odiados compatriotas. Outra coisa que li é que sociedades escandinavas têm pouca desigualdade porque as pessoas tendem a ter comportamento solidário para com quem se parece com elas (uma utilização inadequada e involuntária de uma tendência ao nepotismo, galgada na evolução das espécies). Você vê mais motivos para os gaúchos serem tão avessos à livre iniciativa? Lembro - lhe que eles nos deram Maria do Rosário, Luis Carlos Prestes, Manoela D'avilla, Tarso e Luciana Genro, Olívio Dutra e o berço esplêndido do petismo. Não podemos nos esquecer do Grande Ditador Getulio Vargas, aliás modelo de Lula.
Outra dúvida: por que a desigualdade no tratamento aos homossexuais chama muito mais atenção do que a dada aos nordestinos? Quantos artistas de sucesso, não caricatos, são nordestinos? Quer que uma banda não dê certo: mantenha seu sotaque do nordeste. Sou individualista e odeio pautas coletivistas. Minha dúvida é apenas pq algumas pautas coletivas têm tanto apelo e essa não.
Penso que o gaúcho olha para seu "compatriota" loiro dos olhos azuis e pensa que é seu irmão, tem vontade de ajudar, de tornar todos iguais. Isso muito mais que os outros brasileiros.
Eu, Marcelo, digo, Caro colega, eu iria tentar responder isso, mas só a pergunta já é tão polêmica que eu resolvi deixar prá lá. Se vira nos trinta e guenta o fogo, "táca-lhe-o-pau" piá ....!!

Evangelho segundo São Lucas 21,29-33.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Olhai a figueira e as outras árvores:
Quando vedes que já têm rebentos, sabeis que o Verão está próximo.
Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus.
Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo aconteça.
Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão».

Ladeira do Pelourinho. Salvador. Bahia. Ewerton Mendonça


Comentário de Orígenes

«Senhor, dá-me a conhecer o meu fim e o número dos meus dias, para que veja como sou efémero» (Sl 38,5]. Se me permitisses conhecer o meu fim, diz o salmista, e se me desses a conhecer o número dos meus dias, poderia só por isso perceber o que me falta.
Ou talvez ele queira indicar com estas palavras que todo o trabalho tem um fim. Por exemplo, o objectivo de um empreendimento de construção é fazer uma casa; a finalidade de um estaleiro naval é construir um barco capaz de triunfar sobre as vagas do mar e de suportar as investidas dos ventos; e o objectivo de cada profissão é algo semelhante para cuja realização a própria profissão foi criada. Por isso, talvez haja também um certo objectivo na nossa vida e na existência do mundo, para o qual se faz tudo o que se faz na nossa vida ou para o qual o próprio mundo foi criado ou subsiste. Também o Apóstolo Paulo recorda desse objectivo quando diz: «Depois, será o fim: quando Ele entregar o reino a Deus Pai» (1Cor 15,24) É pois necessário que nos apressemos para essa meta, uma vez que o valor da obra é a razão pela qual fomos criados por Deus.
Assim como o nosso organismo corporal é pequeno e reduzido no momento em que nascemos e no entanto se desenvolve e tende para o limite do seu tamanho crescendo em idade; assim como também a nossa alma […] recebe primeiramente uma linguagem balbuciante, que seguidamente se vai tornando mais clara, para chegar finalmente a uma forma de se exprimir perfeita e correcta; assim também toda a nossa vida começa no presente, decerto balbuciante, entre os homens deste mundo e se conclui e chega ao seu auge nos céus, perto de Deus.
Por este motivo, o profeta deseja conhecer o fim para que foi criado, porque, olhando para o objectivo, examinando os seus dias e considerando a sua perfeição, vê o que lhe falta em relação a essa meta para a qual tende. […] É como se aqueles que saíram do Egipto tivessem dito: «Senhor, dá-me a conhecer o meu fim», que é uma terra boa e uma terra santa, «e o número dos meus dias» que percorro «para que veja como sou efémero», quanto ainda me falta caminhar para chegar à terra santa que me foi prometida.

Angela Maria 1957 "Mentindo"

quinta-feira, novembro 26, 2015

Mercedes.2


Evangelho segundo São Lucas 21,20-28.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos, sabei que está próxima a sua devastação.
Então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes, os que estiverem dentro da cidade saiam para fora e os que estiverem nos campos não entrem na cidade.
Porque serão dias de castigo, nos quais deverá cumprir-se tudo o que está escrito.
Ai daquelas que estiverem para ser mães e das que andarem a amamentar nesses dias, porque haverá grande angústia na terra e indignação contra este povo.
Cairão ao fio da espada, irão cativos para todas as nações, e Jerusalém será calcada pelos pagãos, até que aos pagãos chegue a sua hora.
Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar.
Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória.
Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.

Angelo da Siena. Pintura


Small Female Portrait
ANGELO DA SIENA (active 1447-1456) Early Renaissance Italian painter (Ferrara)

"Eu te Amo", por Chico Buarque

Comentário de São Bernardo

«Esse Jesus que, ao separar-Se de vós, Se elevou nos céus voltará um dia da mesma forma como O vistes subir» (Act 1,11). Virá, dizem aqueles anjos, da mesma forma. Virá então para nos buscar num cortejo único e universal, descerá precedido de todos os anjos e seguido de todos os homens para julgar os vivos e os mortos? Sim, é bem certo que Ele virá, mas virá da mesma forma como subiu aos céus e não da forma como desceu da primeira vez. Na verdade, quando Ele veio para salvar as nossas almas, foi na humildade; mas, quando vier para arrancar este cadáver ao sono da morte, para «o tornar semelhante ao seu corpo glorioso» (Fil 3,21) e encher de honra este vaso que hoje é tão frágil, mostrar-Se-á em todo o seu esplendor. Então veremos em todo o seu poder e majestade aquele que outrora estava escondido sob a fraqueza da nossa carne. […]
Sendo Deus, Cristo não podia crescer, porque não há nada acima de Deus. E, contudo, Ele achou um meio de crescer: descendo, vindo encarnar, sofrer e morrer para nos arrancar à morte eterna. «Foi por isso que Deus O exaltou» (Fil 2,9). Deus ressuscitou-O, e Ele está sentado à direita do Pai. «Quem se exalta será humilhado; quem se humilha será exaltado» (Lc 14,11).
Feliz, Senhor Jesus, aquele que só Te tem a Ti por guia! Possamos nós seguir-Te, nós que somos «o teu povo e as ovelhas do teu pasto» (Sl 78,13), possamos nós ir por Ti para Ti, porque Tu és «o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14,6). O caminho pelo exemplo, a verdade pelas tuas promessas, a vida porque és Tu a nossa recompensa. «Tu tens palavras de vida eterna e nós sabemos e acreditamos que Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Jo 6,69; Mt 16,16), e que Tu próprio és Deus, mais alto que todas as coisas, bendito para sempre!

Pior do que a sua esposa ficar sabendo, é a sua filha. Ao contrário da mãe, elas nunca perdoam. Repito, nunca perdoam.

quarta-feira, novembro 25, 2015

Evangelho segundo São Lucas 21,12-19.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome.
Assim tereis ocasião de dar testemunho.
Tende presente em vossos corações que não deveis preparar a vossa defesa.
Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer.
Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós
e todos vos odiarão por causa do meu nome;
mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá.
Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».

1800 colinas Beth Carvalho

Comentário de São Gregório de Nissa

Se a dádiva que Deus deu ao mundo ao enviar-lhe o Seu Filho é tão boa, tão digna de Deus, porque adiou Ele tanto este benefício? Dado que o mal no mundo estava ainda no seu início, porque não cortou Deus pela raiz o seu desenvolvimento posterior? A esta objeção, há que responder brevemente que foi a sabedoria, a previdência e a bondade de Deus que O fez adiar este benefício. Com efeito, tal como no caso das doenças físicas, […] em que os médicos esperam que a doença, inicialmente escondida no interior do corpo, se manifeste no exterior, de modo a aplicarem o tratamento necessário quando ela está a descoberto, assim também quando a doença do pecado se abateu sobre a raça humana, o Médico do universo esperou até que nenhuma forma de perversidade permanecesse dissimulada. Eis a razão por que Deus não aplicou o seu tratamento ao mundo imediatamente após o ciúme de Caim e o assassínio de Abel, seu irmão. […] Foi quando o vício atingiu o seu auge e não restava mais nenhuma perversidade que os homens não tivessem ousado, que Deus começou a tratar a doença. Não no seu início, mas no seu desenvolvimento pleno. Deste modo, o tratamento divino pôde abarcar todas as enfermidades humanas. […] Mas então por que razão a graça do Evangelho não se difundiu de imediato a todos os homens? É verdade que a graça do Evangelho abarca todos sem distinção de condição, idade ou raça. […] Mas Aquele que tem a livre disposição de todas as coisas nas suas mãos levou até ao extremo o respeito pelo homem, permitindo que cada um de nós dispusesse de um domínio do qual é o único dono e senhor: a vontade, a faculdade que ignora a escravatura, que se mantém livre, fundada na autonomia da razão. A fé está, portanto, à livre disposição daqueles que recebem o anúncio do Evangelho.

Fra Angelico, Pintura


San Domenico Altarpiece
ANGELICO, Fra
Italian painter, Florentine school (b. ca. 1400, Vicchio nell Mugello, d. 1455, Roma)

terça-feira, novembro 24, 2015

1. A arte de ter razão. Schopenhauer

Leve a proposição do seu oponente além dos seus limites naturais; exagere-a. Quanto mais geral a declaração do seu oponente se torna, mais objeções você pode encontrar contra ela. Quanto mais restritas as suas próprias proposições permanecem, mais fáceis elas são de defender.

Comentário de São Cirilo de Alexandria

«Reduzistes a cidade a um montão de pedras; a cidadela dos orgulhosos está aniquilada, jamais será reedificada. Por isso um povo forte vos glorifica» (Is 25,2-3). Pertence ao desígnio constante de Deus omnipotente e aos seus conselhos irrepreensíveis reduzir as «cidadelas» a «montões de pedra», abalá-las desde os fundamentos, sem esperança de voltarem a erguer-se. «Jamais será reedificada», diz o texto. Estas cidades destruídas não são, a nosso ver, aquelas que são perceptíveis pelos sentidos, nem são os homens que nelas vivem. Parece-nos que se trata antes das potências más e hostis, e sobretudo de Satanás, aqui chamado cidade e «cidadela». […]
Quando o Emanuel apareceu e brilhou neste mundo, o exército ímpio das potências adversas foi derrubado, Satanás foi abalado nos seus fundamentos e caiu, enfraquecido para sempre, sem esperança de voltar a erguer-se, de levantar de novo a cabeça.
Por isso, o povo pobre e a cidade dos homens oprimidos bendirá o Senhor. Israel foi chamado ao conhecimento de Deus pela pedagogia da Lei, foi cumulado de todos os bens por Deus. Sim, Israel foi salvo e obteve em herança a terra da promessa. Mas a multidão das nações que estão sob o céu estava privada destes bens espirituais. […] Quando Cristo apareceu em pessoa e, destruindo a tirania do demónio, as conduziu a seu Deus e seu Pai, foram enriquecidas com a luz da verdade pela participação na glória divina, pela grandeza da vida do Evangelho. É por isso que cantam hinos de acções de graças a Deus Pai: «Vós realizastes os vossos maravilhosos desígnios» (v.1), tudo recapitulando em Cristo. Vós iluminastes aqueles que se encontravam nas trevas (cf Lc 1,79), derrubando as potências que dominam o mundo (cf Ef 6,12) como se derrubam cidadelas. «Por isso um povo forte vos glorifica».

Mulher, enteada e amiga.

A ereção é uma homenagem

Há silêncio de mentes corrompidas

A censura escondida é covarde

Giuseppe Angeli. Pintura

The Immaculate Conception
ANGELI, Giuseppe (1712-1798) Baroque Italian painter (Venice)

segunda-feira, novembro 23, 2015

Na nossa morada hospedamos pacíficos

Comentário de São João Paulo II

Para edificar a nova Europa sobre bases sólidas, não é decerto suficiente apelar apenas aos interesses económicos, que se em certas ocasiões unem, noutras, em contrapartida, dividem; antes, é necessário incidir sobre os valores autênticos, que têm o seu fundamento na lei moral universal, inscrita no coração de cada homem. Uma Europa que confundisse o valor da tolerância e do respeito universal com o indiferentismo ético e o cepticismo acerca dos valores irrenunciáveis abrir-se-ia às mais arriscadas aventuras e, mais cedo ou mais tarde, veria reaparecer sob novas formas os espectros mais tremendos da sua história.
Para evitar esta ameaça, torna-se mais uma vez vital o papel do cristianismo, que está a indicar de forma infatigável o horizonte ideal. À luz dos inúmeros pontos de encontro com as outras religiões, que o Concílio Vaticano II prospectou (cf. Decreto «Nostra aetate»), é necessário ressaltar com vigor que a abertura ao Transcendente é uma dimensão vital para a existência. É essencial, portanto, um renovado compromisso de testemunho por parte de todos os cristãos, presentes nas várias nações do continente. A eles cabe alimentar a esperança da plena salvação com o anúncio do Evangelho que lhes compete isto é, da «Boa Nova» com a qual Deus Se encontrou connosco, e em seu Filho Jesus Cristo nos ofereceu a redenção e a plenitude da vida divina. Graças ao Espírito que nos foi dado, podemos elevar a Deus o nosso olhar e invocá-lo com o doce nome de «Abba», Pai (cf Rom 8,15; Gal 4,6).

Ao favorecer uma renovada devoção, quis, com este anúncio de esperança, valorizar em perspectiva «europeia» estas três grandes figuras de mulher, que em várias épocas deram tão significativa contribuição para o crescimento, não só da Igreja, mas da mesma sociedade.

Joao Gilberto and Antonio Carlos Jobim - Chega de Saudade

Achar que sua amante é fiel a você é outra ingenuidade. Você já conhece o caso do Presidente da República do Brasil que adotou o filho seu com a amante, para depois descobrir que não era seu. Será sempre lembrado por isto, você vai querer o mesmo?

Filipo d'Angeli, Pintura


Dante and Virgil in the Underworld
ANGELI, Filippo d' (see NAPOLETANO, Filippo) (c. 1589-1629) Baroque Italian painter (Rome)

Tenha orgulho da herança moral que você deixa aos seus sucessores.

domingo, novembro 22, 2015

Chegando a hora dos acomodados pongarem no bonde da História.

Yatch. Charles Fonseca

YATCH
Charles Fonseca

Yatch Clube Bahia
de festas danças amores
desilusões também dores
desamores agonia

Desencontradas versões
de braçadas foram cortes
na alma nos contrafortes
águas que de aluviões

Não foram destas serenas
águas que hoje remansos
pro corpo amores mansos
pra alma ventura plenas.

Moradores fazem abraço simbólico em forma de protesto na praia de Quatro Ilhas em Bombinhas

Mônica Klein. Fotografia

Seu afeto estrangulado sai através da fala ou da escrita

Roberto Silva - Emília (1958)

Evangelho segundo São João 18,33b-37.

Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório, chamou Jesus e perguntou-Lhe: «Tu és o rei dos judeus?».
Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?».
Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?».
Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».

A amada. Fotografia

Todo medíocre precisa de iguais para combater e de ingênuos para aliciar.

Brasão Papa Francisco


Comentário de Santo Agostinho

Escutai todos, judeus e gentios […]; escutai, todos os reinos da terra! Eu não impeço o vosso domínio sobre este mundo, «o meu Reino não é deste mundo» (Jo 18,36). Não temais, pois, com esse medo insensato que dominou Herodes quando lhe anunciaram o meu nascimento. […] Não, diz o Salvador, «o meu Reino não é deste mundo». Vinde todos a um Reino que não é deste mundo; vinde a ele pela fé; que o medo não vos torne cruéis. É verdade que, numa profecia, o Filho de Deus diz, falando do Pai: «Por Ele, fui eleito rei sobre Sião, sobre a montanha sagrada» (Sl 2,6). Mas essa Sião e essa montanha não são deste mundo.
Com efeito, o que é o seu Reino? São os que acreditam nele, aqueles a quem Ele diz: Não sois do mundo, tal como Eu não sou do mundo (Jo 17,16). E, contudo, Ele quer que estejam no mundo e diz ao Pai: «Não te peço que os retires do mundo, mas que os guardes do mal» (Jo 17,15). É que Ele não disse: «O meu Reino não está neste mundo», mas sim «não é deste mundo; se fosse deste mundo, os meus servos viriam combater para que eu não fosse entregue.»
Na verdade, o seu Reino está aqui na terra até ao fim do mundo; até à colheita, o joio está misturado com o trigo (Mt 13,24s). […] O seu Reino não é deste mundo porque Ele é como um viajante neste mundo. Àqueles sobre quem reina, diz: « Não sois do mundo, pois escolhi-vos do meio do mundo» (Jo 15,19). Eles eram, portanto, deste mundo, quando ainda não eram o seu Reino e pertenciam ao príncipe deste mundo. […] Todos os que são gerados da raça de Adão pecador pertencem a este mundo; todos os que foram regenerados em Jesus Cristo pertencem ao seu Reino e já não são deste mundo.

«Deus arrancou-nos efectivamente do poder das trevas e transportou-nos para o Reino de seu Filho muito amado» (Col 1,13).

Bach: Brandenburg Concerto No. 4 in G Major BWV 1049, complete; Voices o...

Uma vez por semana com o seu amor

sábado, novembro 21, 2015

Achar que trair com uma mulher casada é mais seguro, é outra lenda urbana. Mais dia menos dia, numa briga de casal, ela dirá para o seu marido. "Seu amigo x, inclua aqui seu nome, transa muito melhor do que você". Eu, heim!

PERMEIO. Charles Fonseca

PERMEIO
Charles Fonseca

Horas caladas da noite
Séculos de solidão
De amar na contra mão
Vento sul alma no açoite

Vem tu musa eu miserável
Sustêm-me nessa jornada
Noite adentro inescrutável
‘Té que venha a alvorada

De amar e entre gorjeios
Não só escreva que fale
Este senescente vate
Sol nascente em nós permeio.

Paolo Anesi, Pintura



ANESI, Paolo (1697-1773) Baroque Italian painter (Rome)

O lado espiritual de uma mulher. Charles Fonseca

Nascida em lar espírita, fonoaudióloga voluntária na Mansão do Caminho, palestrante em vários centros espíritas e assemelhados sobre a doutrina no Brasil e Canadá. Duas vezes por semana em horário fixo por 50 minutos faz o seu 'Evangelho' com meditação, leitura de textos espíritas e dos quatro evangelho segundo São Mateus, Marcos, Lucas e João. Orações e cânticos em voz alta. Há 14 anos sou testemunha ocular. Eis o lado espiritual de minha mulher.

Montevideo.Fotografia.

Evangelho segundo São Lucas 20,27-40.

Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição
– e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’.
Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos.
O segundo e depois
o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos.
Por fim, morreu também a mulher.
De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?».
Disse-lhes Jesus: «Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento.
Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento.
Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus.
E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’.
Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».
Então alguns escribas tomaram a palavra e disseram: «Falaste bem, Mestre».
E ninguém mais se atrevia a fazer-Lhe qualquer pergunta.

Ladeira da Montanha. Salvador. Bahia.

Na Ladeira da Montanha uma vez por semana uma mulher e uma amiga espírita mais jovem iam das 19 às 21:30 hs distribuir sopa quente às prostitutas aposentadas, drogados, miseráveis, onde homens não queriam ir com o mesmo objetivo e ficavam com medo nas calçadas. Durante anos. Só parou quando casou comigo.

Mercedes. Fotografia


Quando o inconsciente aflora você melhora

sexta-feira, novembro 20, 2015

O aperto de mão contém uma mensagem

PENEDO. Charles Fonseca. Poesia,

PENEDO
Charles Fonseca

És corça, sobe sem medo,
Repousa em mim, sou rochedo.
És garça, foge ligeiro,
Torna pra mim, sou penedo.
És pomba, sou na borrasca
Pouso certo, sou escarpa.

Programa 194 - poema 1

O passado corresponde a tudo que ocorreu antes da sua memória

Comentário de Missal Romano

É verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças sempre e em todo a parte,
Senhor, Pai Santo, Deus eterno e omnipotente,
por Cristo, nosso Senhor.
Nesta casa que Tu nos deste
e onde acolhes o teu povo que caminha para Ti,
ofereces-nos um sinal maravilhoso da tua aliança:
aqui, constróis, para tua glória,
o templo vivo que somos nós;
aqui, edificas a Igreja, a tua Igreja universal,
para que se constitua o Corpo de Cristo;
e essa obra completar-se-á na visão beatífica
na Jerusalém celeste.
Por isso, com a multidão imensa dos santos,
neste lugar que Tu consagraste,
bendizemos-Te, glorificamos-Te
e damos-Te graças, cantando:
«Santo, Santo, Santo!
Senhor Deus do universo!»

É preciso meia hora de conversa

Mercedes Sosa e Raimundo Fagner - "Años" (1981)

Dois comedouros para pássaros soltos na porta de nossa morada. Diariamente coloco ração. Vizinhança passou a colocar maçã para os passarinhos. Em Florianópolis é assim.

quinta-feira, novembro 19, 2015

Os muito calados podem ser muito burros, muito inteligentes, surdos, mudos ou cegos.

Evangelho segundo São Lucas 19,41-44.

Naquele tempo, quando Jesus Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela e disse:
«Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! Mas não. Está escondido a teus olhos.
Dias virão para ti, em que os teus inimigos te rodearão de trincheiras e te apertarão de todos os lados.
Esmagar-te-ão a ti e aos teus filhos e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada».

"Caatinga" - Globo Rural - TV Globo

Comentário de Santo Agostinho

«Haja paz nas tuas muralhas» (Sl 121,7). Ó Jerusalém, «construída como uma cidade, mantida na união» (v.3), haja paz na tua força e na tua caridade! Porque a tua força é a tua caridade. Presta atenção ao Cântico dos Cânticos: «tão forte como a morte é o amor» (8,6). Irmãos, que palavras dignas de admiração! […] Quem poderá resistir à morte, irmãos? Resiste a vossa caridade. Resistimos às chamas, às vagas, aos ferros, aos tiranos e aos reis, mas à morte, quem poderá resistir-lhe? Nada pode mais do que ela. Apenas o amor pode igualar a sua força; por isso dizemos que é tão forte como a morte, porque o amor mata o que nós éramos para fazer surgir o que ainda não éramos, operando em nós uma espécie de morte; a mesma morte de que morreu S. Paulo, ao dizer: «o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo» (Gal 6,14) ou de que morreram aqueles a quem ele dizia: «vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus» (Col 3,3). Tão forte como a morte é o amor. […] Que a paz esteja pois na tua força, Jerusalém, que a paz esteja no teu amor. E com esta força, com este amor, com esta paz, que «haja abundancia nas tuas alcáçovas» (Sl 121,7), quer dizer, nas tuas alturas. […] Profusão de regalos, pasto de riquezas, eis o Deus uno; eis Aquele com quem se mantêm em união todos os habitantes desta cidade. Ele será a nossa abundância na cidade de Jerusalém.

Arcadian Landscape. Jurrien Andressen. Pintura

quarta-feira, novembro 18, 2015

Comentário de São João Paulo II

Ao criar a humanidade, o homem e a mulher, Deus disse-lhes: «Sede fecundos e multiplicai-vos; ocupai a terra e submetei-a» (Gn 1,28). Esse foi, por assim dizer, o primeiro mandamento de Deus, ligado à própria ordem da criação. Desta forma, o trabalho humano corresponde à vontade de Deus. Quando dizemos: «Seja feita a vossa vontade», aproximamos estas palavras do trabalho que preenche todos os dias da nossa vida. Damo-nos conta de que nos conformamos a esta vontade do Criador quando o nosso trabalho e as relações humanas que ele implica estão impregnados dos valores da iniciativa, da coragem, da confiança, da solidariedade, que são outros tantos reflexos da semelhança divina em nós. […]
O Criador investiu o homem do poder de dominar a terra; pede-lhe assim que controle, pelo seu próprio trabalho, o domínio que lhe confia, que active todas as suas capacidades para chegar ao feliz desenvolvimento da sua própria personalidade e de toda a comunidade. Pelo trabalho, o homem obedece a Deus e responde à sua confiança. Tal não se afasta daquele pedido do Pai Nosso: «Venha a nós o vosso Reino». O homem age para que o plano de Deus se realize, consciente de ter sido feito à semelhança de Deus e, portanto, de dele ter recebido a força, a inteligência, as aptidões para realizar uma comunidade de vida pelo amor desinteressado que tem pelos seus irmãos. Tudo o que é positivo e bom na vida do homem completa-se e atinge o seu verdadeiro objectivo no Reino de Deus.
Escolhestes bem a vossa palavra de ordem: «Reino de Deus, vida do homem», porque a causa de Deus e a causa do homem estão ligadas uma à outra; o mundo progride para o Reino de Deus graças aos dons de Deus, que permitem o dinamismo do homem. Por outras palavras, rezar para que venha o Reino de Deus é orientar todo o nosso ser para a realidade que é o fim último do trabalho humano.

BOCAPIU. Charles Fonseca

BOCAPIU
Charles Fonseca

Oh que silêncio obtuso
aquele do bocapiu
nunca dantes assim se viu
servil serviu ao intruso

Aquele que quer a boquinha
gozar de sua não verve
funde a cuca se inscreve
rescende de si a morrinha.

Anita Mafaldi. Pintura


Primeiro eles te ignoram, depois riem de você, depois brigam, e então você vence. Gandhi

Vê ouve cala e terás vida folgada

Um mal caráter desagrega todo um grupo.

Anita Mafaldi. Pintura


terça-feira, novembro 17, 2015

Enquanto o Brasil está a beira do abismo os camuflados distraem os incautos brincando de esconde esconde

Comentário de Jean Tauler

Lemos no evangelho que Zaqueu quis ver Nosso Senhor, mas era muito pequeno. Que fez ele? Subiu a uma figueira seca. Assim faz o homem: deseja ver Aquele que opera maravilhas e causa um tumulto nele; mas, como não tem estatura suficiente para isso, tem de subir a uma figueira seca. A figueira morta simboliza a morte dos sentidos e da natureza e a vida do homem interior, sobre a qual Deus é levado.

Que disse Nosso Senhor a Zaqueu? «Desce depressa.» Tens de descer, não podes reter uma única gota de consolação de todas as tuas impressões na oração, antes deves descer ao teu puro nada, à tua pobreza, à tua impotência. […] Se te resta algum apego à natureza, é porque ainda não possuis a verdade, é porque ela ainda não se tornou um bem teu; natureza e graça trabalham ainda juntas, e não chegaste ao abandono perfeito […]; esse estado ainda não é a pureza plena. É por isso que Deus convida esse homem a descer, quer dizer que o chama a uma renúncia plena, a um pleno desprendimento da natureza. «Hoje tenho de ficar em tua casa; hoje veio a salvação a esta casa.» Que este hoje nos aconteça para sempre!

Não conservo amizades que fazem intriga

domingo, novembro 15, 2015

sábado, novembro 14, 2015

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Kandinsk. Pintura


Uma terrorista se disse contra o terrorismo. Na França.

Ao divulgar informações é prudente não difundir a nossa ignorância.

Rafael. Pintura


quarta-feira, novembro 11, 2015

Está vindo um novo messias corrupto

Não exponha sua intimidade aos abutres

Catolicismo e espiritismo

Catolicismo e espiritismo

O católico não pode ser espírita porque:

1. O católico admite a possibilidade do Mistério e aceita Verdades sempre que tem certeza que foram reveladas por Deus.
2. O espírita proclama que não há mistérios e tudo o que a mente humana não pode compreender é falso e deve ser rejeitado.
3. O católico instruído crê que Deus pode e faz milagres.
4. O espírita rejeita a possibilidade de milagres e ensina que Deus também deve obedecer as leis da natureza.
5. O católico crê que a Bíblia foi inspirada por Deus e, portanto, não pode conter erros em questão de fé e moral.
6. O espírita declara que a Bíblia está cheia de erros e contradições e que esta nunca foi inspirada por Deus.
7. O católico crê que Jesus enviou o Espírito Santo aos apóstolos e seus sucessores para que pudessem transmitir fielmente a sua doutrina.
8. O espírita declara que os apóstolos e seus sucessores não entenderam os ensinamentos de Cristo e que tudo quanto transmitiram está errado ou foi falsificado.
9. O católico crê que o papa, sucessor de São Pedro, é infalível em questões de fé e moral. O espírita declara que os papas só espalharam o erro e a incredulidade.
10. O católico crê que Jesus instituiu a Igreja para continuar a sua obra. O espírita declara que até a vinda de Allan Kardec, a obra de Cristo estava inutilizada e perdida.
11. O católico crê que Jesus ensinou toda a Revelação e que não há mais nada para ser revelado. O espírita proclama que o Espiritismo é a terceira revelação, destinada a retificar e até mesmo substituir o Evangelho de Cristo.
12. O católico crê no mistério da Santíssima Trindade.
13. O espírita nega esse augusto mistério.
14. O católico crê que Deus é o Criador de tudo, Ser pessoal, distinto do mundo. O espírita afirma que os homens são partículas de Deus (verdadeiro panteísmo).
15. O católico crê que Deus criou a alma humana no momento de sua união com o corpo. O espírita afirma que nossa alma é resultado de lenta e longa evolução, tendo passado pelo reino mineral, vegetal e animal.
16. O católico que o homem é uma composição substancial entre corpo e alma. O espírita afirma que é composto entre perispírito e alma e que o corpo é apena um invólucro temporário, um “alambique para purificar o espírito”.
17. O católico obedece a Deus que, sob severas penas, proibiu a evocação dos mortos. O espírita faz desta evocação uma nova religião.
cpa_falsas_doutrinas_118. O católico crê na existência de anjos e demônios.
19. O espírita afirma que não há anjos, mas espíritos evoluídos e que eram homens; que não há demônios, mas apenas espíritos imperfeitos que alcançarão a perfeição.
20. O católico crê que Jesus Cristo é verdadeiramente o Filho Unigênito de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
21. O espírita nega esta verdade fundamental da fé cristã e afirma que Cristo era apenas um grande médium e nada mais.
22. O católico crê também que Jesus é verdadeiro homem, com corpo real e alma humana. Grande parte dos espíritas afirma que Cristo tinha apenas um corpo aparente ou fluídico.
23. O católico crê que Maria é a Mãe de Deus, Imaculada e assumta ao céu. O espírita nega e ridiculariza todos os privilégios de Maria.
24. O católico crê que Jesus veio para nos salvar, por sua Paixão e Morte. O espírita afirma que Jesus não é nosso Redentor, mas apenas veio para ensinar algumas verdades e de modo obscuro; e que cada pessoa precisa remir-se a si mesma.
25. O católico crê que Deus pode perdoar o pecador arrependido. O espírita afirma que Deus não pode perdoar os pecados sem que se proceda rigorosa expiação e reparação feita pelo próprio pecador, sempre em novas reencarnações.
26. O católico crê nos Sete Sacramentos e na graça própria de cada Sacramento. O espírita não aceita nenhum Sacramento, nem mesmo o poder da graça santificante.
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27. O católico crê que o homem vive uma só vez sobre a Terra e que desta única existência depende a vida eterna.
28. O espírita afirma que a gente nasce, vive, morre e renasce, e progride continuamente (reencarnação).
29. O católico crê que após esta vida exista o céu e o inferno.
30. O espírita nega, pois crê em novas reencarnações.

Por Frei Boaventura Kloppenburg, O.F.M. Bispo da Diocese de Novo Hamburgo (RS)

Terreiro de Jesus. Salvador. Bahia. Ewerton Mendonça


quinta-feira, novembro 05, 2015

Piaba sabida não morde isca

Giorgio Andreoli. Pintura


Dish
ANDREOLI, Giorgio (c. 1465-1553) High Renaissance Italian potter (Gubbio)

Carta aos Romanos 14,7-12.

Irmãos: Nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum de nós morre para si mesmo.
Se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morremos para o Senhor. Portanto, quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor.
Na verdade, Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos.
Mas tu, porque julgas o teu irmão? Porque desprezas o teu irmão? Todos havemos de comparecer diante do tribunal de Deus,
como está escrito: «Por minha vida, diz o Senhor, todo o joelho se dobrará diante de Mim e toda a língua dará glória a Deus».
Portanto, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.

A Queda - As últimas horas de Hitler - Filme Completo e Dublado

Livro de Salmos 27(26),1.4.13-14.

O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é o protetor da minha vida:
de quem hei-de ter medo?
Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,
para gozar da suavidade do Senhor
e visitar o seu santuário.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor.

Canadá. 391

Exibindo DSCN0391.JPG

O voo do gênio. Castro Alves

O vôo do gênio
Castro Alves

à atriz Eugênia Câmara

Um dia, em que na terra a sós vagava
Pela estrada sombria da existência,
Sem rosas — nos vergéis da adolescência,
Sem luz d'estrela — pelo céu do amor;
Senti as asas de um arcanjo errante
Roçar-me brandamente pela fronte,
Como o cisne, que adeja sobre a fonte,
As vezes toca a solitária flor.

E disse então: "Quem és, pálido arcanjo!
Tu, que o poeta vens erguer do pego?
Eras acaso tu, que Milton cego
Ouvia em sua noite erma de sol?
Quem és tu? Quem és tu?" — "Eu sou o gênio",
Disse-me o anjo "vem seguir-me o passo,
Quero contigo me arrojar no espaço,
Onde tenho por c'roas o arrebol".

"Onde me levas, pois?.. . " — "Longe te levo
Ao país do ideal, terra das flores,
Onde a brisa do céu tem mais amores
E a fantasia — lagos mais azuis. . . "
E fui... e fui... ergui-me no infinito,
Lá onde o vôo d'águia não se eleva...
Abaixo — via a terra — abismo em treva!
Acima — o firmamento — abismo em luz!

"Arcanjo! arcanjo! que ridente sonho!"
— "Não, poeta, é o vedado paraíso,
Onde os lírios mimosos do sorriso
Eu abro em todo o seio, que chorou,
Onde a loura comédia canta alegre,
Onde eu tenho o condão de um gênio infindo,
Que a sombra de Molière vem sorrindo
Beijar na fronte, que o Senhor beijou. . . "

"Onde me levas mais, anjo divino?"
— "Vem ouvir, sobre as harpas inspiradas,
O canto das esferas namoradas,
Quando eu encho de amor o azul dos céus.
Quero levar-te das paixões nos mares.
Quero levar-te a dédalos profundos,
Onde refervem sóis... e céus... e mundos...
Mais sóis... mais mundos, e onde tudo é rneu...

"Mulher! mulher! Aqui tudo é volúpia:
A brisa morna, a sombra do arvoredo,
A linfa clara, que murmura a medo,
A luz que abraça a flor e o céu ao mar.
Ó princesa, a razão já se me perde,
És a sereia da encantada Sila.
Anjo, que transformaste-te em Dalila,
Sansão de novo te quisera amar!

"Porém não paras neste vôo errante!
A que outros mundos elevar-me tentas?
Já não sinto o soprar de auras sedentas,
Nem bebo a taça de um fogoso amor.
Sinto que rolo em báratros profundos...
Já não tens asas, águia da Tessália,
Maldições sobre ti... tu és Onfália,
Ninguém te ergue das trevas e do horror.

"Porém silêncio! No maldito abismo,
Onde caí contigo criminosa,
Canta uma voz, sentida e maviosa,
Que arrependida sobe a Jeová!
Perdão! Perdão! Senhor, pra quem soluça,
Talvez seja algum anjo peregrino...
... Mas não! inda eras tu, gênio divino,
Também sabes chorar, como Eloá!

"Não mais, ó serafim! suspende as asas!
Que, através das estrelas arrastado,
Meu ser arqueja louco, deslumbrado,
Sobre as constelações e os céus azuis.
Arcanjo! Arcanjo! basta... já contigo
Mergulhei das paixões nas vagas cérulas...
Mas nos meus dedos — já não cabem — pérolas —
Mas na minh'alma — já não cabe — luz!...

O beijo

Anedota política

Churchill fazia um discurso mordaz quando um aparteador, saltando do lugar para protestar, só conseguiu emitir sons abafados. Churchill observou :
- Vossa Excelência não devia deixar crescer uma indignação maior do que a que pode suportar.
- Em outra ocasião, estava sentado, sacudindo a cabeça de maneira tão vigorosa e perturbadora que o orador gritou, afinal, exasperado :
- Quero lembrar ao nobre colega que estou apenas exprimindo minha própria opinião.
Ao que Churchill respondeu :
- E eu quero lembrar ao nobre orador que estou apenas abanando a minha própria cabeça.

Eu te amo. Charles Fonseca. Fotografia


Comentário de Beato Charles de Foucauld

Ia-me afastando mais e mais de Vós, meu Senhor e minha vida, e a minha vida começava a ser uma morte, ou antes, era já uma morte a vossos olhos. E neste estado de morte me conserváveis ainda. […] A fé tinha desaparecido por completo, mas o respeito e a estima haviam permanecido intactos. Concedíeis-me outras graças, meu Deus, mantínheis em mim o gosto pelo estudo, pelas leituras sérias, pelas coisas belas, a repugnância pelo vício e pela fealdade. Fazia o mal, mas não o aprovava nem o amava. […] Dáveis-me essa vaga inquietação de uma má consciência que, por adormecida que esteja, nem por isso está morta.
Nunca senti esta tristeza, este mal-estar, esta inquietação, senão nessa altura. Era, pois, um dom vosso, meu Deus; que longe estava eu de suspeitar de que assim fosse! Que bom sois! E, ao mesmo tempo que impedíeis a minha alma, por essa invenção do vosso amor, de se afundar irremediavelmente, preserváveis o meu corpo: pois se tivesse morrido nessa altura, teria ido para o inferno. […] Os perigos da viagem, tão grandes e tão numerosos, de que me fizestes sair como que por milagre! A saúde inalterável nos lugares mais malsãos, apesar de tão grandes fadigas! Ó meu Deus, como tínheis a vossa mão sobre mim, e quão pouco eu a sentia! Como me protegestes! Como me abrigastes sob as vossas asas, quando eu nem sequer acreditava na vossa existência! E, enquanto assim me protegíeis, e o tempo ia passando, parecia-Vos que tinha chegado o momento de me reconduzir ao cercado.
Desfizestes, apesar de mim, todos os laços maus que me teriam mantido afastado de Vós; desfizestes mesmo todos os laços bons que me teriam impedido de ser, um dia, todo vosso. […] Foi a vossa mão, e só ela, que fez disto o começo, o meio e o fim. Que bom sois! Era necessário fazê-lo, para preparar a minha alma para a verdade; o demónio é excessivamente senhor de uma alma que não é casta, para nela deixar entrar a verdade; não podíeis entrar, meu Deus, numa alma onde o demónio das paixões imundas reinava como senhor. Queríeis entrar na minha, ó Bom Pastor, e fostes Vós que dela expulsastes o vosso inimigo.

Antes do casamento procure saber como eram avós e pais.

Giorgio Andreoli. Pintura


Edge of the Forest
ANDREOLI, Giorgio (c. 1465-1553) High Renaissance Italian potter (Gubbio)

quarta-feira, novembro 04, 2015

Carta aos Romanos 13,8-10.

Irmãos: Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o próximo cumpre a lei.
De facto, os mandamentos que dizem: «Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás», e todos os outros mandamentos, resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo».
A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei.

O Cangaceiro (1953). Filme completo

EL NIÑO. Charles Fonseca. Poesia

EL NIÑO
Charles Fonseca

Oh meu São Pedro amado
aos teus pés fiéis contritos
humildes te clamam hirtos
na terra tá tudo aguado

Fecha as torneiras do céu
ou manda Eólio em socorro
a água já sobe em morro
tire de nós este véu

Que assopre para o mar
diabruras do El Niño
queremos agora o carinho
da luz do sol, aja já!

terça-feira, novembro 03, 2015

Pensão familiar. Manuel Bandeira

Pensão familiar
Manuel Bandeira

Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.

Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.

Andrea di Vanni d'Andrea. Pintura


Ascension of Christ
ANDREA di Vanni d'Andrea (c. 1332-1414) Medieval Italian painter (Siena)

FOI DE UMA VEZ. Charles Fonseca. Poesia.

FOI DE UMA VEZ
Charles Fonseca

Cantavam as patativas
Ele era um caçador
Elas cantavam emotivas
Ele cansado em dor

Jazia no leito de morte
Prestes retorno ao pó
Trinavam as aves em dó
Ao seu par ele em seu norte

Partia já no encalço
Tão cego queria luz
Só clamava por Jesus
Acolhê-lo em seu regaço

A um levantou o braço
Acenando o até breve
A outros a bênção breve
Em todos o olhar baço

Ataíde, ‘já me vou’
Eroildes lhe foi antes
A mulher de todo instante
Herança, saudade, amor.

Pelourinho 3. Salvador. Ewerton Mendonça


Comentário de Divina Liturgia de São Basílio

Santo, santo, Tu és verdadeiramente santo, Senhor nosso Deus, e não há limite para a grandeza da tua santidade: Tu dispuseste todas as coisas com correcção e justeza. Modelaste o homem com o barro da terra, honraste-o com a imagem do próprio Deus, colocaste-o num paraíso de delícias, prometendo-lhe – se observasse os mandamentos – a imortalidade e o gozo dos bens eternos. Mas ele transgrediu os teus mandamentos, Deus verdadeiro, e, seduzido pela malícia da serpente, vítima do seu próprio pecado, submeteu-se à morte. Pelo teu justo juízo, foi expulso do Paraíso para este mundo, reenviado para a terra de onde havia sido tirado.
Mas Tu dispuseste para ele, no teu Cristo, a salvação pelo novo nascimento, pois não rejeitaste para sempre a criatura que havias criado na tua bondade; velaste por ela de muitas maneiras, na grandeza da tua misericórdia. Enviaste profetas, fizeste milagres pelos santos que, em cada geração, Te foram agradáveis; deste-nos a Lei para nos socorrer; estabeleceste os anjos, para nos guardarem.
E, ao chegar a plenitude dos tempos, falaste-nos no teu único Filho, por Quem criaste o universo; Ele que é o esplendor da tua glória e a imagem da tua natureza; Ele que tudo realiza pelo poder da sua palavra; Ele, que não preservou ciosamente a sua igualdade com Deus mas, desde toda a eternidade, veio à terra, viveu com os homens, tomou carne na Virgem Maria, aceitou a condição de escravo, e assumiu o nosso corpo miserável, para nos tornar conformes ao seu corpo de glória (Heb 1,2-3; Fil 2,6-7; 3,21).
E, como foi pelo homem que o pecado entrou no mundo – e, pelo pecado, a morte –, agradou ao Filho único, a Ele que Se encontrava eternamente no teu seio, ó Pai, mas que nasceu de mulher, condenar o pecado na sua carne, a fim de que aqueles que haviam morrido em Adão tivessem a plenitude da vida em Cristo (Rom 5,12; 8,3). Enquanto viveu neste mundo, Ele deu-nos preceitos de salvação, desviou-nos do erro dos ídolos, levando-nos a conhecer-Te, a Ti, Deus verdadeiro. Desse modo, conquistou-nos para Si como povo escolhido, sacerdócio real, nação santa (1Ped 2,9).

Homossexualidade. Bipolaridade. Marcelo Caixeta

Sou um doente psiquiátrico, sou um "doente sexual". Não me sinto diminuido por isto. Por que tantos se sentem?
Marcelo Caixeta,médico psiquiatra.


Nos últimos artigos, sobre aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos da transexualidade, a inteligente e esclarecedora transgênero B.C. nos mostrou que sofreu e sofre muito preconceito, e julga que “ser diagnosticada por psiquiatras” é um deles. De fato, a sociedade tem de dar a mão à palmatória e confessar que tem preconceitos não só contra transexuais, mas contra o fenômeno “homossexualidade” de um modo geral. Isto tem raízes psicopatológicas profundas : uma delas advêm do fato dos homens terem verdadeiro horror ao sentirem-se penetrados passivamente, analmente, por outro. Para eles é um misto de “nojo anal”, sentimento de humilhação, de fraqueza, de “sujeira”, de submissão a outro mais forte, a outro dominador. O “dominar”, o “ser o forte”, o “ativo”, o “altivo”, faz parte da psicologia masculina profunda, e a penetração anal anula escandalosamente este fantasma. Submeter-se “femininamente” a outro, causa horror, um horror tanto mais terrorífico quanto se aproxima da bissexualidade que muitos homens viveram na infância, puberdade, adolescência. É muito comum que, nesta fase etária, ainda sem “disponibilidade sexual ” de mulheres, ou premidos por uma “hipersexualidade hormonal” favorecida por certas “oportunidades” ( “dormir na casa de amigos, acampar, embriaguez, etc), homens se entreguem à atividades francas ou fantasias homossexuais. Isto depois os horrorizará o resto da vida, transformando-se em uma espécie de “nojo homossexual”. Este “nojo” será ainda amplificado quando são “cantados”, ou mesmo imaginam-se sendo cantados por outros homens. Em muitos casos, as agressões homofóbicas advêm deste evento : serem “cantados”. A psicologia humana, cuja consciência nasce da interação social e não de fenômenos biológicos, não interpreta fenômenos comportamentais como algo que tem causa biológica e sim como algo “social”, “moral”, ou seja, que depende da vontade do indivíduo : “ele é assim por que quer”, “é falta de vergonha”, “é falta de uma taca”. Homossexuais/transexuais, por sua vez, vítimas de discriminação real, tendem a projetar este esmagamento para toda figura “máscula”, para toda “figura de autoridade” ( inclusive psiquiatras ), como vimos , nos outros artigos, no caso de B.C. Em muitos casos, homossexuais inteligentes, cheios de orgulho, energia e força, como o filósofo Michel Foucault, tendem a tornarem-se “ativistas” contra a opressão, justamente porque sentem-se oprimidos pelo próprio “masoquismo sexual” ( querer sofrer a penetração anal brutal ). Não há, nestes casos, sintonia dentro da mesma pessoa entre um “ego fálico masculino” e um “corpo feminino passivo-masoquista”. Esta “revolta interior inconsciente” projeta-se sobre o mundo exterior, daí o motivo de sempre sentirem-se “discriminados” por todos. Eu, por exemplo, não vejo vergonha nenhuma em dizer que sou um doente, inclusive doente psiquiátrico, inclusive portador de uma doença – bipolar - que, em algumas ( muitas ) ocasiões poderia levar-me a sérios descarrilamentos sexuais ( satirismo - “taradismo”, ninfomania, inversões sexuais, pedofilias, gerontofilias, sadismo sexual, masoquismo sexual, etc) . No entanto, quando se diz, entre outras coisas, que há associação entre homossexualidade e doença bipolar – alto sobejamente descrito na literatura médica – muitos se arvoram, como a transexual B.C., a dizer que “estão sendo discriminados”, “estão sendo tratados como doentes”, “estão-lhe sendo retirados direitos individuais, sociais, humanísticos”. Na verdade, não há nada disto. Eu mesmo, como bipolar, não me sinto discriminado em momento algum; é claro que, se algum dia, eu quiser atuar uma eventual pedofilia, aí sim serei discriminado, mas não pela minha condição psicopatológica, mas sim pela minha “falha de caráter” ao não impedi-la. Todos nós, humanos, somos mais ou menos “psicopatológicos”; por exemplo, um homem bem-casado, que tenha esposa boa, sexy, filhos amorosos, etc, se tiver fortes inclinações poligâmicas, que o levem a destruir sua célula psicossocial ( a família ), pode ser julgado como um “doente biológico”. Seu corpo pede coisas que irão destruí-lo psicossocialmente, justamente porque a sociedade pede um padrão de comportamento ( monogamia ) que é tolerável e realizável para a maior parte dos homens “normais” ( não “tarados”, não “obsessivamente poligâmicos” ). Se o seu corpo não consegue utilizar-se do amor dos filhos, do sexo da esposa, para manter o núcleo familiar, é provável que este corpo tenha uma condição ( “satirismo”,
“hipersexualidade”) que possa ser chamada de “biologicamente doentia”. A “doença”, portanto, não é a “vergonha”; a vergonha, socialmente denominada, advêm da “falha de caráter” em não conseguir deter a biologia. Como não conhece a “força enorme da biologia”, a sociedade tende a interpretar tudo como falta de caráter, falha de caráter, inclusive a condição homossexual. Um “homem hipersexual” não se importaria de ser chamado de “doente”, ao passo que um homossexual , sim. Talvez pelo fato de que, como dissemos acima, este último já tenha sido muito esmagado pela sociedade e , principalmente, pelos seus próprios fantasmas internos, que, de um modo geral, não aceitam e não convivem harmonicamente com sua condição de “passivo-e-agressivo”, “sádico-e-masoquista”, “orgulhoso-e-submisso”.
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Marcelo Caixeta é médico psiquiatra. Artigos às terças, sextas, domingos . ( hospitalasmigo@gmail.com