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domingo, novembro 30, 2014

Reflexão n°.1. Murilo Mendes. Poesia

Reflexão n°.1
Murilo Mendes

Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho
Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio
Nem ama duas vezes a mesma mulher.
Deus de onde tudo deriva
E a circulação e o movimento infinito.

Ainda não estamos habituados com o mundo
Nascer é muito comprido.

Freud precisa de uma noiva. Florianópolis. Charles Fonseca

sexta-feira, novembro 28, 2014

Evangelho - Lc:21,20-28. Igreja. Cristianismo

Evangelho - Lc:21,20-28

20. Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína.
21. Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade retirem-se; os que estiverem nos campos não entrem na cidade.
22. Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está escrito.
23. Ai das mulheres que, naqueles dias, estiverem grávidas ou amamentando, pois haverá grande angústia na terra e grande ira contra o povo.
24. Cairão ao fio de espada e serão levados cativos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações pagãs.
25. Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas.
26. Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas.
27. Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade.
28. Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação.

J.S. Bach: Sheep may safely graze BWV 208

ESPERA. Charles Fonseca. Poesia

ESPERA
Charles Fonseca

Cada década um drama
Cada um eternidade
Cada segundo saudade
Cada qual no peito ama

Uma chama uma quimera
Uma espera sonhos vários
Uma musa vate vário
Uma mulher eu na espera

quarta-feira, novembro 26, 2014

PERGUNTO AO RELÓGIO. Charles Fonseca. Poesia

PERGUNTO AO RELÓGIO
Charles Fonseca

Por que não te adiantas relógio
Por que não a posso logo ver
Ao menos ouvi-la, alegra o ser
Por que não te adiantas relógio?

Por que não te atrasas relógio
No tempo do meu passado
Quando a ouvi, toquei, bom fado
Por que não te atrasas relógio?

Por me opões tão longa prova
De ficar dela só com a imagem
Longa estrada, longa viagem,
Até que a abrace a beije em nova?

O médico. MFC

1 – MÉDICO dorme.
Pode parecer mentira, mas MÉDICO precisa dormir como qualquer outra pessoa. Não o acorde sem necessidade! Esqueça que ele tem telefone em casa, ligue para o consultório. Se tiver em unidade de atendimento, fique sabendo que por carteira assinada médico tem direito de descansar no horário noturno, é por isso que acorre o revezamento no horario noturno. Não ache que um simples filme vai denegrir a nossa imagem, pois somos iguais a qualquer outra profissão.
2 – MÉDICO come.
Parece inacreditável, mas é verdade. MÉDICO também precisa se alimentar, e tem hora para isso. Inclusive durante seu plantão!!!
3 – MÉDICO pode ter família.
Essa é a mais incrível de todas: mesmo sendo um MÉDICO, a pessoa precisa descansar no final de semana para poder dar atenção à família, aos amigos e a si próprio, sem pensar ou falar sobre DOENÇAS, internações, receitas, etc.
4 – MÉDICO, como qualquer cidadão, precisa de dinheiro.
Por essa você não esperava, não é? É surpreendente, mas MÉDICO também paga impostos, compra comida, precisa de combustível, roupas e sapatos, consome Lexotan para conseguir relaxar, etc. E o fundamental: pode parecer bizarro, mas os livros para ‘UPLOAD’ do profissional, os cursos, o operacional do consultório e a administração disso tudo não acontecem gratuitamente. Impressionante, não? Entendeu agora o motivo dele cobrar uma consulta?
5 – Ler, estudar, é trabalho. E trabalho sério. Pode parar de rir. Não é piada.
6 – NÃO É POSSÍVEL examinar pacientes pelo telefone. Precisa comentar?
7 – De uma vez por todas, vale reforçar: MÉDICO não é vidente, não joga tarô e nem tem bola de cristal. Ele precisa examinar os pacientes para entender e interpretar sintomas e poder chegar a diagnósticos. Se quiser um milagre,tente uma macumba e deixe o pobre do MÉDICO em paz.
8 – Em reuniões de amigos ou festas de família, o MÉDICO deixa de ser MÉDICO e reassume seu posto de amigo ou parente, exatamente como era antes dele passar no vestibular e no exame de residência. Não peça conselhos sobre como usar remédios, dicas de fitoterápicos ou drogas alternativas, intuir sobre prognósticos, muito pior, não peça dicas de condutas médicas a serem tomadas, após é claro exposição dos fatos e ‘aqueles’ infelizes comentários sobre o ‘outro’ MÉDICO que está ‘tocando’ o caso e que ‘parece que está levando fazendo pouco caso do problema’.
9 – Não existe apenas um ‘parecerzinho’ , uma ‘opiniãozinha’ – qualquer parecer ou opinião, tem que ser pensada, estudada, analisada e é claro, deve ser cobrada (igual àquele advogado, que você paga para fazer dar a mesma opiniãozinha; ou àquele engenheiro, àquele dentista, etc). Esses tópicos podem parecer inconcebíveis a uma boa parte dapopulação, mas servem para tornar a vida do MÉDICO suportável.
10 – Quanto ao uso do celular: celular é ferramenta de trabalho. Por favor, ligue apenas quando necessário. Fora do horário de expediente, mesmo que você ainda duvide, o MÉDICO pode estar fazendo alguma coisa que você nem pensou que ele fazia, como dormir ou namorar, por exemplo. Nas situações acima, o MÉDICO pode atender? Sim, ele pode até atender desde que seja pago por isso (igual àquele advogado, ou àquele engenheiro, àquele dentista, etc). É desnecessário dizer que nesses casos o atendimento tem custo adicional, como em qualquer outro tipo de prestação de serviços (igual àquele advogado, ou àquele engenheiro, àquele dentista, etc).
11 – Antes da consulta: por favor, marque hora (com faz com qualquer outro profissional liberal, lembra???). Se você pular essa etapa, não fique andando de um lado para o outro na sala de espera e nem pressionando aSecretária. Ela não tem culpa da sua ignorância. Ah! E não espere que o MÉDICO vá te colocar no horário de quem já estava marcado só porque vocês são amigos ou parentes. Se tiver fila, você vai ficar por último. Só venhasem marcar se for caso de emergência (tipo: minha sogra foi internada, meu filho foi atropelado). O MÉDICO vai ser solidário a você, com certeza.
Agora, caso o chamado de emergência seja fora do expediente normal de trabalho, o custo da consulta também será fora do normal, ok? (igual àquele advogado, ou àquele engenheiro, àquele dentista, etc).
12 – Repetir a mesma pergunta mais de 15 vezes não vai fazer o MÉDICO mudar a resposta, nem alterar a ‘sua’ história.
13 – Quando se diz que o horário de atendimento do período da manhã é até 12h, não significa que você pode chegar às 11h e 55m. Se você pretendia cometer essa gafe, vá depois do almoço. O mesmo vale para a parte da tarde: vá no dia seguinte.
14 – Na hora da consulta, basta que esteja presente o cliente e no máximo um acompanhante. Por favor, deixe o cunhado, os amigos do cunhado, seus vizinhos com seus respectivos filhos nas casas deles. Não fique bombardeando o MÉDICO com milhares de perguntas durante o atendimento. Isso tira a concentração, além de torrar a paciência.ATENÇÃO:
15 – Infelizmente para você, a cada consulta, o MÉDICO poderá examinar apenas um único PACIENTE. O acompanhante que marque uma consulta para ele ou ela!
16 – O médico não deixará de cobrar a consulta só porque você já gastou ‘demais’ com medicamentos e outros médicos.
O Engenheiro não deixará de cobrar seus honorários só porque o preço do azulejo está alto.
O Dentista não deixará de cobrar sua consulta só porque a cola da dentadura está com preço elevado.
Os MÉDICOS, além de não terem sido os criadores do ditado ‘O barato sai caro’, também não foram os criadores dos problemas de saúde! Por isso, pense bem antes de ter um plano de saúde “meia-boca”.
17- E para você porteiro que fez a filmagem do médico dormindo na UPA, reveja seus conceitos, pois como porteiro difícil não ter cochilado na portaria enquanto deveria estar vigiando.
18-Somos seres HUMANOS !!

Guerra de Canudos. Bahia. Brasil.


Membros da Divisão de Artilharia Canet posando para foto na cidade de Monte Santo, base das operações do exército brasileiro na Guerra de Canudos. Na foto estão as temidas "matadeiras", apelido dado aos canhões Withworth 32, usados na última expedição militar enviada a Canudos, 1897 (Flávio de Barros/Acervo Museu da República).

terça-feira, novembro 25, 2014

Amém. Igreja. Cristianismo

«AMEN»

1061. O Credo, tal como o último livro da Sagrada Escritura (655) termina com a palavra hebraica Ámen, palavra que se encontra com frequência no final das orações do Novo Testamento. Do mesmo modo, a Igreja termina com um «Ámen» as suas orações.

1062. Em hebraico, Ámen está ligado à mesma raiz que a palavra «crer», raiz que exprime solidez, confiança, fidelidade. Assim se compreende porque é que o «Ámen» se pode dizer tanto da fidelidade de Deus para connosco como da nossa confiança n'Ele.

1063. No profeta Isaías encontramos a expressão «Deus de verdade», literalmente «Deus do Ámen», quer dizer, o Deus fiel às suas promessas: «Todo aquele que desejar ser abençoado sobre a terra deve desejar sê-lo pelo Deus fiel (do Ámen)» (Is 65, 16). Nosso Senhor emprega frequentemente a palavra «Ámen» (656), por vezes sob forma redobrada » (657), para sublinhar a confiança que deve inspirar a sua doutrina, a sua autoridade fundada na verdade de Deus.

1064. O «Ámen» final do Credo retoma e confirma, portanto, a palavra com que começa: «Creio». Crer é dizer «Ámen» às palavras, às promessas, aos mandamentos de Deus; é fiar-se totalmente n'Aquele que é o «Ámen» de infinito amor e perfeita fidelidade. A vida cristã de cada dia será, então, o «Ámen» ao «Creio» da profissão de fé do nosso Baptismo:

«Que o teu Símbolo seja para ti como um espelho. Revê-te nele, para ver se crês tudo quanto dizes crer. E alegra-te todos os dias na tua fé» (658).

1065. O próprio Jesus Cristo é o «Ámen» (Ap 3, 14). É o Ámen definitivo do amor do Pai para connosco: assume e leva a bom termo o nosso «Ámen» ao Pai: «É que todas as promessas de Deus encontram n'Ele um «sim»! Desse modo, por seu intermédio, nós dizemos «Ámen» a Deus, a fim de lhe darmos glória» (2 Cor 1, 20):

«Por Cristo, com Cristo, em Cristo,
a Vós, Deus Pai todo-poderoso,
na unidade do Espírito Santo,
toda a honra e toda a glória
agora e para sempre.
ÁMEN» (659).

Catecismo

A Petrobras e o "clube da roubança". Helio Duque

A Petrobrás e o “clube da roubança”
Hélio Duque

“Só tenho um amigo no governo: o Lula”. O empresário Ricardo
Pessoa, presidente da Construtora UTC, seria o autor da emblemática frase.
Transcrita na revista “Veja”, pg.56 (edição de 19.11.2014). Seria cascata de um
boquirroto? Era falsa, usada para impressionar os integrantes do cartel das
empreiteiras? O engenheiro era coordenador e sujeito ativo na orientação do cartel,
operava com desenvoltura na Petrobrás, garantindo o abastecimento das propinas.
Estaria utilizando o nome do ex-presidente irresponsavelmente? A figura pública do
cidadão Luiz Inácio Lula da Silva é colocada no contexto dos mal feitos, sem
nenhuma reação de contestação da vítima, até agora.
Em respeito à vida pessoal do líder sindicalista do passado, homem
público que exerceu a Presidência da República, com indiscutível apoio popular,
Lula não pode ficar calado. É conhecido o chavão “quem cala consente”. Sua reação
deveria ser contundente não só em palavras, mas buscando o judiciário para lavar a
sua honra que estaria sendo agredida. Ou pela revista ou por um empresário
leviano. Ante a gravidade do que foi publicado, o silêncio não é o melhor caminho.
Reagir e desmentir, ao que se lhe atribui, é o que a sociedade brasileira espera. Em
nome da dignidade de um ex-presidente da República.
Figura marcante na Operação Lava Jato, o empresário Ricardo
Pessoa, segundo as manifestações, era o “presidente do clube”, cartelizado pelas
grandes empreiteiras brasileiras. O estatuto “informal” estabelecia que somente
grandes empresas poderiam participar com o objetivo de alavancar o super
faturamento das obras da Petrobrás. O “clube” de corruptor tinha duas categorias de
associados. Os empresários eram os sócios fundadores. Os sócios efetivos eram os
diretores da estatal e as várias dezenas de políticos oportunistas integrantes da
base aliada do governo. O “clube” se fundamentava no objetivo de ganhar dinheiro
fácil, operacionalizando o maior esquema de corrupção da história brasileira.
A prisão na operação do juízo final, dos principais executivos das
maiores empreiteiras do país, inaugurou um novo tempo na vida nacional. O juiz
Sérgio Moro, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal escreveram páginas
indeléveis: todos são iguais perante a lei. Os corruptores, até então, sujeito oculto na
dilapidação do patrimônio público se consideravam intocáveis. Eram fiéis discípulos
de Al Capone. Agora provaram na própria carne que a Justiça não pode, como
acreditavam, ser um braço omisso e contemplativo no enfrentamento de corruptores
e corruptos. Em tempo: é oportuno lembrar que em 2009, na “Operação Castelo de
Areia”, a Polícia Federal enquadrou a construtora Camargo Corrêa em
procedimentos onde a fronteira das ilicitudes não tinha barreiras. As evidências e
provas elencadas eram arrasadoras. Em 2011, o processo foi anulado, sob a
alegação de ter se baseado em denúncia anônima. O autor da anulação: O STJ

Pergolesi: Stabat Mater (complete HD); Voices of Music, Labelle and Brag...

Noite morta. Manuel Bandeira.

Noite morta
Manuel Bandeira

Noite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.

Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado.

No entanto há seguramente por ela uma procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.

O córrego chora.
A voz da noite . . .


(Não desta noite, mas de outra maior.)

segunda-feira, novembro 24, 2014

Guerra de Canudos. Oficiais do 28º Batalhão de Infantaria, 1897 (Flávio de Barros/Acervo Museu da República).

MULHERES APAIXONADAS. Charles Fonseca

Mulheres apaixonadas quando competem entre si deixam o homem envaidecido. Se uma vence, a convivência entre elas vira foice no escuro. Se o homem as faz desistir do sonho impossível elas se tornam perigosas inimigas do coitado. Mesmo que o tratem sorridentemente.

A vitória de Samotrácia. Escultura

Clique
http://musee.louvre.fr/oal/victoiredesamothrace/indexFR.html

O Palácio do Planalto ofende a VEJA, e os fatos ofendem o Palácio do Planalto. Reinaldo Azevedo. Política

O Palácio do Planalto ofende a VEJA, e os fatos ofendem o Palácio do Planalto. Ou: Que tal dar explicações, presidente?

A CAPA DE VEJA

O governo federal teve uma ideia genial diante da reportagem de VEJA evidenciando que, em 2009, tanto o então presidente Lula como a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, poderiam ter dado um murro na mesa e interrompido a roubalheira na Petrobras — caso fosse, claro!, do interesse do petismo fazê-lo. Em vez de dar uma reposta decente, o governo preferiu ofender a VEJA.

Só para lembrar: computadores do Palácio do Planalto apreendidos pela PF na operação que investigava as lambanças de Erenice Guerra, amigona da agora presidente, trazem um e-mail de Paulo Roberto Costa a Dilma alertando o governo que o TCU havia apontado irregularidades na construção das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Getúlio Vargas, no Paraná, e no terminal do porto de Barra do Riacho, no Espírito Santo. O tribunal recomendara a suspensão de repasse de verbas para esses empreendimentos, o que o Congresso acatou. Paulo Roberto, mero diretor de Abastecimento da Petrobras, acreditem!, recomendava que o governo buscasse uma “saída política” para manter o fluxo de verbas, a exemplo do que se fizera em 2007 e 2008. A “solução” veio: Lula vetou a suspensão dos recursos, o dinheiro continuou a fluir, e a roubalheira se manteve intocada.

Ora que mimo! Um diretorzinho da Petrobras — que agora confessa ter sido o homem que gerenciava a propina do PP, repassando recursos também para o PT — estimula uma ministra de Estado, que também presidia o Conselho da Petrobras, a ignorar os alertas de desvios de recursos feitos pelo TCU.

O Planalto foi indagado a respeito do e-mail. Ignorou o assunto e afirmou que o governo, então, encaminhou as restrições do TCU à Controladoria-Geral da União. Como se sabe, nada aconteceu. Não fosse Youssef ser investigado pela PF, que chegou ao descalabro na Petrobras, tudo teria continuado na mesma. Publicada a reportagem, o Palácio do Planalto preferiu sair com uma nota malcriada contra a revista.

Não é, claro!, a primeira vez. Quando VEJA trouxe a primeira reportagem com detalhes do esquema, relatados por Paulo Roberto na delação premiada, as baterias do PT e do Planalto se voltaram contra a… revista! Dilma admitiu pela primeira vez a existência da roubalheira há meros 37 dias, em 18 de outubro.

Reação igualmente bucéfala aconteceu quando a revista informou que Alberto Youssef havia afirmado, no âmbito da delação premiada, que Dilma e Lula sabiam de tudo. A mesma informação foi publicada depois por todos os veículos de comunicação relevantes. Mas só a VEJA virou alvo da fúria oficial.

Muito bem! O líder da oposição no Congresso, Ronaldo Caiado (DEM-GO), quer que Dilma e Lula sejam convocados a depor na CPI da Petrobras. E diz de modo muito lógico: “Ela disse que não vai deixar pedra sobre pedra e que ela está disposta a aprofundar toda a investigação. Nada mais justo do que ela ir à CPI para esclarecer, em primeiro lugar, a fala do Alberto Yousseff e, agora, esse e-mail do Paulo Roberto Costa”. Ele informa que a primeira convocação a ser solicitada, entretanto, será a do ex-presidente Lula, que comandava o governo à época e que ignorou a recomendação do TCU e liberou os recursos para as obras garantindo, desse modo, a indústria dos desvios.

Pois é… Todas as ofensas dirigidas contra a VEJA não conseguiram impedir que os fatos começassem a vir à tona. Só um dos investigados na operação, Pedro Barusco, da cota do PT, se dispõe a devolver aos cofres públicos US$ 97 milhões roubados da Petrobras naquele escândalo cuja existência Dilma se negava a reconhecer.

O Palácio ofende VEJA. E os fatos ofendem o Palácio.

Por Reinaldo Azevedo

domingo, novembro 23, 2014

Senador do PT defende que o governo controle as redes sociais e é humilh...

O médico. Pintura

Para três jovens casais. Vinicius de Moraes. Prosa

PARA TRÊS JOVENS CASAIS
Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 31/12/1969
A

Marcos Anibal de Morais
José Joaquim de Sales e
Clementino Fraga Neto

The world was all before them, where to chose.
Their place of rest, and Providence their guide.
They, hand in hand, with wand' ring steps and slow.
Through Eden took their solitary way.

Assim John Milton, o maior poeta inglês do seu século, ditou das trevas de sua cegueira os últimos versos desse incomparável monumento de poesia que é "Paraíso perdido", e de cuja transcendental beleza não há tradução possível, por isso que constituem, em sua tristeza intrínseca, uma prodigiosa síntese de toda a Criação: o primeiro casal, que é o eterno par, partindo para o mundo cheio de amor e perplexidade, as mãos unidas e os passos incertos a afastá-los cada vez mais do Paraíso conspurcado pela fatalidade do sexo, de onde se criam a vida e a morte.

Impossível nada mais belo. Um dia dois olhos se encontram e deles, subitamente, irrompe uma chama imponderável. Nas veias o sangue começa a circular mais forte, e o coração parece pulsar na garganta. A voz fica trêmula, os joelhos se afrouxam, a pessoa não sabe o que fazer das próprias mãos. Ele se fosse um beija-flor, entraria a bater asas freneticamente, num vertiginoso ballet diante da pequenina fêmea expectante, para maravilhá-la com a vivacidade do seu colorido. Ela deixa-se num divino recato, mas já consciente, em sua perturbação, que vai ser dele.

É o amor que nasce como uma fonte subterrânea a romper, em seu movimento para a luz, a última resistência de terra, e se põe a jorrar ao sol, em toda inocência e claridade. Que milagre determinou o seu surgimento naquele justo instante? Por que a outra pessoa, até então desconhecida, ou apenas conhecida, passa a ter toda a importância do mundo, a tal ponto que por ela se seria capaz de morrer ou de matar? Por que passa o corpo a ser como um cofre inviolável, só vulnerável ao toque das mãos amadas, e a idéia de infidelidade a última das baixezas?

A posse total do ser amado torna-se como uma obsessão: possuí-lo em sua carne e seu espírito; unir-se a ele numa transubstanciação tão perfeita que um passe a ser o outro em pensamentos, palavras e obras: tal é o comando do amor. E uma vez possuído, aninhá-lo num cantinho, a coberto da ferocidade da vida e da natureza, e da maldade dos homens - e postar-se de fora vigilante como um arcanjo, o gládio em punho, para que nenhuma ofensa lhe seja imposta, nenhum dano lhe sobrevenha.

Um ninho... Que beleza! A place of rest, como diz o poeta, de onde se possa sair para lutar pela sua subsistência, e para o qual se possa voltar com um livro, um doce, uma rosa para cativá-lo... E a grande viagem se inicia para vida, e ai de nós, para a morte. A fonte nascida procura o seu curso entre as pedras, em busca de um leito mais ameno, um talvegue mais brando, sem a memória anterior das estreitas gargantas e corredeiras perigosas que surpreendem o jovem rio e o impelem quem sabe para a vertigem das altas quedas, quem sabe para os vales pacíficos onde nada acontece, quem sabe para que feliz ou trágico destino... Mão na mão, com vagarosos passos erradios, através do Éden eles iniciam seu caminho solitário. Ei-lo que parte, o eterno casal amoroso, unido numa imagem ainda sem sombra, e de tal modo imerso em sua solidão que é como se só ele existisse no mundo.

São dois pobres. Não importa em que berço tenham nascido, se de ouro ou se de palha, são dois pobres, porque o tudo ou o nada que um tenha quer dar ao outro. A necessidade é encontrar um abrigo, não importa quão pequenino, onde haja uma mesa, duas cadeiras e uma cama, rústicas que sejam, pois o mais divertido, justamente, é pintar: comprar um pincel e uma lata de tinta e sair pintando tudo de branco e azul, que são as cores do amor; e ficar bem sujo de cal, e interromper a cada instante o trabalho com beijos intermináveis, e ir tomar banho e amar-se muito, e depois ter fome, e ela atarefar-se com frigideiras e panelas, enquanto ele põe um disco na vitrola e passa os olhos nas manchetes, pouco se danando para guerras e cosmonautas, e com toda razão, de vez que está inaugurando o mundo. E alta madrugada, os corpos exaustos de amor, começar o dueto das almas, uma buscando possuir a outra, em infindável justa singular que só se dará tréguas no final dos tempos.

O eterno par... Onde quer que estejam, estão sós, protegidos pela redoma do seu amor. Juntam-se os jovens rostos sorridentes para se sussurrar doces absurdos, para cantar cantigas lembradas, ou se põem sérios para fazer contas de chegar, no dever e haver conjugal, em permanente imantação. Ela sai a compras, encontra as amiguinhas de colégio que olham com maliciosa inveja sua felicidade transparente, o brilho de seus cabelos e seus olhos, a frescura de sua pele de mulher - porque agora ela é mulher - bem amada e possuída. Tudo amor.

Sim, meus jovens amigos, tudo ao amor!

CASAS DE FLORIANÓPOLIS. Charles Fonseca. Fotografia

MUCUGÊ. Charles Fonseca. Poesia

MUCUGÊ
Charles Fonseca

É tarde, é dia de São João
Eis que o telefone toca
Ainda hibernando saio da toca
Olho o céu e é amplidão

Amplio no olhar meu ser para ela
Distante está em Mucugê
Com os olhos da alma fico a ver
A doce amada, chego à janela

Não quero seu coração por janela
De onde me olha do lado de fora
Quero amá-la, ela me sendo porta
De sua alma, que eu habite nela.

sexta-feira, novembro 21, 2014

Quero Ter Jesus Comigo. Igreja. Cristianismo

Uma carta de mais de mil anos dá testemunho: os cristãos são a alma do mundo

Maior joia da literatura cristã primitiva, a Carta a Diogneto nos conta como viviam os primeiros cristãos


Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem por sua terra, nem por sua língua, nem por seus costumes. Eles não moram em cidades separadas, nem falam línguas estranhas, nem têm qualquer modo especial de viver. Sua doutrina não foi inventada por eles, nem se deve ao talento e à especulação de homens curiosos; eles não professam, como outros, nenhum ensinamento humano. Pelo contrário: mesmo vivendo em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes de cada lugar quanto à roupa, ao alimento e a todo o resto, eles testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal.

Vivem na sua pátria, mas como se fossem forasteiros; participam de tudo como cristãos, e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é sua pátria, e cada pátria é para eles estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Compartilham a mesa, mas não o leito; vivem na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm a sua cidadania no céu; obedecem às leis estabelecidas, mas, com a sua vida, superam todas as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, ainda assim, condenados; são assassinados, e, deste modo, recebem a vida; são pobres, mas enriquecem a muitos; carecem de tudo, mas têm abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, recebem a glória; são amaldiçoados, mas, depois, proclamados justos; são injuriados e, no entanto, bendizem; são maltratados e, apesar disso, prestam tributo; fazem o bem e são punidos como malfeitores; são condenados, mas se alegram como se recebessem a vida. Os judeus os combatem como estrangeiros; os gregos os perseguem; e quem os odeia não sabe dizer o motivo desse ódio.

Assim como a alma está no corpo, assim os cristãos estão no mundo. A alma está espalhada por todas as partes do corpo; os cristãos, por todas as partes do mundo. A alma habita no corpo, mas não procede do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas não pertencem ao mundo. A alma invisível está contida num corpo visível; os cristãos são visíveis no mundo, mas a sua religião é invisível. A carne odeia e combate a alma, mesmo não tendo recebido dela nenhuma ofensa, porque a alma a impede de gozar dos prazeres mundanos; embora não tenha recebido injustiça por parte dos cristãos, o mundo os odeia, porque eles se opõem aos seus prazeres desordenados. A alma ama a carne e os membros que a odeiam; os cristãos também amam aqueles que os odeiam. A alma está contida no corpo, mas é ela que sustenta o corpo; os cristãos estão no mundo, como numa prisão, mas são eles que sustentam o mundo. A alma imortal habita em uma tenda mortal; os cristãos também habitam, como estrangeiros, em moradas que se corrompem, esperando a incorruptibilidade nos céus. Maltratada no comer e no beber, a alma se aprimora; também os cristãos, maltratados, se multiplicam mais a cada dia. Esta é a posição que Deus lhes determinou; e a eles não é lícito rejeitá-la”.

Marinha. Vinicius de Moraes. Poesia

Marinha
Vinicius de Moraes

Na praia de coisas brancas
Abrem-se às ondas cativas
Conchas brancas, coxas brancas
Águas-vivas.

Aos mergulhares do bando
Afloram perspectivas
Redondas, se aglutinando
Volitivas.

E as ondas de pontas roxas
Vão e vêm, verdes e esquivas
Vagabundas, como frouxas
Entre vivas!

quarta-feira, novembro 19, 2014

Igreja. Jequié. Bahia

TARDE DE SÃO JOÃO. Charles Fonseca. Poesia

TARDE DE SÃO JOÃO
Charles Fonseca

Teus filhos perguntarão então
Quem foi esse que logo se foi
Tu dirás pouco dele sei pois
A ele restou a solidão

Não tive tempo pra ele fui
Em busca do ter ou de outro ser
Dele restam versos podes ter
Valores pra ti neles, intui

Dele restou herança em versos
De amor do só, da espera, perdão
Dado a quem não lhe pediu então
Agora à tarde restam só versos.

segunda-feira, novembro 17, 2014

Meninos carvoeiros. Manuel Bandeira. Poesia

Meninos carvoeiros
Manuel Bandeira

Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.

(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)

— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles . . .
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!

—Eh, carvoero!

Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.

domingo, novembro 16, 2014

Allegory. AACHEN, Hans von.

O Juízo final.

1051. Ao morrer: cada homem recebe, na sua alma imortal, a sua retribuição eterna, num juízo particular feito por Cristo, Juiz dos vivos e dos mortos.

1052. «Nós cremos que as almas de todos os que morrem na graça de Cristo [...] constituem o povo de Deus no além da morte, a qual será definitivamente destinada no dia da ressurreição, quando estas almas forem reunidas aos seus corpos» (650).

1053. «Nós cremos que a multidão dessas almas que estão congregadas à volta de Jesus e de Maria, no paraíso, formam a Igreja celeste onde, na eterna bem-aventurança, vêem Deus como Ele é onde também, certamente em graus e modos diversos, estão associadas aos santos anjos no governo divino exercido por Cristo glorioso, intercedendo por nós e ajudando a nossa fraqueza com a sua solicitude fraterna» (651).

1054. Os que morrem na graça e amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria de Deus.

1055. Em virtude da «comunhão dos santos», a Igreja encomenda os defuntos à misericórdia de Deus e oferece em seu favor sufrágios, em particular o santo Sacrifício eucarístico.

1056. Seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja adverte os fiéis da «triste e lamentável realidade da morte eterna» (652), também chamada «Inferno».

1057. A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode encontrar a vida e a felicidade para que foi criado e às quais aspira.

1058. A Igreja ora para que ninguém se perca: «Senhor [...], não permitais que eu me separe de Vós» (653). Sendo verdade que ninguém se pode salvar a si mesmo, também é verdade que «Deus quer que todos se salvem» (1 Tm 2, 4) e que a Ele «tudo é possível» (Mt 19, 26).

1059. «A santa Igreja Romana crê e firmemente confessa que, no dia do Juízo, todos os homens hão-de comparecer com o seu próprio corpo perante o tribunal de Cristo, para prestar contas dos seus próprios actos» (654).

1060. No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Então, os justos reinarão com Cristo para sempre, glorificados em corpo e alma; o próprio universo material será transformado. Deus será, então, «tudo em todos» (1 Cor 15, 28), na vida eterna.

Catecismo

sábado, novembro 15, 2014

CARNE DE PESCOÇO.. Charles Fonseca.

Ninguém trabalhava 4 horas. Certa vez por volta de meus 30 anos resolvi atender dentro das 4 horas, academicamente numa Instituição. A fila de marcação alongou - se por meses. A demanda pelo médico que ouvia e examinava sem pressa correu de boca em boca. Havia pacientes que reclamavam com tanta demora. Fui alçado à condição de Diretor de Ambulatório com a hostilidade do Diretor do Departamento Médico Odontológico. Perdeu a medicina. Oito anos de sofrimento. Eu era carne de pescoço. Infelizmente. Hoje, beirando os 70, livre dos ônus de chefias em duas entidades, previdenciária e estatal, se voltasse aos 24 anos, evitaria tais encargos desde então.

sexta-feira, novembro 14, 2014

A mulher que passa. Vinicius de Moraes. Poesia

A mulher que passa
Vinicius de Moraes

Meu Deus, eu quero a mulher que passa
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pelos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacífica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.

quarta-feira, novembro 12, 2014

FLORIANÓPOLIS. Charles Fonseca.

Bar Don Juan. Antonio Callado.



Quando estacionou diante do edifício, na Lagoa, Karin já estava na calçada à sua espera, sapatos de corda, um impermeável por cima da roupa de banho, e, no bolso, um frasco de prata com vodca.

Escandalizou-se ao ver que Mansinho não vinha de calção de banho por baixo da capa.

— Você não vai cair n'água?

— E você? Está querendo me ver, depois desse tempo todo, ou só quer tomar banho de mar?

No apartamento de Karin tinha uísque, vodca, sardinha e pão. Que besteira tomar banho de mar. Foram subindo a Rua Montenegro e, ao chegarem à praia, dobraram à direita. Resignado que estava de andar até o Arpoador, Mansinho se animou, achando que iam parar talvez diante do Country, mas Karin prosseguiu pela calçada. Pelas alturas do Cinema Miramar, Mansinho teve uma dúvida atroz. Será que a Karin queria andar pela Avenida Niemeyer até o Vidigal, a Gávea, a própria Barra? Karin parou no fim do Leblon e obrigou Mansinho a tirar os sapatos para andarem na beira do mar. Entre as pedras achou flores da véspera, três copos-de-leite de talos amarrados com fita branca. Karin declamou para o mar, restituindo as flores às ondas;

Todo coberto de lírios
de velas, fogos e círios
o ano estava estendido
das areias de Ipanema
aos rochedos do Leblon.
Diante do ano morto
lemanjá dá reveillon.


— O que é isso? — disse Mansinho.

— Ora! O poema do Murta. . -

— Você sabe tudo de cor, hem!

— Claro! Pois o poema foi feito para mim.

Mansinho ficou meio amuado. Karin tomou um trago de vodca. Apesar da ressaca, Mansinho, resignado, bebeu também. Estava se sentindo mofado, úmido.

— Por que é que Murta depois começou a fugir de mim? Eu sempre tive tanta vontade de ser amada por uma poeta.

— Murta é cineasta. Pelo menos é o que ele diz.

— Quem faz versos é poeta. Onde é que ele anda?

— Em caso de dúvida, procure no Don Juan’s. Se formos até lá é quase certo encontrar o Murta.

— Ele me adorou aquela noite na areia, se lembra, de joelhos, e depois deixou a festa e veio me procurar, andou comigo pela praia inteira, recitando os versos que tinha feito. Mas não me propôs nada.

Mansinho deu de ombros. Puseram-se a andar pela beira da praia, Karin apanhando conchas, cantarolando, inventando uma música para cantar com o poema:



Dançando no gume fino
da meia-noite lunar!

Mansinho foi ficando mais emburrado e Karin cada vez mais alegre e cantadeira. Ao passarem pela frente da Rua General Urquiza ele propôs que fossem para o Bar Don Juan mas Karin, sem responder, enfiou o braço no braço dele andando e cantando. Quando chegaram à desembocadura do canal do Jardim de Alá, sentou-se no paredão que avançava pelas ondas cinzentas. Mansinho já tinha molhado as calças até os joelhos e a garoa lhe pingava dos cabelos. Dois desocupados, no paredão oposto, olhavam em frente, ou vagamente estudavam a grande escavadeira empregada no alargamento do canal. Enquanto os trabalhadores, na areia, enchiam a boca com a comida tirada da marmita, a bocarra de ferro da escavadeira descansava, os dentes imensos imobilizados em torno de uma rocha. Karin passou a mão nos cabelos encharcados de Mansinho e tomou mais vodca.

— Fala alguma coisa

— Você gosta de versos e eu só tenho prosa. De mais a mais você e que deve ter alguma coisa a contar. O que é que fez durante uma semana inteira?

Karin o olhou séria.

— Aproveitei o pretexto de estudar a festa do Círio de Nazaré e fui conhecer a tua terra.

Mansinho arregalou os olhos.

— Você foi a Belém do Pará?

Karin fez que sim com a cabeça e tomou as mãos de Mansinho nas suas. Mansinho teve grande desejo dela e vontade de deitá-la ali mesmo, na areia ou até no dorso do paredão, mas ao mesmo tempo sentiu com certa melancolia aquele principio de enjôo que sempre lhe davam as mulheres quando passavam do porre da posse e da boa cegueira física inicial para uma fixação de sentimentos.

Domesticadas e ciscando o chão até as garças viram galinhas.

Da janela do escritório do Bar Don Juan, Aniceto viu Mansinho e Karin que chegavam da praia e ficou pensando na Da Glória. Que estaria fazendo em Pão de Açúcar da beira do São Francisco, ela da voz rouca e que sabia falar longa e misteriosamente —como se tivesse aprendido a falar com o rio — mas que era tão breve de carta e de escrita tão vazia? Tinha medo dos escritos.

“Palavra escrita é feito passarinho na gaiola”, dizia. “Se um dia eu receber um telegrama me mato mas não abro.”

SOU FAVORÁVEL À FIDELIDADE CONJUGAL. Entretanto não é de bom senso pretender que as relações sexuais só ocorram dentro do 'santo matrimônio'. Não antes. Charles Fonseca.

quarta-feira, novembro 05, 2014

Ontem. Olavo Bilac.Poesia

Ontem
Olavo Bilac

Ontem - néscio que fui! - maliciosa
Disse uma estrela, a rir, na imensa altura:
"Amigo! uma de nós, a mais formosa
"De todas nós, a mais formosa e pura,

"Faz anos amanhã... Vamos! procura
"A rima de ouro mais brilhante, a rosa
"De cor mais viva e de maior frescura!"
E eu murmurei comigo: "Mentirosa!"

E segui. Pois tão cego fui por elas,
Que, enfim, curado pelos seus enganos,
já não creio em nenhuma das estrelas...

E — mal de mim! — eis-me, a teus pés, em pranto...
Olha: se nada fiz para os teus anos,
Culpa as tuas irmãs que enganam tanto!

A primeira fotografia em que aparece um ser humano.

Na imagem, um homem aparece no canto inferior esquerdo na rua Boulevard du Temple tendo seus sapatos limpos por outra pessoa Foto: Domínio Público

A esperança dos novos céus e da nova terra. Igreja. Cristianismo

A esperança dos novos céus e da nova terra

1042. No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do Juízo final, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado:

Então a Igreja alcançará «na glória celeste, a sua realização acabada, quando vier o tempo da restauração de todas as coisas e, quando, juntamente com o género humano, também o universo inteiro, que ao homem está intimamente ligado e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente restaurado em Cristo» (639).

1043. A esta misteriosa renovação, que há-de transformar a humanidade e o mundo, a Sagrada Escritura chama «os novos céus e a nova terra» (2 Pe 3, 13) (640). Será a realização definitiva do desígnio divino de «reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas que há nos céus e na terra» (Ef 1, 10).

1044. Neste «mundo novo» (641), a Jerusalém celeste, Deus terá a sua morada entre os homens. «Há-de enxugar-lhes dos olhos todas as lágrimas; a morte deixará de existir, e não mais haverá luto, nem clamor, nem fadiga. Porque o que havia anteriormente desapareceu» (Ap 21, 4) (642).

1045. Para o homem, esta consumação será a realização final da unidade do género humano, querida por Deus desde a criação e da qual a Igreja peregrina era «como que o sacramento» (643). Os que estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos resgatados, a «Cidade santa de Deus» (Ap 21, 2), a «Esposa do Cordeiro» (Ap 21, 9). Esta não mais será atingida pelo pecado, pelas manchas (644), pelo amor próprio, que destroem e ferem a comunidade terrena dos homens. A visão beatífica, em que Deus Se manifestará aos eleitos de modo inesgotável, será a fonte inexaurível da felicidade, da paz e da mútua comunhão.

1046. Quanto ao cosmos, a Revelação afirma a profunda comunidade de destino entre o mundo material e o homem:

Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus [...] com a esperança de que as mesmas criaturas sejam também libertadas da corrupção que escraviza [...]. Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo» (Rm 8, 19-23).

1047. Assim, pois, também o universo visível está destinado a ser transformado, «a fim de que o próprio mundo, restaurado no seu estado primitivo, esteja sem mais nenhum obstáculo ao serviço dos justos» (645), participando na sua glorificação em Jesus Cristo ressuscitado.

1048. «Ignoramos o tempo em que a terra e a humanidade atingirão a sua plenitude, e também não sabemos como é que o universo será transformado. Porque a figura deste mundo, deformada pelo pecado, passa certamente, mas Deus ensina-nos que se prepara uma nova habitação e uma nova terra, na qual reinará a justiça e cuja felicidade satisfará e superará todos os desejos de paz que se levantam no coração dos homens» (646).

1049. «A expectativa da nova terra não deve, porém, enfraquecer, mas antes activar a solicitude em ordem a desenvolver esta terra onde cresce o corpo da nova família humana, que já consegue apresentar uma certa prefiguração do mundo futuro. Por conseguinte, embora o progresso terreno se deva cuidadosamente distinguir do crescimento do Reino de Cristo, todavia, na medida em que pode contribuir para a melhor organização da sociedade humana, interessa muito ao Reino de Deus» (647).

1050. «Pois todos os bens da dignidade humana, da comunhão fraterna e da liberdade, ou seja, todos os frutos excelentes da natureza e do nosso esforço, depois de os termos propagado pela terra, no Espírito do Senhor e segundo o seu mandato, voltaremos de novo a encontrá-los, mas então purificados de qualquer mancha, iluminados e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o Reino eterno e universal» (648). Então, Deus será «tudo em todos» (1 Cor 15, 28), na vida eterna:

«A vida subsistente e verdadeira é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo, derrama sobre todos sem excepção os dons celestes. Graças à sua misericórdia, também nós, homens, recebemos a promessa indefectível da vida eterna» (649).

Catecismo

terça-feira, novembro 04, 2014

Igreja do Senhor do Bomfim. Salvador. Bahia. Osmar Gama. Fotografia

Pierre Julien, 1783 - La Fontaine. Musée du Louvre, Paris. E44. Escultura

Debussy. Manuel Bandeira. Poesia

Debussy
Manuel Bandeira

Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Um novelozinho de linha . . .
Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Vem e vai . . .)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
— Psio . . . —
Para cá, para lá . . .
Para cá e . . .
— O novelozinho caiu.

segunda-feira, novembro 03, 2014

A Thousand Years - Christina Perri Lyrics

Mil Anos
O coração acelerado
Cores e promessas
Como ser corajosa?
Como posso amar quando tenho medo de me apaixonar?
Mas ao ver você sozinho
Toda a minha dúvida de repente se vai de alguma maneira

Um pouco mais perto

Eu morri todos os dias esperando você
Querido, não tenha medo eu amei você
Por mil anos
Eu amarei você por mais mil

O tempo para
A beleza em tudo o que ela é
Terei coragem
Não deixarei nada levar embora
O que está à minha frente
Cada suspiro
Cada momento nos trouxe aqui

Um pouco mais perto

Eu morri todos os dias esperando você
Querido, não tenha medo, eu amei você
Por mil anos
Eu amarei você por mais mil

E o tempo todo eu acreditei que encontraria você
O tempo trouxe o seu coração para mim
Eu amei você por mil anos
Eu vou amar você por mais mil

Um pouco mais perto
Um pouco mais perto

Eu morri todos os dias esperando você
Querido, não tenha medo, eu amei você
Por mil anos
Eu amarei você por mais mil

E o tempo todo eu acreditei que encontraria você
O tempo trouxe o seu coração para mim
Eu amei você por mil anos
Eu vou amar você por mais mil

Plano do PT pra implantar a ditadura.

domingo, novembro 02, 2014

História da Igreja Católica. 13. Igreja. Cristianismo

História da Igreja Católica
13. Perseguições do 2º século - a gesta dos mártires

Os Antoninos, Adriano (117-138), Antonino Pio (138-161) e Marco Aurélio (161-180) não fizeram mudanças na legislação anticristã. Esporadicamente eclodiam novas perseguições e a Igreja ganhava novos mártires. Muitas vezes era a turba que, fanatizada, levada pela inveja ou pelo patriotismo, denunciava e entregava os cristãos ao poder público.

Na Gália temos os mártires de Lyon, em 177. Uma revolta popular arrastou para a morte cinqüenta cristãos, entre eles Potino, o bispo, que contava na ocasião 90 anos, o diácono Sanctus e a escrava Blandina. Esta última suportou com incrível coragem inúmeros tormentos antes de entrar no repouso de Cristo. Depois de queimarem os corpos dos mártires, lançaram suas cinzas no Ródano. Os algozes comentavam, em tom de zombaria: "Vejamos se agora o seu Deus os ressuscita".

Em Roma temos a pequena Cecília. Jovem, de família nobre, quis consagrar-se a Cristo e fez voto de virgindade. O cutelo do carrasco precisou ser usado várias vezes antes de conseguir tirar-lhe a vida. Também muitos papas morreram mártires ao longo do século II.

Em Scili, na África, doze fiéis foram presos. O interrogatório ao qual foram submetidos ficou registrado para a História. Todos receberam a coroa do martírio.

Não se deve imaginar, no entanto, que os mártires não tinham medo das torturas e da morte. Muitos cristãos preferiram renegar a própria fé, caindo na apostasia, a morrer por Cristo.

Porém, "o sangue dos mártires é semente de cristãos" (Tertuliano). A coragem dos que preferiam o Senhor à própria vida ajudava na propagação da fé.

http://www.bibliacatolica.com.br/historia-da-igreja/13/#.VFZv8_l4rwk

Não importa a profissão. Comissário de bordo não pode pilotar avião.

Billie Holiday: I'll Be Seeing You, Carnegie Hall 1956

A saudade. Charles Fonseca. Prosa

A SAUDADE
Charles Fonseca

A saudade punge, dói, aperta, corrói, é o passado presente que atrasa o futuro. Quando chega imobiliza, esteriliza, embalsama, quando faz morada desaloja. Como se libertar dessa dor gostosa, desse querer bem sem futuro, desse aqui sem sucesso, desse fogo de monturo?

sábado, novembro 01, 2014

Em Floripa é assim. Charles Fonseca. Fotografia


A deusa da minha rua. Orlando Silva, Roberto Carlos. Música

Boa noite, amor - Gilberto Alves. Música

Fascinação. Roberto Carlos e Carlos Galhardo. Música

Eu sonhei que tu estavas tão linda - Carlos Galhardo

Orlando Silva. Adeus Guacira. Música

DENÚNCIA. URNAS ELETRÔNICAS. POLÍTICA

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