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sábado, setembro 13, 2014

ANÁLISE MÉDICOPSICOLÓGICA SOBRE OS CRIMES DE HOMOFOBIA Marcelo Caixeta, médico-consultante em Psicologia Médica

ANÁLISE MÉDICOPSICOLÓGICA SOBRE OS CRIMES DE HOMOFOBIA
Marcelo Caixeta, médico-consultante em Psicologia Médica


No hospital filantrópico infantojuvenil em que eu trabalho temos um núcleo de investigações médicopsicológicas que, já há alguns anos, vem examinando, por meio de testes e exames laboratoriais, adolescentes transexuais ( “travestis”) . Notamos que, entre estes, há uma índice maior do que na população geral de indícios de alguma disfunção do lobo frontal. Por exemplo, exames de tomografia cintilográfica cerebral por emissão de fóton único mostra, na média, algum grau de hipoperfusão frontal. Testes neuropsicológicos ( p.ex., baterias de Luria, Nebraska, Lefebvre, Hécaen-Ajuriaguerra ) também mostram indícios de disfuncionamento frontal, tais como : impulsividade, déficit atencional, falta de controle inibitório dos impulsos, falências disexecutivas, alterações em provas de coordenação psicomotora interhemisférica, etc.
No comportamento, isto pode manifestar-se como falta de tolerância à frustração, tendência para consumo de substâncias psicoativas, hedonismo ( busca desenfreada e sem crítica do prazer ), comportamentos móricos, ou seja, provocativos, acintosos, comportamentos impulsivos que não levam muito em conta os índices sociais. Por exemplo, um destes adolescentes transexuais examinados havia sido agredido por uma turma de garotos de um grande clube de Goiânia porque, junto com uma turma de mais quatro travestis, haviam promovido uma série de arruaças no clube, num horário de pico ( domingo de manhã ), com o clube cheio de crianças, famílias, etc ( eles - a turma de cinco - a) entraram no banheiro das mulheres, aos gritos, o maior “barraco”, o maior “esquete”, jogaram papel-higiênico no chão, as mulheres e crianças tiveram de sair correndo de lá ; b) sairam com um “super-fio-dental”, biquínis minúsculos, mostrando nádegas e mamas supersiliconadas até do lado de fora do clube, na rua, no estacionamento, até o ponto de ônibus. c) tudo isto muito bêbados, com latinhas de cerveja na mão, passaram bebendo a noite de sábado e a manhã toda. D) muito exaltados, gritando , assoviando, falando sem pudor palavras de baixo calão. e) e principalmente ( isto foi o que mais motivou a agressão ) mexendo acintosamente com praticamente todos os homens pelos quais passavam ou com os quais encontravam pela frente, inclusive com um bando de cinco adolescentes que, jogando bola, se ofenderam muito e “partiram prá cima” ( diziam : “ai você lá em casa”, “êta meus 18 anos”, “com um pau destes em cima de mim eu não preciso de mais nada”, “que mala que você tem aí na frente, hem ?”, “ deixa eu chupar esta berinjela”, etc ).
Este tipo de comportamento, além de causar constrangimento geral - mesmo se fosse feito por heterossexuais -, também gera um problema psicológico suplementar : faz vir à tona o “pavor homossexual” que muitos têm de fazer face à própria bissexualidade, que é algo inerente à espécie humana ( alguns têm algum grau de bissexualidade que “teimam” em esconder com horror de si mesmos ). Esta “bissexualidade” inerente a muitos indivíduos manifesta-se de muitas formas, p.ex., meninos que fazem jogos sexuais, troca-trocas na adolescência, masturbações coletivas ou mútuas, manipulações genitais narcísico-especulares ( p.ex., masturbar-se na frente do espelho, filmes pornôs ), etc. É algo muito perturbador, humilhante, “nojento”, repulsivo, vergonhoso, abjeto, sujo, para a mente de muitos homens quando eles se representam mentalmente em alguma cena sexual - abstrata ou que de fato tenha ocorrido no passado - p.ex, algum homem copulando sobre ele, atrás dele, felação, etc. Todos estes fantasmas psicológicos são suscitados, por exemplo, quando um transexual, um gay, “mexem” com um heterossexual, fazem alguma “proposta indecorosa” para ele. Como já dissemos acima, a impulsividade, a falta de crítica, o hedonismo, etc, propiciam que alguns homossexuais se tornem muito abertos em suas “cantadas”, o que elicita uma raiva muito grande no heterossexual, motivando até agressões.
Outra situação muito comum é aquela do adolescente João Donati, homossexual na cidade de Inhumas, que foi morto barbaramente, com sacos plásticos na garganta. Inicialmente, o que era reputado como um crime homofóbico mostrou-se , na verdade um “crime passional”. Um “garoto de programa”, Andrie Silva, após relação sexual, cobrou e não recebeu, vindo a matar Donati. O crime foi amplamente noticiado como homofóbico, mesmo não havendo conteúdo homofóbico no mesmo. A mídia, que conta com muitos profissionais homossexuais, têm tentado criminalizar todo crime contra homossexuais como se fossem crimes homofóbicos. Isto, ao meu ver, tem uma motivação “política” ( aumentar o poder de pressão e persuasão da comunidade gay ) mas também “psicológica” ( "vingar-se" , pela exigência de aceitação "à força" de sua condição sexual , das humilhações estigmatizantes sofridas até então ; afastar o estigma, vivido pelo inconsciente de muitos homossexuais, de que “homossexualidade” é algo moralmente errado"; projetar para fora e assim afastar como algo "ilegítimo" e injustificado o próprio mal-estar, ego-distonia, que muitos homossexuais têm com a própria condição, julgando-a suja, pecaminosa, humilhante, perturbadora para a própria família ou entorno ). A homofobia ganhou também simpatia de uma grande parcela da sociedade que, de acordo com o “espírito dos tempos” da Sociedade Ocidental atual, tenta “criminalizar” as condutas autoritárias, truculentas, vivenciadas como impositivas . É , analogicamente, o mesmo espírito anti-homem do feminismo, espírito anti-políticos das manifestações de rua, espírito anti-militar, anti-religião, anti-direita, anti-ricos, anti-médicos, anti-razão, anti-ciência , anti-cientistas, etc.
A alegação de que praticamente “todo crime contra gays” é homofóbico visa também surfar nesta “onda de poder anti-poder” e auferir ganhos com isto. Evidentemente que há também, uma “revolta homofóbica” injustificável por parte de uma sociedade que ainda não sabe trabalhar com seus fantasmas bissexuais, como dissemos acima. Sem saber de onde vem “tanta raiva”, alguns elementos imaturos desta sociedade heterossexual “atuam” seus fantasmas de forma agressiva, como se com a agressividade estivessem excomunhando o “risco homossexual” que sentem no próprio inconsciente. Tais comportamentos, lamentavelmente frequentes, são generalizados por muitos membros da “comunidade gay”, como se fossem a regra e a única explicação para a discriminação e estigma que sofrem. A alavanca política mais forte é aquela que é calcada em dados reais, e muitos homossexuais aproveitam-se deste problema real para justificar que “todos” os problemas que eles têm partem dos outros, dos intolerantes, dos homofóbicos, nunca deles. É uma utilização “política”, isto é, uma generalização que tem como finalidade despertar uma reação positiva para sua “causa”.
Na mesma linha de “imaturidade heterossexual”, outros heterossexuais não conseguem entender, da parte de alguns homossexuais, a impulsividade, jocosidade, falta de crítica, intoxicação psicoativa, proatividade patológica. Não conseguem entender isto como um problema cerebral, médicopsicológico, julgando-o simplesmente como “falta-de-caráter” digna de severa punição. Ou então, cobram dos homossexuais um “controle sobre o próprio corpo” que eles, os heterossexuais, não cobram de si mesmos ( p.ex., os “homens mulherengos”, “puteiros”, “assediadores de funcionárias e empregadas”, “que trocam uma de 40 por duas de 20”, os que se desinteressam das esposas por causa da pornografia, “sexo só para a procriação” etc ). Ou seja, cobram dos homossexuais uma conduta moral sexual que eles, os heterossexuais, estão muito longe de praticar.
Contudo , do lado dos homossexuais, falta também uma certa autocrítica, por exemplo, ao assumirem que, assim como heterossexuais, eles praticam condutas de alto risco : p.ex., trabalham na noite, mexem com homens dos quais não conhecem a índole, entregam-se a sexo promíscuo com pessoas perturbadas ou desenraizadas ( toxicômanos, moradores de rua, michês, doentes mentais, etc ). Há menos de dois meses, por exemplo, o comerciante Marcos Antônio José Guebara foi morto enquanto frequentava a noite, zona de meretrício, cracolândia, em busca de uma prostituta. Provavelmente, procurava prostitutas, drogas ou diversão, provavelmente foi morto por dívida de sexo ou latrocínio. No entanto, o crime, na mídia , passou completamente desapercebido, apenas “mais um”. Ninguém ,na mídia, alardeou, escandalizou, “forçou a barra” para dizer que era um “crime heterofóbico”. Afinal, quantos "homens mulherengos”, “homens puteiros”, não são mortos todos os dias por causa de sua “heterossexualidade desregrada”, não ? Não é o que se vê com os crimes pretensamente homofóbicos. No caso de João Donati e seu algoz, Andrie Silva, aí acima, mesmo após ter sido esclarecida a “natureza passional-sexual-latrocida” do crime, vastos setores da mídia, passeatas na cidade, grupos de indignação, fizeram ouvidos moucos à verdadeira natureza do crime, forçando-o, sempre , como homofóbico.Como vimos acima, há muitos fatores psicológicos e sociológicos que engendram o encarniçamento anti-homofóbico falacioso, tendencioso, oportunista. Entendê-los é o primeiro passo para desmontá-los.
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Marcelo Caixeta, médico-consultante em Psicologia Médica ( relação médico-paciente \relação mente-corpo) do Hospital Asmigo.

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