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terça-feira, setembro 30, 2014

Singular. Charles Fonseca. Poesia

TRANSTORNO BIPOLAR. Charles Fonseca. Medicina

TRANSTORNO BIPOLAR
Charles Fonseca

Difícil que o portador dessa patologia aceite tratamento psiquiátrico. Seria uma ferida narcísica. Vagam de psi em psi à procura de diagnósticos alternativos cujos sintomas de algum modo sejam semelhantes à forma de apresentação chamada hipomania, mania atenuada. E por longo tempo vão fazendo mal aos outros e a si próprios.

G.F. Handel: Lascia ch'io pianga; Voices of Music with Kirsten Blaise, s...

Na Fazenda Mansão. Charles Fonseca. Prosa

NA FAZENDA MANSÃO
Charles Fonseca

Adolescente, já ajudei a construir uma casa de taipa, janela e portas abertas, coberta de sapé, fogueira na porta para espantar a onça suçuarana. Não faltava maxixe, quiabo, jiló, abóbora, umbu. Se faltava água, era retirada de umas cabaças que existem cheias dela na raiz do umbuzeiro. De súbito, uma espingarda dispara. Um irmão mais novo 6 anos acidentalmente foi o autor da façanha. Uns furinhos de caroços de chumbo saídos lerdamente da espingarda de socar com bucha de sisal. penetraram no chão. Pasmo, meu pai recolheu a mesma e deu uma aula conjunta de artilharia em plena caatinga no centro da Bahia. Foi na Fazenda Mansão, de sua propriedade, por doação de um prático em odontologia. O Dr Araujo, muito conceituado, nas terras dos Maracás.

ACUPUNTURA. Charles Fonseca. Medicina

No Brasil a acupuntura evoluiu. Passou a ser especialidade médica. É reserva de mercado. Para os que têm competência técnica e legal. Juntas.

DOIS. Charles Fonseca. Poesia

DOIS
Charles Fonseca

Sorriso triste
Uma saudade
A alma invade
Ficam dois cisnes.

A melhor viagem não demora mais de 10 dias. Um pra ir, um pra voltar. Oito pra vagar. Ali e acolá.

Paisagem noturna. Manuel Bandeira. Poesia

Paisagem noturna
Manuel Bandeira

A sombra imensa, a noite infinita enche o vale . . .
E lá do fundo vem a voz
Humilde e lamentosa
Dos pássaros da treva. Em nós,
— Em noss'alma criminosa,
O pavor se insinua . . .
Um carneiro bale.
Ouvem-se pios funerais.
Um como grande e doloroso arquejo
Corta a amplidão que a amplidão continua . . .
E cadentes, metálicos, pontuais,
Os tanoeiros do brejo,
— Os vigias da noite silenciosa,
Malham nos aguaçais.

Pouco a pouco, porém, a muralha de treva
Vai perdendo a espessura, e em breve se adelgaça
Como um diáfano crepe, atrás do qual se eleva
A sombria massa
Das serranias.

O plenilúnio vai romper . . . Já da penumbra
Lentamente reslumbra
A paisagem de grandes árvores dormentes.
E cambiantes sutis, tonalidades fugidias,
Tintas deliqüescentes
Mancham para o levante as nuvens langorosas.

Enfim, cheia, serena, pura,
Como uma hóstia de luz erguida no horizonte,
Fazendo levantar a fronte
Dos poetas e das almas amorosas,
Dissipando o temor nas consciências medrosas
E frustrando a emboscada a espiar na noite escura,
— A Lua
Assoma à crista da montanha.
Em sua luz se banha
A solidão cheia de vozes que segredam . . .

Em voluptuoso espreguiçar de forma nua
As névoas enveredam
No vale. São como alvas, longas charpas
Suspensas no ar ao longe das escarpas.
Lembram os rebanhos de carneiros
Quando,
Fugindo ao sol a pino,
Buscam oitões, adros hospitaleiros
E lá quedam tranqüilos ruminando . . .
Assim a névoa azul paira sonhando . . .
As estrelas sorriem de escutar
As baladas atrozes
Dos sapos.

E o luar úmido . . . fino . . .
Amávico . . . tutelar . . .
Anima e transfigura a solidão cheia de vozes . . .

sexta-feira, setembro 19, 2014

Roberto Carlos - Mulher pequena. Clique abaixo

Histeria. Freud. Vol II pag. 42. a. Standard. Psicanálise

Exibindo 20140919_112257.jpg

Bach - Brandenburg Concerto No. 3 in G Major: Complete; Original Instrum...

Provérbios, 7 Salomão. Igreja. Cristianismo

Provérbios, 7
Salomão

1. Meu filho, guarda minhas palavras, conserva contigo meus preceitos. Observa meus mandamentos e viverás.
2. Guarda meus ensinamentos como a pupila de teus olhos.
3. Traze-os ligados aos teus dedos, grava-os em teu coração.
4. Dize à sabedoria: Tu és minha irmã, e chama a inteligência minha amiga,
5. para que elas te guardem da mulher alheia, da estranha que tem palavras lúbricas.
6. Estava eu atrás da janela de minha casa, olhava por entre as grades.
7. Vi entre os imprudentes, entre os jovens, um adolescente incauto:
8. passava ele na rua perto da morada de uma destas mulheres e entrava na casa dela.
9. Era ao anoitecer, na hora em que surge a obscuridade da noite.
10. Eis que uma mulher sai-lhe ao encontro, ornada como uma prostituta e o coração dissimulado.
11. Inquieta e impaciente, seus pés não podem parar em casa;
12. umas vezes na rua, outras na praça, em todos os cantos ela está de emboscada.
13. Abraça o jovem e o beija, e com um semblante descarado diz-lhe:
14. Tinha que oferecer sacrifícios pacíficos, hoje cumpri meu voto.
15. Por isso saí ao teu encontro para te procurar! E achei-te!
16. Ornei minha cama com tapetes, com estofos recamados de rendas do Egito.
17. Perfumei meu leito com mirra, com aloés e cinamomo.
18. Vem! Embriaguemo-nos de amor até o amanhecer, desfrutemos as delícias da voluptuosidade;
19. pois o marido não está em casa: partiu para uma longa viagem,
20. levou consigo uma bolsa cheia de dinheiro e só voltará lá pela lua cheia.
21. Seduziu-o à força de palavras e arrastou-o com as lisonjas de seus lábios.
22. Põe-se ele logo a segui-la, como um boi que é levado ao matadouro, como um cervo que se lança nas redes,
23. até que uma flecha lhe traspassa o fígado, como o pássaro que se precipita para o laço sem saber que se trata dum perigo para sua vida.
24. E agora, meus filhos, ouvi-me, prestai atenção às minhas palavras.
25. Que vosso coração não se deixe arrastar para seguir essa mulher, nem vos extravieis em suas veredas,
26. porque numerosos são os feridos por ela e considerável é a multidão de suas vítimas.
27. Sua casa é o caminho da região dos mortos, que conduz às entranhas da morte.

Véronèse en ultra haute définition. Pintura

Marcha de quarta-feira de cinzas. Vinicus de Moraes. Poesia

Marcha de quarta-feira de cinzas
Vinicus de Moraes


Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou.

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor.

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade...

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar.

Porque são tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe...

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz.

quinta-feira, setembro 18, 2014

A amada no deserto e eu não deserto dela. Charles Fonseca

Exibindo image.jpg

J.S. Bach: Violin Concerto in A Minor BWV 1041, Carla Moore with Voices ...

Creio na vida eterna. Igreja. Cristianismo

«CREIO NA VIDA ETERNA»

1020. O cristão, que une a sua própria morte à de Jesus, encara a morte como chegada até junto d'Ele, como entrada na vida eterna. A Igreja, depois de, pela última vez, ter pronunciado sobre o cristão moribundo as palavras de perdão da absolvição de Cristo e de, pela última vez, o ter marcado com uma unção fortificante e lhe ter dado Cristo, no Viático, como alimento para a viagem, fala-lhe com estas doces e confiantes palavras:

«Parte deste mundo, alma cristã, em nome de Deus Pai omnipotente, que te criou, em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, que por ti sofreu, em nome do Espírito Santo, que sobre ti desceu; chegues hoje ao lugar da paz e a tua morada seja no céu, junto de Deus, na companhia da Virgem Maria. Mãe de Deus, de São José e de todos os Anjos e Santos de Deus [...]. Confio-te ao Criador para que voltes Àquele que te formou do pó da terra. Venham ao encontro de ti, que estás a partir desta vida, Santa Maria, os Anjos e todos os Santos [...]. Vejas o teu Redentor face a face e gozes da contemplação de Deus pelos séculos dos séculos» (605).

I. O juízo particular

1021. A morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo (606). O Novo Testamento fala do juízo, principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na sua segunda vinda. Mas também afirma, reiteradamente, a retribuição imediata depois da morte de cada qual, em função das suas obras e da sua fé. A parábola do pobre Lázaro (607) e a palavra de Cristo crucificado ao bom ladrão (608), assim como outros textos do Novo Testamento (609), falam dum destino final da alma (610), o qual pode ser diferente para umas e para outras.

1022. Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através duma purificação (611), quer para entrar imediatamente na felicidade do céu (612), quer para se condenar imediatamente para sempre (613).

«Ao entardecer desta vida, examinar-te-ão no amor» (614).

Catecismo

India. Eileen Davies. Fotografia

A SAUDADE. Charles Fonseca. 02/12. Poesia

A SAUDADE
Charles Fonseca

A saudade no meu peito
Já começa na aurora
Ela chega, vou embora,
Ela vai, fico sem jeito

De ficar, foi tudo sonho,
Foi cochilo, foi quimera,
Só cochicho, ai quem dera!
Põe-se o sol, fico tristonho.

Chauncey Bradley Yves, c. 1880-92 - Undine Rising from the Waters Yale University Art Gallery, New Haven. E43. Escultura

As duas ilhas. Castro Alves. Poesia

As duas ilhas
Castro Alves

Sobre uma página de poesia de V. Hugo
com o mesmo título


Quando à noite — às horas mortas —
O silêncio e a solidão
— Sob o dossel do infinito —
Dormem do mar n'amplidão,
Vê-se, por cima dos mares,
Rasgando o teto dos ares
Dois gigantescos perfis...
Olhando por sobre as vagas,
Atentos, longínquas plagas
Ao clarear dos fuzis.

Quem os vê, olha espantado
E a sós murmura: "0 que é?
Ai! que atalaias gigantes,
São essas além de pé?!..."
Adamastor de granito
Co'a testa roça o infinito
E a barba molha no mar;
É de pedra a cabeleira
Sacudind'a onda ligeira
Faz de medo recuar...

São — dous marcos miliários,
Que Deus nas ondas plantou.
Dous rochedos, onde o mundo
Dous Prometeus amarrou!...
— Acolá... (Não tenhas medo!)
É Santa Helena — o rochedo
Desse Titã, que foi rei!...
— Ali... (Não feches os olhos!...)
Ali... aqueles abrolhos
São a ilha de Jersey!...

São eles — os dous gigantes
No século de pigmeus.
São eles — que a majestade
Arrancam da mão de Deus.
— Este concentra na fronte
Mais astros — que o horizonte,
Mais luz — do que o sol lançou!...
— Aquele — na destra alçada
Traz segura sua espada
— Cometa, que ao céu roubou!...

E olham os velhos rochedos
O Sena, que dorme além...
E a França, que entre a caligem
Dorme em sudário também...
E o mar pergunta espantado.
"Foi deveras desterrado
Buonaparte — meu irmão?..."
Diz o céu astros chorando:
"E Hugo?..." E o mundo pasmando
Diz: "Hugo... Napoleão!..."

Como vasta reticência
Se estende o silêncio após...
És muito pequena, ó França,
P'ra conter estes heróis...
Sim! que estes vultos augustos
Para o leito de Procustos
Muito grandes Deus traçou...
Basta os reis tremam de medo
Se a sombra de algum rochedo
Sobre eles se projetou!...

Dizem que, quando, alta noite,
Dorme a terra — e vela Deus,
As duas ilhas conversam
Sem temor perante os céus.
— Jersey curva sobre os mares
À Santa Helena os pensares
Segreda do velho Hugo...
— E Santa Helena no entanto
No Salgueiro enxuga o pranto
E conta o que Ele falou...

E olhando o presente infame
Clamam: "Da turba vulgar
Nós — infinitos de pedra —
Nós havemo-los vingar!. . . "
E do mar sobre as escumas,
E do céu por sobre as brumas,
Um ao outro dando a mão...
Encaram a imensidade
Bradando: "A Posteridade!..."
Deus ri-se e diz: "Inda não!. . . "

Elis Regina - Atras da Porta. Música

Fábulas. Monteiro Lobato. Prosa

As fábulas constituem um alimento espiritual correspondente ao leite na primeira infância. Por intermédio delas a moral, que não é outra coisa mais que a própria sabedoria da vida acumulada na consciência da humanidade, penetra na alma infante, conduzida pela loquacidade inventiva da imaginação. Esta boa fada mobiliza a natureza, dá fala aos animais, às árvores, às águas e tece com esses elementos pequeninas tragédias donde ressurte a ‘moralidade’, isto é, a lição da vida. O maravilhoso é o açúcar que disfarça o medicamento amargo e torna agradável a sua ingestão."
- Monteiro Lobato, em Fábulas, 1918.

Saudade é o amar distante. Charles Fonseca

quarta-feira, setembro 17, 2014

Tchaikovsky's Sleeping Beauty Flash Mob in Jerusalem. Música

Procurador da República se emociona em visita a hospital público de Join...

Neuroses traumáticas. Histeria. Freud. Pag. 41. Vol II. Standard. Obras Psicológicas Completas

Exibindo 20140917_174102.jpg

Drauzio Varella "explica" a homossexualidade. Psicologia. Psiquiatria. Medicina


Clique: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/noticia/2014/09/4-assuntos-que-mobilizaram-as-redes-sociais-nesta-quarta-feira-17-de-setembro-4600284.html

Nepal. Eileen Davies. Fotografia

Provérbios, 6. Salomão. Igreja, Cristianismo

Provérbios, 6
Salomão

1. Meu filho, se ficaste por fiador do teu próximo, se estendeste a mão a um estranho,
2. se te ligaste com as palavras de teus lábios, se ficaste cativo com a tua própria linguagem,
3. faze, pois, meu filho, o que te digo: livra-te, pois caíste nas mãos do teu próximo; vai, apressa-te, solicita-o com instância,
4. não concedas sono aos teus olhos, nem repouso às tuas pálpebras.
5. Salva-te como a gazela [do caçador], e como o pássaro das mãos do que arma laços.
6. Vai, ó preguiçoso, ter com a formiga, observa seu proceder e torna-te sábio:
7. ela não tem chefe, nem inspetor, nem mestre;
8. prepara no verão sua provisão, apanha no tempo da ceifa sua comida.
9. Até quando, ó preguiçoso, dormirás? Quando te levantarás de teu sono?
10. Um pouco para dormir, outro pouco para dormitar, outro pouco para cruzar as mãos no seu leito,
11. e a indigência virá sobre ti como um ladrão; a pobreza, como um homem armado.
12. É um homem perverso, um iníquo aquele que caminha com falsidade na boca;
13. pisca os olhos, bate com o pé, faz sinais com os dedos;
14. só há perversidade em seu coração, não cessa de maquinar o mal, e de semear questões.
15. Por isso, repentinamente, virá sua ruína, de improviso ficará irremediavelmente quebrantado.
16. Seis coisas há que o Senhor odeia e uma sétima que lhe é uma abominação:
17. olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,
18. um coração que maquina projetos perversos, pés pressurosos em correr ao mal,
19. um falso testemunho que profere mentiras e aquele que semeia discórdias entre irmãos.
20. Guarda, filho meu, os preceitos de teu pai, não desprezes o ensinamento de tua mãe.
21. Traze-os constantemente ligados ao teu coração e presos ao teu pescoço.
22. Servir-te-ão de guia ao caminhares, de guarda ao dormires e falarão contigo ao despertares,
23. porque o preceito é uma tocha, o ensinamento é uma luz, a correção e a disciplina são o caminho da vida,
24. para te preservar da mulher corrupta e da língua lisonjeira da estranha.
25. Não cobices sua formosura em teu coração, não te deixes prender por seus olhares;
26. por uma meretriz o homem se reduz a um pedaço de pão, e a mulher adúltera arrebata a vida preciosa do homem.
27. Porventura pode alguém esconder fogo em seu seio sem que suas vestes se inflamem?
28. Pode caminhar sobre brasas sem que seus pés se queimem?
29. Assim o que vai para junto da mulher do seu próximo não ficará impune depois de a tocar.
30. Não se despreza o ladrão que furta para satisfazer seu apetite, quando tem fome;
31. se for preso, restituirá sete vezes mais e entregará todos os bens de sua casa.
32. Quem comete adultério carece de senso, é por sua própria culpa que um homem assim procede.
33. Só encontrará infâmia e ignomínia e seu opróbrio não se apagará,
34. porque o marido, furioso e ciumento, não perdoará no dia da vingança,
35. não se aplacará por resgate algum, nem aceitará nada, se multiplicares os presentes.

Ingres en ultra haute définition. Pintura

MARINA É DE DIREITA. Marcelo Caixeta. Psiquiatria. Política.

MARINA É DE DIREITA
Marcelo Caixeta, psiquiatra.

UMA ANÁLISE PSIQUIÁTRICA DE COMO, AO CONTINUARMOS CONFIANDO NOSSAS DEMANDAS E AÇÕES AO GOVERNO, SEJA ELE QUAL FOR ( mas principalmente o do PT ), ESTAMOS A CAMINHO DA ESTAGNAÇÃO.

A Europa e os EUA ( “hemisfério norte “branco” e “civilizado”) pouco a pouco caminham para o “ideal socialista-marxista” : “preferimos que um Estado Assistencialista, Maternal, Protetor, Provedor, cuide de nós, nos dê “facilidades” e “seguranças” do berço ao túmulo ( creches, escolas, hospitais, etc) , do que lutar e, partindo do zero, conseguir evoluir”. Delegamos aos Governos as nossas lutas. Em troca os Governos nos delegam à Servidão à Igualdade. Por exemplo, impostos altíssimos, asfixia de toda Iniciativa Privada, controle rígido de tudo que não é Estatal, tudo em nome da “doação” de “escolas, hospitais, bolsas, aposentadorias, etc”. Esta “delegação de poderes” da Sociedade aos Governos está matando as possibilidades de Evolução do Indivíduo. Em lugares ricos este “tédio da estagnação” manifesta-se psiquiatricamente em alcoolismo, drogas, sexolatria, obesidade, depressão e suicídios, viagem-filia ( necessidade de estar sempre viajando ) hedonismo ( busca frenética de fontes de prazer ), ciber-adição. Nos países pobres, a “estagnação do indivíduo” leva, além dos problemas psiquiátricos acima, ao nivelamento por baixo do status sócio-econômico : todos iguais e todos pobres. Países ricos estão numa “estagnação confortável”, países pobres - para onde caminha o Brasil com o PT - estão numa “estagnação precária” : rumo à Venezuela e depois à Cuba. A busca de conforto estatal anula a empreendedorismo individual, mas o primeiro está ganhando em todo o mundo, pois a maioria das pessoas é muito mais acomodada do que “evolutiva”. Se os países caminham para isto, mesmo os desenvolvidos, o Brasil ficará indene ? Eu, particularmente, acho que Deus tem um plano diferente para o Brasil. Veremos . Ao que tudo indica, Marina será eleita a próxima presidente. Mais socialismo ? Marina é “de esquerda”, mas não é burra, por exemplo, tem formação em História. Ela sabe, já “sentiu”, que a Sociedade, apesar de “querer mais Estado”, não está mais aceitando a “ingerência truculenta do Estado”. Este paradoxo explodiu nas manifestações de rua de julho 2013. Marina, então, sabe, que precisa criar “mais participação da Sociedade Civil” - aliás é a única candidata que tem isto “forte” no espírito. Para isto, ela tem dois caminhos : o esquerdista, que é dar “força para movimentos sociais” ou o “direitista” , que é o de dar forças para todos da Sociedade Civil se manifestem, inclusive suas instituições, organizações, sociedades de classe, etc. Dar “força” para Conselhos Populares ou Movimentos Sociais ( caminho do Esquerdismo ) ela parece que não vai dar, p.ex., o próprio MST, movimento Sem-Terra já disse que fará uma “revolução” caso ela ganhe. Por outro lado, ela já acenou para dar mais força para a Sociedade Civil, por exemplo, dando independência para o Banco Central, fortalecendo assim as forças de mercado. Entre dar mais força para : 1) o “movimento dos sem-teto”, “movimento dos sem-terra”, ou para 2) ONGs, entidades filantrópicas, preservacionistas, redes sociais, classe média que quer opinar, classe média que quer controlar mais as estatais, órgãos do Governo, etc, preferirá, com certeza estas últimas, ou seja, preferirá mais o “grupo 2” ( “direita”) do que o “grupo 1” ( “esquerda”). Por que Marina teria, então, esta “pendência” para a “direita”? Por causa de seu “cristianismo”, porque é sensível, é “fraca”, é “mulher”, é pelo diálogo, é humana. Desta forma, não é pelo “esquerdismo”, que obrigatoriamente chega num ponto em que tem de ser truculento, totalitarista, tem de anular as forças da Sociedade Civil, tem de esmagar determinadas classes, (p.ex., Dilma esmagando os médicos) , tem de calar a mídia, tem de corromper as instituições, tem de ser “stalinista”, tem de anular todo indivíduo que quer evoluir ( e por isto se destaca do “igualitarismo da multidão” ) , tem de anular os intelectuais, tem de comprar a peso de ouro os políticos , a “nomenklatura” e a “intelligentsia”, etc. Marina quer mais “participação da Sociedade Civil”, mas, diante de sua esquerdização ou sua direitização, irá preferir o “direitismo”, pois o cristianismo, que é sua principal ideologia, não “permite” a anulação truculenta do Indivíduo ( que é onde desemboca toda forma de socialismo ). Isto que eu falei não é nada novo, na verdade, apenas coloquei uma “vestimenta psiquiátrica” em argumentadores muito mais competentes que eu, p.ex., o cientista social-economista F. Hayek, em seu “O Caminho da Servidão”. O “direitismo” de Aécio está “perdendo” porque é um “direitismo” ultrapassado, é o direitismo de poderosos, sejam políticos, sejam “donos de Instituições”, sejam donos do “Kapital”. A humanidade já sacou que este “direitismo” também é destrutivo, assim como o esquerdismo, pois é um “direitismo egoísta”, é o direitismo daqueles que, sendo mais fortes, espertos, mais estudados, mais trabalhadores, utilizam-se de sua força apenas para dominar, apenas em benefício próprio , redundando em prejuízo social.

DUBAI. Fotografia

O anel de vidro. Manuel Bandeira. Poesia

O anel de vidro
Manuel Bandeira

Aquele pequenino anel que tu me deste,
– Ai de mim – era vidro e logo se quebrou…
Assim também o eterno amor que prometeste,
- Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.

Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, –
Aquele pequenino anel que tu me deste,
– Ai de mim – era vidro e logo se quebrou…

Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste…
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste…

Parece razoável pensar que o orgasmo predispõe a um melhor uso da razão? Charles Fonseca

terça-feira, setembro 16, 2014

Gilberto Gil e Rildo Hora - "Esses moços" (Lupicínio Rodrigues)

Provérbios, 3. Salomão. Igreja. Cristianismo.

Provérbios, 3
Salomão

1. Meu filho, não te esqueças de meu ensinamento e guarda meus preceitos em teu coração
2. porque, com longos dias e anos de vida, assegurar-te-ão eles a felicidade.
3. Oxalá a bondade e a fidelidade não se afastem de ti! Ata-as ao teu pescoço, grava-as em teu coração!
4. Assim obterás graça e reputação aos olhos de Deus e dos homens.
5. Que teu coração deposite toda a sua confiança no Senhor! Não te firmes em tua própria sabedoria!
6. Sejam quais forem os teus caminhos, pensa nele, e ele aplainará tuas sendas.
7. Não sejas sábio aos teus próprios olhos, teme o Senhor e afasta-te do mal.
8. Isto será saúde para teu corpo e refrigério para teus ossos.
9. Honra o Senhor com teus haveres, e com as primícias de todas as tuas colheitas.
10. Então, teus celeiros se abarrotarão de trigo e teus lagares transbordarão de vinho.
11. Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem te espantes de que ele te repreenda,
12. porque o Senhor castiga aquele a quem ama, e pune o filho a quem muito estima.
13. Feliz do homem que encontrou a sabedoria, daquele que adquiriu a inteligência,
14. porque mais vale este lucro que o da prata, e o fruto que se obtém é melhor que o fino ouro.
15. Ela é mais preciosa que as pérolas, jóia alguma a pode igualar.
16. Na mão direita ela sustenta uma longa vida; na esquerda, riqueza e glória.
17. Seus caminhos estão semeados de delícias. Suas veredas são pacíficas.
18. É uma árvore de vida para aqueles que lançarem mãos dela. Quem a ela se apega é um homem feliz.
19. Foi pela sabedoria que o Senhor criou a terra, foi com inteligência que ele formou os céus.
20. Foi pela ciência que se fenderam os abismos, por ela as nuvens destilam o orvalho.
21. Meu filho, guarda a sabedoria e a reflexão, não as percas de vista.
22. Elas serão a vida de tua alma e um adorno para teu pescoço.
23. Então caminharás com segurança, sem que o teu pé tropece.
24. Se te deitares, não terás medo. Uma vez deitado, teu sono será doce.
25. Não terás a recear nem terrores repentinos, nem a tempestade que cai sobre os ímpios,
26. porque o Senhor é tua segurança e preservará teu pé de toda cilada.
27. Não negues um benefício a quem o solicita, quando está em teu poder conceder-lho.
28. Não digas ao teu próximo: Vai, volta depois! Eu te darei amanhã, quando dispões de meios.
29. Não maquines o mal contra teu vizinho, quando ele habita com toda a confiança perto de ti.
30. Não litigues com alguém sem ter motivo, se esse alguém não te fez mal algum.
31. Não invejes o homem violento, nem adotes o seu procedimento,
32. porque o Senhor detesta o que procede mal, mas reserva sua intimidade para os homens retos.
33. Sobre a casa do ímpio pesa a maldição divina, a bênção do Senhor repousa sobre a habitação do justo.
34. Se ele escarnece dos zombadores, concede a graça aos humildes.
35. A glória será o prêmio do sábio, a ignomínia será a herança dos insensatos.

André Rieu & Mirusia - Memory (Cats)

Creio na ressurreição da carne. Igreja. Cristianismo

1015. «Caro salutis est cardo – A carne é o fulcro da salvação» (601). Nós cremos em Deus, que é o Criador da carne; cremos no Verbo que Se fez carne para remir a carne; cremos na ressurreição da carne, acabamento da criação e da redenção da carne.

1016. Pela morte, a alma é separada do corpo; mas, na ressurreição, Deus restituirá a vida incorruptível ao nosso corpo transformado, reunindo-o à nossa alma. Tal como Cristo ressuscitou e vive para sempre, todos nós ressuscitaremos no último dia.

1017. «Nós cremos na verdadeira ressurreição desta carne que possuímos agora» (602). No entanto, semeia-se no túmulo um corpo corruptível e ressuscita um corpo incorruptível (603) um «corpo espiritual» (1 Cor 15, 44).

1018. Em consequência do pecado original, o homem deve sofrer a morte corporal, «de que estaria isento, se não tivesse pecado» (604).

1019. Jesus, Filho de Deus, sofreu livremente a morte por nós, numa submissão total e livre à vontade de Deus seu Pai. Pela sua morte, Ele venceu a morte, abrindo assim a todos os homens a possibilidade da salvação.

Catecismo

L'impressionnisme en ultra haute définition. Pintura

CASAMENTO. Charles Fonseca. 02/12 Poesia

CASAMENTO
Charles Fonseca

Porque choras, oh poeta, em casamentos,
Mesmo se de estranhos for?
Serão sonhos do passado
Ou do futuro que não chegou?

Van Gogh, Portrait of Eugene Boch. Pintura

Valise de Cronópio. Julio Cortázar. Prosa

Valise de Cronópio
Julio Cortázar

Sempre serei como um menino para muitas coisas, mas um desses meninos que, desde o começo, carregam consigo o adulto, de maneira que, quando o monstrinho chega verdadeiramente a adulto ocorre que, por sua vez, carrega consigo o menino, e nel mezzo del cammin, dá-se uma coexistência poucas vezes pacífica de pelo menos duas aberturas para o mundo.

Futebol 1.879. Fotografia.


 Foto-Futebol-Primeiro-Time-Futebol

Lembrete. Flora Figueiredo. Poesia

Lembrete
Flora Figueiredo

Não deixe portas entreabertas
Escancare-as
Ou bata-as de vez.
Pelos vãos, brechas e fendas
Passam apenas semiventos,
Meias verdades
E muita insensatez.

Pourquoi observe-t-on des craquelures à la surface de certaines peintures ?

Natal. Olavo Bilac. Poesia

Natal
Olavo Bilac

Jesus nasceu. Na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na cruz.

Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.

Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o mal,

Natal! Natal! Em toda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve Deus da humildade e da pobreza
Nascido numa pobre estrebaria.

segunda-feira, setembro 15, 2014

Futebol. Fotografia

Foto-Futebol-Carmelo-Cedrun
Esta foto foi capturada em 1955, e mostra Carmelo Cedrun, goleiro espanhol defendendo um chute da Inglaterra.

Escultura. Adalgisa Nery. Poesia

Escultura
Adalgisa Nery

Eu já te amava pelas fotografias.
Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos,
Pelo teu olhar vago e incerto
Como o dos que não pararam no riso e na alegria.
Te amava por todos os teus complexos de derrota,
Pelo teu jeito contrastando com a glória dos atletas
E até pela indecisão dos teus gestos sem pressa.
Te falei um dia fora da fotografia
Te amei com a mesma ternura
Que há num carinho rodeado de silêncio
E não sentiste quantas vezes
Minhas mãos usaram meu pensamento,
Afagando teus cabelos num êxtase imenso.
E assim te amo, vendo em tua forma e teu olhar
Toda uma existência trabalhada pela força e pela angústia
Que a verdade da vida sempre pede
E que interminavelmente tens que dar!...

Le Grand Canal à Venise de Bellotto en ultra haute définition. Pintura

A SAUDADE. Charles Fonseca. 02/12. Poesia

A SAUDADE
Charles Fonseca

A saudade no meu peito
Já começa na aurora
Ela chega, vai embora,
Ela vai, fico sem jeito

De ficar, foi tudo sonho,
Foi cochilo, foi quimera,
Só cochicho, ai quem dera!
Põe-se o sol, fico tristonho.

Fleur des Champs de Louis Janmot en ultra haute définition. Pintura

domingo, setembro 14, 2014

Não respondo a pergunta de segundo a pedido de terceiro. Charles Fonseca

Como se tornar Presidente. Fabio Porchat. Política

Clique: link:http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,como-se-tornar-presidente-imp-,1559959

Jean Juste, 1515 - Monument of Louis XII and Anne of Bretagne Abbey Church, Saint Denis. E43. Escultura

Que é que as parteiras ou apologistas do eufemismo "parto humanizado" fazem quando há uma parada de progressão, uma desproporção céfalo-pélvica, uma retenção placentária, uma laceração de trajeto?

A obstetrícia. Parto humanizado. Medicina

ASPAS

Anteontem em Goiânia, fui chamado para dar assistência em psicologia médica ( tanatologia ) para dois membros de uma família cujo filho morreu, segundo eles, após fratura fechada de fêmur, depois de peregrinarem 10 horas pelos serviços ambulatoriais do SUS e depois dele ter passado mais 24 horas sem ser visto por um médico no Hospital de Urgências - HUGO - da capital. Isto mostra que, mesmo com o sistema de Organizações Sociais [OS] - o HUGO é uma OS - a Medicina pública continua não funcionando. Hospital está limpo, com profissionais suficientes, equipamentos, etc, no entanto, falta o básico para uma boa Medicina : o comprometimento do médico, a cobrança e controle de qualidade do médico-chefe, coisas que só acontecem em serviços particulares ( o ser humano só cuida bem do que é dele e do que depende inteiramente dele ). No entanto, Governos "lutam" para acabar com o médico particular, com o hospital particular, e o que é pior, nem os médicos reclamam disto...

ASPAS

Filtro Solar. Medicina

Há relações entre homossexualidade e doença ? ( um debate de psicologia médica )

ASPAS

Há relações entre homossexualidade e doença ? ( um debate de psicologia médica )

O colega XXXXXXXXX XXXXXXXXX, baseado num post onde descrevo algumas alterações frontais encontradas em uma população de transexuais, pergunta, com base nisto, se eu considero tais desvios da norma como "doença".
O que eu disse é que o transexualismo é uma condição que tem determinados marcadores biológicos, assim como a heterossexualidade também.
Se tais condições biológicas são chamadas ou não de "doença" isto é mais um juízo de valor do que biológico, portanto, não emito este tipo de opinião.
Eu, por exemplo, como bom bipolar que sou, tenho várias "anomalias sexuais", p.ex., hipersexualidade, adição toxicomanígena à pornografia. Não atuo estas tendências biológicas, mas as tenho. Optei por não atuá-las e me esforço para isto porque quero preservar o amor que tenho por minha mulher, quero preservar minha família, meus filhos. Sim, considero minha sexualidade doente pois me levaria ( se eu a atuasse ) a ter comportamentos de risco , que prejudicariam meu corpo, prejudicariam aqueles a quem mais amo.
Segundo o médico-filósofo inglês I. Scadding, "doença é aquilo que torna o organismo desadaptativo", ou seja, algo que gera mudanças e adaptações biológicas que levam à uma degradação orgânica, ou seja, uma situação na qual o organismo se auto-prejudica. Se eu tenho no organismo alguma condição que vai contra meus interesses, seja biológicos, sejam sociais, eu interpreto como "doença".
Neste sentido, segundo Sócrates, ( leia-se Fedon ) , todos nós encarnados somos doentes pois as "necessidades de nosso organismo", as injunções de nosso organismo, muitas das vezes são contrárias ao nosso bem-estar como ser humano.
Por exemplo, para o homem das cavernas, a hipersexualidade, a poligamia, eram interessantes para espalhar os genes, aumentar o poder, etc. Hoje em dia, hipersexualidade pode gerar doença ( naquela época das cavernas, menos, pois a população era bem menor e mais endogâmica ) , pode gerar desavença e destruição do tecido social.
Ou seja, o que não era doença antes, com a mudança social, "virou doença". Então, resumindo, e parafraseando Sócrates, "qualquer corpo é uma doença".
Veja bem o caso da bipolaridade : minha "fuga de ideias", minha insonia, minha hipersensibilidade, pode ser interpretada por muitos ( e até por mim mesmo ) como indicio de doença. No entanto, por outros pode ser interpretada como genialidade. Não me importo em ser julgado como "doente", isto não afeta o meu caráter. Acho que muitas pessoas importam-se de serem rotuladas de doentes porque não estão bem consigo mesmo, não estão bem com seu próprio caráter, não estão bem com sua própria moral. Eu, graças a Deus, estou bem com os meus, pois apesar de ser um DOENTE, não deixo minha doença prejudicar ninguém ( a não ser meus leitores, ahahahaha)
Como médicos, temos de estar preparados para lidar com a dialética do que está embutido no conceito de "doença" e não podemos nos deixar levar nem por um lado nem pelo outro ( nem pelo preconceito nem pelo anti-preconceito, aquele que tende a esconder realidades biológicas, cientificas, embaixo do tapete, com medo delas, por apontarem desvios da norma, serem usadas com finalidade preconceituosa ).
Então, neste sentido, vários estudos, p.ex., ver Le Vay, inclusive os nossos, mostram que o cérebro homossexual é diferente do heterossexual ( isto é , inclusive, óbvio ). Agora, se esta diferença é "doença" ou não isto não cumpre a mim decidir. Eu , por exemplo, uso várias características de minhas "anomalias biológicas" para tornar-me mais produtivo e útil para a sociedade, melhorando meu bem-estar e do meu entourage. Sou um doente ? Minhas anomalias ( desvios da média normal ) biológicas são doentias ? No momento não. Mas se vierem a ser, aceito-as também sem problemas, pois se eu ficar louco de vez não terá sido uma ESCOLHA MORAL.

ASPAS

sábado, setembro 13, 2014

La vie en rose - Louis Armstrong. Música

Código de ética médica. Princípios fundamentais


Preâmbulo
Capítulo I Princípios Fundamentais
Capítulo II Direitos dos Médicos
Capítulo III Responsabilidade Profissional
Capítulo IV Direitos Humanos
Capítulo V Relação com pacientes e familiares
Capítulo VI Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos
Capítulo VII Relação entre médicos
Capítulo VIII Remuneração profissional
Capítulo IX Sigilo Profissional
Capítulo X Documentos Médicos
Capítulo XI Auditoria e Perícia Médica
Capítulo XII Ensino e Pesquisa Médica
Capítulo XIII Publicidade Médica
Capítulo XIV Disposições Gerais
Capítulo I

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

I - A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.

II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.

III - Para exercer a Medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa.

IV - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão.

V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente.

VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade.

VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.

VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.

IX - A Medicina não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida como comércio.

X - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa.

XI - O médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos previstos em lei.

XII - O médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser humano, pela eliminação e pelo controle dos riscos à saúde inerentes às atividades laborais.

XIII - O médico comunicará às autoridades competentes quaisquer formas de deterioração do ecossistema, prejudiciais à saúde e à vida.

XIV - O médico empenhar-se-á em melhorar os padrões dos serviços médicos e em assumir sua responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária e à legislação referente à saúde.

XV - O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja por remuneração digna e justa, seja por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Medicina e seu aprimoramento técnico-científico.

XVI - Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios cientificamente reconhecidos a serem praticados para o estabelecimento do diagnóstico e da execução do tratamento, salvo quando em benefício do paciente.

XVII - As relações do médico com os demais profissionais devem basear-se no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, buscando sempre o interesse e o bem-estar do paciente.

XVIII - O médico terá, para com os colegas, respeito, consideração e solidariedade, sem se eximir de denunciar atos que contrariem os postulados éticos.

XIX - O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido, pelos seus atos profissionais, resultantes de relação particular de confiança e executados com diligência, competência e prudência.

XX - A natureza personalíssima da atuação profissional do médico não caracteriza relação de consumo.

XXI - No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com seus ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas.

XXII - Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados.

XXIII - Quando envolvido na produção de conhecimento científico, o médico agirá com isenção e independência, visando ao maior benefício para os pacientes e a sociedade.

XXIV - Sempre que participar de pesquisas envolvendo seres humanos ou qualquer animal, o médico respeitará as normas éticas nacionais, bem como protegerá a vulnerabilidade dos sujeitos da pesquisa.

XXV - Na aplicação dos conhecimentos criados pelas novas tecnologias, considerando-se suas repercussões tanto nas gerações presentes quanto nas futuras, o médico zelará para que as pessoas não sejam discriminadas por nenhuma razão vinculada a herança genética, protegendo-as em sua dignidade, identidade e integridade.

Azulejos. Fotografia

ANÁLISE MÉDICOPSICOLÓGICA SOBRE OS CRIMES DE HOMOFOBIA Marcelo Caixeta, médico-consultante em Psicologia Médica

ANÁLISE MÉDICOPSICOLÓGICA SOBRE OS CRIMES DE HOMOFOBIA
Marcelo Caixeta, médico-consultante em Psicologia Médica


No hospital filantrópico infantojuvenil em que eu trabalho temos um núcleo de investigações médicopsicológicas que, já há alguns anos, vem examinando, por meio de testes e exames laboratoriais, adolescentes transexuais ( “travestis”) . Notamos que, entre estes, há uma índice maior do que na população geral de indícios de alguma disfunção do lobo frontal. Por exemplo, exames de tomografia cintilográfica cerebral por emissão de fóton único mostra, na média, algum grau de hipoperfusão frontal. Testes neuropsicológicos ( p.ex., baterias de Luria, Nebraska, Lefebvre, Hécaen-Ajuriaguerra ) também mostram indícios de disfuncionamento frontal, tais como : impulsividade, déficit atencional, falta de controle inibitório dos impulsos, falências disexecutivas, alterações em provas de coordenação psicomotora interhemisférica, etc.
No comportamento, isto pode manifestar-se como falta de tolerância à frustração, tendência para consumo de substâncias psicoativas, hedonismo ( busca desenfreada e sem crítica do prazer ), comportamentos móricos, ou seja, provocativos, acintosos, comportamentos impulsivos que não levam muito em conta os índices sociais. Por exemplo, um destes adolescentes transexuais examinados havia sido agredido por uma turma de garotos de um grande clube de Goiânia porque, junto com uma turma de mais quatro travestis, haviam promovido uma série de arruaças no clube, num horário de pico ( domingo de manhã ), com o clube cheio de crianças, famílias, etc ( eles - a turma de cinco - a) entraram no banheiro das mulheres, aos gritos, o maior “barraco”, o maior “esquete”, jogaram papel-higiênico no chão, as mulheres e crianças tiveram de sair correndo de lá ; b) sairam com um “super-fio-dental”, biquínis minúsculos, mostrando nádegas e mamas supersiliconadas até do lado de fora do clube, na rua, no estacionamento, até o ponto de ônibus. c) tudo isto muito bêbados, com latinhas de cerveja na mão, passaram bebendo a noite de sábado e a manhã toda. D) muito exaltados, gritando , assoviando, falando sem pudor palavras de baixo calão. e) e principalmente ( isto foi o que mais motivou a agressão ) mexendo acintosamente com praticamente todos os homens pelos quais passavam ou com os quais encontravam pela frente, inclusive com um bando de cinco adolescentes que, jogando bola, se ofenderam muito e “partiram prá cima” ( diziam : “ai você lá em casa”, “êta meus 18 anos”, “com um pau destes em cima de mim eu não preciso de mais nada”, “que mala que você tem aí na frente, hem ?”, “ deixa eu chupar esta berinjela”, etc ).
Este tipo de comportamento, além de causar constrangimento geral - mesmo se fosse feito por heterossexuais -, também gera um problema psicológico suplementar : faz vir à tona o “pavor homossexual” que muitos têm de fazer face à própria bissexualidade, que é algo inerente à espécie humana ( alguns têm algum grau de bissexualidade que “teimam” em esconder com horror de si mesmos ). Esta “bissexualidade” inerente a muitos indivíduos manifesta-se de muitas formas, p.ex., meninos que fazem jogos sexuais, troca-trocas na adolescência, masturbações coletivas ou mútuas, manipulações genitais narcísico-especulares ( p.ex., masturbar-se na frente do espelho, filmes pornôs ), etc. É algo muito perturbador, humilhante, “nojento”, repulsivo, vergonhoso, abjeto, sujo, para a mente de muitos homens quando eles se representam mentalmente em alguma cena sexual - abstrata ou que de fato tenha ocorrido no passado - p.ex, algum homem copulando sobre ele, atrás dele, felação, etc. Todos estes fantasmas psicológicos são suscitados, por exemplo, quando um transexual, um gay, “mexem” com um heterossexual, fazem alguma “proposta indecorosa” para ele. Como já dissemos acima, a impulsividade, a falta de crítica, o hedonismo, etc, propiciam que alguns homossexuais se tornem muito abertos em suas “cantadas”, o que elicita uma raiva muito grande no heterossexual, motivando até agressões.
Outra situação muito comum é aquela do adolescente João Donati, homossexual na cidade de Inhumas, que foi morto barbaramente, com sacos plásticos na garganta. Inicialmente, o que era reputado como um crime homofóbico mostrou-se , na verdade um “crime passional”. Um “garoto de programa”, Andrie Silva, após relação sexual, cobrou e não recebeu, vindo a matar Donati. O crime foi amplamente noticiado como homofóbico, mesmo não havendo conteúdo homofóbico no mesmo. A mídia, que conta com muitos profissionais homossexuais, têm tentado criminalizar todo crime contra homossexuais como se fossem crimes homofóbicos. Isto, ao meu ver, tem uma motivação “política” ( aumentar o poder de pressão e persuasão da comunidade gay ) mas também “psicológica” ( "vingar-se" , pela exigência de aceitação "à força" de sua condição sexual , das humilhações estigmatizantes sofridas até então ; afastar o estigma, vivido pelo inconsciente de muitos homossexuais, de que “homossexualidade” é algo moralmente errado"; projetar para fora e assim afastar como algo "ilegítimo" e injustificado o próprio mal-estar, ego-distonia, que muitos homossexuais têm com a própria condição, julgando-a suja, pecaminosa, humilhante, perturbadora para a própria família ou entorno ). A homofobia ganhou também simpatia de uma grande parcela da sociedade que, de acordo com o “espírito dos tempos” da Sociedade Ocidental atual, tenta “criminalizar” as condutas autoritárias, truculentas, vivenciadas como impositivas . É , analogicamente, o mesmo espírito anti-homem do feminismo, espírito anti-políticos das manifestações de rua, espírito anti-militar, anti-religião, anti-direita, anti-ricos, anti-médicos, anti-razão, anti-ciência , anti-cientistas, etc.
A alegação de que praticamente “todo crime contra gays” é homofóbico visa também surfar nesta “onda de poder anti-poder” e auferir ganhos com isto. Evidentemente que há também, uma “revolta homofóbica” injustificável por parte de uma sociedade que ainda não sabe trabalhar com seus fantasmas bissexuais, como dissemos acima. Sem saber de onde vem “tanta raiva”, alguns elementos imaturos desta sociedade heterossexual “atuam” seus fantasmas de forma agressiva, como se com a agressividade estivessem excomunhando o “risco homossexual” que sentem no próprio inconsciente. Tais comportamentos, lamentavelmente frequentes, são generalizados por muitos membros da “comunidade gay”, como se fossem a regra e a única explicação para a discriminação e estigma que sofrem. A alavanca política mais forte é aquela que é calcada em dados reais, e muitos homossexuais aproveitam-se deste problema real para justificar que “todos” os problemas que eles têm partem dos outros, dos intolerantes, dos homofóbicos, nunca deles. É uma utilização “política”, isto é, uma generalização que tem como finalidade despertar uma reação positiva para sua “causa”.
Na mesma linha de “imaturidade heterossexual”, outros heterossexuais não conseguem entender, da parte de alguns homossexuais, a impulsividade, jocosidade, falta de crítica, intoxicação psicoativa, proatividade patológica. Não conseguem entender isto como um problema cerebral, médicopsicológico, julgando-o simplesmente como “falta-de-caráter” digna de severa punição. Ou então, cobram dos homossexuais um “controle sobre o próprio corpo” que eles, os heterossexuais, não cobram de si mesmos ( p.ex., os “homens mulherengos”, “puteiros”, “assediadores de funcionárias e empregadas”, “que trocam uma de 40 por duas de 20”, os que se desinteressam das esposas por causa da pornografia, “sexo só para a procriação” etc ). Ou seja, cobram dos homossexuais uma conduta moral sexual que eles, os heterossexuais, estão muito longe de praticar.
Contudo , do lado dos homossexuais, falta também uma certa autocrítica, por exemplo, ao assumirem que, assim como heterossexuais, eles praticam condutas de alto risco : p.ex., trabalham na noite, mexem com homens dos quais não conhecem a índole, entregam-se a sexo promíscuo com pessoas perturbadas ou desenraizadas ( toxicômanos, moradores de rua, michês, doentes mentais, etc ). Há menos de dois meses, por exemplo, o comerciante Marcos Antônio José Guebara foi morto enquanto frequentava a noite, zona de meretrício, cracolândia, em busca de uma prostituta. Provavelmente, procurava prostitutas, drogas ou diversão, provavelmente foi morto por dívida de sexo ou latrocínio. No entanto, o crime, na mídia , passou completamente desapercebido, apenas “mais um”. Ninguém ,na mídia, alardeou, escandalizou, “forçou a barra” para dizer que era um “crime heterofóbico”. Afinal, quantos "homens mulherengos”, “homens puteiros”, não são mortos todos os dias por causa de sua “heterossexualidade desregrada”, não ? Não é o que se vê com os crimes pretensamente homofóbicos. No caso de João Donati e seu algoz, Andrie Silva, aí acima, mesmo após ter sido esclarecida a “natureza passional-sexual-latrocida” do crime, vastos setores da mídia, passeatas na cidade, grupos de indignação, fizeram ouvidos moucos à verdadeira natureza do crime, forçando-o, sempre , como homofóbico.Como vimos acima, há muitos fatores psicológicos e sociológicos que engendram o encarniçamento anti-homofóbico falacioso, tendencioso, oportunista. Entendê-los é o primeiro passo para desmontá-los.
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Marcelo Caixeta, médico-consultante em Psicologia Médica ( relação médico-paciente \relação mente-corpo) do Hospital Asmigo.

The Denial of St Peter, Rembrandt Harmensz. van Rijn, 1660. Pintura

JATIUCA. Charles Fonseca. 03/13. Poesia

JATIUCA
Charles Fonseca

Na praia de Jatiuca
Uma criança insone
Diz ao mundo que consome
Facebook em sinuca
A noite me é criança
Vem o amor e logo some
‘Stou pra ficar maluca

Assim não dá quero é mais
Um abraço um chamego
Um ombro amigo um apego
Um gozar em mim a paz!

A Casa. Vinicius de Moraes. Música

Homens Maduros. Zélia Gattai. Prosa

Homens Maduros
Zélia Gattai


Há uma indisfarçável e sedutora beleza na personalidade de muitos Homens que hoje estão na idade madura. É claro que toda regra tem as suas exceções, e cada idade tem o seu próprio valor. Porém, com toda a consideração e respeito às demais idades, destacarei aqui uma classe de Homens que são companhias agradabilíssimas: Os que hoje são quarentões, cinquentões e sessentões. Percebe-se com uma certa facilidade, a sensibilidade de seus corações, a devoção que eles tem pelo que há de mais belo "O SENTIMENTO."
Eles são mais inteligentes, vividos, charmosos, eloqüentes.
Sabem o que falam, e sabem falar na hora certa. São cativantes, sabem fazer-se presentes, sem incomodar.
Sabem conquistar uma boa amizade.Em termos de relacionamentos, trocam a quantidade pela qualidade, visão aguçada sobre os valores da vida, sabem tratar uma mulher com respeito e carinho.São Homens especiais, românticos, interessantes e atraentes pelo que possuem na sua forma de ser, de pensar, e de viver. Na forma de encarar a vida, são mais poéticos, mais sentimentais, mais emocionais e mais emocionantes.
Homens mais amadurecidos têm maior desenvoltura no trato com as mulheres, sabem reconhecer as suas qualidades, são mais espirituosos, discretos, compreensivos e mais educados.A razão pela qual muitos Homens maduros possuem estas qualidades maravilhosas deve-se a vários fatores: a opção de ser e de viver de cada um, suas personalidades, formação própria e familiar, suas raízes, sabedoria, gostos individuais, etc... mas eu creio que em parte, há uma boa parcela de influência nos modos de viver de uma época, filmes e músicas ouvidas e curtidas deixaram boas recordações da sua juventude, um tempo não tão remoto, mas que com certeza, não volta mais. Viveram a sua mocidade (época que marca a vida de todos nós) em um dos melhores períodos do nosso tempo: Os anos 60/70.
Considerados as "décadas de ouro" da juventude, quando o romantismo foi vivido e cantado em verso e prosa.
A saudável influência de uma época, provocada por tantos acontecimentos importantes, que hoje permanecem na memória, e que mudaram a vida de muitos.Uma época em que o melhor da festa era dançar agarradinho e namorar ao ritmo suave das baladas românticas. O luar era inspirador, os domingos de sol eram só alegrias. Ouviam Beatles, Johnny Mathis, Roberto Carlos, Antônio Marcos, The Fevers, Golden Boys, Bossa Nova, Morris Albert, Jovem guarda e muitos outros que embalaram suas "Jovens tardes de domingo, quantas alegrias! Velhos tempos, belos dias."Foram e ainda são os Homens que mais souberam namorar: Namoro no portão, aperto de mão, abraços apertadinhos, com respeito e com carinho, olhos nos olhos tinham mais valor...
A moda era amar ou sofrer de amor. Muitos viveram de amor... Outros morreram de amor... Estes Homens maduros de hoje, nunca foram Homens de Ou eles estavam a namorar pela certa, ou estavam na "fossa", ou estavam sozinhos. Se eles "ficassem", ficariam para sempre... ao trocar alianças com suas amadas. Junto com Benito de Paula, eles cantaram a "Mulher Brasileira, em primeiro lugar!" A paixão pelo nosso país, era evidente quando cantavam:"As praias do Brasil, ensolaradas, no céu do meu Brasil, mais esplendor... A mão de Deus, abençoou, Mulher que nasce aqui, tem muito mais Amor... Eu te amo, meu Brasil, Eu te amo...
Ninguém segura a juventude do Brasil..."A juventude passou, mas deixou "gravado" neles, a forma mais sublime e romântica de viver.Hoje eles possuem uma "bagagem" de conhecimentos, experiências, maturidade e inteligência que foram acumulando com o passar dos anos. O tempo se encarregou de distingui-los dos demais: Deixando os seus cabelos cor-de-prata, os movimentos mais suaves, a voz pausada, porém mais sonora, hoje eles são Homens que marcaram uma época.
Eu tenho a felicidade de ter alguns deles como amigos virtuais, mesmo não os vendo pessoalmente, percebo estas características através de suas palavras e gestos.Muitos deles hoje "dominam" com habilidade e destreza essas máquinas virtuais, comprovando que nem o avanço da tecnologia lhes esfriou os sentimentos pois ainda se encantam com versos, rimas, músicas e palavras de amor.
Nem lhes diminuiu a grande capacidade de amar, sentir e expressar seus sentimentos. Muitos tornaram-se poetas, outros amam a poesia. Por que o mais importante não é a idade denunciada nos detalhes de suas fisionomias e sim os raros valores de suas personalidades. O importante é perceber que os seus corações permanecem jovens... São Homens maduros, e que nós, mulheres de hoje, temos o privilégio de PODER ADMIRÁ-LOS!

Canção Agalopada - Zé Ramalho

Clamor supremo. Cruz e Sousa. Poesia

Clamor supremo
Cruz e Sousa

Vem comigo por estas cordilheiras!
Põe teu manto e bordão e vem comigo,
Atravessa as montanhas sobranceiras
E nada temas do mortal Perigo!

Sigamos para as guerras condoreiras
Vem, resoluto, que eu irei contigo.
Dentre as águias e as chamas feiticeiras
Só tenho a Natureza por abrigo.

Rasga florestas, bebe o sangue todo
Da Terra e transfigura em astros lôdo,
O próprio lôdo torna mais fecundo.

Basta trazer um coração perfeito,
Alma de eleito, Sentimento eleito
Para abalar de lado a lado o mundo!

Como o socialismo destruiu a psicologia e psiquiatria no Brasil

Canto a García Lorca. Murilo Mendes. Poesia

Canto a García Lorca
Murilo Mendes

Não basta o sopro do vento
Nas oliveiras desertas,
O lamento de água oculta
Nos pátios da Andaluzia.

Trago-te o canto poroso,
O lamento consciente
Da palavra à outra palavra
Que fundaste com rigor.

O lamento substantivo
Sem ponto de exclamação:
Diverso do rito antigo,
Une a aridez ao fervor,

Recordando que soubeste
Defrontar a morte seca
Vinda no gume certeiro
Da espada silenciosa
Fazendo irromper o jacto

De vermelho: cor do mito
Criado com a força humana
Em que sonho e realidade
Ajustam seu contraponto.

Consolo-me da tua morte.
Que ela nos elucidou
Tua linguagem corporal
Onde el duende é alimentado
Pelo sal da inteligência,
Onde Espanha é calculada
Em número, peso e medida.

Bach - Brandenburg Concerto No. 3 in G Major: Complete; Original Instrum...

Cidade do Salvador. Fotografia


sexta-feira, setembro 12, 2014

O que você não puder escrever não fale. Charles Fonseca

Freud, um "progressista" subversivo ou um conservador elitista? Rodrigo Constantino. Psicanálise

Casado com e filho de psicanalista, passei a notar a grande quantidade de gente da área que adere à esquerda “progressista” ou mesmo marxista. Tendo absorvido alguma coisa por osmose, e lido alguns livros do próprio “pai da psicanálise”, creio haver alguma incompatibilidade nesse casamento forçado entre Freud e Marx, tal como Erich Fromm realizou. Pretendo, com a ressalva de não ser um especialista no assunto, sustentar a tese de que Freud estaria bem mais para o lado conservador.

Primeiro, os motivos pelos quais acho que há a confusão. O psicanalista deve chegar ao consultório desprovido de “preconceitos”. Ele está ali para escutar e eventualmente fazer pontuações, não para julgar. Atua como uma espécie de “dejeto humano” das angústias dos pacientes, e deve deixar de fora qualquer viés moralista. Não lhe cabe dar conselhos ou “consertar” ninguém.

Dessa postura profissional, muitos acabam extrapolando para um relativismo moral como estilo de vida. Confundindo prática de consultório com valores de cidadão, esses psicanalistas se sentem impelidos a adotar a máxima de que “tudo é igual”, rejeitando a ideia de um código de valores morais minimamente objetivo. Claro que, na prática, tal relativismo é seletivo e hipócrita, como todos. Mas sabemos como ele leva ao típico discurso progressista.

Outro ponto é o fato de que Freud realmente foi subversivo em relação a muitos pontos, como o tabu da sexualidade infantil. Freud era, acima de tudo, um homem da ciência, em busca da verdade, até de forma obsessiva. Sem medir esforços para tanto, estava disposto a relatar suas descobertas, doesse a quem doesse.

Sendo ainda por cima um “judeu ateu” que via nas religiões uma “neurose obsessiva” da humanidade, o elo entre Freud e a esquerda antirreligiosa parecia evidente. Mas será que faz mesmo sentido colocá-lo ao lado de marxistas ou dos progressistas modernos que subvertem todos os valores tradicionais da civilização? Sou da opinião de que Freud detestaria andar em tais companhias.

Como escreve seu biógrafo Peter Gay, Mikhail Bakhtin, um dos raros teóricos marxistas a levar Freud a sério, concluiu que o “freudismo” era uma “doutrina profunda e organicamente alheia ao marxismo” – uma observação que Freud teria aplaudido com alívio e prazer.

Além disso, mesmo em seus ataques mais virulentos às religiões, ele reconheceu sua importância: “A religião, é claro, desempenhou grandes serviços para a civilização humana. Contribuiu muito para domar os instintos associais. Mas não o suficiente”.

Filho do Iluminismo, Freud depositava grande esperança na razão humana, na ciência que mergulha em todos os terrenos, sem limites ou áreas proibidas. Ainda assim, reconhecia os claros limites da própria razão. Como escreve Peter Gay em Um judeu sem Deus:

Freud era um iluminista dos tempos modernos, tanto neste quanto em outros tantos aspectos. A seu ver, a psicanálise ainda era uma jovem ciência, exigindo muito mais pesquisas. Mal havia arranhado a superfície das estruturas e do funcionamento da mente. Gostava de dizer que ela havia desferido no narcisismo do homem o mais consistente dos golpes. Primeiro, Copérnico havia atacado esse narcisismo expulsando a morada do homem, a Terra, do centro do Universo. Em seguida, Darwin rebaixou o orgulhoso homem ao status de um animal. Agora, ele demonstrava que a razão não é a senhora de sua própria casa.

A razão está longe de ser onipotente, portanto. E não creio que Freud aplaudiria a geração “mimimi”, extremamente narcísica e hedonista, que confunde seus desejos e impulsos com direitos no “vale tudo” da amoralidade contemporânea. Para Freud, arrisco dizer que isso seria visto como pura “pulsão de morte”, um instinto primitivo de autodestruição. Diz ele: “Mesmo no homem atual os motivos puramente racionais pouco podem fazer contra impulsões apaixonadas. Quão mais fracos, então, eles devem ter sido no animal humano das eras primevas!”

E aqui começamos a entrar na seara dos motivos pelos quais vejo em Freud mais um conservador do que um progressista: tinha uma visão um tanto pessimista da natureza humana, cética, desconfiada. O oposto de um Rousseau com seu mito do “bom selvagem”, ícone de muito pensamento de esquerda na atualidade. Quem parte de uma premissa pessimista do animal homem, capturado pela metáfora bíblica do “pecado original”, dificilmente se torna um progressista.

Em Totem e Tabu, Freud vai buscar na antropologia as origens para certas tradições, como o canibalismo e o incesto. Ele quer compreender o que está por trás de determinados comportamentos sociais. Mas ele jamais pretendeu, com isso, retirar a importância desses tabus para a preservação do tecido social. Ao contrário: os tabus existiriam por que há uma predisposição ao ser humano de desejá-los, e por isso devem ser contidos.

Diz ele que “a base do tabu é uma ação proibida, para cuja realização existe forte inclinação do inconsciente”. Creio que Freud teria verdadeira ojeriza a essa agenda progressista que tenta quebrar todos os tabus remanescentes, como se dar vazão aos instintos fosse a melhor coisa do mundo. No estudo, Freud cita com aprovação um longo trecho de Frazer, na íntegra, por estar “essencialmente de acordo” com seus próprios argumentos. Eis a conclusão:

Desse modo, em vez de presumir da proibição legal do incesto que existe uma aversão natural a ele, deveríamos antes pressupor haver um instinto natural em seu favor e que se a lei o reprime, como reprime outros instintos naturais, assim o faz porque os homens civilizados chegaram à conclusão de que a satisfação desses instintos naturais é prejudicial aos interesses gerais da sociedade.

O que nos remete a outra característica comum dos progressistas que Freud rejeitaria: o relativismo cultural. A ideia de que sequer devemos usar os conceitos de barbárie e civilização, pois existiriam povos “apenas diferentes’, seria encarada com espanto pelo pai da psicanálise. Ele compreendia muito bem o preço da civilização, o custo que ela cobrava, em mal-estar constante, para que homens pudessem viver em sociedade e com certa harmonia.

Seu melhor livro, em minha opinião, é justamente a evidência definitiva de seu viés conservador: O mal-estar na cultura. Todos aqueles que são vítimas da perpétua busca pela Felicidade, esse sentimento pleno e utópico, como se fosse possível encontrá-la de forma definitiva, uma completude que aplacasse as angústias humanas, deveriam ler com atenção o livro.

Para seu autor, simplesmente não estamos programados para a felicidade: a toda satisfação segue imediatamente um renovado desejo e uma nova necessidade. Freud retrata o homem como um ser desamparado, que pode apenas mitigar seu sofrimento, jamais superá-lo totalmente. Nossa natureza seria propensa à violência, marcada por um impulso incontrolável de agressão.

Imagino Freud tendo ataques de risos diante das bandeiras “pacifistas” da esquerda moderna, como se o mundo fosse um parque de diversão e fosse possível manter a paz por meio do diálogo em um chá das cinco com os terroristas islâmicos, por exemplo. Tal infantilismo boboca jamais teria em Freud um aliado, pois ele sabia melhor do que a besta homem, sem os freios da civilização, é capaz.



Freud não tinha simpatia alguma pelo romantismo das elites progressistas com o homem primitivo. Ele lembra que a palavra “cultura” designa “a soma total de realizações e disposições pelas quais a nossa vida se afasta da de nossos antepassados animais, sendo que tais realizações e disposições servem a dois fins: a proteção do homem contra a natureza e a regulamentação das relações dos homens entre si”.

Esqueça aquela visão idílica de um passado místico em contato com a natureza, como em Avatar, ou de seres primitivos dançando felizes da vida, distantes das maldições do capitalismo. Freud jamais foi tão inocente assim. Ao contrário: ele valorizava os avanços da cultura, especialmente a ocidental, e o que isso significava em termos de sinais de limpeza e de ordem: “Na verdade, não nos surpreendemos se alguém coloca o uso do sabão como verdadeiro medidor cultural”.

Psicanalistas freudianos enaltecendo o estilo de vida “descolado” dos povos menos civilizados é algo realmente estranho. E mais: Freud tinha viés claramente elitista, nunca abraçou o discurso populista de que a verdade está com o “povo”, com as “massas”, que ele via com extrema perplexidade e desconfiança, por suprimir no indivíduo o senso de responsabilidade. Diz ele:

Porém, através de nenhum outro traço julgamos caracterizar melhor a cultura do que através da estima e do cultivo das atividades psíquicas superiores, das realizações intelectuais, científicas e artísticas, do papel dirigente concedido às ideias na vida das pessoas.

Alguém consegue imaginar Freud aplaudindo o programa “Esquenta”, de Regina Casé, e tratando as porcarias das músicas e letras de funk como “arte” apenas para endossar o covarde mundo politicamente correto de que “tudo é arte”? Seu ataque às massas continua em outros textos, como em O futuro de uma iluão:

Acho que se tem de levar em conta o fato de estarem presentes em todos os homens tendências destrutivas e, portanto, anti-sociais e anticulturais, e que, num grande número de pessoas, essas tendências são suficientemente fortes para determinar o comportamento delas na sociedade humana.

[...] É tão impossível passar sem o controle da massa por uma minoria, quanto dispensar a coerção no trabalho da civilização. Já que as massas são preguiçosas e pouco inteligentes; não têm amor à renúncia instintiva e não podem ser convencidas pelo argumento de sua inevitabilidade; os indivíduos que as compõem apóiam-se uns aos outros em dar rédea livre a sua indisciplina.

Trata-se de um ponto de vista elitista, que vai na mesma linha do que o conservador Ortega y Gasset diz em A rebelião das massas. Freud não acharia graça alguma nas bandeiras demagógicas de esquerda, que colocam no “povo” e na “democracia direta” a salvação do mundo. Sua visão sobre os “libertários”, no sentido de defesa das “liberdades individuais plenas”, não era nada favorável também:

A liberdade individual não é um bem cultural. Ela era a maior possível antes de qualquer cultura; contudo, naqueles tempos ela em geral não tinha valor, pois o indivíduo dificilmente era capaz de defendê-la. Por meio do desenvolvimento cultural, ela sofreu restrições, e a justiça exige que ninguém seja poupado de restrições. Aquilo que numa comunidade humana se agita como ímpeto libertário pode ser uma rebelião contra uma injustiça ainda existente e se tornar favorável a um desenvolvimento posterior da cultura, permanecendo com ela compatível. Mas ele também pode se originar de um resto de personalidade originário, não domado pela cultura, e se tornar o fundamento da hostilidade contra essa cultura. Portanto, o ímpeto libertário se dirige contra determinadas formas e exigências da cultura ou contra a cultura em geral. Não parece que se possa levar o homem, através de algum tipo de influência, a transformar a sua natureza na de um cupim; é provável que ele sempre defenda sua pretensão à liberdade individual contra a vontade da massa. Uma boa parte da luta da humanidade se concentra em torno da tarefa de encontrar um equilíbrio conveniente.

Por meio dessa longa passagem, alguém consegue imaginar Freud defendendo os black blocs, os revolucionários do PSOL, os discípulos de Foucault ou Chomsky? Pouco provável. Ele sabia que a sublimação dos impulsos é um marco da civilização, e essa é uma visão bastante conservadora. Quem não renuncia aos impulsos – ou parte deles – não é aculturado. Um recado que vai ao encontro do que Edmund Burke, o “pai do conservadorismo”, já dizia: só é livre quem sabe controlar seus apetites.

E, por compreender tão bem a natureza humana, Freud sabia que a conquista da civilização nunca era garantida: “Em consequência dessa hostilidade primária dos homens entre si, a sociedade aculturada está constantemente ameaçada pela ruína”. Eis um alerta extremamente caro aos conservadores, que enxergam os pilares que sustentam a civilização como frágeis, enquanto os progressistas e muitos libertários assumem a vida em Paris ou Nova York como um dado da natureza, uma realidade garantida.

Para Freud, os comunistas que acreditam ter encontrado o caminho para a redenção do mal estão profundamente equivocados. Eles acham que o homem é inequivocamente bom, e que a propriedade privada é o grande mal. Mas a agressão não foi criada pela propriedade, diz Freud, “reinou quase irrestrita nas épocas pré-históricas, quando a propriedade ainda era muito escassa, já se apresenta no quarto das crianças”.

Como alguém que defende essa visão realista da própria infância pode ser um progressista? Está mais para William Golding com seu magistral O Senhor das Moscas, livro clássico que retrata como a maldade e a agressão fazem parte de nossa estado natural. O homem precisa ser domesticado pela cultura, justamente o contrário do que os filhotes de Rousseau defendem.

O ensaio já está longo demais, e quem teve fôlego para chegar até aqui já deve ter percebido que Freud não pode mesmo ser jogado no lado dos progressistas, muito menos dos marxistas. Se ainda restou alguma dúvida, concluo com a opinião do próprio Freud sobre o marxismo, visto por ele como uma “visão de mundo” de cunho religioso e autoritário:

O marxismo teórico, tal como foi concebido no bolchevismo russo, adquiriu a energia e o caráter autossuficiente de uma Weltanschauung; contudo, adquiriu, ao mesmo tempo, uma sinistra semelhança com aquilo contra o que está lutando. Embora sendo originalmente uma parcela da ciência, e construído, em sua implementação, sobre a ciência e a tecnologia, criou uma proibição para o pensamento que é exatamente tão intolerante como o era a religião, no passado. Qualquer exame crítico do marxismo está proibido, dúvidas referentes à sua correção são punidas, do mesmo modo que uma heresia, em outras épocas, era punida pela Igreja Católica. Os escritos de Marx assumiram o lugar da Bíblia e do Alcorão, como fonte de revelação, embora não parecessem estar mais isentos de contradições e obscuridades do que esses antigos livros sagrados.

Rodrigo Constantino

Carlo Maderno, Santa Cecília Morta - Igreja de Santa Cecília, Roma. E43. Escultura

PRECE. Charles Fonseca. Poesia

PRECE
Charles Fonseca

Valei-me meu São Francisco!
- O de Assis ou o de Pádua?
- Não, o protetor das águas
Do povo bom, do Velho Chico!

Cartola-Creusa "Ensaboa" (Lundu)

Robert Capa. Fotografia

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EMBORA. Charles Fonseca. Poesia

EMBORA
Charles Fonseca.

Agora dá-me tua mão
Chega atroz o cansaço
De tanto esperar abraço,
Por ora desejo vão .

Agora fraco dos passos
A alma em agonia
Meu corpo por ar ansia,
Por ora dá-me um abraço.

Agora dou-te meu beijo
Aquele que sempre foi teu
Do amor que nunca morreu,
Por ora em dor, arquejo.

Dá-me um abraço agora
A ceifadeira espia
Minha alma ao céu aspira
Já vou meu amor, embora.

Família é pra sempre!

Família é pra sempre!

"Os donos do poder – formação do patronato político brasileiro".. Raymundo Faoro

“Nesta dança, orquestrada pelo estamento, não entra o povo: quem seleciona, remove e consolida as chefias é a comunidade de domínio, num ensaio maquiavélico de captação do assentimento popular. (...) Aqui está o ponto de contato da classe dirigente com o estamento, força, este, aparentemente de reserva, depositário, na realidade, das energias políticas. Por via desse circuito, torna-se claro que elite e estamento são realidades deversas, articulada a primeira no serviço da segunda, que a define, caracteriza e lhe infunde a energia. Há, todavia, situações em que as funções da sociedade se desenvolvem por via do estamento, não perfeitamente caracterizado ou confundido com a elite, despida esta de sua individualidade conceitual. Uma longa herança – herança social e política – concentrou o poder minoritário numa camada institucionalizada. Forma-se, desta sorte, uma aristocracia, um estamento de caráter aristocrático, do qual se projeta, sem autonomia, uma elite, um escol dirigente, uma ‘classe’ política.”
- Raymundo Faoro, em "Os donos do poder – formação do patronato político brasileiro". Vols. 1 e 2., Porto Alegre: Editora Globo, 1977, p. 92.

Massacre da Praça da Paz Celestial (1989). Fotografia

Massacre da Praça da Paz Celestial

NÃO DESISTIREMOS. CUMPRA-SE DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. E SEM DEMORA.

Prefeitura de Florianópolis abre licitação para demolições de imóveis irregulares na Ilha

Clique: http://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/197216-prefeitura-de-florianopolis-abre-licitacao-para-demolicoes-de-imoveis-irregulares-na-ilha.html

J.S. Bach: Violin Concerto in A Minor BWV 1041, Carla Moore with Voices ...

DE LIRA. Charles Fonseca. Poesia

DE LIRA
Charles Fonseca

Um tema, uma frase, a lira tocava, trocava de alma, o verbo da toca, saia palavra. Um vai outro vem, um hi hi hi, foi feito pra mim, pra quem foi pra quem? Quem era a musa, por Zeus foi pra Juno, ficava em jejuno, mulher bem confusa. O vate esteta, da musa fiel, fechou o seu véu, findou a retreta.

Jeremiah Lamenting the Destruction of Jerusalem, Rembrandt Harmensz. van Rijn, 1630. Pintura

quinta-feira, setembro 11, 2014

Ao ator Joaquim Augusto. Castro Alves. Poesia

Ao ator Joaquim Augusto
Castro Alves

Um Dia Pigmalião — o estatuário
Da oficina no tosco santuário
Pôs-se a pedra a talhar ...
Surgem contornos lânguidos, amenos...
E dos flocos de mármore outra Vênus
Surge dest’outro mar.

De orgulho o mestre ri... A estátua é bela!
Da Grécia as filhas por inveja dela
Vão nas grutas gemer...
Mas o artista soluça: "Ó Grande Jove!
"Ela é bela... bem sei — mas não se move!
"É sombra — e não mulher!"

Então do excelso Olimpo o deus-tonante
Manda que desça um raio fulgurante
À tenda do escultor.
Vive a estátua! Nos olhos — treme o pejo,
Vive a estátua!... Na boca — treme um beijo,
Nos seios — treme amor.

O poeta é — o moderno estatuário
Que na vigília cria solitário
Visões de seio nu!
O mármore da Grécia — é o novo drama!
Mas o raio vital quem lá derrama?...
É Júpiter!... És tu!...

Como Gluck nas selvas aprendia
Ao som do violoncelo a melodia
Da santa inspiração,
Assim bebes atento a voz obscura
Do vento das paixões na selva escura
Chamada — multidão.

Gargalhadas, suspiros, beijos, gritos,
Cantos de amor, blasfêmias de precitos,
Choro ou reza infantil,
Tudo colhes... e voltas co'as mãos cheias,
— O crânio largo a transbordar de idéias
E de criações mil.

Então começa a luta, a luta enorme,
Desta matéria tosca, áspera, informe,
Que na praça apanhou.
Teu gênio vai forjar novo tesouro...
O cobre escuro vai mudar-se em ouro,
Como Fausto o sonhou!

Glória ao Mestre! Passando por seus dedos
Dói mais a dor... os risos são mais ledos...
O amor é mais do céu...
Rebenta o ouro desta fronte acesa!
O artista corrigiu a natureza!
O alquimista venceu!

Então surges, Ator! e do proscénio
Atiras as moedas do teu gênio
Às pasmas multidões.
Pródigo enorme! a tua enorme esmola
Cunhada pela efígie tua rola
Nos nossos corações.

Por isso agora, no teu almo dia,
Vieram dando as mãos a Poesia
E o povo, bem o vês;
Como nos tempos dessa Roma antiga
Aos pés desse outro Augusto a plebe amiga
Atirava lauréis ...

Augusto! E o nome teu não se desmente...
O diadema real na vasta frente
Cinges... eu bem o sei!

Mandas no povo deste novo Lácio...
E os poetas repetem como Horácio:
"Salve! Augusto! Rei!"

Escultura

História da Igreja 4. "Por que me persegues?". Igreja. Cristianismo

História da Igreja
4. "Por que me persegues?"


Saulo, Schaoul, natural de Tarso da Cilícia, filho da tribo de Benjamim, a mesma do rei David. Filho de comerciantes ricos, cidadão romano, ligado à seita dos fariseus, aluno do glorioso rabino Gamaliel, zeloso defensor da Torá.

Depois de oito dias atravessando a estrada arenosa que ligava Jerusalém a Damasco, o coração cheio de fúria, inflamado pelo fanatismo religioso, Saulo estava cansado mas prosseguia com obstinação. Era mais ou menos meio-dia.

Subitamente, uma luz muito forte o envolveu e o fez cair por terra. Enquanto tentava compreender o que estava acontecendo, ouviu uma voz: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" Assustado, perguntou: "Quem és, Senhor?" A voz lhe respondeu: "Eu sou Jesus a quem tu persegues". "Senhor, que queres que eu faça?" A voz disse: "Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer".

Saulo, o perseguidor, converteu-se no grande arauto do cristianismo, um caso único. Alguém que não chegou a conhecer Jesus pessoalmente, que não fazia parte dos doze, mas que se lançou na difícil missão de evangelizar os povos pagãos, percebendo que não era necessário passar pelo judaísmo para se tornar discípulo de Jesus.

Embora Pedro já tivesse aberto a porta da Igreja para os gentios, Saulo, ou Paulo, merece sem dúvida o título de Apóstolo das Gentes.

Em 44, achava-se na cidade de Antioquia (foi lá que pela primeira vez os discípulos de Jesus receberam o nome de "cristãos") com Barnabé. Ao longo de um ano trabalharam juntos. Na primavera de 45, tomaram um barco para a ilha de Chipre e depois seguiram para a Panfília, percorrendo, em seguida, a Licaônia. Paulo entrava nas sinagogas, pregava, procurava demonstrar que Jesus era o Messias esperado usando as Escrituras. Depois, voltava-se para os pagãos e anunciava-lhes a Boa-Nova. Sempre encontrou muitos obstáculos no seu ministério, principalmente a oposição de seus irmãos de raça.

Quando voltou para Antioquia entrou em confronto com os judaizantes, que impunham o rito da circuncisão como pré-requisito para seguir Jesus. A controvérsia é levada até Jerusalém, diante de Pedro, Tiago e João (o famoso Concílio de Jerusalém, cerca de 49), os quais aprovam o procedimento de Paulo. Para salvar-se o que importa não é a circuncisão, mas a fé em Cristo que opera pela caridade. Isto selou o rompimento do cristianismo com o judaísmo.

Em 49, Paulo sai de Antioquia para uma viagem de três anos. Deixa Barnabé e toma Silas como companheiro. Na cidade de Listra, Paulo e Silas encontram Timóteo e seguem atravessando a Frígia e a Galácia, alcançando a Macedônia. Em Filipos são presos. Em Tessalônica são acusados de adversários do imperador pelos judeus, porque diziam que Jesus era rei. Em Beréia, a sinagoga escuta atentamente a pregação de Paulo, comparando suas palavras com o que havia nas Escrituras.

Quando entra em Atenas, fica impressionado com a enorme quantidade de ídolos e monumentos aos deuses. Discute com os atenienses na ágora, tentando usar um pouco da linguagem da filosofia para lhes falar de Jesus. Quando trata da cruz e da ressurreição, no entanto, é ridicularizado. Crer que um escravo crucificado saiu de seu túmulo era demais para a sofisticação intelectual grega.

Logo a seguir desce para Corinto, cidade portuária, na qual existem dois escravos para cada homem livre. Lá, onde trabalha muita gente vinda do Oriente, o acolhimento do Evangelho é maior do que em Atenas. Como fabricante de tendas, Paulo fica na cidade por dezoito meses. Neste período envia suas duas cartas aos Tessalonicenses. Após uma breve escala em Éfeso, Paulo volta para a Síria pelo mar.

Em 53, Paulo realiza sua terceira viagem missionária, a mais demorada de todas. Escolhe Éfeso como base de ação (54-57), de onde envia a epístola aos Gálatas e a primeira epístola aos Coríntios. Em Corinto estavam surgindo divisões que enfraqueciam seriamente a comunidade.

Um fabricante de estatuetas de Ártemis provoca um grande tumulto em Éfeso, contra os cristãos, o que obriga Paulo a partir. O apóstolo segue para a Macedônia, onde escreve a segunda epístola aos Coríntios. Fica em Corinto novamente e de lá redige a carta aos Romanos, pedindo ajuda para efetuar uma viagem evangelizadora até a Espanha.

Antes disso é preciso ir até Jerusalém levar a coleta feita no Oriente em favor da Igreja-mãe. Saindo de Filipos, ele passa por Trôade e depois chega a Mileto. Aos efésios, que foram encontrar-se com ele, confidencia que não espera mais vê-los.

Em Cesaréia tentam detê-lo. No ano de 58, em Pentecostes, encontra-se na cidade santa. Quase linchado, é preso. Quando vai ser flagelado, apela para sua condição de cidadão romano, e faz com que o enviem a Cesaréia, onde mora o procurador Félix. A questão se arrasta por dois anos. O sucessor de Félix, Festo, cansado de ouvir os apelos de Paulo a César, envia-o para Roma.

Quando finalmente chega à capital do Império, passa dois anos em liberdade vigiada, correspondendo-se com as comunidades de Colossas, Éfeso e Filipos. Neste ponto se encerra a narrativa dos Atos dos Apóstolos.

As epístolas a Tito e a Timóteo são de um segundo cativeiro, na época da perseguição de Nero.

http://www.bibliacatolica.com.br/historia_igreja/4.php

João Gilberto - Isto aqui o que é? (Sandália de prata) (Ary Barroso)

A donzela Arabela (O amanuense Belmiro) Cyro dos Anjos. Prosa

A donzela Arabela
(O amanuense Belmiro)
Cyro dos Anjos

Aconteceu-me ontem uma coisa realmente extraordinária. Não tendo conseguido conter-me em casa, desci para a Avenida, segundo habito antigo. Já ela estava repleta de carnavalescos, que aproveitavam, como podiam, sua terceira noite.
Pus-me a examinar colombinas fáceis, do lado da Praça Sete, quando inesperadamente me vi envolvido no fluxo de um cordão. Procurei desvencilhar-me, como pude, mas a onda humana vinha imensa, crescendo em torno de mim, por trás, pela frente e pelos flancos. Entreguei-me, então, aquela humanidade que me pareceu mais cansada que alegre. Os sambas eram tristes e homens pingavam suor. Um máscara-de-macaco deu-me o braço e mandou-me cantar. Respondi-lhe que, em rapaz, consumi a garganta em serenatas e que esta, já agora, não ajudava. Imagino a figura que fiz, de colarinho alto e pince-nez, no meio daquela roda alegre, pois os foliões e engraçaram comigo, e fui, por momentos, o atrativo do cordão. Tanto fizeram que, sem perceber o disparate, me pus a entoar velha canção de Vila Caraíbas.
Uma gargalhada espantosa explodiu em torno de mim. Deram-me uma corrida e, depois de me terem atirado confete à boca, abandonaram-me ao meio da rua embriagado de éter. Novo cordão levou-me, porém, para outro lado, e, nesse vaivém, fui arrastado pelos acontecimentos. Um jato de perfume me atingia às vezes. Procurava, com os olhos gratos, a origem dessa caricia, mas percebia, desanimado, que aquele jato resvalara de outro rosto a que o destinara uma boneca holandesa. Contudo, aquelas migalhas me consolaram e comoviam. Dêem-me um jato de éter perdido no espaço e construirei um reino. Mas a boneca holandesa foi arrastada por um príncipe russo, que a livrou dos braços de um marinheiro.
Bebendo aqui, bebendo ali, acabei presa de grande excitação, correndo atrás de choros, de blocos e cordões. Não sei como, envolvido em que grupo, entrei no salão de um clube, acompanhando a massa na sua liturgia pagã.
Lembra-me que homens e mulheres, a um de fundo, mãos postas nos quadris do que ia à frente, dançavam, encadeados, e entoavam os coros que descem do Morro.
Toadas tristes, que vêm da carne.
A certo momento, alguém enlaçou o braço, cantando: “Segura, meu bem, segura na mão, não deixes partir o cordão...” O braço que se lembrou do meu braço tinha uma branca e fina mão. Jamais esquecerei: uma branca e fina mão. Olhei ao lado: a dona da mão era uma branca e doce donzela. Foi uma visão extraordinária. Pareceu-me que descera até a mim a branca Arabela, a donzela do castelo que tem uma torre escura onde as andorinhas vão pousar. Pobre mito infantil! Nas noites longas da fazenda, contava-se história da casta Arabela, que morreu de amor e que na torre do castelo entoava doridas melodias.
Efeito da excitação de espírito me que me achava, ou de qualquer outra perturbação, senti-me fora do tempo e do espaço, e meus olhos só percebiam a doce visão. Era ela, Arabela. Como estava bela! A música lasciva se tornou distante, e as vozes dos homens chegavam a mim, lentas e desconexas. Em meio dos corpos exaustos, a incorpórea e casta Arabela. Parecia que eu me comunicava com Deus e que um anjo descera sobre mim. Meu corpo se desfazia em harmonias, e alegre música de pássaros se produzira no ar. Não me lembra quanto tempo durou o encantamento e só vagamente me recordo de que, em um momento impossível de localizar, no tempo e no espaço, a mão me fugiu. Também tenho uma vaga idéia de que alguém me apanhou do chão, pisado e machucado, e me pôs num canapé onde, já sol alto, fui dar acordo de mim.
O mito donzela Arabela tem enchido minha vida. Esse absurdo romantismo de Vila Caraíbas tem uma força que supera as zombarias do Belmiro sofisticado e faz crescer, desmesuradamente, em mim, um Belmiro patético e obscuro. Mas viviam os mitos, que são o pão dos homens.
Nesta noite de quarta-feira de cinzas, chuvosa e reflexiva, bem noto que vou entrando numa fase da vida em que o espírito abre mão de suas conquistas, e o homem procura a infância, numa comovente pesquisa das remotas origens do ser.
Há muito que ando em estado de entrega. Entregar-se a gente as puras e melhores emoções, renunciar aos rumos da inteligência e viver simplesmente pela sensibilidade — descendo de novo cautelosamente, a margem do caminho, o véu que cobre a face real das coisas e que foi, aqui e ali, descerrado por mão imprudente — parece-me a única estrada possível. Onde houver claridade, converta-se em fraca luz de crepúsculo, para que as coisas se tornem indefinidas e possamos gerar nossos fantasmas. Seria uma fórmula para nos conciliarmos com o mundo.

Marco Uccellini: La Bergamasca Voices of Music

Germinal. Émile Zola. Prosa

"O sol surgia no horizonte glorioso, era um despertar de regozijo por tôda a extensão do campo. Uma vaga de ouro rolava do oriente ao ocidente, sôbre a imensa planície. Êsse calor de vida avançava, estendia-se num estremecer de juventude, e nêle vibravam os suspiros da terra, o canto dos pássaros, todos os murmúrios das águas e dos bosques. Era bom estar vivo, o velho mundo queria viver mais uma primavera."
- Émile Zola, em "Germinal". [tradução Francisco Bittencourt]. Rio de Janeiro: Editorial Bruguera, 1969, p. 606.

quarta-feira, setembro 10, 2014

Julio Iglesias - A Media Luz. Música

Provérbios, 5. Igreja. Cristianismo

Provérbios, 5

1. Meu filho, atende à minha sabedoria, presta atenção à minha razão,
2. a fim de conservares o sentido das coisas e guardares a ciência em teus lábios.
3. Porque os lábios da mulher alheia destilam o mel; seu paladar é mais oleoso que o azeite.
4. No fim, porém, é amarga como o absinto, aguda como a espada de dois gumes.
5. Seus pés se encaminham para a morte, seus passos atingem a região dos mortos.
6. Longe de andarem pela vereda da vida, seus passos se extraviam, sem saber para onde.
7. Escutai-me, pois, meus filhos, não vos aparteis das palavras de minha boca.
8. Afasta dela teu caminho, não te aproximes da porta de sua casa,
9. para que não seja entregue a outros tua fortuna e tua vida a um homem cruel;
10. para que estranhos não se fartem de teus haveres e o fruto de teu trabalho não passe para a casa alheia;
11. para que não gemas no fim, quando forem consumidas tuas carnes e teu corpo
12. e tiveres que dizer: Por que odiei a disciplina, e meu coração desdenhou a correção?
13. Por que não ouvi a voz de meus mestres, nem dei ouvido aos meus educadores?
14. Por pouco eu chegaria ao cúmulo da desgraça no meio da assembléia do povo.
15. Bebe a água do teu poço e das correntes de tua cisterna.
16. Derramar-se-ão tuas fontes por fora e teus arroios nas ruas?
17. Sejam eles para ti só, sem que os estranhos neles tomem parte.
18. Seja bendita a tua fonte! Regozija-te com a mulher de tua juventude,
19. corça de amor, serva encantadora. Que sejas sempre embriagado com seus encantos e que seus amores te embriaguem sem cessar!
20. Por que hás de te enamorar de uma alheia e abraçar o seio de uma estranha?
21. Pois o Senhor olha os caminhos dos homens e observa todas as suas veredas.
22. O homem será preso por suas próprias faltas e ligado com as cadeias de seu pecado.
23. Perecerá por falta de correção e se desviará pelo excesso de sua loucura.

PRECES DE S.FRANCISCO DE ASSIS- na voz de Cao Araujo. Igreja. Cristianismo

Foi assim comigo em Frankfurt. Charles Fonseca. Prosa

Foi assim comigo em Frankfurt
Charles Fonseca

Na alfândega não foi preciso plantar bananeira. O policial grunhiu alguma coisa que, sabiamente, entendi como sendo algo metálico que eu portava. Retirei do bolso várias moedinhas inglesas, um punhado, e as mostrei. Minha turma às gargalhadas. Não sei porque abri generosamente a mão e todas as moedas caíram ao chão. As acomodadas logo que caíram, prudentemente, se deitaram. Umas moedas doidivanas saíram a correr. De pronto me abaixei dando tapas nas vagabundas no que fui prontamente ajudado pelo policial. Terminada a tarefa, nós de quatro, um olhando para a cara do outro. Levantamos garbosamente. Ele passou a mão em minha bunda e notou algo estranho no bolso da calça. Grunhiu novamente e, já refeito do susto, tirei do mesmo um pente pata-pata, comum na Bahia, e fiz uma singela demonstração de para que servia. Concluí pela gentileza do policial em não se aborrecer com a cena ridícula, mambembe, que representamos.