Pesquisar este blog

sábado, maio 31, 2014

Turismo. Salvador. Bahia

ABUNDÂNCIA. Charles Fonseca. Poesia

ABUNDÂNCIA
Charles Fonseca

Quanto mais que alfineta
mais carente o agressor
traz na alma grande dor
por isso manco, perneta,

Não, jamais o excluir
nunca o bater de frente
nem de lado, menos rente
na abundância não ferir.

189 - O que é o pelagianismo? Igreja. Cristianismo

O gato e o papagaio Esopo. Fábula. Prosa

O gato e o papagaio
Esopo

Um homem comprou um lindo papagaio de penas coloridas.
E, em vez de o fechar numa gaiola ou prendê-lo a um poleiro com uma corrente no pé, deixou-o voar em liberdade pela casa. O papagaio ficou todo contente com isso, e voava de sala para sala, palrando de alegria. Depois empoleirava-se no cordão de um luxuoso reposteiro.
- Mas quem és tu ? - perguntou uma voz furiosa lá de baixo - acaba com esse barulho horrível imediatamente.
O papagaio viu um gato a olhar para ele, lá em baixo, no tapete.
- Eu sou um papagaio. Cheguei há pouco e faço todo o barulho que posso - disse ele .
- Pois eu tenho vivido aqui toda a minha vida - respondeu o gato - já nasci nesta casa, e a minha mãe ensinou-me que para aqui ficar o melhor é estar calado.
- Então cala-te - disse o papagaio alegremente - não sei o que fazes nesta casa, mas sei o que devo fazer. O meu dono comprou-me por causa da minha voz e eu quero ter a certeza de que ele me ouve .

Moral das Estória:
Pessoas diferentes devem ser avaliadas por coisas diferente.

Antico, Busto de um homem Museu de Belas Artes de Budapeste. Escultura

A mãe do primeiro filho. Murilo Mendes. Poesia

A mãe do primeiro filho
Murilo Mendes


Carmem fica matutando
no seu corpo já passado.

— Até à volta, meu seio
De mil novecentos e doze.
Adeus, minha perna linda
De mil novecentos e quinze.
Quando eu estava no colégio
Meu corpo era bem diferente.
Quando acabei o namoro
Meu corpo era bem diferente.
Quando um dia me casei
Meu corpo era bem diferente.
Nunca mais eu hei de ver
Meus quadris do ano passado...

A tarde já madurou
E Carmem fica pensando.

quinta-feira, maio 29, 2014

Great Chinese State Circus - Swan Lake. Música

POEMA DA PAIXÃO. Charles Fonseca. Poesia

POEMA DA PAIXÃO
Charles Fonseca

Enfim o fel da desonra
Posto à boca em chumaço
Cuspido posto de lado
Antes só, o peito clama,

A justiça seja feita
O orgulho destronado
O pérfido isolado
Sem mentira lisonjeira

Melhor só por companhia
A verdade sono justo
Que dormir meio ao estulto
Longe a falsa alegria

Que sorriso fé de mais
Abraço em fé de menos
Beijo Judas Nicodemos
Desamor descanse em jaz

Flor da terra insepulto
Espinhos longe das almas
Paz sem pás pra cova rasa
Ela aos bons, à vala o insulto.

Pery Ribeiro. Música

O gato e o galo. Esopo. Fábula. Prosa

Um forte gato selvagem atacou um galo, dizendo: Vou devorar-te porque és meu inimigo! Mas, que mal fiz eu? Importunas os homens com teu canto madrugador! Assim lhes sou útil, para que saibam a hora de acordar! És polígamo e isso é crime! Quem me impõe essa condição é meu dono! Irritado, o gato encerra o diálogo: Podes ter argumentos para tudo que eu diga, mas não importa! Estou com fome, quero devorar-te e assim o farei! E assim o fez!

Esopo

João Bosco - Jade. Musica

Soneto do amor total. Vinicius de Moraes. Poesia

Soneto do amor total
Vinicius de Moraes

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

quarta-feira, maio 28, 2014

Metamorfose ambulante. Raul Seixas. Música

A vida consagrada. Igreja. Cristianismo

III. A vida consagrada

914. «O estado de vida constituído pela profissão dos conselhos evangélicos, embora não pertença à estrutura hierárquica da Igreja, está, no entanto, incontestavelmente ligado à sua vida e santidade» (467).

CONSELHOS EVANGÉLICOS, VIDA CONSAGRADA

915. Os conselhos evangélicos são, na sua multiplicidade, propostos a todos os discípulos de Cristo. A perfeição da caridade, a que todos os fiéis são chamados, comporta, para aqueles que livremente assumem o chamamento à vida consagrada, a obrigação de praticar a castidade no celibato por amor do Reino, a pobreza e a obediência. É a profissão destes conselhos, num estado de vida estável reconhecido pela Igreja, que caracteriza a «vida consagrada» a Deus (468).

916. A partir daí, o estado de vida consagrada aparece como uma das maneiras de viver uma consagração «mais íntima», radicada no Batismo e totalmente dedicada a Deus (469). Na vida consagrada, os fiéis propõem‑se, sob a moção do Espírito Santo, seguir Cristo mais de perto, entregar‑se a Deus amado acima de todas as coisas e, procurando a perfeição da caridade ao serviço do Reino, ser na Igreja sinal e anúncio da glória do mundo que há-de vir (470).

Catecismo

pachelbel's Canon in D--Soothing music(the best version). Música

GLÓRIA. Charles Fonseca. Poesia

GLÓRIA
Charles Fonseca

Hoje um aniversário
Fúnebre de partida
De uma mãe que dorida
Não viu o filho sacrário

Ele foi dito primícia
Ao final retardatário
Tomou num bastão um pálio
Bandeira lenço relíquia

Agora guarda em memória
Os seus acertos e erros
Findaram junto ao enterro
O seu sofrer, foi à glória.

terça-feira, maio 27, 2014

Nosferatu: O Vampiro da Noite - Filme Completo. Cinema

Clássico do expressionismo alemão

O gato e a galinha. Esopo. Fábula. Prosa

O gato e a galinha
Esopo

Ao ouvir que uma galinha estava adoentada, num ninho, um gato resolveu visitá-la, por simpatia. Após aproximar-se, furtivamente, dela, ele disse: “Como você está, minha querida amiga?” O que eu posso fazer por você? Você precisa de alguma coisa? É só me falar, e eu trarei qualquer coisa do mundo que você quiser. Apenas mantenha a força e não se assuste.”

“Obrigado”, disse a galinha, “Apenas seja bom o suficiente para me deixar, e eu lhe garanto que logo ficarei bem novamente”.

Visitas não convidadas são, frequentemente, mais bem-vindas quando partem.

Marxismo Cultural e Revolução Cultural - Aula 1 - Padre Paulo Ricardo. Igreja. Cristianismo

Terceira Dor. Alphonsus de Guimaraens. Poesia

Terceira Dor
Alphonsus de Guimaraens


VI
É Sião que dorme ao luar. Vozes diletas
Modulam salmos de visões contritas...
E a sombra sacrossanta dos Profetas
Melancoliza o canto dos levitas.

As torres brancas, terminando em setas,
Onde velam, nas noites infinitas,
Mil guerreiros sombrios como ascetas,
Erguem ao Céu as cúpulas benditas.

As virgens de Israel as negras comas
Aromalizam com os unguentos brancos
Dos nigromantes de mortais aromas...

Jerusalém, em meio às Doze Portas,
Dorme: e o luar que lhe vem beijar os flancos
Evoca ruínas de cidades mortas.

O CASARÃO. Recanto dos Araçás. Florianópolis. Charles Fonseca. Fotografia

segunda-feira, maio 26, 2014

O Fotógrafo. Manoel de Barros. Poesia

O FOTÓGRAFO
Manoel de Barros

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada minha aldeia estava morta
não se ouvia um barulho, ninguém
passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o Silêncio pela rua carregando
um bêbado.
Preparei a máquina.
O Silêncio era o carregador ?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador
Tive outras visões naquela madrugada
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no
beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na
existência mais que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho
de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Pilhei uma paisagem velha a
desabar sobre uma paisagem
Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre.
Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou para mim que ela andava
na aldeia
De braços com Maiakovski - seu criador.
Fotografei a nuvem de calça e o poeta.
Nenhum outro poeta no mundo
faria uma roupa mais
Justa para cobrir a sua noiva.

Mundo Pequeno. Manoel de Barros. Poesia

Mundo Pequeno
Manoel de Barros
do livro "O Livro das Ignorãças" - ed. Civilização Brasileira.


I
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.

II
Conheço de palma os dementes de rio.
Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzama
e de Rogaciano.
Todos catavam pregos na beira do rio para enfiar
no horizonte.
Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas ruas
de Corumbá.
Me disse que as coisas que não existem são mais
bonitas.

IV
Caçador, nos barrancos, de rãs entardecidas,
Sombra-Boa entardece. Caminha sobre estratos
de um mar extinto. Caminha sobre as conchas
dos caracóis da terra. Certa vez encontrou uma
voz sem boca. Era uma voz pequena e azul. Não
tinha boca mesmo. "Sonora voz de uma concha",
ele disse. Sombra-Boa ainda ouve nestes lugares
conversamentos de gaivotas. E passam navios
caranguejeiros por ele, carregados de lodo.
Sombra-Boa tem hora que entra em pura
decomposição lírica: "Aromas de tomilhos dementam
cigarras." Conversava em Guató, em Português, e em
Pássaro.
Me disse em Iíngua-pássaro: "Anhumas premunem
mulheres grávidas, 3 dias antes do inturgescer".
Sombra-Boa ainda fala de suas descobertas:
"Borboletas de franjas amarelas são fascinadas
por dejectos." Foi sempre um ente abençoado a
garças. Nascera engrandecido de nadezas.

VI
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? - ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática.

VI
Toda vez que encontro uma parede
ela me entrega às suas lesmas.
Não sei se isso é uma repetição de mim ou das lesmas.
Não sei se isso é uma repetição das paredes ou de mim.
Estarei incluído nas lesmas ou nas paredes?
Parece que lesma só é uma divulgação de mim.
Penso que dentro de minha casca
não tem um bicho:
Tem um silêncio feroz.
Estico a timidez da minha lesma até gozar na pedra.

A sua participação na função real de Cristo. Igreja. Cristianismo

A SUA PARTICIPAÇÃO NA FUNÇÃO REAL DE CRISTO

908. Fazendo-se obediente até à morte (453), Cristo comunicou aos seus discípulos o dom de régia liberdade, para que «com abnegação de si mesmos e santidade de vida, vençam em si próprios o reino do pecado» (454).

«Aquele que submete o corpo e governa a sua alma, sem se deixar submergir pelas paixões, é senhor de si mesmo; pode ser chamado rei, porque é capaz de reger a sua própria pessoa: é livre e independente e não se deixa cativar por uma escravidão culpável» (455).

909. «Além disso, também pela união das suas forças, devem os leigos sanear as instituições e as condições de vida no mundo, quando estas tendem a levar ao pecado, para que todas se conformem com as regras da justiça e favoreçam a prática da virtude, em vez de a impedirem. Agindo assim, impregnarão de valor moral a cultura e as obras humanas (456).

910. «Os leigos também podem sentir-se ou serem chamados a colaborar com os pastores no serviço da comunidade eclesial, trabalhando pelo crescimento e vida da mesma, exercendo ministérios muito variados, segundo a graça e os carismas que ao Senhor aprouver comunicar-lhes» (457).

911. Na Igreja, «os fiéis leigos podem cooperar no exercício do poder de governo, segundo as normas do direito» (458). É o caso da sua presença nos concílios particulares (459) nos sínodos diocesanos (460) e nos conselhos pastorais (461) do exercício da função pastoral duma paróquia (462) da colaboração nos conselhos para os assuntos económicos (463); da participação nos tribunais eclesiásticos (464); etc.

912. Os fiéis devem «distinguir cuidadosamente os direitos e deveres que lhes competem como membros da Igreja, daqueles que lhes dizem respeito como membros da sociedade humana. Procurem harmonizar uns e outros, lembrando-se de que em todos os assuntos temporais se devem guiar pela sua consciência cristã, pois nenhuma actividade humana, mesmo de ordem temporal, pode subtrair-se ao domínio de Deus» (465).

913. «Assim, todo e qualquer leigo, em virtude dos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja "segundo a medida do dom de Cristo" (Ef 4, 7)» (466).

Catecismo

Como podemos transformar tudo isso que está aí, através da nossa união!!! Política

ANDANÇAS. Charles Fonseca. Poesia

ANDANÇAS
Charles Fonseca

Comecei em Ibicui
Namoro infante a rir
Em plena adolescência
Comecei muita decência
Namorar em Jequié
Que bom o gosto mulher
Lá na rua, na igreja,
Me foi dito assim seja
E lá no Jequiezinho
Levei um fora carinho
Na Avenida Rio Branco
Sem esperar ganhei tranco
Já no Sobocó da Ema
Namorei uma morena
Em salvador, salvo a dor,
Aula de beijo sabor
No Caminho de Areia
Compartilhei a sereia
Na Colina do Bonfim
Fui flagrado, ai de mim,
Andei também no Barbalho
Levei um fora, coitado,
Ladeira da Fonte Nova
Prima vez me pôs à prova
Mão na mão em Humaitá
Tava bom no agora já
Arrisquei lá nos Barris
E escapei por um triz
Pecado em Santo Agostinho
Não vingou nem um gostinho
A morena no Garcia
Eu não quis, uma agonia,
Mudei para Itapoã
Muito longe arribaçã
Depois Pá da Baleia
Nadei encosto na areia
Atrás da Bual'amour
Frequentei, o céu azul,
Uma marreca Pituba
Muito olhar muita censura
Já no Forte de São Pedro
Foi três em uma de peso
Franguinha no Tuiuti
Pouca demora, parti,
Lá no Jardim Baiano
Fui preterido, engano,
Faculdade medicina
Não agarrei a menina
Lá para o lado da Graça
Desviei com ela na praça
Volta e meia Campo Grande
Uma baixinha gigante
E na Avenida Sete
Uma tomei, serelepe,
Namorei uma potranca
Foi besteira, mulher dama,
Agora já sem memória
Vou terminando a história
Nem um pouco acomodado
Tenho morena a meu lado
Pretendo que para sempre
Se não for eu sigo em frente.

Antonio Raggi, 1668-1669, Anjo com a coluna (vista frontal) Coleção Pública. E40. Escultura

domingo, maio 25, 2014

Reinventando a Felicidade. Rosalice Tejo Di Pace. Prosa

Reinventando a Felicidade
Rosalice Tejo Di Pace

Vendo uma fotografia de um clube da minha cidade natal, recordei fatos e sentimentos de um passado de modo bem vivido, como se tornasse novamente a vivê-las com tanta intensidade, enchendo-me de alegria, prazer e outros sentimentos que não sei bem como colocar, as palavras não cabem.
Defronte do clube uma pracinha, onde todos os dias amigos e eu nos encontrávamos desde criança até jovens adolescentes cheios de vigor. Lá partilhávamos nossas vidas tão iguais e tão diferentes. Noites lindas enluaradas e estreladas testemunhavam nossa felicidade. Ao som do violão de Heitor, inesquecível amigo que nos deixou prematiramente aos 21 anos, reuníamos para paquerar, namorar, contar nossas histórias , ouvir queixumes uns dos outros, chorar, sorrir como também cantar a beleza de viver. Quantas vezes tivemos o privilégio de ver uma estrela cadente e logo nos ajoelhávamos em plena praça e fazíamos três pedidos. Tudo tão mágico, cheio de encantamento e felicidade onde o irreal tornava-se real e vice versa.
Outra vezes enfrentamos pingos de chuva acariciando nosso corpo e um friozinho gostoso onde nos aquecíamos com nossa amizade, bem querer, sonhos, esperanças e alegria, cada um com sua história de vida, tão igual e tão diferente. Recordando momentos tão profundamente vivenciados , me acho no direito , quem sabe, de reinventar a felicidade.
Rosalice Tejo Di Pace. 25-05-2014

Beatles. Fotografia

O gato e a raposa. Jean de La Fontaine. Fábula. Prosa

O gato e a raposa
Jean de La Fontaine

Uma vez, a raposa conversando
Com o gato, se esteve ali gabando
De ter artes e gírias bom recheio;
Enfim, que delas tinha um saco cheio.

O gato lhe dizia:

"Para tudo

Vós tendes cachimônia; eu sou mui rudo;
Tendes um saco cheio; eu, por desgraça,
Nunca pude aprender mais que uma traça."
Nesta prática estavam divertidos.
E quando muitos cães foram sentidos,
Já os tinham no meio: em tal trabalho
O gato saltou logo em um carvalho,
E pôs-se lá de cima a ver a festa,
Que foi para a raposa bem funesta.

Moral da Estória:
Ter muitas iniciativas e expedientes nem sempre pode ser um bom negócio. Seria desejável ter um só, bom e eficaz.

sábado, maio 24, 2014

FACEBOOKANDO II. Charles Fonseca. Prosa

Comentários islamofóbicos, antissemitas, anticristãos e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não devem ser postados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o autor da página. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas da página. Ela está aberta a discussões educadas e com pontos de vista diferentes desde que in box.
Quem insistir em desvios será bloqueado. Dura lex, sed lex.

Chico Buarque e Gilberto Gil - Cálice. Música

O porquê da fila no SUS. Adriano Maltez. Medicina

O porquê da fila no SUS
Adriano Maltez
Diário da Manhã

Pode-se dizer que existe uma fila crônica para os usuários do SUS. Pessoas frequentemente esperam por consultas médicas, exames, cirurgias, tratamentos complementares (fisioterapia, fonoaudiologia, etc.) por semanas, meses ou anos (em alguns casos). Um dia desses parei para refletir sobre o porquê de tanta espera. Há número insuficiente de profissionais da saúde no país? Não. Os profissionais da saúde são maus? São pessoas que têm prazer em ver o sofrimento alheio? São inescrupulosos a ponto de fazer restrições de atendimento para forçar que o usuário busque o atendimento privado? Não. Profissionais de saúde têm por princípio o cuidado com o ser humano e a busca pelo alívio de seu sofrimento. Conheço inúmeros médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, biomédicos e outros e posso afirmar-lhes que a grande maioria é de pessoas de bons princípios, treinados para ajudar e socorrer aqueles que necessitam de seus cuidados.

Então, por que a fila, que já tornou-se crônica, quase institucionalizada?

Os usuários do SUS não são diferentes dos usuários dos planos de saúde ou daqueles que podem pagar pelos procedimentos: seus casos não são mais complicados, não são mais feios ou mais bonitos, não são mais mal-educados ou mais deselegantes, não são mais mal-cheirosos ou bem-cheirosos que os usuários do sistema de saúde complementar.

Então qual é a explicação?

A tabela de procedimentos do SUS prevê em abril de 2014 o valor de R$ 10,00 (dez reais) por uma consulta com médico especialista (neurologista, cardiologista, cirurgião vascular, por exemplo). O tempo de estudo para se tornar um especialista atualmente é de cerca de 10 anos: 6 anos de faculdade, 2 anos de residência em clínica médica e mais 2 anos na especialidade.

Sei de pessoas que estão há 2 anos aguardando por cirurgia em hospitais públicos de nossa capital.

A seguir serão apresentados os valores pagos pelos serviços profissionais de algumas cirurgias conforme previsto na tabelo do SUS (abril de 2014). Importa explicar que os valores apresentados destinam-se ao pagamento do trabalho do cirurgião principal, cirurgião auxiliar (quando necessário) e anestesista, isto é, o montante será dividido entre os três médicos. Cabe lembrar também que o valor a ser pago é o estabelecido para pagamento pelo ato cirúrgico e pelos cuidados pós-operatórios, independente de o médico ter que cuidar do paciente por um dia ou por uma semana internado.

Cirurgia de hérnia inguinal: R$ 146,96 (cento e quarenta e seis reais e noventa centavos).

Colecistectomia vídeo-laparoscópica (retirada da vesícula biliar por vídeo-laparoscopia): R$ 171,78 (cento e setenta e um reais, e setenta e oito centavos).

Hemorroidectomia (cirurgia de hemorróidas): R$ 124,84 (cento e vinte e quatro reais e oitenta e quatro centavos.

Apendicectomia (cirurgia de retirada do apêndice, em pacientes com apendicite) R$ 161.

Queria que o conteúdo deste artigo chegasse ao conhecimento dos quase 150 milhões de brasileiros, que são usuários do SUS e ao restante da sociedade, que está diretamente ligada a esses usuários.

Faço aqui, caros leitores, reflexões acerca de uma das maiores riquezas que um ser humano pode ter e que deve preservar: a saúde.

A Medicina ensinou-me que para trabalhar, estudar, desfrutar dos momentos de lazer é preciso ter saúde. Sabiamente afirmou René Descartes (filósofo, físico e matemático francês, viveu entre 1596-1650): “A saúde é sem dúvida o primeiro bem e o fundamento de todos os outros bens desta vida”.

O SUS – Sistema Único de Saúde – trazido pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado dois anos depois, pelas leis 8.080/1990 e 8.142/1990, foi criado para garantir o atendimento gratuito e universal a todos os brasileiros.

Os dois melhores investimentos para indivíduos e países são saúde e educação. Temos exemplos de vários países de pequena extensão territorial que graças à saúde e educação de seus cidadãos são altamente produtivos e muito desenvolvidos, como Alemanha, Japão, Inglaterra, França, Israel, Itália, dentre outros.

Uma solução possível para resolver o problema de atendimento e filas do SUS seria melhorar o valor dos serviços realizados (tabela), equiparando-os com os praticados pelos planos de saúde, que já encontram-se bastante defasados, mas ainda significativamente melhores que os da tabela do SUS.

Para isso é preciso vontade política e exigência por parte dos usuários.

A tabela completa do SUS encontra-se disponível no sítio eletrônico: “http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada”, basta procurar em procedimentos.

(Adriano Maltez, médico cirurgião geral e cancerologista - Contatos: admaltez@hotmail.com)

53 - A Resposta Católica: A Igreja proíbe a cremação dos corpos? Igreja Cristianismo

A sua participação profética no manto de Cristo. Igreja. Cristianismo

A SUA PARTICIPAÇÃO NA FUNÇÃO PROFÉTICA DE CRISTO

904. «Cristo [...] realiza a sua missão profética não só através da hierarquia [...], mas também por meio dos leigos. Para isso os constituiu testemunhas, e lhes concedeu o sentido da fé e a graça da Palavra» (445):

«Ensinar alguém, para o trazer à fé, [...] é dever de todo o pregador e, mesmo, de todo o crente» (446).

905. Os leigos realizam a sua missão profética também pela evangelização, «isto é, pelo anúncio de Cristo, concretizado no testemunho da vida e na palavra». Para os leigos, «esta acção evangelizadora [...] adquire um carácter específico e uma particular eficácia, por se realizar nas condições ordinárias da vida secular» (447).

«Este apostolado não consiste só no testemunho da vida: o verdadeiro apóstolo procura todas as ocasiões de anunciar Cristo pela palavra, tanto aos não-crentes [...] como aos fiéis» (448).

906. Aqueles de entre os fiéis leigos que disso forem capazes e que para tal se formarem, podem também prestar o seu concurso à formação catequética (449), ao ensino das ciências sagradas (450) e aos meios de comunicação social (451).

907. «Os fiéis, segundo a ciência, a competência e a proeminência de que desfrutam, têm o direito e mesmo por vezes o dever, de manifestar aos sagrados pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja e de a exporem aos restantes fiéis, salva a integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos pastores, e tendo em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas» (452).

Lagoa da Conceição. Florianópolis

O utopista. Murilo Mendes. Poesia

O utopista
Murilo Mendes

Ele acredita que o chão é duro
Que todos os homens estão presos
Que há limites para a poesia
Que não há sorrisos nas crianças
Nem amor nas mulheres
Que só de pão vive o homem
Que não há um outro mundo.

sexta-feira, maio 23, 2014

109 - Qual é a diferença da bíblia católica para a bíblia protestante? Igreja. Cristianismo

AVANTE. Charles Fonseca. Poesia

AVANTE.
Charles Fonseca

Tinha razão o Esopo,
Um prosista fabuloso,
A uva está verde
Disse a raposa, vêde,
Deveria estar madura
A minha sorte é dura
Inda mais ‘stá distante
Queria chupá-la adiante
São apenas dois os cachos
Macios doces, acho,
Estive cheirando perto
Queria portão aberto
Por não estar ao alcance
Uvas, desisto. Avante.

Jerome Dusquenoy, São Jerônimo Victoria and Albert Museum, em Londres. E39. Escultura

O galo e a raposa II. Esopo. Fábula. Prosa

O galo e a raposa II
Esopo

Era uma vez uma raposa muito esperta.
Um dia, passeando, viu uma capoeira cheia de galinhas. Entrou lá dentro e comeu uma.
Póh, poh poh poh, phóo...
No dia seguinte a raposa construiu junto à capoeira uma casa. E dentro da casa escavou um túnel que ia dar à capoeira. E todas as noites comia uma galinha.
Póh, poh poh poh, phóoo...
Um belo dia o dono das galinhas trouxe um galo, grande e bonito, e meteu-o também na capoeira. Mas como o galo não gostava dos poleiros, vôou para cima de uma árvore, e assim escapou à raposa, que por mais que tentasse não conseguia apanhá-lo.
Có, có-có-ri-có, có...
Desesperada, a raposa começou a pensar como é que podia apanhar o galo, que era bastante maior que as galinhas e mais tenrinho e saboroso. Inventou então uma história, que lhe teria sido contada pelo dono da quinta, e que era assim:
"A partir de agora todos os animais tinham que ser amigos entre si, e nenhum podia comer o outro."
Póh, poh poh poh, phóoo...
E a raposa começou a cantar:
- Hoje é um dia muito feliz! Hoje é um dia muito feliz! Hoje é um dia muito feliz!
O galo pensou que a raposa estava maluca, e perguntou-lhe:
- Porque estás tão alegre?
E a raposa:
- Porque a partir de hoje todos os animais têm que ser amigos uns dos outros. Desce, meu amigo galo, que eu quero dar-te um abraço e um beijinho.
O galo, desconfiando do que ela lhe dizia e para a pôr à prova, gritou-lhe:
- Ainda bem que assim é, pois vem aí a matilha dos ferozes cães da quinta!
A raposa, cheia de medo e já correndo, disse-lhe:
- Adeus, já me estava mesmo a ir embora.
E metendo o rabo entre as pernas fugiu a bom fugir, nunca mais sendo vista por aquelas paragens.
E o galo pensou:
"Tão esperta, tão esperta, mas não me enganou!"
E a paz voltou a reinar naquela capoeira.
Póh, poh poh poh, phóoo...
Có, có-có-ri-có, có....

quinta-feira, maio 22, 2014

Shakira - La La La (Brazil 2014) ft. Carlinhos Brown. Música

A ponta do iceberg. Família. Igreja. Cristianismo

A ponta do iceberg
Todos fariam um grande favor a si mesmos, às suas famílias e ao Brasil se, na hora da novela, desligassem seus televisores, acendessem uma vela e rezassem o Terço


Recentemente, duas pesquisas científicas comprovaram a ligação direta que existe entre a audiência das novelas da Rede Globo, as crescentes taxas de divórcio e a queda da natalidade nas famílias brasileiras[1]. Aquilo de que já se suspeitava há muito tempo foi confirmado: as telenovelas globais exercem uma grande influência no comportamento das pessoas.

Na semana passada, mais uma telenovela serviu de palco para "forçar limites morais", como escreveu um jornalista, na Folha de São Paulo[2]. Pelos comentários de vários telespectadores nas redes sociais, parece que, infelizmente, a armadilha funcionou, mais uma vez. Após o entusiasmo com a trama de uma dupla de homossexuais que, entre outras coisas, recorreu à inseminação artificial para "produzir" um filho, o pedido para ver um "beijo gay" no final da última novela das oito foi reiterado por inúmeras pessoas. E, mesmo depois de alcançado o seu intento, muitos não se contentaram com o que viram, alegando que o beijo teria sido "morno demais".

Sem dúvida, a melhor forma de filtrar essas coisas está na mão de cada família: chama-se controle remoto. As pessoas são livres para escolher ao que querem ou não assistir na televisão. No entanto, comprovada a relação entre as telenovelas e as mudanças sociais no Brasil, ninguém pode ignorar que aquilo que é exibido nas telas da TV não ficará, simplesmente, na televisão. Aquilo que a Globo exibe para muitas pessoas ou famílias desatentas irá refletir, de algum modo, nas opiniões que elas possuem, nas conversas que elas mantêm e nos ambientes que elas frequentam. E isso afetará toda a sociedade, na qual estão incluídas até mesmo as pessoas que louvavelmente se recusam a dar audiência às novelas globais.

É mesmo preciso dizer o que estava por trás do "beijo gay"? Diante da oposição de boa parte da população brasileira não só ao chamado "casamento homoafetivo" como ao próprio ato homossexual, a novela "Amor à Vida" foi uma tentativa clara de minar essa resistência. Apelando a recursos sentimentais, os produtores da trama – não temendo a condenação do profeta que lamenta "aqueles que ao mal chamam bem" e "tornam doce o que é amargo" (Is 5, 20) – recorreram à mesma estratégia que facilitou a legalização do divórcio no Brasil, há 40 anos: trocar o verdadeiro amor à pessoa humana pela aceitação de uma conduta imoral; transformar a preocupação com o pecador em um perigoso conformismo com o pecado.

A confusão que resulta dessa mentalidade é evidente: quando uma pessoa prefere "rótulos" referentes à sua conduta sexual àquilo que ela realmente é – ser humano, filha de Deus –, a sua verdadeira dignidade é escondida e dá lugar a uma desfiguração:

"A pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, não pode definir-se cabalmente por uma simples e redutiva referência à sua orientação sexual. Toda e qualquer pessoa que vive sobre a face da terra conhece problemas e dificuldades pessoais, mas possui também oportunidades de crescimento, recursos, talentos e dons próprios. A Igreja oferece ao atendimento da pessoa humana aquele contexto de que hoje se sente a exigência extrema, e o faz exatamente quando se recusa a considerar a pessoa meramente como um 'heterossexual' ou um 'homossexual', sublinhando que todos têm uma mesma identidade fundamental: ser criatura e, pela graça, filho de Deus, herdeiro da vida eterna."[3]
É lamentável que muitos católicos, enganados por esse pensamento reducionista, se tenham prestado ao papel patético não só de dar ibope à novela, como de pedir ou aprovar o "beijo gay", ignorando – ou fingindo ignorar – que essa é apenas a ponta de um iceberg. Desse modo, fazem lembrar a condenação do Apóstolo que, reprovando as práticas homossexuais, lamentou a atitude daqueles que "não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem" (Rm 1, 32).

Mas, ainda que "Amor à Vida" não tivesse mostrado nenhum "beijo gay", ainda que não tivesse reforçado a difusão do lobby homossexual: ainda assim, teria sido um tremendo desamor à vida e à família assistir-lhe. As telenovelas estão, a todo momento, "forçando limites morais", especialmente quando exibem, de modo constante, cenas de sexo mais ou menos explícitas. Com isso, elas tiram o sexo da intimidade conjugal dos esposos e dizem às pessoas que é normal ter sexo com qualquer um, a qualquer hora e em qualquer lugar, estimulando, assim, uma lenta, porém eficaz, "pornografização" da sociedade[4].

Voltemos ao controle remoto: todos fariam um grande favor a si mesmos, às suas famílias e ao Brasil se, na hora da novela, apagassem seus televisores, acendessem uma vela e rezassem o Terço em família, rogando a Nossa Senhora Aparecida que tenha misericórdia desta Terra de Santa Cruz.

https://padrepauloricardo.org/blog/a-ponta-do-iceberg?utm_content=bufferb5b32&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer

O Enigma das Catedrais Góticas (Completo e Dublado). Arquitetura. Igreja. Cristianismo

O estilo gótico designa uma fase da história da arte ocidental, identificável por características muito próprias de contexto social, político e religioso em conjugação com valores estéticos e filosóficos e que surge como resposta à austeridade do estilo românico.

Este movimento cultural e artístico desenvolve-se durante a Idade Média, no contexto do Renascimento do Século XII e prolonga-se até ao advento do Renascimento em Florença, quando a inspiração clássica quebra a linguagem artística até então difundida.

Os primeiros passos são dados a meados do século XII em França no campo da arquitetura (mais especificamente na construção de catedrais) e, acabando por abranger outras disciplinas estéticas, estende-se pela Europa até ao início do século XVI, já não apresentando então uma uniformidade geográfica.

A arquitetura, em comunhão com a religião, vai formar o eixo de maior relevo deste movimento e vai cunhar profundamente todo o desenvolvimento estético.
Fonte: wikipedia

Nada como ter um amor. Vinicius de Moraes. Poesia

Nada como ter um amor
Vinicius de Moraes

Nada como ter carinho
Nada como estar pertinho
Ao se enternecer
Bem baixinho, assim, dizer:
Só hei de amar você
Nada como viver juntos
Sempre assim, querer e muito
Nada como ter alegria de viver
E ver o sol aparecer
No sempre novo resplendor
E não ter nada como ter amor

Amor no Lar. Hino. Igreja. Cristianismo

A participação dos leigos na função sacerdotal de Cristo. Igreja. Cristianismo

A PARTICIPAÇÃO DOS LEIGOS NA FUNÇÃO SACERDOTAL DE CRISTO

901. «Em virtude da sua consagração a Cristo e da unção do Espírito Santo, os leigos recebem a vocação admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles frutos cada vez mais abundantes. De facto, todas as suas actividades, orações, iniciativas apostólicas, a sua vida conjugal e familiar, o seu trabalho de cada dia, os seus lazeres do espírito e do corpo, se forem vividos no Espírito de Deus, e até as provações da vida se pacientemente suportadas, tudo se transforma em "sacrifício espiritual, agradável a Deus por Jesus Cristo" (1 Pe 2, 5). Na celebração eucarística, todas estas oblações se unem à do Corpo de Senhor, para serem piedosamente oferecidas ao Pai. É assim que os leigos, como adoradores que em toda a parte se comportam santamente, consagram a Deus o próprio mundo» (441).

902. Os pais participam dum modo particular no múnus da santificação, «vivendo em espírito cristão a vida conjugal e cuidando da educação cristã dos filhos» (442).

903. Os leigos, se têm as qualidades requeridas, podem ser admitidos de modo estável aos ministérios de leitor e de acólito (443). «Onde as necessidades da Igreja o aconselharem, por falta de ministros, os leigos, mesmo que não sejam leitores nem acólitos, podem suprir alguns ofícios destes, como os de exercer o ministério da Palavra, presidir às orações litúrgicas, conferir o Baptismo e distribuir a sagrada Comunhão, segundo as prescrições do Direito» (444).

Batismo

A guitarrista. Pablo Picasso. Pintura

clique para ampliar

ADEUS. Charles Fonseca. Poesia

ADEUS
Charles Fonseca

Dar o nó em pingo d’água
Ou então por entre ovos
Pisar, a alma em ossos,
Não guardar de ti as mágoas

As ofensas muito menos
Não ditas e as faladas
Choros das horas caladas
Suspiros de amares plenos

Pois o meu amor é teu
Tu és a minha herdade
Dada por Deus piedade
De mim, não digas adeus.

Convento das freiras Florianópolis. Charles Fonseca. Fotografia

Olavo Bilac e o meio ambiente. Prosa

O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:
- Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o Senhor tão bem conhece.
Poderá redigir o anúncio para o jornal?
Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu: "Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes Águas de um ribeiro. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda".
Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.
- Nem pense mais nisso, disse o homem. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!
Às vezes não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos longe atrás da miragem de falsos tesouros. Valorize o que tens, as pessoas, os momentos....

quarta-feira, maio 21, 2014

Falcon sarcophagus with Osiris mummy. Escultura

Falcon sarcophagus with Osiris mummy

O galo e a pedra preciosa. Esopo. Fábula. Prosa

O galo e a pedra preciosa
Esopo

Um galo, que a terra
Com o bico volvia,
Descobre uma pedra
De grande valia.

"Parece que é fina,
(Diz ele) que brilho!
Mas antes achasse
Um só grão de milho."

Beócio de marca
Escritos herdou
E logo a um livreiro,
Vizinho, os levou.

Orlando Silva - Programa MPB Especial (1973). Música

"Benedicite". Olavo Bilac. Poesia

"Benedicite"
Olavo Bilac


Bendito o que na terra o fogo fez, e o teto
E o que uniu à charrua o boi paciente e amigo;
E o que encontrou a enxada; e o que do chão abjeto,
Fez aos beijos do sol, o oiro brotar, do trigo;

E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo;
E o que os fios urdiu e o que achou o alfabeto;
E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo;

E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano,
E o que inventou o canto e o que criou a lira,
E o que domou o raio e o que alçou o aeroplano...

Mas bendito entre os mais o que no dó profundo,
Descobriu a Esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o dom de suportar o mundo!

Resultado de imagem para foto olavo bilac

segunda-feira, maio 19, 2014

FOTO. Charles Fonseca. Poesia

FOTO
Charles Fonseca

Hoje beijo teu retrato
Tu de vermelho pintada
Eu de cara lavada
Levei tua imagem um fato

Que me marcou permanente
Te carreguei no meu colo
E agora ainda choro
Do que se foi para sempre

Ficou saudade na alma
Em mim coração partido
E hoje beijo contido
A tua foto me acalma.

Sócrates - filme completo. Filosofia. Cinema

A vocação dos leigos. Igreja. Cristianismo

A VOCAÇÃO DOS LEIGOS

898. «A vocação própria dos leigos consiste precisamente em procurar o Reino de Deus ocupando-se das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus [...]. Pertence-lhes, de modo particular, iluminar e orientar todas as realidades temporais a que estão estreitamente ligados, de tal modo que elas sejam realizadas e prosperem constantemente segundo Cristo, para glória do Criador e Redentor» (438).

899. A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar, com as exigências da doutrina e da vida cristã, as realidades sociais, políticas e económicas. Tal iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja:

«Os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: por eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade. Por isso, eles, sobretudo, devem ter uma consciência cada vez mais clara, não somente de que pertencem à Igreja, mas de que são Igreja, isto é, comunidade dos fiéis na terra sob a direcção do chefe comum, o Papa, e dos bispos em comunhão com ele. Eles são Igreja» (439).

900. Porque, como todos os fiéis, são por Deus encarregados do apostolado, em virtude do Baptismo e da Confirmação, os leigos têm o dever e gozam do direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra. Este dever é ainda mais urgente quando só por eles podem os homens receber o Evangelho e conhecer Cristo. Nas comunidades eclesiais, a sua acção é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, a maior parte das vezes, alcançar pleno efeito (440).

Catecismo

FILME Mito da Caverna Platão - OLHAR PRA VER - Celso Lira - Filosofia Ve...

O galo de briga e a águia. Esopo. Fábula. Prosa

O galo de briga e a águia
Esopo

Dois galos estavam, disputando em feroz luta pelo direito de comandar a chácara. Por fim um pôs o outro para correr.
O galo derrotado afastou-se e foi se recolher num lugar sossegado.
O vencedor, voando até o alto de um muro, bateu as asas e exultante cantou com toda sua força.
Uma águia que pairava ali perto lançou-se sobre ele, e com um bote certeiro levou-o preso em suas poderosas garras.
O galo derrotado saiu do seu canto, e daí em diante reinou absoluto livre de disputa.

domingo, maio 18, 2014

Dorothea Lange. Fotografia

Clique para ver a imagem em tamanho real

A morte de Mãe Senhora. Jorge Amado. Prosa

Na madrugada o telefone me desperta, a voz em lágrimas de Stela de Oxóssi, minha irmã-de-santo, quase não pode falar:

- Meu irmão, nossa mãe morreu...

O enterro da iyalorixá saiu da Igreja de Nossa Senhora dos Negros, no Largo do Pelourinho, praça ilustre e sofrida, chão de pedras regadas pelo sangue dos escravos ali sujeitos ao tronco e ao pelourinho. O corpo da mãe-de-santo ficou exposto na tarde de um domingo de sol e de tristeza. A notícia ia sendo propagada de boca em boca, pois a morte sucedera após os jornais. O impacto retirava gente das praias, das diversões, do descanso dominical. De todas as encruzilhadas surgiam pessoas atônitas e apressadas; no átrio da igreja toda azul se misturavam homens e mulheres das mais diversas condições sociais no mesmo espanto doloroso.
A notícia ia devorando o domingo da cidade, a calma e a trêfega alegria. Nas ondas do rádio, brutal comunicado substituía a música habitual: "Faleceu dona Maria Bibiana do Espírito Santo, mãe Senhora, mãe-de-santo do Axé Opô Afonjá, a mais famosa da Bahia". Para muitos parecia impossível acreditar na notícia. Tão forte ainda, aparentemente tão sadia, com sua presença, sua força de comando, sua intimidade mágica com os orixás, ainda na véspera Senhora cantara para Xangô e dirigia as obrigações do candomblé.

No átrio da igreja, amigos trocam cumprimentos e interjeições de incredulidade. Surgem hipóteses:
- Só se foi ebó... Feitiço, coisa-feita...

Uma pessoa do axé, grave e informada, esclarece:
- Foi doença de médico... Xangô já falou e disse...

Lágrimas em muitos olhos, filhas-de-santo desamparadas, os órfãos de mãe Senhora contam-se às dezenas, sua morte atinge a cidade inteira. Pela ladeira, o tráfego aumenta a cada instante, sobe e desce gente em busca da igreja.
Nessa mesma Igreja do Rosário dos Negros foi velado o corpo de mãe Aninha, fundadora do Axé do Opô Afonjá, mãe-de-santo de Senhora. Senhora fez santo aos nove anos de idade e foi Aninha quem lhe raspou a cabeça e a consagrou a Oxum. Quando Aninha morreu, em 1938, deixara Senhora preparada para sucedê-la na direção do grande candomblé. Mas outras filhas-de-santo também desejavam o posto e uma guerra-de-santo se desencadeou durante anos e anos até que a confirmação de Senhora fosse assunto pacífico e que sua personalidade se impusesse numa presença respeitada por todos. Jamais uma iyalorixá foi tão poderosa e reinou com poder tão absoluto no mundo complexo e mágico do candomblé da Bahia quanto mãe Senhora. Altas honrarias lhe foram concedidas, e seu poder atingia distâncias e alturas de espantar. Na fímbria da cidade da Bahia, ela se levantava sobre a vida e a morte, sobre a alegria e a tristeza, sobre o ódio e o amor.

Sua sucessão trará outra guerra-de-santo? Quem vai tomar o posto no trono de mistérios, quem a sucederá na guarda do segredo? Os cochichos começam no átrio da igreja. Lá dentro o corpo de iyalorixá recolhe lágrimas e pranto, palavras de saudade e de inconformado desespero. De quando em vez um soluço se eleva. Os altares estão povoados de orixás e as águas das fontes e dos rios de Oxum rolam pela praça, descem as ladeiras, precipitam-se no Pelourinho.

- Quem irá para o seu lugar? Quem?
- Quem vai dizer é Xangô, quando o jogo for feito...

Mãe Senhora morreu de manhãzinha, na véspera cumprira obrigação de santo até tarde, noite adentro. A morte a alcançou na hora do primeiro sol e seu corpo ocupou, imenso, a casa de Oxalá. A notícia desceu para a cidade: obás, ogãs, filhos e filhas-de-santo dirigiram-se para os caminhos de São Gonçalo, onde se ergue o terreiro. A cidade foi tomada de surpresa e comoção, um impacto violento. Na vida dessa cidade da Bahia, que não se parece com nenhuma outra, a iyalorixá Senhora era uma figura das mais importantes, guardiã de tradições e de rituais que resistiram a todas as perseguições, que superaram a desgraça da escravidão, que trouxeram os bens da dança e do canto até os dias de hoje. No complexo cultural baiano (e brasileiro, pois a Bahia é a matriz inicial e fundamental), o povo tem o primeiro lugar, o papel definitivo.
Quem presidiu as obrigações do axexê, das cerimônias fúnebres, foi outra famosa mãe-de-santo: a iyalorixá Menininha do Gantois, irmã-de-santo da falecida e sua grande amiga. Veio de seu terreiro do Gantois, de onde quase nunca sai, para as pesadas tarefas de egum. Nenhuma outra mãe-de-santo poderia fazê-lo devido à qualidade da falecida e à sua importância. Numa sutil hierarquia que não é imposta por nenhum decreto, Senhora está praticamente acima das demais, só Menininha era sua igual no conhecimento e na experiência.

Das três grandes iyalorixás dos últimos tempos, agora resta apenas mãe Menininha do Gantois. A primeira a falecer foi tia Massi, do Engenho Velho, veneranda figura centenária. Cumprira os cento e três anos quando morreu. Dançou para seus orixás até os últimos dias. Agora, numa cerimônia de acesso permitido apenas a alguns iniciados, Menininha cumpre as primeiras obrigações do axexê de Senhora, sua irmã-de-santo, antes que o corpo seja levado para a igreja católica. Mais uma vez, se interpenetram cultos e rituais, de culturas, de religiões, de cores, nossa originalidade. Importante mãe-de-santo, Senhora era igualmente importante membro de confrarias católicas.
Da igreja superlotada sai o enterro às cinco horas da tarde. O acompanhamento é grande e grandioso: gente das seitas afro-brasileiras, muitos intelectuais amigos de Senhora, alguns com postos importantes no axé, como o tapeceiro Genaro de Carvalho, a face cortada de tristeza. O poeta Hélio Simões vai a seu lado.

O carro funerário, os automóveis e os ônibus dirigem-se ao Cemitério das Quintas, onde, em terras de sua confraria católica, Senhora tem direito a jazigo perpétuo.
O cemitério fica no alto de uma colina, mas o carro funerário, os automóveis e os ônibus não sobem a ladeira, como fazem habitualmente, em qualquer outro enterro. Desta vez, a morta e os acompanhantes desembarcam ao sopé da ladeira. Obás e ogãs, alguns dobrados ao peso da idade, velhos tios de cansada história, tomam do caixão e três vezes o suspendem, três vezes o baixam no início do ritual do enterro nagô.

A voz do pai-de-santo Nezinho se eleva sobre a rua no canto fúnebre em língua ioruba. O enterro segue: três passos em frente, dois atrás, passos de dança ao som do cântico sagrado, o caixão suspenso nos ombros dos obás. As janelas estão cheias, vem gente correndo para ver o espetáculo único. Enterro igual a esse não existe. Mãe Senhora preside sua última festa - transportada por seus obás. A dança enche a rua, dançam todos ao som das cantigas de despedida. Os obás e os ogãs, de costas, entram com o caixão no cemitério.
Ao lado do jazigo, em meio às flores e ao pranto, as derradeiras cantigas, quase como uma frase de amor, uma conversa de mãe e filhos, canto mais terno e doloroso. "Somos os últimos a ver essas coisas", diz o poeta Hélio Simões. Os atabaques estão silenciosos, todos se vestem de branco, que é a cor de luto, morreu a iyalorixá mais famosa da Bahia. Era uma pessoa sábia, sábia da sabedoria de uma vida inteira, ilustre da grandeza do povo. Foi enterrada no ritmo do canto, em passo de dança, bens do povo que ela ajudou a defender e a conservar.

Candomblé - A cidade das mulheres. Religião

Juri. Autor desconhecido. Prosa

Um criminoso estava sendo julgado por assassinato...

Havia evidências indiscutíveis sobre a culpa do réu, mas o cadáver não aparecera.
Quase ao final da sua sustentação oral, o advogado, temeroso de que seu cliente fosse condenado, recorreu a um truque:
- "Senhoras e senhores do júri, senhor Juiz, eu tenho uma surpresa para todos!" - disse o advogado olhando para o seu relógio...
- "Dentro de dois minutos, a pessoa que aqui se presume assassinada, entrará na sala deste Tribunal."
E olhou para a porta.
Os jurados, surpresos, também ansiosos, ficaram olhando para a porta.
Decorreram-se dois longos minutos e nada aconteceu.
O advogado, então, completou:
- "Realmente, eu falei e todos vocês olharam para a porta com a expectativa de ver a suposta vítima. Portanto, ficou claro que todos têm dúvida neste caso, se alguém realmente foi morto. Por isso insisto para que vocês considerem o meu cliente inocente". (In dubio pro reo) na dúvida a favor do réu.
Os jurados, visivelmente surpresos, retiraram-se para a decisão final.
Alguns minutos depois, o júri voltou e pronunciou o veredicto:
- "Culpado!"
- "Mas como?" perguntou o advogado... "Eu vi todos vocês olharem fixamente para a porta, é de se concluir que estavam em dúvida! Como condenar na dúvida?"
E o juiz esclareceu:
- "Sim, todos nós olhamos para a porta, menos o criminoso..."
(autor desconhecido)

Morte e Vida Severina em Animação [Completo].Poesia

Árias e Canções. Alphonsus de Guimaraens. Poesia

Árias e Canções
Alphonsus de Guimaraens

II
A suave castelã das horas mortas
Assoma à torre do castelo. As portas,

Que o rubro ocaso em onda ensanguentara,
Brilham do luar à luz celeste e clara.

Como em órbitas de fatias caveiras
Olhos que fossem de defuntas freiras,

Os astros morrem pelo céu pressago...
São como círios a tombar num lago.

E o céu, diante de mim, todo escurece...
E eu que nem sei de cor uma só prece!

Pobre alma, que me queres, que me queres?
São assim todas, todas as mulheres.

sábado, maio 17, 2014

O Coral Inesperado - A.C.Camargo Cancer Center Medicina. Música

MAR. Charles Fonseca. Poesia

MAR
Charles Fonseca

Uma rede céu e mar
Um azul esgarças brancas
Nuvens corpo balança
Nas ondas a marulhar

Uma mulher vai e vem
Na vazante da maré
Espera amar ele até
E ele chamego tem.

FADA. Charles Fonseca. Fotografia

Os fiéis leigos. Igreja.Cristianismo

Os fiéis leigos

897. «Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos com excepção dos membros da ordem sacra ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, constituídos em povo de Deus e feitos participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, na Igreja e no mundo, a missão de todo o povo cristão» (437).

Catecismo

Sarcophagus and mummy of Taosir, Dyn. 26. Escultura

O cachorro velho e seu amo. Esopo. Fábula. Prosa

O cachorro velho e seu amo
Esopo

A um Galgo velho, que havia sido muito bom, se lhe foi uma lebre dentre os dentes, porque quase já os não tinha. O amo por isso o açoitou cruelmente, e lançou de si, como cousa que nada valia. Disse o Galgo:
- Deves, senhor, lembrar-te como te servi bem enquanto era moço, quantas lebres tomei, e quanto me estimavas: agora que sou velho, e estou posto no osso, por uma que me fugiu, me açoutas, e lanças fora, devendo perdoar-me e pagar-me bem o muito que te tenho servido.

sexta-feira, maio 16, 2014

André Rieu - Valsa do Imperador (Kaiser-Walzer).

VÉSPERAS. Charles Fonseca. Poesia

VÉSPERAS
Charles Fonseca

Rosa fundo amarelo
Detém-lhe um talo duro
Sustém algo maduro
Separar sépalas quero

Abrir-lhe aos poucos pétalas
Tal e qual um colibri
A ti, flor, eu cobrir
Minha sombra ‘té as vésperas.

Geronimo Santana cantando o Hino do Senhor do Bonfim - Oxalá. Igreja. Cristianismo

Sem ninguém saber por quê. Vinicius de Moraes. Poesia

Sem ninguém saber por quê
Vinicius de Moraes

Porém, se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer

Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho seja triste pra você
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
Os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois

Alonso Berruguete, 1526-1532, São Cristóvão, madeira, Museu Nacional de esculturas religiosas, Valadolid. E39. Escultura

quinta-feira, maio 15, 2014

O ofício de governar. Igreja. Cristianismo

O OFÍCIO DE GOVERNAR

894. «Os bispos dirigem as suas Igrejas particulares, como vigários e legados de Cristo, mediante os seus conselhos, incitamentos e exemplos; mas também com a sua autoridade e com o seu poder sagrado» (432), que, no entanto, devem exercer para edificação naquele espírito de serviço que é próprio o do seu Mestre (433).

895. «Este poder, que eles exercem pessoalmente em nome de Cristo, é um poder próprio, ordinário e imediato. O seu exercício, contudo, está regulado em definitivo pela autoridade suprema da Igreja» (434). Mas os bispos não devem ser considerados como vigários do Papa; a autoridade ordinária e imediata deste sobre toda a Igreja, não anula, pelo contrário, confirma e defende, a daqueles. A autoridade episcopal deve exercer-se em comunhão com toda a Igreja, sob a direção do Papa.

896. O Bom Pastor há-de ser o modelo e a «forma» do múnus pastoral do bispo. Consciente das suas fraquezas, «o bispo pode mostrar-se indulgente para com os ignorantes e os transviados. Não se furte a atender os que de si dependem, rodeando-os de carinho, como a verdadeiros filhos [...]. Quanto aos fiéis, devem viver unidos ao seu bispo como a Igreja a Jesus Cristo e Jesus Cristo ao Pai» (435).

«Segui todos o bispo, como Jesus Cristo o Pai; e o presbitério como se fossem os Apóstolos; quanto aos diáconos, respeitai-os como à lei de Deus. Ninguém faça, à margem do bispo, nada do que diga respeito à Igreja» (436)

Catecismo

SANTO ANTÔNIO DE LISBOA. Florianópolis. Fotografia.

O filhote de cervo e sua mãe. Esopo. Fábula. Prosa

O filhote de cervo e sua mãe
Esopo

Certa vez um jovem cervo conversava com sua mãe:
- Mãe você é maior que um lobo, e também mais veloz, e possui chifres poderosos para se defender, por que então você os teme tanto?
A mãe amargamente sorriu e disse:
- Tudo que você falou é verdade meu filho, mesmo assim quando eu escuto um simples latido de lobo, me sinto fraca e só penso em correr o mais que puder.

Moral da Estória:
Argumento algum é capaz de tornar bravo um covarde.

Cães felizes na Austrália. Cão

MOLE. Charles Fonseca. Poesia

MOLE
Charles Fonseca

Sei que ela vem chegando
Mansinho pé ante pé
É saudade de mulher
Melhor não ficar chorando

Quem sabe fazer poema
Arriscar até u'a prosa
Sem espinho só com rosa
Sei que volto à cantilena

De dizer que não demore
Que assim eu fico triste
Nenhum homem assim resiste
Sem mulher, juro, não é mole.

quarta-feira, maio 14, 2014

Christian Daniel Rauch, 1842-1852, Caridade, Esperança e Fé Coleção Pública. E39. Escultura

Medicina eleitoral: o diagnóstico está claro, assim como o remédio! Rodrigo Constantino. Medicina

Medicina eleitoral: o diagnóstico está claro, assim como o remédio!
Rodrigo Constantino


Em artigo publicado hoje no GLOBO, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) resume bem a postura do governo Dilma em relação à saúde pública no país, citando especificamente o programa Mais Médicos. Sidnei Ferreira toca no ponto certo ao frisar o caráter eleitoreiro do programa: “Ocultando a verdade e distorcendo os fatos, a presidente tenta, desesperadamente, contabilizar os últimos dividendos do investimento eleitoral”.

Ele se referia ao comentário esdrúxulo da presidente Dilma, de que os médicos estrangeiros eram mais atenciosos do que os brasileiros, e esta seria a razão pela qual prefeitos estariam substituindo uns pelos outros. Nada mais falso! Como Ferreira lembra, o motivo é mais comezinho e prosaico, e também mesquinho: agindo assim, os prefeitos jogam a conta para o governo federal, apenas isso:

Na verdade, médicos brasileiros estão sendo substituídos por médicos estrangeiros pelos prefeitos pelo abjeto motivo de diminuir ainda mais os investimentos na saúde e fazer propaganda eleitoral, enganando a boa vontade e a crença do povo. O cidadão pode ser enganado por confiar, por não resistir à propaganda de bilhões de reais, mas não é bobo. As denúncias se multiplicam e pode ser que as despesas tenham sido em vão.

No seu contumaz autoritarismo, o governo, esquecendo a responsabilidade conferida pelo voto, não usou o Revalida e tirou dos conselhos regionais o dever de registrar os médicos do programa. Sabia que os conselhos não registrariam médicos estrangeiros que não fossem submetidos ao exame, inaptos a atuarem no nosso país. Restou o direito e dever de fiscalizar.

A acusação feita pelo presidente do Cremerj é séria. Ele alega que as autoridades não cumpriram as leis, e sequer deram respostas dignas às suas indagações e solicitações. O Cremerj diz ter encontrado algumas unidades de saúde com médicos estrangeiros fazendo assistência, atuando sem supervisão ou preceptoria, sozinhos. Não foram avaliados e não se sabe se têm ou não capacidade para tal.

Para Sidnei Ferreira, o governo carece de “sensibilidade democrática”. Vale tudo pela eleição, para se perpetuar no poder, até mesmo “brincar” com a saúde do povo brasileiro. O Tribunal de Contas da União está de olho nas irregularidades, e os médicos estão indignados: “A negação do diálogo com as entidades médicas, o desrespeito e a soberba do governo transformam a decepção no desejo de lutar em defesa da profissão, da medicina de qualidade que praticamos e do atendimento digno que a população merece”.

O presidente do Cremerj cobra mais responsabilidade do governo. Mas sabemos que isso é pedir demais quando se trata do PT. Confesso que tenho dificuldade de entender como alguém pode votar no PT, a menos que coloque interesses mesquinhos acima de valores básicos da sociedade. Mas um médico? Aí já julgo algo impossível. Que médico seria capaz de dar seu voto a um partido que trata como bode expiatório dos males da saúde pública a própria categoria de médicos brasileiros?

O diagnóstico está claro: os problemas são agravados pelo populismo e pela demagogia do PT. O remédio também é bastante evidente: tirar o PT do poder nas próximas eleições!

http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/democracia/medicina-eleitoral-o-diagnostico-esta-claro-assim-como-o-remedio/

Bill Perlmutter. Fotografia

Click to view full size image

A Maria Ifigênia. Alvarenga Peixoto. Poesia

A Maria Ifigênia
Alvarenga Peixoto


Em 1786, quando completava sete anos.



Amada filha, é já chegado o dia,
Em que a luz da razão, qual tocha acesa,
Vem conduzir a simples natureza:
— É hoje que teu mundo principia.

A mão que te gerou, teus passos guia;
Despreza ofertas de uma vã beleza,
E sacrifica as honras e a riqueza
Às santas leis do Filho de Maria.

Estampa na tu' alma a Caridade,
Que amar a Deus, amar aos semelhantes,
São eternos preceitos de verdade;

Tudo o mais são idéias delirantes;
Procura ser feliz na Eternidade,
Que o mundo são brevíssimos instantes.

terça-feira, maio 13, 2014

Minha delicada enteada. Charles Fonseca. Fotografia

Mito e messianismo como obstáculo à democracia. Suely Monteiro. Política

Conflitos Contemporâneos: Morte da civilização ou emergência de um novo paradigma social?


Suely Monteiro


O voo era longo e eu estava com frio não conseguindo dormir. Assim tomei do meu leitor de livros e comecei a ler um trecho de Filosofia Política quando a conversa no banco da frente me chamou a atenção e fiquei ouvindo o diálogo que desenrolava sobre a violência social, os quebra-quebras que estavam ocorrendo em várias regiões do Brasil, e as possíveis causas de tanto desequilíbrio, de tanta loucura. Em determinado momento um dos debatedores afirmou categoricamente: “É o fim da civilização. Cada vez mais próxima, a morte da civilização vai transformando o homem, tornando-o fera e nossos filhos, brevemente, estarão disputando como no antepassado, territórios uns dos outros, usando a força em detrimento da razão e a inteligência como instrumento de construção de armas para a destruição. Não tenho esperança na humanidade a menos que surja um outro Salvador, pois o primeiro não deu conta do recado” – lamentou rematando.

Esta fala direcionou a minha mente para O Mito do Consenso Americano – artigo do americano Gary Andres, 2010, sobre a estratégia eleitoral de Barack Obama referendada sob o mito do consenso político americano, que mostra o desalento do povo ao descobrir que o presidente eleito, longe de ser o messias, não passava de um homem cujos projetos de Salvador da Pátria estavam desmoronando.

Fiquei pensando no quanto a ignorância, a falta de conhecimento nos confunde a visão dos fatos. E, confiante que sou, resolvi buscar em outros autores o reforço para mostrar que diferentemente do que pensam os debatedores , a civilização não vive seus momentos finais e que as dores, o crime organizado, a violência, as guerras de todas as espécies, sinalizam não o final de uma civilização, mas a transição para um novo modelo de fazer política, baseado na implantação da cultura da Paz


O Artigo do Gary Andres

Com leveza e muita clareza o jornalista do Hearst Newspaper descreve a campanha de Barack Obama e suas estratégias para vencer as eleições. Segundo Gary, Obama valeu-se do pensamento infiltrado nas mentes americanas em relação ao consenso político que permeiam as relações e negociações governamentais. O consenso político embora exista é muito menor do que a população acredita e, no fundo, no fundo, não passa de um instrumento de oratória para ganhar eleições e que cai por terra na hora de definir situações e elaborar leis. Ele cita como exemplo os casos relacionados à reforma do sistema de saúde e o estímulo à economia a que todos americanos apoiavam. Neste último caso, quando o congresso se reuniu para discutir o assunto, a

... coisa descambou para um circo partidário, no qual todos os democratas apoiavam a sua versão do pacote de estímulo e os republicanos promoviam ideias completamente diferentes (ANDRES,2010).

Assim, ele continua:

...Toda a discórdia gerada durante aqueles e outros debates simplesmente afugentou as pessoas porque elas acreditam que o consenso não deve ser algo difícil de se obter. Hibbing e Theiss-Morse escrevem: ‘As pessoas não gostam do conflito político porque elas pensam que resolver esses conflitos é muito fácil, mas na realidade isso é muito difícil (GARY,2010).

O fato de os políticos fazerem suas campanhas fundamentadas em bases falsas, mitológicas leva o povo a acreditar que tudo é muito simples, quando a realidade é bem diferente. É muito complicado chegar a um consenso quando diferentes posições sócio-econômico-financeira estão em jogo. Citando, ainda, como exemplo a população norte americana, analisada sob a ótica de Gary, mas ampliando a ação do modelo até o Brasil, chegamos a uma constatação muito séria de que o mito pode ajudar a ganhar eleições, mas não colabora para manter coesa a bancada governamental e esta falta de coesão nas tomadas de decisões, macula o congresso como instituição na medida em que o legislativo não cumpre as promessas eleitorais. Isto está acontecendo com Obama e, acontece, no Brasil, com Dilma.

A abordagem do congresso americano em relação às legislações de estímulo econômico, o comércio internacional de emissões e o sistema de saúde trouxe à tona as divisões entre o eleitorado americano e os conflitos entre os eleitores pesaram na queda dos índices de aprovação do congresso nos 12 meses seguintes à elaboração do artigo, ou seja no ano de 2011. Dilma, também, eleita pelos efeitos mitológicos disseminados por uma mitologicamente campanha bem construída, com a imagem de salvadora da Pátria, vem despencando nas pesquisas eleitorais. A questão é que de messias eles se transformam numa grande decepção para todos os que apostaram neles na expectativa de que viriam solucionar os problemas do povo e imprimir uma nova ordem mundial.


MITO E MESSIANISMO COMO OBSTÁCULO À DEMOCRACIA

Abbagnano em Dicionário de Filosofia dá ao verbete “mito” três acepções, originárias de Aristóteles. Uma delas nos interessa para este artigo: Instrumento de estudo social. (ABBAGNANO, 2008, ps.784/5), pois nos ajuda a compreender a ação do marketing eleitoreiro na manipulação das emoções e sentimento do povo, para com eles construir imagens de heróis e ídolos capazes de solucionar todos os problemas a sociedade. Assim sendo, homens e mulheres comuns, candidatos a um cargo de representação social são elevados à categoria mitológicas de messias vindos para salvar o povo do sofrimento e oferecer-lhe na terra um paraíso que o Mestre dos mestres disse que só seria possível no Céu.

Ao tirar partido dessas situações o político carreia para a democracia as consequências geradas por seus atos inconsequentes, uma vez que prometem um mundo de fantasia, mas encontra dificuldades para colocar em prática no mundo real, as exacerbadas promessas feitas enquanto líder investido do papel de messiânico, salvador da pátria. Cegados pela ambição, caem no fosso que existe entre a retórica messiânica de salvador do mundo e a prática de governar realisticamente ou como no dizer de Maquiavel, com a arte de fazer o possível. Com o passar do tempo começam a ser cobrados por leis e obras que não conseguiram realizar e que sabiam, antecipadamente, que não seriam viáveis. Para se safarem das responsabilidades não cumpridas e se manterem no poder, atrelam-se a novas concepções míticas para que a população sem condições de analisar profundamente os processos que encobrem esses falseamentos, continuem esperando por um milagre que nunca chega.

Quem poderá me ajudar? – pergunta o jovem vestido de jeans e máscaras, lutando para obter a terra e os frutos prometidos pelo messias ilusório, ao repórter que o leva aos milhares de lares pela televisão.


OPINIAO PÚBLICA, IMPRESSA E DEMOCRACIA

Não se pode negar a importância da impressa no processo democrático e tentar calar este instrumento é um retorno impensável à ditadura. A mídia é poderosa. A sua posição ajuda a formar uma opinião pública mais realista, desfazendo os enganos e trazendo à tona as sujeiras que se pretende fique debaixo dos tapetes, ou se o seu exercício estiver a serviço de interesses menos dignos, a mascarar uma situação que impedirá por muito tempo o crescimento, a expansão da liberdade e da iniciativa consciente do cidadão. Mas, qual é o papel da imprensa? Ela poderá ajudar o jovem vestido de jeans e de máscaras? Ajudar em que sentido? Estas perguntas, ainda continuam sem respostas, muito embora estejam sendo muito esperadas, uma vez que a imprensa na contemporaneidade, para alguns está ultrapassando sua área de atuação e invadindo a área da fiscalização, quando o seu papel é somente informar os fatos tais como esses apresentam a ela. Por outro lado, existem aqueles que advogam que se o modelo clássico de uma democracia evoca os três poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário, na atualidade, a impressa forma o quarto poder e por isto sua área de atuação expande-se para que ela possa ir além de como os fatos lhe são apresentados para apurá-los em sua profundida e informar com segurança. Enquanto não se definem estes papeis, é importante ter em mente, que não existe democracia com uma imprensa controlada, com censura prévia do material cultural produzido e, que cada vez mais, a imprensa se torna um instrumento para que o cidadão se manifeste, troque experiência e cobre dos poderes a realização daquilo a que a sociedade tem direitos estabelecidos por contrato.


A POLITICA COMO OUTRA FORMA DE FAZER A GUERRA

Ligar a televisão, abrir o jornal é deparar-se com cenas de violência, de guerras no Irã, no Iraque e ficamos contentes por que afinal de contas no Brasil não existem guerras. Será? A noção ainda mais divulgada de guerra é a que se relaciona com tiros, canhões, bombardeios aéreos, marítimos e bombas nucleares. No entanto, cada vez mais as guerras estão se formando como nuvens poderosas, nos bastidores das grandes instituições que se monitoram mutuamente, nas redes sociais e, por incrível que pareça, na política. Todavia é uma guerra diferente, sem o uso das armas, mas uma guerra de poderes e saberes. É uma guerra feita de estratégia, tática, recurso, meio e expediente. Foucault dirá que a política é a guerra continuada por outros meios e esta afirmação


... em primeiro lugar, decorre de que as relações de poder, em nossa sociedade, caracterizam-se, sobretudo, como relação de força, estabelecida em determinado momento, historicamente precisável, na guerra e pela guerra. Portanto o poder político pode parar a guerra ou fazer reinar a paz, mas não pode suspender os efeitos da guerra. O poder político tem a função de “reinserir perpetuamente” essa relação de força mediante uma “guerra silenciosa (FOUCAULT, 1999, p. 23).


A afirmação pressupõe que a maneira de acabar com a guerra continuada é dar fim ao poder político. Para o pensador francês, a sociedade mudou e o poder expandiu-se para além do Estado, instalando-se em micro-organismos, tais como escolas, famílias, locais de trabalho entre outros, ou seja, o poder está na sociedade o que de certa forma responsabiliza cada um pelos acontecimentos. O poder deixa de central para ser constelações de micro poderes, vinculados aos diferentes saberes, pois Foucault vincula saber e poder ao pensar na força política.


CONCLUSÃO

Existe, portando, uma vinculação, ainda que imperceptível ao primeiro olhar, às ideias tratadas neste trabalho quando se pensa que a grande solução da sociedade contemporânea - a Comunicação - é, também, seu grande problema quando esbarra com o jogo que se faz do poder-saber, da (des)-informação. Cristóvam Buarque em “Democracia e Globalização: os noves tipos de paz” (BUARQUE,2007 pg. 17) sugere que:

... o mundo global do sec. XXI é um imenso Mundo Terceiro Mundo, com países de maioria da população de baixa renda e países com maioria de população de alta renda, (grifo do autor), mas em ambos os grupos havendo parcelas ricas e parcelas pobres, diferenciando-se apenas, dentro de cada país, a proporção entre uma e outra dessas parcelas (...) o resultado será a tragédia moral da exclusão aceita, pelo sentimento de dessemelhança que já começa a espalhar pelo mundo entre ricos e pobres.



Entendendo que estas divergências no campo econômico, embora não sejam únicas, se refletem no campo social traduzindo-se por maiores ou menores facilidades para a aquisição do conhecimento, supõe-se que a Democracia tem também este obstáculo para superar. É bom ter em conta que vivemos num mundo em que existem muitos políticos, empresários e marqueteiros criadores de mitos de vida curta e ídolos da vaidade, que dificultam a promoção do conhecimento e que governam desalinhados do desejo de atender ao bem comum, mas com vistas aos interesses próprios. Para esses quanto mais ignorantes e desordeiros melhor, pois justificam suas ações e prepotência.

Então, não existe um meio de solucionar esta situação-problema? Claro que existe. Trata-se de implantar uma política voltada para o cultivo da paz. Somente esta política poderá solucionar e responder a pergunta do jovem de jeans e máscara. E um dos principais e primordiais passos para a implantação dessa política é a Educação voltada para a paz, começando na individualidade do lar, para agregar, aos poucos, Escolas, Igrejas, Centros Comunitários, até que alcance os palanques para finalmente formar um novo paradigma político social. O reencontro com os valores esquecidos que aproximam os seres humanos e os transforma em irmãos, fará os políticos atuarem com Ética. Uma Ética preferencialmente planetária, na medida em que este novo modelo for se expandindo.


Longe de pensar neste novo modelo como uma utopia, aquele jovem de jeans realiza suas revoluções esperando colaboração para constitui-lo. Ele luta, na verdade, por Liberdade, Igualdade e Fraternidade, planta que não frutificou com a revolução francesa, desejando que novos frutos surjam dos brotos que ficaram e que ele sejam doces como são o respeito pelo outro, a solidariedade com o outro e a cooperação com o outro.

Este, parece à autora o novo paradigma político que o mundo almeja e que desponta com a principiante renovação dos valores civilizatórios, acontecendo entre estertores que lembram a morte, mas que na verdade, significam somente as dores do parto.



REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS


ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Martins Fontes. São Paulo-SP. 2007

BLOG QUINTUS. Uma nova forma de fazer a guerra. Fonte: http://movv.org/2014/01/22/de-uma-nova-forma-de-fazer-a-guerra-dos-destinos-de-portugal-e. Acessado em 30.03.2014.
CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus. Mitologia Ocidental. Palas Athenas. Rio de Janeiro-RJ. 2008.

BUARQUE, Cristóvam. Democracia e globalização: Os nove tipos de paz in A paz como caminho. Qualitymark. Rio de Janeiro. RJ 2007

HEARST NEWPAPER. Andres, Gary. O mito do consenso político norte-americano. Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/hearst/2010/04/17/o-mito-do-consenso-politico-norte-americano.jhtm. Acessado em 17/04/2010.

.
Postado por Suely Monteiro às 11:59 Links para esta postagem
Marcadores: Dilma, Gary Andres, Obama, Paz, Poder, Politica

BEIJO. Charles Fonseca. Fotografia

GERÚNDIO. Charles Fonseca. Poesia

GERÚNDIO
Charles Fonseca

Mulher, estás começando
Um homem em ti se perdendo
Os dois em si se ardendo
Na chama do gozo chamando

Por mais um pouco não sendo
O fim só sendo o início
O meio de novo indício
Clamando vem mais, ‘stou querendo.

Salvador. Bahia. Fotografia


segunda-feira, maio 12, 2014

O Guardador de Águas. Manoel de Barros. Poesia

O Guardador de Águas
de "O Guardador de Águas", Ed. Civilização Brasileira.


I
O aparelho de ser inútil estava jogado no chão, quase
coberto de limos -
Entram coaxos por ele dentro.
Crescem jacintos sobre palavras.
(O rio funciona atrás de um jacinto.)
Correm águas agradecidas sobre latas...
O som do novilúnio sobre as latas será plano.
E o cheiro azul do escaravelho, tátil.
De pulo em pulo um ente abeira as pedras.
Tem um cago de ave no chapéu.
Seria um idiota de estrada?
Urubus se ajoelham pra ele.
Luar tem gula de seus trapos.

II
Esse é Bernardo. Bernardo da Mata. Apresento.
Ele faz encurtamento de águas.
Apanha um pouco de rio com as mãos e espreme nos vidros
Até que as águas se ajoelhem
Do tamanho de uma lagarta nos vidros.
No falar com as águas rás o
exercitam.
Tentou encolher o horizonte
No olho de um inseto - e obteve!
Prende o silêncio com fivela.
Até os caranguejos querem ele para chão.
Viu as formigas carreando na estrada 2 pernas de ocaso
para dentro de um oco... E deixou.
Essas formigas pensavam em seu olho.
É homem percorrido de existências.
Estão favoráveis a ele os camaleões.
Espraiado na tarde -
Como a foz de um rio - Bernardo se inventa...
Lugarejos cobertos de limo o imitam.
Passarinhos aveludam seus cantos quando o vêem.

V
Eles enverdam jia nas auroras.
São viventes de ermo. Sujeitos
Que magnificam moscas - e que oram
Devante uma procissão de formigas...
São vezeiros de brenhas e gravanhas.
São donos de nadifúndios.
(Nadifúndio é lugar em que nadas
Lugar em que osso de ovo
E em que latas com vermes emprenhados na boca.
Porém.
O nada destes nadifúndios não alude ao infinito menor
de ninguém.
Nem ao Néant de Sartre.
E nem mesmo ao que dizem os dicionários:
coisa que não existe.
O nada destes nadifúndios existe e se escreve com letra
minúscula.)
Se trata de um trastal.
Aqui pardais descascam larvas.
Vê-se um relógio com o tempo enferrujado dentro.
E uma concha com olho de osso que chora.
Aqui, o luar desova...
Insetos umedecem couros
E sapos batem palmas compridas...
Aqui, as palavras se esgarçam de lodo.

VIII
Idiotas de estradas gostam de urinar em morrinhos de
formigas. Apreciam de ver as formigas correndo de
um canto para o outro, maluquinhas, sem calças, como
crianças. Dizem eles que estão infantilizando as
formigas. Pode ser.

XX
Com 100 anos de escória uma lata aprende a rezar.
Com 100 anos de escombros um sapo vira árvore e cresce
por cima das pedras até dar leite.
Insetos levam mais de 100 anos para uma folha sê-los.
Uma pedra de arroio leva mais de 100 anos para ter murmúrios.
Em seixal de cor seca estrelas pousam despidas.
Mariposas que pousam em osso de porco preferem melhor
as cores tortas.
Com menos de 3 meses mosquitos completam a sua
eternidade.
Um ente enfermo de árvore, com menos de 100 anos, perde
o contorno das folhas.
Aranha com olho de estame no lodo se despedra.
Quando chove nos braços da formiga o horizonte diminui.
Os cardos que vivem nos pedrouços têm a mesma sintaxe
que os escorpiões de areia.
A jia, quando chove, tinge de azul o seu coaxo.
Lagartos empernam as pedras de preferência no inverno.
O vôo do jaburu é mais encorpado do que o vôo das horas.
Besouro só entra em amavios se encontra a fêmea dele
vagando por escórias...
A 15 metros do arco-íris o sol é cheiroso.
Caracóis não aplicam saliva em vidros; mas, nos brejos,
se embutem até o latejo.
Nas brisas vem sempre um silêncio de garças.
Mais alto que o escuro é o rumor dos peixes.
Uma árvore bem gorjeada, com poucos segundos, passa a
fazer parte dos pássaros que a gorjeiam.
Quando a rã de cor palha está para ter - ela espicha os
olhinhos para Deus.
De cada 20 calangos, enlanguescidos por estrelas, 15 perdem
o rumo das grotas.
Todas estas informações têm uma soberba desimportância
científica - como andar de costas.

FREUD, MEU CÃO PASTOR. Charles Fonseca. Fotografia


O ofício de santificar. Igreja. Cristianismo

O OFÍCIO DE SANTIFICAR

893. O bispo tem igualmente «a responsabilidade de dispensar a graça do sumo sacerdócio» (430), em particular na Eucaristia, que oferece pessoalmente ou cuja celebração pelos presbíteros seus cooperadores ele garante. É que a Eucaristia é o centro da vida da Igreja particular. O bispo e os presbíteros santificam a Igreja com a sua oração e o seu trabalho, bem como pelo ministério da Palavra e dos sacramentos. E também a santificam com o seu exemplo, actuando «não com um poder autoritário sobre a herança do Senhor, mas como modelos do rebanho» (1 Pe 5, 3). Assim «chegarão, com o rebanho que lhes está confiado, à vida eterna» (431).

Catecismo

domingo, maio 11, 2014

Florianópolis. Fotografia. Charles Fonseca


O feixe de varas. Esopo. Fábula. Prosa

O feixe de varas
Esopo

Era uma vez um pai cujos filhos viviam brigando entre si. Tentou ensiná-los a evitar aquelas discussões, mas em vão.
Um dia chamou-os todos e mostrou-lhes um feixe de varas. Disse-lhes:
- Dou um prêmio a quem conseguir quebrar este feixe de varas.

Cada um dos filhos experimentou, curvando o feixe nos joelhos, no pescoço, sem conseguir quebrá-lo.
Por fim, o pai desamarrou o feixe e partiu as varas, uma a uma. E lhes falou:
- Se vocês se mantiverem unidos, ninguém ousará lutar contra vocês.
Se se separarem, estão perdidos.

Moral da Estória:
A união faz a força.

Caetano Veloso - Mãe. Música

PÉTREO. Charles Fonseca. Fotografia


Pulchra Ut Luna. Alphonsus de Guimaraens. Poesia

Pulchra Ut Luna
Alphonsus de Guimaraens

Celeste... É assim, divina, que te chamas.
Belo nome tu tens, Dona Celeste...
Que outro terias entre humanas damas,
Tu que embora na terra do céu vieste?

Celeste... E como tu és do céu não amas:
Forma imortal que o espírito reveste
De luz, não temes sol, não temes chamas,
Porque és sol, porque és luar, sendo celeste.

Incoercível como a melancolia,
Andas em tudo: o sol no poente vasto
Pede-te a mágoa do findar do dia.

E a lua, em meio à noite constelada,
Pede-te o luar indefinido e casto
Da tua palidez de hóstia sagrada.

August Wilhelm Nikolaus Hagborg - uma briga de amantes - Coleção particular. Pintura

Cidade do Salvador da Baía de Todos os Santos. Fotografia



Porque estigmatizam o psiquiatra. Marcelo Ferreira Caixeta. Medicina

PORQUE SEU PACIENTE ( e você também ) ESTIGMATIZAM O PSIQUIATRA ( "todo paciente que eu encaminho me diz : "você está me encaminhando para médico de "doidos"?)
Marcelo Ferreira Caixeta

1) Não pensem que vou "puxar a sardinha" pro meu lado. A culpa, primeiramente, é de nós psiquiatras mesmos. 1.a. ) Durante muitos anos, no Brasil, ficamos "ganhando dinheiro" em hospícios superlotados, "depósitos de gente", "queimando nosso filme" e dando grana para "empresários da saúde". 1.b.) Ainda hoje, mantemos a postura de "frios", "pouco sensíveis". 1.c ) truculentos : "só sabem tacar remédio na gente", "só sabem dopar", "ele me disse : eu não converso sobre isto, vou lhe encaminhar para a psicóloga". 1.d. ) inaptos para as necessidades dos pacientes : "aquele médico que o senhor me encaminhou, doutor, me mandou uns comprimidos que eu capotei três dias e tres noites seguidos. 1.e) desinteressados pelo que é "humano" : já me recebe com a receita na mão, após 3 minutos de conversa. 1.d.) Ainda agora, no Governo, aceitamos , nos Caps, sermos os "apêndices prescritores" dos paramédicos, estes os verdadeiros "humanos" ( nós só aparecemos para "dopar quem tá doido"). 1.f. ) aceitamos empregos, em hospitais, governos, empresas, que não nos dão o menor tempo para "conversar com o paciente", somos "tocadores de serviço" e, mais uma vez, "dopadores".
2) Portanto, antes de encaminhar , procure conhecer um médico psiquiatra que não "dope", não seja "frio", que converse, que não "pese a mão" . É claro que , pelo SUS, você não vai ter isto, mas vá educando seu paciente de que tudo que é bom demanda custos.
3) Explique que está encaminhando para um médico especialista em problemas "emocionais", "problemas psicológicos", "problemas psicossomáticos", " problemas psicoterápicos", "medicina psicológica", "psicologia médica" , médico psicoterapeuta, médico especialista em problemas psicológicos, problemas de comportamento( repito, para isto, você, de FATO, tem de encaminhar para um psiquiatra que preste, senão, além de propaganda enganosa, você vai queimar seu filme com o paciente).
4) Procure também colegas que trabalhem em ambientes "não-psiquiátricos", ou seja, lugares sem estigma, limpos, alegres, sem "loucos babando pelo chão", sem "loucos presos em celas". Há muitos psiquiatras, eu inclusive, que trabalham em locais que em nada diferem de outros consultórios e de outros hospitais, inclusive, no local onde trabalho, evito que se tenha o nome "psiquiatra" ou "psiquiatria" escrito em qualquer lugar, pois reconheço que o estigma é enorme.
4) Se o paciente perguntar se você está encaminhando para médicos de doidos, diga que o " especialista médico em problemas psicológicos" lida , na maioria das vezes, com pessoas normais, que não tem nada de "doido", lida com depressões, ansiedades, fobias, problemas emocionais que não têm nada de doido.
5) Se o paciente ainda bater o pé contra, pode dizer que, "queira ou não, agradando ou não, é o tipo de médico que está mais capacitado, na teoria e na prática, para lidar com problemas do tipo do que você está apresentando". "Eu poderia encaminhar você para um médico que não é psiquiatra, mas não iria resolver seu problema".
6) Como reconhecer um bom psiquiatra ? a) que seja humano, paciente, calmo, goste de conversar, de preferencia alegre, de bom-humor, camarada, simples, amigo, sincero. b) que não seja um tarado que vai sair cantando todo mundo ( há muitos "colegas" que se aproveitam das fragilidades emocionais-sexuais dos pacientes ). c) que não seja um mercenário, pois estes geralmente são ou frios ou falsos. d) que não seja mão-pesada e goste de dopar. e) que tenha tido uma boa formação, o que inclui no mínimo dois anos de estágio hospitalar psiquiátrico ( só ambulatório não forma psiquiatras competentes, pois os casos graves só baixam no hospital ). f) que faça psicoterapia com seus pacientes ( isto implica que, quando um paciente queira conversar com ele , o psiquiatra não o "mande falar com a psicóloga").
7) É importante notar-se que ninguém gosta de ser chamado ou tido como "doido", isto diminui a pessoa, discrimina, estigmatiza, é um "xingamento". Por isto é importante informar que o "médico especialista em problemas emocionais para quem eu lhe estou encaminhando lida com pessoas , pacientes, que não são doidos, não tem nada a ver com loucura".
8 ) Caso não haja psiquiatras suficientes, há maneiras muito fáceis de formá-los, basta que façam estágios hospitalares em locais adequados. Isto gera um grande problema, que eu vivo na pele. Médicos recém-formados que me pedem estágio vão um dia ou dois, mas depois, movidos pela proverbial ganância médica, começam a ganhar dinheiro em Caps ou em plantões ou em hospitais e locais sem orientação , e abandonam qualquer formação mais séria ( repito, demanda no minimo dois anos de prática hospitalar pesada ). Estes eu os encontro depois de 6 anos, "fazem a prova-de-título da Assoc.Bras.Psiquiatria" , que é uma "manha" ( pelo menos tem sido até hoje, inclusive prova puramente teórica ) , e acabam "virando psiquiatras" sem a menor formação adequada.

sábado, maio 10, 2014

Horst P. Horst. Fotografia

Clique para ver a imagem em tamanho real

Collucini, Lelio - Samba, bronze

VENTURA. Charles Fonseca. Poesia

VENTURA
Charles Fonseca

Despetalou mal-me-quer
O bem-te-vi me falou
Que fez de ti uma dor
Na minha vida, mulher

Chorou longe o quero-quero
Rolinha fogo-apagou,
Canário pra longe voou
Araponga o martelo

Bateu longe saracura
Acauã não dá um pio
Sem-fim foge do frio
Amor que se foi, ventura.

Presença Real de Jesus na Eucaristia. Igreja. Cristianismo

Soneto do maior amor. Vinicius de Moraes. Poesia

SONETO DO MAIOR AMOR
Vinicius de Moraes
Oxford , 1938

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.