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sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Família é pra sempre!

EMBORA. Charles Fonseca. Poesia

EMBORA
Charles Fonseca.

Agora dá-me tua mão
Chega atroz o cansaço
De tanto esperar abraço,
Por ora desejo vão .

Agora fraco dos passos
A alma em agonia
Meu corpo por ar ansia,
Por ora dá-me um abraço.

Agora dou-te meu beijo
Aquele que sempre foi teu
Do amor que nunca morreu,
Por ora em dor, arquejo.

Dá-me um abraço agora
A ceifadeira espia
Minha alma ao céu aspira
Já vou meu amor, embora.

quinta-feira, fevereiro 27, 2014

O BRASIL ESTÁ COM VERGONHA. Joaquim Barbosa - Desabafa Após Absolvição De MENSALEIROS

ALFAZEMA. Charles Fonseca. Poesia

ALFAZEMA
Charles Fonseca

Um cheiro de alfazema
pós banho na tenra idade
te ninar só tua vontade
depois berço cantilena

tu dormias eu sonhava
acordavas eu sorria
se choravas correria
choro agora ante nada

pois que és pra mim herdade
o meu filho tu criança
eu idoso em esperança
em ti, neto, que saudade!

Robert Capa. Fotografia

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O caminhante e a espada. Esopo. Fábula. Prosa

O caminhante e a espada

Achou um Caminhante uma Espada bem guarnecida em meio da estrada, e perguntou-lhe, quem a perdera, e deixara ali. Calou-se ela e esteve queda.
Depois, sendo outra vez perguntada, respondeu:

- Ninguém me perdeu a mim, ainda que me vês lançada neste chão, antes eu fiz perder a muita gente; que dando ocasiões a brigas, matei alguns homens de que resultou ficarem perdidos os matadores, e os mortos mais perdidos se não estavam em graça; porque caminharam para o Inferno.

Esopo

Aleh Ferreira - Homenagem a Altamiro (choro - 2003). Música

A caminho da unidade. Igreja

A CAMINHO DA UNIDADE

820. A unidade, «Cristo a concedeu à sua Igreja desde o princípio. Nós cremos que ela subsiste, sem possibilidade de ser perdida, na Igreja Católica, e esperamos que cresça de dia para dia até à consumação dos séculos» (283). Cristo dá sempre à sua Igreja o dom da unidade. Mas a Igreja deve orar e trabalhar constantemente para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela. Foi por esta intenção que Jesus orou na hora da sua paixão e não cessa de orar ao Pai pela unidade dos seus discípulos: «...Que todos sejam um. Como Tu, ó Pai, és um em Mim e Eu em Ti, assim também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste» (Jo 17, 21). O desejo de recuperar a unidade de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do Espírito Santo (284).

821. Para lhe corresponder de modo adequado, exige-se:

– uma renovação permanente da Igreja, numa maior fidelidade à sua vocação. Essa renovação é a força do movimento a favor da unidade (285);
– a conversão do coração, «com o fim levar uma vida mais pura segundo o Evangelho» (286), pois o que causa as divisões é a infidelidade dos membros ao dom de Cristo;
– a oração em comum, porque «a conversão do coração e a santidade de vida. unidas às orações, públicas e privadas, pela unidade dos cristãos, devem ser tidas como a alma de todo o movimento ecumênico, e com razão podem chamar-se ecumenismo espiritual» (287);
– o mútuo conhecimento fraterno (288);
– a formação ecumênica dos fiéis, e especialmente dos sacerdotes (289);
– o diálogo entre os teólogos, e os encontros entre os cristãos das diferentes Igrejas e comunidades (290);
– a colaboração entre cristãos nos diversos domínios do serviço dos homens »(291).

822. A preocupação com realizar a união «diz respeito a toda a Igreja, fiéis e pastores» (292). Mas também se deve «ter consciência de que este projecto sagrado da reconciliação de todos os cristãos na unidade duma só e única Igreja de Cristo, ultrapassa as forças e capacidades humanas». Por isso, pomos toda a nossa esperança «na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai para connosco e no poder do Espírito Santo» (293).

Catecismo

terça-feira, fevereiro 25, 2014

RIO ACIMA. Charles Fonseca. Poesia

RIO ACIMA
Charles Fonseca

Vai rio acima meu verso ligeiro
Nas margens ribeiras da ilusão
E diz pra ela que não desça não
Por essas vãs águas das cachoeiras.

Diz para a flor da verde campina
Que já não desça rio abaixo não
Não fique à margem desilusão
Da ribanceira, no rio acima.

Que no rio abaixo desce somente
Flores cadentes do que já se foi
Que novo sonho rebrote, pois,
Do rio à margem flor, fruto, semente.

Alexander Goltz Demetrius de 1898 - Um novo jogo. Pintura

cid: 01ff01c92e62 $ 5d5d5440 $ 0501a8c0 @ IDA

O camelo visto pela primeira vez. Esopo. Fábula. Prosa

O camelo visto pela primeira vez.
Esopo

Quando os humanos viram o camelo pela primeira vez, se assustaram e, atemorizados pelo seu grande tamanho, fugiram.
Porém, passado o tempo e vendo que era inofensivo, ficaram valentes e se aproximaram dele.
Logo vendo que o animal não conhecia a cólera, chegaram a domesticá-lo a ponto de colocar-lhe cabresto, deixando que as crianças o conduzissem.


Moral da Estória:
É natural que ao desconhecido tratemos sempre com receio e prudência. Depois de várias observações poderemos ter um juízo melhor.

James Abb. Fotografia

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segunda-feira, fevereiro 24, 2014

A Igreja é una. Igreja

I. A Igreja é una

«O SAGRADO MISTÉRIO DA UNIDADE DA IGREJA» (266)

813. A Igreja é una, graças à sua fonte: «O supremo modelo e princípio deste mistério é a unidade na Trindade das pessoas, dum só Deus, Pai e Filho no Espírito Santo» (267). A Igreja é una graças ao seu fundador: «O próprio Filho encarnado [...] reconciliou todos os homens com Deus pela sua Cruz, restabelecendo a unidade de todos num só povo e num só Corpo» (268). A Igreja é una graças à sua «alma»: «O Espírito Santo que habita nos crentes e que enche e rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e une-os todos tão intimamente em Cristo que é o princípio da unidade da Igreja» (269). Pertence, pois, à própria essência da Igreja que ela seja una:

«Que admirável mistério! Há um só Pai do universo, um só Logos do universo e também um só Espírito Santo, idêntico em toda a parte; e há também uma só mãe Virgem, à qual me apraz chamar Igreja» (270).

814. Desde a origem, no entanto, esta Igreja apresenta-se com uma grande diversidade, proveniente ao mesmo tempo da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas que os recebem. Na unidade do povo de Deus, juntam-se as diversidades dos povos e das culturas. Entre os membros da Igreja existe uma diversidade de dons, de cargos, de condições e de modos de vida. «No seio da comunhão da Igreja existem legitimamente Igrejas particulares, que gozam das suas tradições próprias» (271). A grande riqueza desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja. No entanto, o pecado e o peso das suas consequências ameaçam constantemente o dom da unidade. Também o Apóstolo se viu na necessidade de exortar a que se guardasse «a unidade do Espírito pelo vínculo da paz» (Ef 4, 3).

815. Quais são os vínculos da unidade? «Acima de tudo, a caridade, que é o vínculo da perfeição» (Cl 3, 14). Mas a unidade da Igreja peregrina é assegurada também por laços visíveis de comunhão:

– a profissão duma só fé, recebida dos Apóstolos;
– a celebração comum do culto divino, sobretudo dos sacramentos;
– a sucessão apostólica pelo sacramento da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da família de Deus (272).

816. «A única Igreja de Cristo [...] é aquela que o nosso Salvador, depois da ressurreição, entregou a Pedro, com o encargo de a apascentar, confiando também a ele e aos outros apóstolos a sua difusão e governo [...]. Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste (subsistit in) na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele» (273).

O decreto do II Concílio do Vaticano sobre o Ecumenismo explicita: «Com efeito, só pela Igreja Católica de Cristo, que é "meio geral de salvação", é que se pode obter toda a plenitude dos meios de salvação. Na verdade, foi apenas ao colégio apostólico, de que Pedro é o chefe, que, segundo a nossa fé, o Senhor confiou todas as riquezas da nova Aliança, a fim de constituir na terra um só Corpo de Cristo, ao qual é necessário que sejam plenamente incorporados todos os que, de certo modo, pertencem já ao povo de Deus» (274).

817. De facto, «nesta Igreja de Deus una e única, já desde os primórdios surgiram algumas cisões, que o Apóstolo censura asperamente como condenáveis. Nos séculos posteriores, porém, surgiram dissensões mais amplas. Importantes comunidades separaram-se da plena comunhão da Igreja Católica, às vezes por culpa dos homens duma e doutra parte» (275). As rupturas que ferem a unidade do Corpo de Cristo (a saber: a heresia, a apostasia e o cisma) (276) devem-se aos pecados dos homens:

«Ubi peccata, ibi est multitudo, ibi schismata, ibi haereses, ibi discussiones. Ubi autem virtus, ibi singularitas, ibi unio, ex quo omnium credentium erat cor unum et anima una — Onde há pecados, aí se encontra a multiplicidade, o cisma, a heresia, o conflito. Mas onde há virtude, aí se encontra a unicidade e aquela união que faz com que todos os crentes tenham um só coração e uma só alma» (277).

818. Os que hoje nascem em comunidades provenientes de tais rupturas, «e que vivem a fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da divisão. A Igreja Católica abraça-os com respeito e caridade fraterna [...]. Justificados pela fé recebida no Batismo, incorporados em Cristo, é a justo título que se honram com o nome de cristãos e os filhos da Igreja Católica reconhecem-nos legitimamente como irmãos no Senhor» (278).

819. Além disso, existem fora das fronteiras visíveis da Igreja Católica, «muitos elementos de santificação e de verdade» (279): «a Palavra de Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade, outros dons interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis» (280). O Espírito de Cristo serve-Se destas Igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação, cuja força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja Católica. Todos estes bens provêm de Cristo e a Ele conduzem (281) e por si mesmos reclamam «a unidade católica» (282).

Catecismo

Cartola-Creusa "Ensaboa" (Lundu). Música

domingo, fevereiro 23, 2014

PRECE. Charles Fonseca. Poesia

PRECE
Charles Fonseca

Valei-me meu São Francisco!
- O de Assis ou o de Pádua?
- Não, o protetor das águas
Do povo bom, do Velho Chico!

Batolomeo Ammanati, 1672-1675 - Godess Opi, Palazzo Vecchi, Florence. E37. Escultura

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Governo destruindo o que funciona e implementando o que não funciona. Marcelo Ferreira Caixeta. Medicina

Marcelo Ferreira Caixeta

1) EM 20 ANOS DE CAPS ( “centros psicológicos do Governo”) AS MORTES DE DOENTES PSIQUIÁTRICOS NAS RUAS AUMENTARAM MAIS DE 400%.
3) PORTANTO, ( e há outras falências do “Regime de Caps”, mas não cabe aqui ) NÃO HÁ NENHUMA JUSTIFICATIVA CIENTÍFICA OU MESMO HUMANÍSTICA DE SEU FUNCIONAMENTO.
4) SÓ QUE O GOVERNO ESQUERDISTA CONTINUA CONTRATANDO NÃO-MÉDICOS PARA LOCUPLETÁ-LOS ( “cabides-de-emprego-e-cabos-eleitorais”).
5) AS SAÍDAS ? ( vide artigo abaixo) : Muito SIMPLES : O Governo reembolsar as internações e consultas médicas psiquiátricas ( feitas no âmbito da Sociedade Civil, Medicina Liberal ) daqueles pobres que não tem como pagar particular ou plano.
................................................

GOVERNO DESTRUINDO O QUE FUNCIONA E IMPLEMENTANDO O QUE NÃO FUNCIONA.

Antes que me chamem de direitista, anti-petista, ou “marconista” ( Marconi Perillo, Governador de Goiás, PSDB ), digo que, além de nunca ter sido filiado ou militante de nenhum partido político de direita ( aliás, já fui para a rua com bandeira e tudo pedir votos e boca-de-urna para o Lula ), já fui demitido de um cargo técnico que ocupava ( “coordenador de saúde mental” ) no primeiro Governo Marconi. Portanto, em termos pessoais, se eu tivesse de ter algum sentimento, seria o de revolta e vingança, é natural do ser humano. No entanto, em termos políticos, o “coletivo” tem de estar acima do pessoal, e o que eu tenho vivido em termos coletivos, como diretor de hospital filantrópico, é muito mais pró-Marconi do que anti-Marconi. Vou explicar abaixo.
Nosso hospital, que atende 100% SUS, crianças e adolescentes com dependências químicas graves ( crack e outras), doenças mentais, prestando serviços públicos ininterruptamente desde 1986, está para fechar por falta de pagamentos do SUS ( dívidas atuais de 250 mil reais ) . Mas Brasília, Governo Federal - por exemplo na figura de seu Ministro da Saúde, Arthur Chioro , que ainda há poucos dias disse “querer fechar todos os hospitais psiquiátricos”- parece não se importar muito com o fechamento e com as mortes de doentes nas ruas. Além de fazerem ouvidos moucos às demandas dos hospitais falidos ( dizem : “loucura não sangra, sobretudo se é sangue de pobre, que é sangue de barata e sangue barato” ), dizem que a política deles vai no sentido contrário : é pressionar pelo fechamento mesmo. Quando eu era coordenador de saúde mental em Goiás, em reuniões de Brasília, ouvia : “não queremos melhorar hospitais psiquiátricos, queremos asfixiá-los”. Isto já foi motivo de escândalos em Goiânia no mês passado, onde, além de nosso hospital ( em vias de fechamento ) , mais dois fecharam as portas para o SUS, numa baixa de quase 500 leitos, deixando centenas nas ruas, para morrerem e matarem ( “doença psiquiátrica” não entra em estatística de morte, o que entram são as nossas taxas africanas de homicídio, “execuções”, os suicídios, overdoses, “paradas cardíacas”, etc) .
Este fechamento de hospitais preconizado pelo Governo Federal ( 85% dos leitos psiquiátricos no Brasil já foram fechados nestes últimos 10 anos ) tem um cunho puramente político, que é o de quebrar a espinha das iniciativas não-governamentais ( destruir tudo que é não-estatal em Medicina ) , quebrar a espinha da Sociedade Civil, jogando tudo para o campo da Estatização. Para o Estado Brasileiro atual é muito importante manter os cabides-de-emprego na Saúde ( é assim que os Governos “dominam” a classe média funcionária pública ) e manter os currais-eleitorais-dos-pacientes.
As provas de que a destruição dos hospitais privados e da medicina privada é algo puramente político são inúmeras ( tenho publicado isto renitentemente em meus artigos aqui no dm.com.br, às terças, sextas, domingos e farei ainda uma série), mas posso me ater aqui a duas delas : 1) em primeiro lugar, o aumento vertiginoso dos homicídios de rua no Brasil nos últimos dez anos ( hoje o país está em terceiro lugar mundial, atrás apenas de Honduras e El Salvador; Goiânia está entre as 15 cidades mais violentas do mundo, etc ) , em cujas causas está majoritariamente a falta de tratamento médico-hospitalar-psiquiátrico e prevenção para graves usuários de drogas ( por exemplo, um hiperativo não tratado psiquiatricamente - e o governo federal, com sua política antimédica, “despreza” o médico psiquiatra, que para eles seria “mais um “membro da direita” - será um futuro “zumbi do crack”) . 2) Em segundo lugar, o Governo Federal tem uma política de destruição sistemática do hospital não-estatal, mas, ao mesmo tempo, tem uma política intensiva de construção de hospitais psiquiátricos estatais ( os chamados Caps-24hs [ “centros psicológicos do Governo”] , que, despreparadamente, fazem a internação de doentes psiquiátricos , inclusive a um custo/leito 4 vezes maior do que o de um hospital psiquiátrico não-estatal que eles estão destruindo ). Tais “unidades” ( para as quais recusa-se, estrategicamente o nome de “hospital” e “médico” ) só tem sido factíveis porque, para elas, são extremamente maneiradas e aliviadas as exigências esmagadoras do Governo sobre os hospitais não-estatais ( p.ex., grande parte não tem nem médico psiquiatra, não têm plantonistas médicos noturnos, não têm leitos de terapia intensiva e clínica, nutricionistas, farmacêuticos, algumas nem diretoria médica tem, etc, etc ) . Ou seja, o Governo Federal destrói o hospital não-estatal, que tem tudo isto, para construir o mesmo hospital psiquiátrico, mas com outro nome, “outra equipe”, outros custos ( bem mais altos ) e a quem não se exige nem um centésimo das condições exigidas dos não-governamentais. Então, qual é a racionalidade de destruir algo que já existe ( os hospitais psiquiátricos não-estatais ) , eram descentralizados ( esparramavam-se pelo interior antes de acabarem ) , funcionavam bem mais barato, etc, para construir algo muito mais caro, que funciona muito pior ( p.ex., não tem obrigatoriedade de ter médico plantonista noturno, entre outras coisas ) , ainda muito centralizado ( não há estruturas no interior ) , e que ainda não mostrou que funciona ? Qual a melhora que a “política de Caps” ( estes centros psicológicos ) trouxe para o Brasil em 10 anos ? A crackolândia ? A zumbilândia de doentes mentais nas ruas ? As estatísticas absurdas e sempre crescentes de homicídios nas ruas ? Os assassinatos ( vide cineasta Coutinho, cartunista Glauco, etc) cada vez mais frequentes produzidos por doentes psiquiátricos sem tratamento ? Isto é o “legado cientificamente comprovado dos Caps?”. Então, como se vê, não há nenhuma comprovação científica e prática de que a política de destruição sistemática de leitos na Sociedade Civil esteja sendo benéfica para a população. Mas a mesma política tem de continuar por motivos puramente eleitoreiros, como ocorre no Brasil, sempre.
Nenhum destes dados acima importa à politicagem estatizante do Governo Federal e Ministério da Saúde. Como eu disse, para eles é muito importante a continuidade da destruição da Medicina Liberal, a destruição da Sociedade Civil não-estatal, tudo para a tentativa da implantação de um totalitarismo de esquerda à la Cuba .
Na contramão disto tudo está o Governo do PSDB em Goiás que tem atuado como verdadeiro parceiro da Sociedade Civil. Só neste mês, por meio de convênios firmados, nossa instituição filantrópica já foi ajudada pelo Estado ( que não tem obrigação constitucional para isto ) de várias formas diferentes : 1 ) aumento das diárias hospitalares goianas para doentes psiquiátricos ( incluindo aí os dependentes ), evitando-se assim o fechamento de hospitais . 2 ) isenção de água e luz para a instituição filantrópica. 3 ) doação de 50 mil reais para implementação de programas de tratamento hospitalar para dependentes. 4 ) disponibilidade de assessores técnicos altamente especializados para nosso apoio hospitalar. Sem estas ajudas, algumas delas que já duram anos, já teríamos fechado há muito tempo.
Em todos estes eventos citados, tanto o Governador quanto o Vice-Governador, José Elielton, a quem eu disse isso acima pessoalmente, têm frisado a parceria forte que querem estabelecer, e já estão estabelecendo, com a Sociedade Civil para fazermos frente estes grandes desafios humanos ( para os quais os Governos já se mostraram mais do que incompetentes, apesar dos bilhões gastos ) . Se esta for a “filosofia oficial do PSDB”, mesmo eu sendo um “anarquista” ( no sentido de “desconfiar” sempre do Estado e acreditar muito na Sociedade Civil ) , tem todo meu apoio, viro “cabo-eleitoral” deles, já disse isto publicamente, mesmo sendo avesso à tudo quanto é partidarismo político. Mas não se preocupem os políticos, não irei “tirar voto de ninguém”, nem de “inimigo”, nem de “amigo”, pois se eu me declarasse amigo de algum partido, ao tentar ser seu cabo eleitoral faria é tirar voto dele ( quem vai querer um “louco desbocado” e “franco-atirador” como “parceiro”?) . Há hoje uma esquizofrenia nas políticas de saúde. Diz-se uma coisa ( “vamos acabar com hospitais psiquiátricos”), mas, na realidade, por baixo dos panos, ( todo mundo tem medo do Ministério da Saúde ) tem é de fazer-se outra ( “vamos tentar salvar os pouquíssimos leitos psiquiátricos que sobram” ). Esta atuação dos governos estadual e municipal, por exemplo, na prática, aponta para uma política veladamente oposta à da estatização esquerdista federal, que tem mostrado todo o desprezo e o ódio que tem pelas iniciativas filantrópicas advindas da Sociedade Civil ( qualquer iniciativa estatal é mal-vinda ) . Aliás, não é de se estranhar, pois para o comunismo ( regime próximo ao cubano, no qual já vivemos no Brasil, pelo menos na área da saúde ), a filantropia ( querer prestar atendimento de saúde sem finalidade lucrativa ou politiqueira ) , assim como qualquer manifestação “doentia” da Sociedade Civil, é um cancro a ser extirpado.
Para a solução do problema da deshospitalização progressiva que acontece no Brasil ( sobre a qual farei uma série de artigos, documentados estatisticamente ), Goiás e Goiânia foram contemplados com uma ação conjunta do Governo de Goiás e da Prefeitura de Goiânia, que, altruisticamente, superaram suas diferenças políticas e atuaram republicanamente em prol do bem-maior da população. Nas figuras remarcáveis ( pela competência e humanidade ) de seus atuais Secretários de Saúde, Halim Girade e Fernando Machado ( Estado e Prefeitura, respectivamente ) , ambos a quem tenho o prazer de conhecer pessoalmente ( daí não estar fazendo nenhuma “rasgação de seda” politiqueira, mas expressando o que julgo ser a verdade ) , houve uma notável união de esforços para complementação da diária paupérrima, falimentar, que era paga aos hospitais psiquiátricos. Só no último ano Goiânia e Goiás teriam perdido 500 leitos hospitalares psiquiátricos, gerando o caos na população assistida, como se viu na TV nos últimos dias. No entanto, Fernando Machado e Halim Girade, representando respectivamente Paulo Garcia ( prefeito ) e Marconi Perillo ( governador ), numa demonstração inédita de altruísmo, uniram forças para solucionar o problema, repondo o montante insuficiente de diárias hospitalares pago pelo governo federal ( que, diga-se de passagem, fica com 73% de todos os impostos arrecadados do cidadão, mas que, como vimos acima, por “motivos políticos”, não “pode” aumentar sua participação financeira nas diárias ) . Goiás e Goiânia pelo menos, e por enquanto, parecem ter-se livrado de um pesadelo que, infelizmente ainda acomete o Brasil ( e continuará o acometendo ) , a epidemia genocida silenciosa consubstanciada no sacrifício diário de milhares de vidas de doentes psiquiátricos/dependentes nas ruas.
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Marcelo Caixeta, psiquiatra.
1) EM 20 ANOS DE CAPS ( “centros psicológicos do Governo”) AS MORTES DE DOENTES PSIQUIÁTRICOS NAS RUAS AUMENTARAM MAIS DE 400%.
3) PORTANTO, ( e há outras falências do “Regime de Caps”, mas não cabe aqui ) NÃO HÁ NENHUMA JUSTIFICATIVA CIENTÍFICA OU MESMO HUMANÍSTICA DE SEU FUNCIONAMENTO.
4) SÓ QUE O GOVERNO ESQUERDISTA CONTINUA CONTRATANDO NÃO-MÉDICOS PARA LOCUPLETÁ-LOS ( “cabides-de-emprego-e-cabos-eleitorais”).
5) AS SAÍDAS ? ( vide artigo abaixo) : Muito SIMPLES : O Governo reembolsar as internações e consultas médicas psiquiátricas ( feitas no âmbito da Sociedade Civil, Medicina Liberal ) daqueles pobres que não tem como pagar particular ou plano.
................................................
GOVERNO DESTRUINDO O QUE FUNCIONA E IMPLEMENTANDO O QUE NÃO FUNCIONA.

Antes que me chamem de direitista, anti-petista, ou “marconista” ( Marconi Perillo, Governador de Goiás, PSDB ), digo que, além de nunca ter sido filiado ou militante de nenhum partido político de direita ( aliás, já fui para a rua com bandeira e tudo pedir votos e boca-de-urna para o Lula ), já fui demitido de um cargo técnico que ocupava ( “coordenador de saúde mental” ) no primeiro Governo Marconi. Portanto, em termos pessoais, se eu tivesse de ter algum sentimento, seria o de revolta e vingança, é natural do ser humano. No entanto, em termos políticos, o “coletivo” tem de estar acima do pessoal, e o que eu tenho vivido em termos coletivos, como diretor de hospital filantrópico, é muito mais pró-Marconi do que anti-Marconi. Vou explicar abaixo.
Nosso hospital, que atende 100% SUS, crianças e adolescentes com dependências químicas graves ( crack e outras), doenças mentais, prestando serviços públicos ininterruptamente desde 1986, está para fechar por falta de pagamentos do SUS ( dívidas atuais de 250 mil reais ) . Mas Brasília, Governo Federal - por exemplo na figura de seu Ministro da Saúde, Arthur Chioro , que ainda há poucos dias disse “querer fechar todos os hospitais psiquiátricos”- parece não se importar muito com o fechamento e com as mortes de doentes nas ruas. Além de fazerem ouvidos moucos às demandas dos hospitais falidos ( dizem : “loucura não sangra, sobretudo se é sangue de pobre, que é sangue de barata e sangue barato” ), dizem que a política deles vai no sentido contrário : é pressionar pelo fechamento mesmo. Quando eu era coordenador de saúde mental em Goiás, em reuniões de Brasília, ouvia : “não queremos melhorar hospitais psiquiátricos, queremos asfixiá-los”. Isto já foi motivo de escândalos em Goiânia no mês passado, onde, além de nosso hospital ( em vias de fechamento ) , mais dois fecharam as portas para o SUS, numa baixa de quase 500 leitos, deixando centenas nas ruas, para morrerem e matarem ( “doença psiquiátrica” não entra em estatística de morte, o que entram são as nossas taxas africanas de homicídio, “execuções”, os suicídios, overdoses, “paradas cardíacas”, etc) .
Este fechamento de hospitais preconizado pelo Governo Federal ( 85% dos leitos psiquiátricos no Brasil já foram fechados nestes últimos 10 anos ) tem um cunho puramente político, que é o de quebrar a espinha das iniciativas não-governamentais ( destruir tudo que é não-estatal em Medicina ) , quebrar a espinha da Sociedade Civil, jogando tudo para o campo da Estatização. Para o Estado Brasileiro atual é muito importante manter os cabides-de-emprego na Saúde ( é assim que os Goversnos “dominam” a classe média funcionária pública ) e manter os currais-eleitorais-dos-pacientes.
As provas de que a destruição dos hospitais privados e da medicina privada é algo puramente político são inúmeras ( tenho publicado isto renitentemente em meus artigos aqui no dm.com.br, às terças, sextas, domingos e farei ainda uma série), mas posso me ater aqui a duas delas : 1) em primeiro lugar, o aumento vertiginoso dos homicídios de rua no Brasil nos últimos dez anos ( hoje o país está em terceiro lugar mundial, atrás apenas de Honduras e El Salvador; Goiânia está entre as 15 cidades mais violentas do mundo, etc ) , em cujas causas está majoritariamente a falta de tratamento médico-hospitalar-psiquiátrico e prevenção para graves usuários de drogas ( por exemplo, um hiperativo não tratado psiquiatricamente - e o governo federal, com sua política antimédica, “despreza” o médico psiquiatra, que para eles seria “mais um “membro da direita” - será um futuro “zumbi do crack”) . 2) Em segundo lugar, o Governo Federal tem uma política de destruição sistemática do hospital não-estatal, mas, ao mesmo tempo, tem uma política intensiva de construção de hospitais psiquiátricos estatais ( os chamados Caps-24hs [ “centros psicológicos do Governo”] , que, despreparadamente, fazem a internação de doentes psiquiátricos , inclusive a um custo/leito 4 vezes maior do que o de um hospital psiquiátrico não-estatal que eles estão destruindo ). Tais “unidades” ( para as quais recusa-se, estrategicamente o nome de “hospital” e “médico” ) só tem sido factíveis porque, para elas, são extremamente maneiradas e aliviadas as exigências esmagadoras do Governo sobre os hospitais não-estatais ( p.ex., grande parte não tem nem médico psiquiatra, não têm plantonistas médicos noturnos, não têm leitos de terapia intensiva e clínica, nutricionistas, farmacêuticos, algumas nem diretoria médica tem, etc, etc ) . Ou seja, o Governo Federal destrói o hospital não-estatal, que tem tudo isto, para construir o mesmo hospital psiquiátrico, mas com outro nome, “outra equipe”, outros custos ( bem mais altos ) e a quem não se exige nem um centésimo das condições exigidas dos não-governamentais. Então, qual é a racionalidade de destruir algo que já existe ( os hospitais psiquiátricos não-estatais ) , eram descentralizados ( esparramavam-se pelo interior antes de acabarem ) , funcionavam bem mais barato, etc, para construir algo muito mais caro, que funciona muito pior ( p.ex., não tem obrigatoriedade de ter médico plantonista noturno, entre outras coisas ) , ainda muito centralizado ( não há estruturas no interior ) , e que ainda não mostrou que funciona ? Qual a melhora que a “política de Caps” ( estes centros psicológicos ) trouxe para o Brasil em 10 anos ? A crackolândia ? A zumbilândia de doentes mentais nas ruas ? As estatísticas absurdas e sempre crescentes de homicídios nas ruas ? Os assassinatos ( vide cineasta Coutinho, cartunista Glauco, etc) cada vez mais frequentes produzidos por doentes psiquiátricos sem tratamento ? Isto é o “legado cientificamente comprovado dos Caps?”. Então, como se vê, não há nenhuma comprovação científica e prática de que a política de destruição sistemática de leitos na Sociedade Civil esteja sendo benéfica para a população. Mas a mesma política tem de continuar por motivos puramente eleitoreiros, como ocorre no Brasil, sempre.
Nenhum destes dados acima importa à politicagem estatizante do Governo Federal e Ministério da Saúde. Como eu disse, para eles é muito importante a continuidade da destruição da Medicina Liberal, a destruição da Sociedade Civil não-estatal, tudo para a tentativa da implantação de um totalitarismo de esquerda à la Cuba .
Na contramão disto tudo está o Governo do PSDB em Goiás que tem atuado como verdadeiro parceiro da Sociedade Civil. Só neste mês, por meio de convênios firmados, nossa instituição filantrópica já foi ajudada pelo Estado ( que não tem obrigação constitucional para isto ) de várias formas diferentes : 1 ) aumento das diárias hospitalares goianas para doentes psiquiátricos ( incluindo aí os dependentes ), evitando-se assim o fechamento de hospitais . 2 ) isenção de água e luz para a instituição filantrópica. 3 ) doação de 50 mil reais para implementação de programas de tratamento hospitalar para dependentes. 4 ) disponibilidade de assessores técnicos altamente especializados para nosso apoio hospitalar. Sem estas ajudas, algumas delas que já duram anos, já teríamos fechado há muito tempo.
Em todos estes eventos citados, tanto o Governador quanto o Vice-Governador, José Elielton, a quem eu disse isso acima pessoalmente, têm frisado a parceria forte que querem estabelecer, e já estão estabelecendo, com a Sociedade Civil para fazermos frente estes grandes desafios humanos ( para os quais os Governos já se mostraram mais do que incompetentes, apesar dos bilhões gastos ) . Se esta for a “filosofia oficial do PSDB”, mesmo eu sendo um “anarquista” ( no sentido de “desconfiar” sempre do Estado e acreditar muito na Sociedade Civil ) , tem todo meu apoio, viro “cabo-eleitoral” deles, já disse isto publicamente, mesmo sendo avesso à tudo quanto é partidarismo político. Mas não se preocupem os políticos, não irei “tirar voto de ninguém”, nem de “inimigo”, nem de “amigo”, pois se eu me declarasse amigo de algum partido, ao tentar ser seu cabo eleitoral faria é tirar voto dele ( quem vai querer um “louco desbocado” e “franco-atirador” como “parceiro”?) . Há hoje uma esquizofrenia nas políticas de saúde. Diz-se uma coisa ( “vamos acabar com hospitais psiquiátricos”), mas, na realidade, por baixo dos panos, ( todo mundo tem medo do Ministério da Saúde ) tem é de fazer-se outra ( “vamos tentar salvar os pouquíssimos leitos psiquiátricos que sobram” ). Esta atuação dos governos estadual e municipal, por exemplo, na prática, aponta para uma política veladamente oposta à da estatização esquerdista federal, que tem mostrado todo o desprezo e o ódio que tem pelas iniciativas filantrópicas advindas da Sociedade Civil ( qualquer iniciativa estatal é mal-vinda ) . Aliás, não é de se estranhar, pois para o comunismo ( regime próximo ao cubano, no qual já vivemos no Brasil, pelo menos na área da saúde ), a filantropia ( querer prestar atendimento de saúde sem finalidade lucrativa ou politiqueira ) , assim como qualquer manifestação “doentia” da Sociedade Civil, é um cancro a ser extirpado.
Para a solução do problema da deshospitalização progressiva que acontece no Brasil ( sobre a qual farei uma série de artigos, documentados estatisticamente ), Goiás e Goiânia foram contemplados com uma ação conjunta do Governo de Goiás e da Prefeitura de Goiânia, que, altruisticamente, superaram suas diferenças políticas e atuaram republicanamente em prol do bem-maior da população. Nas figuras remarcáveis ( pela competência e humanidade ) de seus atuais Secretários de Saúde, Halim Girade e Fernando Machado ( Estado e Prefeitura, respectivamente ) , ambos a quem tenho o prazer de conhecer pessoalmente ( daí não estar fazendo nenhuma “rasgação de seda” politiqueira, mas expressando o que julgo ser a verdade ) , houve uma notável união de esforços para complementação da diária paupérrima, falimentar, que era paga aos hospitais psiquiátricos. Só no último ano Goiânia e Goiás teriam perdido 500 leitos hospitalares psiquiátricos, gerando o caos na população assistida, como se viu na TV nos últimos dias. No entanto, Fernando Machado e Halim Girade, representando respectivamente Paulo Garcia ( prefeito ) e Marconi Perillo ( governador ), numa demonstração inédita de altruísmo, uniram forças para solucionar o problema, repondo o montante insuficiente de diárias hospitalares pago pelo governo federal ( que, diga-se de passagem, fica com 73% de todos os impostos arrecadados do cidadão, mas que, como vimos acima, por “motivos políticos”, não “pode” aumentar sua participação financeira nas diárias ) . Goiás e Goiânia pelo menos, e por enquanto, parecem ter-se livrado de um pesadelo que, infelizmente ainda acomete o Brasil ( e continuará o acometendo ) , a epidemia genocida silenciosa consubstanciada no sacrifício diário de milhares de vidas de doentes psiquiátricos/dependentes nas ruas.
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Marcelo Caixeta, psiquiatra.

O amor de Deus. 17. Igreja

O camelo, o elefante e o macaco. Esopo. Fábula. Prosa

O camelo, o elefante e o macaco
Esopo

Votavam os animais para eleger um rei. O camelo e o elefante se puseram a disputar os votos, já que esperavam ser preferidos por causa de seu tamanho e sua força. Porém chegou o macaco e os declarou incapazes de reinar. O camelo não serve - disse - porque não se encoleriza contra os bandidos e o elefante tampouco nos serve porque teremos de temer o ataque do marrano, animal a quem teme o elefante.

Moral da Estória : a maior fortaleza sempre se mede no ponto mais fraco

sábado, fevereiro 22, 2014

Joseph DeCamp, 1907 - Sally - Museu de Arte Worcesrter. A26. Pintura

O camelo e Zeus. Esopo. Fábula. Prosa

O camelo e Zeus
Esopo

Sentia o camelo inveja dos cornos do touro, e quis obter uns para si. Para isso foi ver Zeus, pedindo-lhe que lhe desse chifres semelhantes. Mas Zeus, indignado de que não se contentara com seu grande tamanho e força, não só lhe negou dar os chifres, mas também lhe cortou uma parte das orelhas.


Moral da Estória:
A inveja não é boa conselheira. Quando quiseres melhorar em algo, faz com teu esforço e por teu desejo de progredir, e não porque teu vizinho o tenha.

Horst P. Horst. Fotografia

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sexta-feira, fevereiro 21, 2014

CAIANA GOSTOSA. Charles Fonseca. Poesia

CAIANA GOSTOSA.
Charles Fonseca

As águas passadas moveram moinhos
Moeram a cana cortada nos campos
Verde esperança só resta os prantos
Da agora garapa bagaço a caminho

De novo à terra à mãe extremosa
Um novo verdor vem da cepa desponta
Um novo mel a subir terra às pontas
Ponteia o pendão caiana gostosa.

Sir Francis Legatt Chantrey - As crianças de dormir - detalhe de 1817 Catedral, Lichfield. E36. Escultura

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quinta-feira, fevereiro 20, 2014

A Igreja é una, católica e apostólica. Igreja

A IGREJA É UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA

811. «Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica» (263). Estes quatro atributos, inseparavelmente ligados entre si (264) indicam traços essenciais da Igreja e da sua missão. A Igreja não os confere a si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, concede à sua Igreja que seja una, santa, católica e apostólica, e é ainda Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades.

812. Só a fé pode reconhecer que a Igreja recebe estas propriedades da sua fonte divina. Mas as manifestações históricas das mesmas são sinais que também falam claro à razão humana. «A Igreja, lembra o I Concílio do Vaticano, em razão da sua santidade, da sua unidade católica, da sua invicta constância, é, por si mesma, um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma prova incontestável da sua missão divina» (265).

Catecismo

Jean Delville, 1895 - Tesouros de Satanás - Musées Royaux des Beaux Arts, em Bruxelas. A26. Pintura

O camelo bailarino. Esopo. Fábula. Prosa

O camelo bailarino
Esopo

Obrigado por seu dono a bailar, um camelo comentou:
- Que coisa! Não só careço de graça andando, mas que dançando sou pior ainda.


Moral da Estória:
Usa sempre cada coisa para o propósito com que foi criada.

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Robert Capa. Fotografia

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SAUDADES. Charles Fonseca. Poesia

SAUDADES
Charles Fonseca

Saudade é tortura gostosa
De quem se foi sem nunca ter ido
Fazem ronda em meu ser comovido
Lembranças que não me vão embora.

Saudades que eu nego às avessas
Presenças do aquém por quem choro
Ausências e no entanto demoro
Na espera mas a vida tem pressa.

terça-feira, fevereiro 18, 2014

Francisco Alves - Cinco letras que choram (Adeus). Música

A Igreja é a esposa de Cristo. Resumo. Igreja

802. Jesus Cristo «entregou-Se por nós, a fim de nos resgatar de toda a iniquidade e de purificar e constituir um povo de sua exclusiva posse» (Tt 2, 14).

803. «Vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Pe 2, 9).

804. Entra-se no povo de Deus pela fé e pelo Baptismo. «Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus» (260), para que, em Cristo, «os homens constituam uma só família e um único povo de Deus» (261).

805. A Igreja é o Corpo de Cristo. Pelo Espírito e pela sua acção nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, Cristo morto e ressuscitado constitui como seu Corpo a comunidade dos crentes.

806. Na unidade deste Corpo, existe diversidade de membros e de funções. Mas todos os membros estão unidos uns aos outros, parti­cularmente àqueles que sofrem, aos pobres e aos perseguidos.

807. A Igreja é este Corpo, cuja Cabeça é Cristo: ela vive d'Ele, n'Ele e para Ele; e Ele vive com ela e nela.

808. A Igreja é a Esposa de Cristo: Ele amou-a e entregou-Se por ela. Purificou-a pelo seu sangue. Fez dela a mãe fecunda de todos os filhos de Deus.

809. A Igreja é o Templo do Espírito Santo. O Espírito é como que a alma do Corpo Místico, princípio da sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza dos seus dons e carismas.

810. «A Igreja universal aparece, assim, como "um povo que vai buscar a sua unidade à unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo"» (262).

Catecismo

Pietro Bracci - Netuno, depois de 1759 Piazza di Trevi, em Roma. E36

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segunda-feira, fevereiro 17, 2014

A Iara. Olavo Bilac. Poesia

A Iara
Olavo Bilac

Vive dentro de mim, como num rio,
Uma linda mulher, esquiva e rara,
Num borbulhar de argênteos flocos, Iara
De cabeleira de ouro e corpo frio.

Entre as ninfeias a namoro e espio:
E ela, do espelho móbil da onda clara,
Com os verdes olhos úmidos me encara,
E oferece-me o seio alvo e macio.

Precipito-me, no ímpeto de esposo,
Na desesperação da glória suma,
Para a estreitar, louco de orgulho e gozo...

Mas nos meus braços a ilusão se esfuma:
E a mãe-d'água, exalando um ai piedoso,
Desfaz-se em mortas pérolas de espuma.

Jan van Eyck, 1436 - A Madona de Canon van der Paele Musée comunal em Bruges. A26. Pintura

A MÃE D’ÁGUA. Charles Fonseca. Poesia

A MÃE D’ÁGUA
Charles Fonseca

A mãe d’água em noites de lua
À flor da água sobe sorrindo
Ao luar, ao pescador mentindo
Promete amores ternos e amua

A cercar-lhe de ternos olhares
Cabelos negros cobrem-lhe os seios
No vai e vem das ondas meneios
Ao pescador encanta nos mares

Em ondas lentas que o fascina
Ela o abraça à luz do luar
Ela beijando o leva a gozar
Sob as águas que o cobrem por cima.

domingo, fevereiro 16, 2014

Vinde adorar. Hino. Música

DESEJO. Charles Fonseca. Poesia

DESEJO
Charles Fonseca

Em minha mente, em meu ouvido interno
Vozes ressoam incessantemente
De não ao sim vindo de mim carente
Do eu profundo do desejo eterno.

Em minha mente eu a busco assim
Longe de mim embora estando perto
Corre o desejo e a vejo certo
Que só em sonho ela está em mim.

Mary Ellen Mark. Fotografia

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Respondendo a uma crítica enviesada do Diário da Manhã a médicos e tratamentos. Marcelo Caixeta. Medicina

Respondendo a uma crítica enviesada do Diário da Manhã a médicos e tratamentos

DIÁRIO DA MANHÃ
MARCELO CAIXETA

O Diário da Manhã de 6.2.14 traz uma “matéria” (?) onde diz que “Medicamentos Psiquiátricos não Curam”. Coloquei “matéria” sob interrogação porque o núcleo do que foi escrito mais parece uma ajuda que o repórter deu a um amigo raivoso contra psiquiatras do que propriamente uma matéria jornalística. Cita um psiquiatra, Haltenfeld, apenas para “ilustrar” o ataque raivoso contra os médicos. O que Haltenfeld diz é velho, requentado, lugar-comum, tanto é que eu compartilho: psiquiatras não devem deixar de conversar com seus pacientes, não devem medicar o que não é doença. Ora, eu faço isto e todo bom psiquiatra é preparado e instado a fazê-lo, portanto não é nenhuma novidade. Aliás, todo o palavrório do repórter me parece entediosamente requentado e lugar-comum : “médicos vendidos para a indústria farmacêutica”, “doenças que não existem, só para dar dinheiro para farmácias”, “pessoas que não são doentes sendo dopadas ou viciadas por remédios psiquiátricos”, “drogas que não têm nenhuma função benéfica”, “médicos que não vão na causa profunda dos problemas”, blábláblá. Mas, então, por que ocupar-se deste palavrório “anti-autoridade” que já é clichê na sociedade ocidental? (uma sociedade que quer abolir a “autoridade científica” por decreto, sem ter como pagar o ônus por isto). O interesse é o de apenas estudar os mecanismos profundos por trás disto e também tapar o buraco da irresponsabilidade jornalística de estimular pessoas que precisam de tratamento médico a abandoná-lo (mortes advindas disto, p.ex., homicídios, suicídios, atropelamentos, fugas, etc, com certeza não serão computadas como “irresponsabilidade jornalística” no atestado de óbito). Por isto o esclarecimento se faz necessário.

Em primeiro lugar, o “cerne” do artigo do jornalista é a declaração de uma pessoa anônima. Só por aí já se tem noção do nível de credibilidade. No entanto, vamos lá. Tal pessoa diz que teria problemas psicológicos, segundo ela, talvez por ser homossexual e ter sido estigmatizada na família. Ou talvez por trabalhar em um “telemarketing” e estar sujeita à sanha dos patrões exploradores capitalistas. Ou talvez por estar em um trabalho insalubre, aguentando reclamações telefônicas insuportáveis de uma “ porca sociedade burguesa”. O denunciante anônimo, estudante de psicologia, diz-se prejudicado pelo tratamento e diagnóstico psiquiátrico, sentiu limitações cognitivas por causa disto, usava risperidona (antipsicótico), fluoxetina (antidepressivo), clonazepam (ansiolítico). Nota-se muito ódio e rancor dos médicos, psiquiatras, em seus depoimentos.

Médicos, com suas “classificações diagnósticas” (DSM, p.ex.) estão “rotulando” todo mundo e “dopando todo mundo”, tudo mafiosamente movido à dinheiro da indústria farmacêutica. Remédios dopam, viciam, são desnecessários, demenciam, são estigmatizantes. Tudo poderia ser resolvido por vias “naturais”, amor, psicólogos, conversas, talvez um bom sexo, talvez um bom vinho, lazer, socialismo, sei lá. Deus não foi citado, apesar, de no meu entender, ser o melhor substituto para remédio...

Vamos à análise psiquiátrica de tudo isto. Escrevo em “tese”, pois não examinei ninguém. Portanto, não estou falando do “anônimo” em particular, mas sim da situação contextual geral (que é muito comum, muito observada na prática psiquiátrica), das circunstâncias em que o depoimento foi feito. Escrevo baseado em um lugar-comum deste tipo de manifestação, pois, de tão comuns, já posso estabelecer uma certa estatística, uma certa casuística. E isto me parece importante para esclarecer a população em geral e sobretudo aqueles doentes, que fazem tratamento psiquiátrico e que, diante da tal “reportagem”, devem estar-se perguntando: “quando é que eu vou parar com o meu remédio ?”.

1) Pessoas muito cheias de energia, inteligentes, hiperativas, cheias de “ego”, instáveis, muitas vezes têm dificuldades em ocupações mais estáveis, mantidas, estruturadas, daí às vezes procurarem trabalhos em teleatendimento, onde há sempre oferta, treinamento rápido, disponibilidade de horários. Muitas destas pessoas têm uma instabilidade de humor, descarrilamentos afetivos, ciclagens emocionais, configurando, em muitos casos, uma diátese genética de natureza bipolar. Em muitos casos, uma tendência bipolar pode ficar latente, até que algum fator mesológico (do meio) venha desencadeá-la.

2) Aparentemente, de início, o trabalho é agradável, “conversar com as pessoas”, mas, com o tempo, em breve, torna-se muito difícil para pessoas com o “ego muito forte”. O estresse aumenta. Também aumenta porque a supervisão do trabalho é sentida como rigorosa e asfixiante. Qualquer autoridade é ressentida como abusiva por este tipo de personalidade cheia de ego.

3) Em pouco tempo advém as consequências psiquiátricas, insônia, ansiedade, “pensando demais”, “só fico pensando no trabalho”, “não aguentava nem ir lá mais”, “só de pensar no trabalho já passo mal”, etc. Tais casos, em muitas vezes, ao invés de serem tratados como doença bipolar (que requer um tratamento específico), são tratados como “depressão”, “estresse”, “ansiedade”. No entanto, para a depressão bipolar, para a ansiedade bipolar, antidepressivos e ansiolíticos puros não resolvem, daí, em muitos casos o médico passar outra medicação “mais forte”, antipsicótico.

4) Inclusive, uma prova de que não se trata de uma “simples depressão” é o fato de ter-se de usar antipsicóticos para controlá-la. Só isto já é indício de que não é uma “depressão comum”, uma “depressão leve”, uma “depressão unipolar”, apenas uma “ansiedade”, apenas um “estresse”.

5) Tais pacientes, por causa de seu “excesso de energia”, “força do ego inflada”, “susceptibilidade emocional”, labilidade afetiva, hipersensibilidade à rejeição, terão a tendência a verem “abuso de autoridade”, “imposição”, “truculência”, por todo lado, da família (“não aceita a homossexualidade”) , do patrão (“querem me explorar”), do médico (“só quer me dopar”, “ganhar dinheiro da indústria farmacêutica”, “não se interessa por mim”), da “sociedade” (“não me aceitam como sou”).

6) Por causa do item “5”, tenderão a atacar todo tipo de “normas”, todo tipo de “autoridade”. Muitos tentam “se entender”, estudando psicologia ou ciências humanas. Alguns, como Michel Foucault, dada sua genialidade (disse que são, geralmente, inteligentes) atingem uma alta elaboração teórica neste sentido, daí sua militância política, social, ativista sexual, midiática, literária, nas ciências humanas, nos partidos de esquerda, etc. Como há uma associação importante entre bipolaridade e homoafetividade, muitos irão misturar a “luta contra as normas médicas” com a “luta contra a sociedade e família castradoras e estigmatizadoras da homossexualidade”. De todo este caldeirão, irão ter a “sensação” de que a “sociedade”, “família”, “capitalismo”, “médicos”, querem controlá-los, normatizá-los, castrá-los, estigmatizá-los, inclusive em suas vidas sexuais. As “ciências humanas”, psicologia por exemplo, fornecem o “material teórico” para isto : “médicos tentam controlar a psicologia por meio de remédios, o que é um absurdo”. O corporativismo profissional vem em apoio a estas conjecturações: “ sou psicóloga, fico puta da vida porque fico aqui fazendo terapia com os hiperativos por anos, vem um neurologista, passa uma ritalinazinha, o paciente melhora, a família diz que é o remédio que melhorou o paciente, para o meu tratamento e eu perco dinheiro e meu nicho de poder”. E continua seu discurso (também incorporado pela “matéria” do Diário da Manhã): “estão é hiper-medicalizando a hiperatividade, estão hiper-medicando a infância”. É apenas um exemplo de como “causas corporativas”, “causas pessoais”, até “causas sexuais” interferem na declaração irresponsável de que o tratamento psiquiátrico é deletério.

7) Portanto, o importante é “lutar contra toda autoridade que quer “medicalizar” os problemas de quem quer apenas ter liberdade”. O ódio do médico, da Medicina, da Psiquiatria, viram a cloaca, a lata de lixo, de todos as opressões existenciais vivenciadas por estas pessoas (família, sociedade, estigma sexual, insatisfação existencial, etc) . Sentem que é o “psiquiatra que quer normatizá-lo, controlá-lo”. Transfere para o médico, projeta nele, toda a angústia de sua limitação e opressão existencial, limitação que, se ele fosse cobrar de alguém, não deveria ser da família, do psiquiatra, da sociedade, mas sim de Deus, que o fez assim (ou então, para quem é concentracionista, cobrar dele mesmo, que por sua incúria ou pura busca do próprio prazer, no decorrer das várias existências, permitiu e propiciou para que que as coisas chegassem a tal). Um discurso muito convincente e palatável, diga-se de passagem. Infelizmente, é convincente até o próximo surto psicótico afetivo, quando então a mesma pessoa é “obrigada” a recorrer ao abominável psiquiatra e à suas “dopantes e anti-liberdade” pilulazinhas. Neste momento, esconde-se tudo, e é por isto que é importante guardar o anonimato. Nestas horas de “perca de liberdade” eles não podem aparecer tomando remédio “psiquiátrico”. É importante guardar o anonimato, senão pode aparecer um psiquiatra ou mesmo sua família comprovando que, de fato, o paciente havia, naquele momento, perdido o controle sobre seu próprio bem-estar. É importante guardar o anonimato para não ter de justificar-se do porquê ter ido com as próprias pernas buscar um consultório psiquiátrico (pelo que eu saiba, o tal anônimo estudante de psicologia não foi internado à força, teria dito isto, não iria perder este “prato cheio”). Ou não ter de encarar a família, sociedade, médico, face a face e explicar-lhes porque está jogando na cara, ingratamente, insensivelmente, a ajuda que eles lhe deram num momento em que ele mesmo teria pedido aquela ajuda, um momento de grande sofrimento próprio. É importante guardar o anonimato para fugir-se de todos estes “fantasmas”.

Se tudo que escrevi acima quiser ser questionado, sugiro o seguinte : que o jornalista, ou que seu amigo (?) depoente anônimo, vão até o “abominável” hospital psiquiátrico que eu dirijo (Av. João Leite, Chácara 37, Sta. Genoveva) e lá se ocupem, sem Medicina, sem diagnóstico, sem remédios, apenas com “psicologia”, de tratar os moribundos e agonizantes que lá aportam. Que, apenas com “humanismo”, “amor”, “atenção humana”, “liberdade”, “sexualidade plena”, revertam as catatonias, os estupores, as psicoses homicidas, as melancolias suicidas, os deliriuns-tremens mortais , os pacientes que estão há 15 dias sem comer, há 5 dias sem tomar uma xícara de água, comendo os próprios dedos, enucleando os próprios globos oculares, etc. Que fiquem lá, observando na prática (e não no blábláblá irresponsável) os inúmeros pacientes que saem de lá curados (sim, “curados”, isto existe em psiquiatria sim - só não existe para irresponsáveis que não querem ver ou ignorantes que não podem ver) de suas doenças psiquiátricas e que passam a vida toda sem ter mais nenhum episódio patológico mortal; vão viver, trabalhar e amar, que é o apanágio de todo ser humano normal. Vão administrar empresas, cuidar de família, e até dirigir um país, pois apesar de todos adorarem “meter o pau” em psiquiatras, se vocês soubessem das “grandes autoridades” que fazem tratamento psiquiátrico na surdina ficariam pasmos... Em Goiânia mesmo, o maior psiquiatra, o que mais atende “ricos e bacanas”, grandes políticos, juízes, empresários e outros “anônimos” como o psicólogo da matéria, o faz em um bairro classe-alta, sem a menor placa ou indício de que ali está um “abominável médico psiquiatra”.

Se existem psiquiatras que dopam, viciam, não conversam, diagnosticam problemas existenciais como doenças, é problema deles, não é problema meu; e repudio qualquer ilação de que eu, assim como muitos outros, somos este tipo de médico, dinheirista, frio, carrasco e carniceiro. Quando os encontro, denuncio-os para os órgãos competentes, (e insto-os, jornalista e psicólogo, a fazê-lo), mas não fico por aí espalhando o terror na mente frágil de pacientes que precisam do tratamento, tratamento feito por médicos responsáveis, estudados e morais.

(Marcelo Caixeta, psiquiatra, escreve às terças, sextas, domingos - hospitalasmigo@gmail.com)

Cidade Maravilhosa - André Filho - Aurora Miranda. Música

Juiz libera maconha. Médico proíbe. Quem tem razão? Marcelo Ferreira Caixeta. Medicina.

JUIZ LIBERA MACONHA. MÉDICO PROÍBE. ( quem tem razão ?)
Marcelo Ferreira Caixeta

JUSTIÇA DESCRIMINALIZA MACONHA SEM PASSAR PELO CONGRESSO ?

O texto abaixo é do jornalista Reinaldo Azevedo, bloguista de Veja . Depois teço alguns comentários.
“FIM DA PICADA! Juiz de Brasília absolve traficante que levava 52 porções de maconha no estômago pra traficar dentro da Papuda. Razão? O doutor considera a droga “recreativa”
Decisão de juiz se respeita, claro!, mas se discute — e, até onde a lei faculta, pode-se recorrer contra ela. O juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel, da 4ª vara de Entorpecentes de Brasília, vai virar um herói e um símbolo da causa da descriminação das drogas — particularmente da maconha. Será transformado numa espécie de nova face da Justiça: mais humana, mais compreensiva, mais pluralista. Tudo bem! Digamos que fosse assim. Ocorre que o senhor Cardoso Maciel tem de julgar segundo as leis que temos, não segundo aquelas que ele pessoalmente acharia justas. O seu arbítrio não é subjetivo: transita num determinado orbital. Por que isso? O doutor resolveu absolver um traficante de maconha. E não era coisa pouca, não! Sob quais argumentos? Leiam trechos da reportagem de Felipe Coutinho, na Folha. Volto em seguida.
Escreveu o doutor:
“Soa incoerente o fato de outras substâncias entorpecentes, como o álcool e o tabaco, serem não só permitidas e vendidas, gerando milhões de lucro para os empresários dos ramos, mas consumidas e adoradas pela população, o que demonstra também que a proibição de outras substâncias entorpecentes recreativas, como o THC, são fruto de uma cultura atrasada e de política equivocada e violam o princípio da igualdade, restringindo o direito de uma grande parte da população de utilizar outras substâncias”.
O juiz Cardoso Maciel tem todo o direito se julgar a cultura brasileira “atrasada” — e posso imaginar o seu sofrimento ao ser juiz em meio a esse atraso, né? Mas nada o impede de se filiar a um partido político e disputar um lugar lá naquele prédio das duas conchas, não é mesmo? Refiro-me ao Congresso Nacional. É lá que se fazem as leis, meu senhor, não aí na 4ª Vara de Entorpecentes de Brasília. Quem deu ao juiz a competência para descriminar a maconha?
Atenção, senhores leitores, o réu em questão foi pego DENTRO DO PRESÍDIO DA PAPUDA COM 52 PORÇÕES DE MACONHA DENTRO DO ESTÔMAGO. O destino era o tráfico entre os presidiários. Pediu pena mínima, e o juiz decidiu absolvê-lo. O advogado do traficante certamente não esperava tanto.
A justificativa, com a devida vênia, é patética. Escreveu ele ainda, segundo a reportagem: “A portaria 344/98, indubitavelmente um ato administrativo que restringe direitos, carece de qualquer motivação por parte do Estado e não justifica os motivos pelos quais incluem a restrição de uso e comércio de várias substâncias, em especial algumas contidas na lista F, como o THC, o que, de plano, demonstra a ilegalidade do ato administrativo”.
Não está em questão, nem é de sua competência, o conteúdo da portaria. Ainda que ele não goste dela, não é sua função declarar a sua ilegalidade. Enquanto ele estiver investido da toga, cumpre-lhe considerar que ela integra o conjunto das normas do estado de direito — que inclui ainda a Lei Antidrogas, a 11.343.

De resto, observo que sentença de juiz não deveria servir para proselitismo e militância em favor de causas. Ademais, há uma questão de fundo: se a maconha fosse legal no Brasil, ele tem a certeza de que o traficante em questão não estaria com a barriga cheia de cocaína, por exemplo? Alguém dirá: “E você, Reinaldo, como pode levantar uma hipótese como essa?”. Posso, sim! O indivíduo sabia que estava cometendo uma ilegalidade — daí ter recorrido àquele ardil. E ele o fez não porque, a exemplo do doutor, considere injusta a ilegalidade da maconha, mas porque decidiu, de forma consciente, transgredir uma lei. Ele não era um militante da liberdade de escolha. Tratava-se apenas de alguém cometendo um ato que sabia ser criminoso.
Um crime que, não obstante, o juiz não reconheceu. Um despropósito absoluto.
PS – Comentem com prudência, como de hábito. Pode não ser o caso do juiz Cardoso Maciel, mas é o de outros com as mesmas teses. Eles costumam ser ultralibertários em matéria de consumo de drogas, mas acham que a liberdade de expressão é uma substância perigosa. Tendem a tomar a divergência como ofensa à honra”.
Caro Reinaldo, os presos precisam fazer uso “medicinal” de maconha, crack, álcool e outras drogas pois, conforme mostrou o estudo do Promotor e Psiquiatra Forense, José Taborda, do RS, aproximadamente 80% dos presidiários têm alguma doença psiquiátrica. Sem tratamento médico psiquiátrico ( e o Estado de Goiás é notório nisto ), eles precisam se “auto-medicar”.
Também é importante que se libere a maconha em uma sociedade que faz de tudo para libertar-se das “autoridades”, da “rigidez moral”. É “legal” ser descolado e dizer que “maconha não faz mal para ninguém”. Contra estes “movimentos humanitários” só posso dar um exemplo : abro as portas do hospital psiquiátrico juvenil que eu dirijo para quem quiser ver o número de psicóticos graves causados exclusivamente por maconha. Mas minha opinião de nada vale, é apenas a de mais um “autoritário careta”.
Bom mesmo é ser descolado como o juiz aí acima.
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Marcelo Caixeta, psiquiatra ( artigos às terças, sextas, domingos) [dm.com.br]

sábado, fevereiro 15, 2014

Pietro Bernini - Assunção, 1607-1610 Santa Maria Maggiore, em Roma. E36. Escultura

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VESTIBULAR. Charles Fonseca. Poesia

VESTIBULAR
Charles Fonseca

Socorro, assim o amor por ela acaba
Ao cabo assim recolho a minha vela
No cais não quero mais a mim releva
O quanto que lhe quis ao fim o nada

O quanto lhe amei cheira a sargaço
Lasso ao seu enlaço eis-me à lamela
Onde está a amada onde ela
A me nutrir ao mel após transpasso

Do seu vestíbulo estive nos umbrais
E nos seus ais estive mais que louco
Silente aos seus pedidos fiz-me mouco
E aos seus gemidos rouco entrei bem mais.

Jacopo da Empoli, 1600 - Suzanna e os Anciãos - Museu de História da Arte, Viena. A26. Pintura

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

O VENTO ASSOPRA. Charles Fonseca. Prosa

O VENTO ASSOPRA
Charles Fonseca

Algumas coisas a contar, o tempo urge, a vida escoa. Só uns haverão de saber, pra cada um diversa a versão, cada qual sua visão, surpresa, tristeza, alegria, pasmo, ódio, um amor infinito, saudade do que poderia ter sido, arrependimento, maldade, maledicência. O tempo corre, o vento assopra, o sol que nasce é o mesmo que se põe. E ainda assim restará no peito de cada qual, do que se foi, do que está, do que virá, uma ternura, lição aprendida, uma sabedoria oculta, inatingível, no aquém, em alguém, no que viria a ser e se foi.

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Os carismas. Igreja

OS CARISMAS

799. Extraordinários ou simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados como são para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo.

800. Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja. De fato, eles são uma maravilhosa riqueza de graças para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo; desde que se trate de dons verdadeiramente procedentes do Espírito Santo e exercidos de modo plenamente conforme aos impulsos autênticos do mesmo Espírito, quer dizer, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas (257).

801. Nesse sentido será sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa a referência e a submissão aos pastores da Igreja. «A eles compete, de modo especial, não extinguir o Espírito, mas tudo examinar para reter o que é bom» (258), de modo que todos os carismas, na sua diversidade e complementaridade, cooperem para o «bem comum» (1 Cor 12, 7) (259).

Catecismo

Ciclone. Nelson Gonçalves. Música

CRISTAL II. Charles Fonseca. Poesia

CRISTAL II
Charles Fonseca

Meu coração é de cristal
cada estilhaço uma paixão,
cada emenda um não sei não
se me faz bem ou choro o mal

Em cada alma uma trinca
uma saudade um bem querer
um nunca mais ou um té mais ver
no além, o mal porém, ainda.

Peter van Jan - The Elder - O Rapto de Perséfone por Hades Musées Royaux des Beaux-Arts, em Bruxelas. E36. Escultura

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quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Você já foi mal-atendido por um médico? Marcelo Ferreira Caixeta. Prosa

VOCÊ JÁ FOI MAL-ATENDIDO POR UM MÉDICO ?
Marcelo Ferreira Caixeta.

Uma tentativa de aprofundamento no porquê deste “fenômeno” tender a aumentar.
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HÁ UMA tendência MUNDIAL para MÉDICOS serem fabricados em países POBRES ( aqui podemos entender em profundidade o "fenômeno Cubra-sileiro" - importação de técnicos em saúde, em regime de escravidão, para atuarem como médicos no Brasil).
Seja no serviço público, seja no privado, os empregos médicos vão ser, cada vez mais, ocupados por pessoas formadas em países pobres.

1) Inglaterra : 34% de médicos paquistaneses,
2) Alemanha : 29% médicos turcos, portugueses, gregos,
3) EUA : 36% de psiquiatras latinos, 42 % dos procedimentos clínicos já são feitos por enfermeiros.
4) Canadá : 37 % médicos estrangeiros
5) O médico , em países "socializados", não pode ter seu salário muito alto, pois há o princípio de "igualdade de renda" ( uns profissionais não podem ganhar muito mais que os outros ) . Nos países "socializados", ( princípios socialistas, sociais-democráticos ) não há como trabalhar menos e ganhar mais na iniciativa privada médica, pelo simples fato do Estado praticamente impedir a iniciativa privada ( fenômeno que já ocorre também no Brasil e tende a ocorrer cada vez mais ) .
6)Já nos EUA, onde há medicina privada, o problema é outro : colocam enfermeiros e médicos pobres para trabalhar por uma questão de capitalismo ( menores custos ).
7) Os salários médicos, então, são limitados ( a própria "socialização da medicina" impede altos salários = "se eu tenho médico de graça no Governo por que vou pagar um médico particular, e caro ?" ) , mas o estresse , a responsabilidade, os processos, as "cargas horárias animais", noites em claro, etc, isto só vai aumentando, no mundo todo. Num mundo cada vez mais "politicamente correto", cada vez mais "anti-autoridade", cada vez mais exigente, cada vez mais cheio de "processos", é cada vez maior o "direito do paciente", é cada vez "menor o direito de errar".
8 ) Sem ganhar adequadamente e com qualidade de vida ruim, estresse, noites brancas, processos, etc, os únicos que irão querer ser médicos são os que estão passando fome ( cubanos, paquistaneses, turcos, magrhebianos, etc ).
9 ) Os "ricos brancos protestantes" só querem a "Medicina de Alta Tecnologia" ( aquela que ganha muito por procedimentos, cirurgias, etc, e sem a "encheção de saco" do paciente ).
10 ) No Brasil, o Governo faz ( e continuará fazendo, seja PT, seja PSDB, não nos iludamos ) de tudo para acabar, asfixiar, sufocar, a Medicina fora do Estado. Aí, sem estímulos, e com enorme pressão, faltarão médicos, e aí, como já está acontecendo, importarão "médicos-pés-descalços", especialidade exportadora de Cuba, que , em termos de dólares, já ultrapassa a exportação do açucar-de-cana.
11) Só há um meio de deter tudo isto : IMPEDIR A SOCIALIZAÇÃO DA MEDICINA. Quem se habilita ?

12) no mundo da medicina socializada ( Estado acabando com a Medicina privada ) o médico não pode ganhar bem ( de acordo com sua responsabilidade, conhecimento, etc ) . Não podendo ganhar bem, não tem como cuidar bem de UM paciente. Portanto, a tendencia de todo médico nestes países é ser socializado, ter de CUIDAR DE MUITOs PACIENTEs. O que só aumenta o estresse, os processos, etc. Mais um fator que vai afastar toda pessoa inteligente da profissão médica. Só na Medicina Privada o médico pode olhar bem UM paciente, porque o médico ganha condizentemente. No entanto, na medida em que o Governo Brasileiro vem sufocando a Medicina Privada, o médico não vai poder fazer isto ( p.ex., vários hospitais fechando, impostos, tributação , exigências enormes, etc ). Então, não vai sobrar nem lugar adequado e suficiente para o médico trabalhar na iniciativa privada.
Médico vai ser profissão de rico, que não precisa ser médico. O resto dos médicos entrará na vala comum.
13) Apesar do pessimismo inerente a este artigo, tendo a achar que as coisas vão ter uma reviravolta, em algum momento. Esta reviravolta, a meu ver, aconteceria pelos motivos seguintes : 1) a "socialização" da sociedade já começa a dar pau, fazer água. A crise europeia ( apesar dos comunistas quererem vende-la como "crise do capitalismo" ) é, na verdade, uma "crise do socialismo" ( não dá para todo mundo ter o nível de vida que eles tem sem trabalhar ). 2) outro motivo é o de que a socialização obstrui a evolução do homem, você não pode ser melhor, estudar mais, ganhar mais trabalhar mais. É claro que isto não pode continuar, vai ter de ter um fim, e eu acho que é isto que já está acontecendo na Europa. 3) outro motivo é o de que, a vida , sobretudo a nossa e a dos entes queridos, é a coisa mais importante do mundo. A sociedade , sobretudo a do hemisfério norte, chegará à triste conclusão de que o seu socialismo os levou a serem cuidados por médicos com formação pobre, os levou a serem cuidados por uma medicina ruim. Eles vão parar e pensar : é isto que é evolução do socialismo ? 4) então, neste momento , irão ver que profissões complexas , como cuidar do bem mais importante, a vida, precisam ser "de elite", precisam ser bem pagas, exercidas por gente de elite. Irão chegar a esta conclusão, e se preciso for desmontar toda sua medicina socialista, penso que o farão.
14) É um longo caminho, o único problema que vejo é o seguinte : enquanto a Europa vai tender a sair dele, nós no Brasil, estamos começando a longa jornada da Entrada.
15) O que quis mostrar neste artigo é que , 1) a saúde é o item que tem de ser o mais "democrático" de todos, pois diz respeito à vida do pobre, do rico, etc. 2) por isto, a tendência dos governos e sociedades é SOCIALIZÁ-LA e aí está o grande erro de estratégia, que terminará por "matar a Medicina de boa qualidade. 3) Por ex., tenho numerosos pacientes , com casos clínicos, psiquiátricos e até cirúrgicos, que corroboram com todas as letras a ideia de que a "medicina nestes lugares é péssima". Tenho , p.ex.,pacientes que saem da Escandinávia para tratar-se porque lá não há "psiquiatria que preste", pacientes que tiveram de sair da Inglaterra para operar-se pois lá "a Medicina não presta", pacientes que tiveram de sair do Canadá porque lá a Medicina socializada não tratava bem o familiar necessitado de tratamento hospitalar complexo, etc. Este estado de coisas pode ser visto, p.ex., no filme “As Invasões Bárbaras”. 4) Estes lugares, como foi visto aqui acima, estão "perdidos", não sabem o que fazer. Precisam de profissionais, mas, ao mesmo tempo, como também já foi dito, não são Terceiro Mundo, e não podem "aceitar técnicos em Medicina, sem Revalidação do Diploma" ( como acontece com os cubanos, entre nós ) . Aí fazem como nos EUA, coloca-se enfermeiros para praticarem Medicina. 5) tanto é que a OMS ( Organização Mundial da Saúde ) já emitiu alerta de "falta de médicos" no Mundo. Então não sou eu quem está inventando isto, a própria OMS já alertou. 6) a questão é que este pessoal, OMS inclusive ( que é esquerdista) , os "socialistas", não querem ir a fundo na CAUSA desta falência no sistema, pois a causa são ELES MESMOS ( o socialismo ) . 7) O socialismo não aceita que exista um "ser de elite", que em resumo, seria um médico que ganha bem para atender poucos pacientes, muito poucos, para lhe dar uma margem de atenção individualizada, estudar o caso, ter todo tempo do mundo para um só paciente grave, ter todo tempo do mundo para resguardar-se de processos, etc.8 ) O socialismo acha que não pode dar para um profissional de elite o que não pode dar para os outros. Então mantém o médico como um "profissional qualquer". Mas, ao mesmo tempo, as EXIGENCIAS em cima do médico , como em cima de qualquer profissional, não param de crescer, só que em cima do médico é coisa grave, pois envolve morte de seres humanos.9 ) Então, com tantas exigências, sem tempo, sem ganhos, ninguém mais competente, ninguém mais estudado, vai querer fazer Medicina. Isto então recai para os países mais pobres, mais oprimida, com gente disposta a este estresse, ( como os cubanos no Brasil ). 10 ) com isto, a qualidade, necessariamente, vai cair muito, assim como já vemos nas Maternidades Brasileiras onde está morrendo mães e bebês por falta de assistência médica adequada. 11 ) Então, só há um MODO de reverter isto : desmontar o esquema socialista que o gerou. Isto é, não deixarmos o Governo ACABAR com a profissão médica, a medicina liberal, o parque hospitalar, como está fazendo.
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Marcelo Caixeta, é médico, especializado em psiquiatria . ( hospitalasmigo@gmail.com). Escreve terças, sextas, domingos.

Henry F. Darby, 1845 - Reverendo John Atwood e sua família, o Museu de Belas Artes de Boston. A26. Pintura

terça-feira, fevereiro 11, 2014

A Igreja – Templo do Espírito Santo.

III. A Igreja – Templo do Espírito Santo

797. «O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os membros de Cristo, para o Corpo de Cristo, que é a Igreja» (248). «É ao Espírito de Cristo, como a um princípio oculto, que se deve atribuir o facto de todas as partes do Corpo estarem unidas, tanto entre si como com a Cabeça suprema, pois Ele está todo na Cabeça, todo no Corpo, todo em cada um dos seus membros» (249). É o Espírito Santo que faz da Igreja «o templo do Deus vivo» (2 Cor 6, 16) (250):

«De facto, foi à própria Igreja que o dom de Deus foi confiado [...]. Nela foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, arras da incorruptibilidade, confirmação da nossa fé e escada da nossa ascensão para Deus [...]. Porque onde está a Igreja, aí está também o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e toda a graça» (251).

798. O Espírito Santo é «o princípio de toda a ação vital e verdadeiramente salvífica em cada uma das diversas partes do Corpo» (252), Ele realiza, de múltiplas maneiras, a edificação de todo o Corpo na caridade (253): pela Palavra de Deus, «que tem o poder de construir o edifício» (Act 20, 32); mediante o Batismo, pelo qual forma o Corpo de Cristo (254); pelos sacramentos, que fazem crescer e curam os membros de Cristo; pela «graça dada aos Apóstolos que ocupa o primeiro lugar entre os seus dons» (255); pelas virtudes que fazem agir segundo o bem; enfim, pelas múltiplas graças especiais (chamadas «carismas») pelos quais Ele torna os fiéis «aptos e disponíveis para assumir os diferentes cargos e ofícios proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja» (256).

Catecismo

TRIZ. Charles Fonseca. Poesia

TRIZ
Charles Fonseca

Quando o perdeu para sempre
Pôs seus exércitos à frente
A seu lado e por trás
A cercá-lo, quem dá mais
Por um trapo, um zumbi,
Um molambo de cerviz
Coberta por uma canga
Em seus braços falsa dama
Entregou-lhe na bandeja
‘Ela é tua’, que assim seja,
Mais que cobra jararaca
Era um pico de jaca
Mas o destino não quis
Deu-lhe amada, por um triz.

domingo, fevereiro 09, 2014

Manifestação dos médicos brasileiros à sociedade e à mídia, com gosto de vingança na boca. Marcelo Ferreira Caixeta. Medicina

Marcelo Ferreira Caixeta
MANIFESTAÇÃO DOS MÉDICOS BRASILEIROS À SOCIEDADE E À MÍDIA, COM GOSTO DE VINGANÇA NA BOCA. ( agora, engulam a ESCRAVIDÃO CUBANA, seus invejosos de merda).

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Há poucos meses, centenas de manifestantes foram à mídia para dizer que “os médicos brasileiros fazem reserva de mercado contra os médicos cubanos”. Estimulados pelo Governo ( que no Brasil já “comprou” a mídia com suas “verbas publicitárias e empréstimos” polpudos ), descarregaram sobre os médicos toda sua sanha. Uma sanha movida a : 1) inveja de uma classe a qual quiseram um dia pertencer ( vejam quantos destes “antimédicos de hoje” levaram “pau” em Vestibular para Medicina). 2) inveja de uma classe que tem, de fato, pessoas que têm grande sucesso com dinheiro, com “mulheres”, com “casarões”, com “carrões”, com “salões de sociedade”, etc. 3) raiva de uma classe que, de modo geral, “é pouco humana, muito fria, muito corrida, cheia de “bicos-aqui-e-acolá” ( trabalhos em muitos lugares ) , pouco dada à relações pessoais com os pacientes, pouco dada à explicações e conversas sobre as doenças”. 4) em consequência do item “3”, uma classe que, quando comete erros, pode matar, transformando-se assim em inimiga número 1 da sociedade. Estas são as justificativas da classe média e povão para odiar os médicos. Já o Governo tem outras causas : a) precisa jogar a falência gerencial-administrativa do sistema público de saúde (SUS) no colo de alguém. b ) como todo “bom” governo esquerdista, precisa anular as parcelas mais “perigosas” ( mais independentes, mais cultas ) da Sociedade Civil.
A confluência dos interesses do Governo e da Sociedade Civil fez com que esta última apoiasse o primeiro na re-instalação da Escravidão no Brasil, ou seja, trazer médicos(?) cubanos para o SUS ( coloco um ponto de interrogação porque a maioria deles fez “cursos técnicos em saúde”, em 3 anos, e não têm conhecimentos suficientes para serem médicos, daí o Governo tê-los “poupado” de revalidarem seus diplomas médicos no Brasil ).
Os médicos do Brasil, entre os quais me incluo, alertaram enfaticamente os seguintes pontos, mas nossas vozes foram abafadas pela gana da mídia, povão e Governo : 1) Eu, particularmente, que , modéstia à parte, estudei muito, converso com os pacientes e trabalho em um serviço decente, assim como muitos colegas dignos, não tenho o menor medo de eventual “concorrência cubana”. Aliás, o cubano que se meteu a psiquiatra já matou um em Belo Horizonte : mandou dar 4 ampolas de Decanoato por dia, durante cinco dias ( total de 20 ampolas !!) a um paciente, sendo que a dosagem usual, correta, é de, pasmem, uma ampola a cada 30 dias!! Pois bem, o paciente desenvolveu gravíssima arritmia cardíaca , “torsade de pointes” pós-síndrome-do-ST-longo”. 2) nós, os médicos brasileiros que pautamos por uma “certa dignidade”, não somos contra trazer cubanos, bolivianos, marcianos... Desde que tenham estudado e treinado como nós, os médicos brasileiros sofremos para estudar e treinar. Mas isto não aconteceu, o Governo Brasileiro anulou a Lei de Regularização da Medicina e literalmente rasgou todos os Diplomas Médicos Brasileiros, autorizando os cubanos a exercerem a Medicina tendo feito um curso técnico em saúde ( a “morte psiquiátrica” relatada acima já é um dos - inúmeros - reflexos disto ). 3) Nós, os “médicos brasileiros com uma certa dignidade” ( não vaiamos ninguém em aeroporto ), alertamos para que, o “problema do SUS” não é “falta de médico”, é falta de gerenciamento, de administração, de hierarquização técnica, de responsabilização técnica, de mecanismos de descentralização, etc . Não adianta, por exemplo, ter médico e não ter laboratório, hospital, serviços especializados ( tudo , aliás, que o SUS tem pautado por destruir ao longo das décadas ) . 4) alertamos que a “vinda dos cubanos” tinha interesse puramente eleitoreiro, eleger Padilha em SP, Dilma no Brasil. Não tinha interesse em resolver nada. 5 ) Alertamos que, com o que o Governo pagava para os cubanos ( 9.200 para o Governo de Cuba, 800 para o profissional de saúde cubano, e mais uns 8 mil de encargos ), daria muito bem para encher o Brasil Profundo de médicos. Agora, depois das denúncias da “cubana desertora”, o Governo terá de pagar 10 mil para Fidel, 10 mil para o médico(?) cubano , e mais 10 mil de encargos. Com estes 30 mil por mês, portanto, pode contratar até o Jatene para dar plantão no Amazonas ( o problema é que o Jatene, neste caso, não iria fazer propaganda comunista, que é o maior objetivo governamental ). 6) alertamos que o Governo Brasileiro, apesar de ter o dinheiro ( como mostramos acima ) , não têm interesse em remunerar decentemente a compra de serviço dos médicos e serviços hospitalares brasileiros, descentralizando-os e interiorizando-os, pois isto não rende os votos que os “zumbis comunistas de Fidel” vão capitanear para o PT. 7) e o que é principal, alertamos que o Brasil abria perigosíssimo precedente, o de adotar a Escravidão Estrangeira para resolver um problema interno, assim como escravizou africanos para resolver seu problema do Café.
Todos contra os médicos não nos quiseram ouvir em nada : Sociedade, Mídia, Órgãos Públicos ( muitos fizeram vistas grossas para tantas irregularidades ), Governo.
Como o bom Brasil Escravagista, optaram por esconder as “preocupações humanitárias” em prol de sua “cultura cafeeira”.
Então, todos os dias, nos jornais, choviam-nos vitupérios nas cabeças, todos nos chamando de “coxinhas”, “mauricinhos”, “reservadores-de-mercado”, “egoístas”, etc.
Pois bem, agora vem a lume nada mais do que uma “médica” cubana, Ramona Matos Rodriguez, e diz exatamente o que dissemos, ou seja : 1) que sua função é política, 2) que trabalha em regime de escravidão, por exemplo, recebe 800 reais e Fidel fica com 9.200. 3) que o médico no interior, sem estrutura ( laboratórios, hospitais, especialistas, etc ) e gerenciamento, não pode fazer nada, 4) que é controlada completamente, ela e sua família , pelo totalitarismo da Ilha de Fidel, 5) que não tem os mais comezinhos direitos humanos , tais como os de ir e vir, de expressão, de ter contato com seus entes queridos, de ser dona de seu próprio trabalho, de ter direitos trabalhistas, etc.
Suas alegações são tão verdadeiras que até os órgãos públicos, sabidamente e comumente tão manietados pelo Governo / PT já vieram a público manifestar a pertinência das denúncias de Ramona ( p.ex., Ministério Público Federal do Trabalho ).
Pois bem, caros detratores dos “coxinhas” médicos brasileiros, o que vocês, agora, depois de litros e litros de tinta contra nós, têm a dizer ? Nada ? Ou, como os “robôs do PT” estão dizendo : apenas que a Ramona bebe ? apenas que a Ramona tem namorados ? Ora, se isto for verdade ( e não mais uma mentira da “Guerrilha Cibernética” de vocês ), há alguma coisa contra ? O seu chefe-mor não foi denunciado internacionalmente por um jornal como “pé-de-cana” e “mulherengo-sem-escrúpulos” ( ver New York Times e “Caso Rose” )? Vocês alegam que Ramona “colocou um homem dentro de casa”... Mas e o “chefe-de-vocês”, que colocou uma amante dentro da República ? Deste não dizem nada ?
Pois é, “moral seletiva” não é doença catalogada, mas é das epidemias mais destrutivas que já assolaram a Humanidade.
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Marcelo Caixeta, psiquiatra. Escreve às terças, sextas, domingos, na Seção Opinião Pública”, Diário da Manhã. E-mail : hospitalasmigo@gmail.com.

Richard Avedon. Fotografia

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Programa Mais Médicos o governo federal está para ruir, observa sindicato. Medicina

http://www.emtempo.com.br/editorias/dia-a-dia/14465-programa-mais-m%C3%A9dicos-o-governo-federal-est%C3%A1-para-ruir,-observa-sindicato.html

Chuvas de Verão. Caetano Veloso. Música

A Igreja é a esposa de Cristo

A IGREJA É A ESPOSA DE CRISTO

796. A unidade de Cristo e da Igreja, Cabeça e membros do Corpo, implica também a distinção entre ambos, numa relação pessoal. Este aspecto é, muitas vezes, expresso pela imagem do esposo e da esposa. O tema de Cristo Esposo da Igreja foi preparado pelos profetas e anunciado por João Batista (242). O próprio Senhor Se designou como «o Esposo» (Mc 2, 19) (243). E o Apóstolo apresenta a Igreja e cada fiel, membro do seu Corpo, como uma esposa «desposada» com Cristo Senhor, para formar com Ele um só Espírito (244). Ela é a Esposa imaculada do Cordeiro imaculado (245) que Cristo amou, pela qual Se entregou «para a santificar» (Ef 5, 26), que associou a Si por uma aliança eterna, e à qual não cessa de prestar cuidados como ao Seu próprio Corpo (246).

«Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só, formado de muitos [...]. Quer seja a Cabeça que fale, quer sejam os membros, é Cristo que fala: fala desempenhando o papel de Cabeça (ex persona capitis), ou, então, desempenhando o papel do Corpo (ex persona corporis). Conforme ao que está escrito: «Serão os dois uma só carne. É esse um grande mistério; digo-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5, 31-32). E o próprio Senhor diz no Evangelho: «Já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 6). Como vedes, temos, de algum modo, duas pessoas diferentes; no entanto, tornam-se uma só na união esponsal [...] «Diz-se "Esposo" enquanto Cabeça e "esposa" enquanto Corpo» (247).

Catecismo

“A virgem velada” é do artista italiano do século XIX Giovanni Strazza. . Escultura

Véu de mármore1 Véus de mármore   Curiosidades

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

SABIÁ. Charles Fonseca. Poesia

SABIÁ
Charles Fonseca

Delicada sabiá laranjeira
Teu canto é tão triste que nem cabe
No peito as mágoas agora a mim trazes
Teu doce canto ouço vez primeira.

Quem sabe que lembranças em teu canto
Então tu me trazes já tão sofrida
De outros jardins, aqui tens querida
Outro teu par a te enxugar o pranto.

Também venho de outros pomares
De outros lugares foi triste o expulso
Tu chegas a mim e já não soluço
Chego-me a ti em ternos trinares.

Serge Lutens. Fotografia

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O bicho alfabeto tem vinte e três patas. Paulo Leminski

O BICHO ALFABETO TEM VINTE E TRÊS PATAS.
Paulo Leminski

O bicho alfabeto
Tem vinte e três patas
Ou quase

Por onde ele passa
Nascem palavras e
Frases

Com frases
Se fazem asas
Palavras
O vento leve

O bicho alfabeto
Passa
Fica o que não se escreve

Chuá chuá. Pedro de Sá Pereira e Ary Machado. Música

Causas psiquiátricas do ódio aos médicos e à medicina. Marcelo Ferreira Caixeta. Medicina

JORNALISTA E PSICÓLOGO "METEM O PAU" EM MÉDICOS E NA MEDICINA. EXERCENDO MEU DIREITO DE RESPOSTA.
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CAUSAS PSIQUIÁTRICAS DO ÓDIO AOS MÉDICOS ( uma crítica à enviesada “matéria” do Diário da Manhã que denigre médicos e tratamentos ).
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O Diário da Manhã de 6.2.14 traz uma “matéria” (?)[ ver abaixo] onde diz, entre outros críticas ( ver abaixo ) que “Medicamentos Psiquiátricos não Curam”. Coloquei o “matéria” sob interrogação porque o núcleo do que foi escrito mais parece uma ajuda que o repórter deu a um amigo raivoso contra psiquiatras do que propriamente uma matéria jornalística. Cita um psiquiatra, Haltenfeld, apenas para “ilustrar” o ataque raivoso contra os médicos. O que Haltenfeld diz é velho, requentado, lugar-comum, tanto é que eu compartilho : psiquiatras não devem deixar de conversar com seus pacientes, não devem medicar o que não é doença. Ora, eu faço isto e todo bom psiquiatra é preparado e instado a fazê-lo, portanto não é nenhuma novidade. Aliás, todo o palavrório do repórter me parece entediosamente requentado e lugar-comum : “médicos vendidos para a indústria farmacêutica”, “doenças que não existem, só para dar dinheiro para farmácias”, “pessoas que não são doentes sendo dopadas ou viciadas por remédios psiquiátricos”, “drogas que não têm nenhuma função benéfica”, “médicos que não vão na causa profunda dos problemas”, blábláblá. Mas, então, por que ocupar-se deste palavrório “anti-autoridade” que já é clichê na sociedade ocidental ? ( uma sociedade que quer abolir a “autoridade científica” por decreto, sem ter como pagar o ônus por isto ). O interesse é o de apenas estudar os mecanismos profundos por trás disto e também tapar o buraco da irresponsabilidade jornalística de estimular pessoas que precisam de tratamento médico a abandoná-lo ( mortes advindas disto, p.ex., homicídios, suicídios, atropelamentos, fugas, etc, com certeza não serão computadas como “irresponsabilidade jornalística” no atestado de óbito) . Por isto o esclarecimento se faz necessário.
Em primeiro lugar, o “cerne” do artigo do jornalista é a declaração de uma pessoa anônima. Só por aí já se tem noção do nível de credibilidade. No entanto, vamos lá. Tal pessoa diz que teria problemas psicológicos, segundo ela, talvez por ser homossexual e ter sido estigmatizada na família. Ou talvez por trabalhar em um “telemarketing” e estar sujeita à sanha dos patrões exploradores capitalistas. Ou talvez por estar em um trabalho insalubre, aguentando reclamações telefônicas insuportáveis de uma “ porca sociedade burguesa”. O denunciante anônimo, estudante de psicologia, diz-se prejudicado pelo tratamento e diagnóstico psiquiátrico, sentiu limitações cognitivas por causa disto, usava risperidona ( antipsicótico ) , fluoxetina ( antidepressivo) , clonazepam ( ansiolítico ) . Nota-se muito ódio e rancor dos médicos, psiquiatras, em seus depoimentos.
Médicos, com suas “classificações diagnósticas” ( DSM, p.ex.) estão “rotulando” todo mundo e “dopando todo mundo”, tudo mafiosamente movido à dinheiro da indústria farmacêutica. Remédios dopam, viciam, são desnecessários, demenciam, são estigmatizantes. Tudo poderia ser resolvido por vias “naturais”, amor, psicólogos, conversas, talvez um bom sexo, talvez um bom vinho, lazer, socialismo, sei lá. Deus não foi citado, apesar, de no meu entender, ser o melhor substituto para remédio...
Vamos à análise psiquiátrica de tudo isto. Escrevo em “tese”, pois não examinei ninguém. Portanto, não estou falando do “anônimo” em particular, mas sim da situação contextual geral ( que é muito comum, muito observada na prática psiquiátrica) , das circunstâncias em que o depoimento foi feito. Escrevo baseado em um lugar-comum deste tipo de manifestação, pois, de tão comuns, já posso estabelecer uma certa estatística, uma certa casuística. E isto me parece importante para esclarecer a população em geral e sobretudo aqueles doentes, que fazem tratamento psiquiátrico e que, diante da tal “reportagem”, devem estar-se perguntando : “quando é que eu vou parar com o meu remédio ?”.
1) Pessoas muito cheias de energia, inteligentes, hiperativas, cheias de “ego”, instáveis, muitas vezes têm dificuldades em ocupações mais estáveis, mantidas, estruturadas, daí às vezes procurarem trabalhos em teleatendimento, onde há sempre oferta, treinamento rápido, disponibilidade de horários. Muitas destas pessoas têm uma instabilidade de humor, descarrilamentos afetivos, ciclagens emocionais, configurando, em muitos casos, uma diátese genética de natureza bipolar. Em muitos casos, uma tendência bipolar pode ficar latente, até que algum fator mesológico ( do meio ) venha desencadeá-la.
2) Aparentemente, de início, o trabalho é agradável, “conversar com as pessoas”, mas, com o tempo, em breve, torna-se muito difícil para pessoas com o “ego muito forte”. O estresse aumenta. Também aumenta porque a supervisão do trabalho é sentida como rigorosa e asfixiante. Qualquer autoridade é ressentida como abusiva por este tipo de personalidade cheia de ego.
3) Em pouco tempo advém as consequências psiquiátricas, insônia, ansiedade, “pensando demais”, “só fico pensando no trabalho”, “não aguentava nem ir lá mais”, “só de pensar no trabalho já passo mal”, etc. Tais casos, em muitas vezes, ao invés de serem tratados como doença bipolar ( que requer um tratamento específico), são tratados como “depressão”, “estresse”, “ansiedade”. No entanto, para a depressão bipolar, para a ansiedade bipolar, antidepressivos e ansiolíticos puros não resolvem, daí, em muitos casos o médico passar outra medicação “mais forte”, antipsicótico.
4) Inclusive, uma prova de que não se trata de uma “simples depressão” é o fato de ter-se de usar antipsicóticos para controlá-la. Só isto já é indício de que não é uma “depressão comum”, uma “depressão leve”, uma “depressão unipolar”, apenas uma “ansiedade”, apenas um “estresse”.
5) Tais pacientes, por causa de seu “excesso de energia”, “força do ego inflada”, “susceptibilidade emocional”, labilidade afetiva, hipersensibilidade à rejeição, terão a tendência a verem “abuso de autoridade”, “imposição”, “truculência”, por todo lado, da família ( “não aceita a homossexualidade”) , do patrão ( “querem me explorar”), do médico ( “só quer me dopar”, “ganhar dinheiro da indústria farmacêutica”, “não se interessa por mim”), da “sociedade” ( “não me aceitam como sou”) .
6) Por causa do item “5”, tenderão a atacar todo tipo de “normas”, todo tipo de “autoridade”. Muitos tentam “se entender”, estudando psicologia ou ciências humanas. Alguns, como Michel Foucault, dada sua genialidade ( disse que são, geralmente, inteligentes ) atingem uma alta elaboração teórica neste sentido, daí sua militância política, social, ativista-sexual, midiática, literária, nas ciências humanas, nos partidos de esquerda, etc. Como há uma associação importante entre bipolaridade e homoafetividade, muitos irão misturar a “luta contra as normas médicas” com a “luta contra a sociedade e família castradoras e estigmatizadoras da homossexualidade”. De todo este caldeirão, irão ter a “sensação” de que a “sociedade”, “família”, “capitalismo”, “médicos”, querem controlá-los, normatizá-los, castrá-los, estigmatizá-los, inclusive em suas vidas sexuais. As “ciências humanas”, psicologia por exemplo, fornecem o “material teórico” para isto : “médicos tentam controlar a psicologia por meio de remédios, o que é um absurdo”. O corporativismo profissional vem em apoio a estas conjecturações : “ sou psicóloga, fico puta da vida porque fico aqui fazendo terapia com os hiperativos por anos, vem um neurologista, passa uma ritalinazinha, o paciente melhora, a família diz que é o remédio que melhorou o paciente, para o meu tratamento e eu perco dinheiro e meu nicho de poder”. E continua seu discurso ( também incorporado pela “matéria” do Diário da Manhã ) : “ estão é hiper-medicalizando a hiperatividade, estão hiper-medicando a infância”. É apenas um exemplo de como “causas corporativas”, “causas pessoais”, até “causas sexuais” interferem na declaração irresponsável de que o tratamento psiquiátrico é deletério.
7 ) Portanto, o importante é “lutar contra toda autoridade que quer “medicalizar” os problemas de quem quer apenas ter liberdade”. O ódio do médico, da Medicina, da Psiquiatria, viram a cloaca, a lata de lixo, de todos as opressões existenciais vivenciadas por estas pessoas ( família, sociedade, estigma sexual, insatisfação existencial, etc ) . Sentem que é o “psiquiatra que quer normatizá-lo, controlá-lo”. Transfere para o médico, projeta nele, toda a angústia de sua limitação e opressão existencial, limitação que, se ele fosse cobrar de alguém, não deveria ser da família, do psiquiatra, da sociedade, mas sim de Deus, que o fez assim ( ou então, para quem é reencarnacionista, cobrar dele mesmo, que por sua incúria ou pura busca do próprio prazer, no decorrer das várias existências, permitiu e propiciou para que que as coisas chegassem a tal ) . Um discurso muito convincente e palatável, diga-se de passagem. Infelizmente, é convincente até o próximo surto psicótico afetivo, quando então a mesma pessoa é “obrigada” a recorrer ao abominável psiquiatra e à suas “dopantes e anti-liberdade” pilulazinhas. Neste momento, esconde-se tudo, e é por isto que é importante guardar o anonimato. Nestas horas de “perca de liberdade” eles não podem aparecer tomando remédio “psiquiátrico”.
8 ) É importante guardar o anonimato, senão pode aparecer um psiquiatra ou mesmo sua família comprovando que, de fato, o paciente havia, naquele momento, perdido o controle sobre seu próprio bem-estar. É importante guardar o anonimato para não ter de justificar-se do porquê ter ido com as próprias pernas buscar um consultório psiquiátrico ( pelo que eu saiba, o tal anônimo estudante de psicologia não foi internado à força, teria dito isto, não iria perder este “prato cheio”). Ou não ter de encarar a família, sociedade, médico, face-a-face e explicar-lhes porque está jogando na cara, ingratamente, insensivelmente, a ajuda que eles lhe deram num momento em que ele mesmo teria pedido aquela ajuda, um momento de grande sofrimento próprio. É importante guardar o anonimato para fugir-se de todos estes “fantasmas”.
Se tudo que escrevi acima quiser ser questionado, sugiro o seguinte : que o jornalista, ou que seu amigo ( ?) depoente anônimo, vão até o “abominável” hospital psiquiátrico que eu dirijo ( Av. João Leite, Chácara 37, Sta. Genoveva ) e lá se ocupem, sem Medicina, sem diagnóstico, sem remédios, apenas com “psicologia”, de tratar os moribundos e agonizantes que lá aportam. Que, apenas com “humanismo”, “amor”, “atenção humana”, “liberdade”, “sexualidade plena”, revertam as catatonias, os estupores, as psicoses homicidas, as melancolias suicidas, os deliriuns-tremens mortais , os pacientes que estão há 15 dias sem comer, há 5 dias sem tomar uma xícara de água, comendo os próprios dedos, enucleando os próprios globos oculares, etc. Que fiquem lá, observando na prática ( e não no blábláblá irresponsável ) os inúmeros pacientes que saem de lá curados ( sim, “curados”, isto existe em psiquiatria sim - só não existe para irresponsáveis que não querem ver ou ignorantes que não podem ver ) de suas doenças psiquiátricas e que passam a vida toda sem ter mais nenhum episódio patológico mortal; vão viver, trabalhar e amar, que é o apanágio de todo ser humano normal. Vão administrar empresas, cuidar de familia, e até dirigir um país, pois apesar de todos adorarem “meter o pau” em psiquiatras, se vocês soubessem das “grandes autoridades” que fazem tratamento psiquiátrico na surdina ficariam pasmos... Em Goiânia mesmo, o maior psiquiatra, o que mais atende “ricos e bacanas”, grandes políticos, juízes, empresários e outros “anônimos” como o psicólogo da matéria, o faz em um bairro classe-alta, sem a menor placa ou indício de que ali está um “abominável médico psiquiatra”.
Se existem psiquiatras que dopam, viciam, não conversam, diagnosticam problemas existenciais como doenças, é problema deles, não é problema meu; e repudio qualquer ilação de que eu, assim como muitos outros, somos este tipo de médico, dinheirista, frio, carrasco e carniceiro. Quando os encontro, denuncio-os para os órgãos competentes, (e insto-os, jornalista e psicólogo, a fazê-lo ), mas não fico por aí espalhando o terror na mente frágil de pacientes que precisam do tratamento, tratamento feito por médicos responsáveis, estudados e morais.
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Marcelo Caixeta, psiquiatra, escreve às terças, sextas, domingos no Diário da Manhã - seção "opinião pública" - dm.com.br ( hospitalasmigo@gmail.com)