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quinta-feira, janeiro 31, 2013

Público dos últimos 30 dias


Cangaço. Charles Fonseca.

14. Paco de Lucía Concierto de Aranjuez Part2

Aracaju


SS851122, upload feito originalmente por Charles Fonseca.

Jardins

JARDINS
Charles Fonseca

No ar das ondas há um bramido
Batem na praia espumas ao vento
Morrem sozinhas ao desalento
De não beijar a fimbria de seu vestido

Sereia praia cheira sargaço
Cravo canela sobem suas pernas
Jasmins rosas talvez camélias
romas mil e um seu regaço

Abriga sonhos do pescador
Ao léu de outras as seduções
Pois do seu seio afloram botões
De mais jardins falece em amor.

Uma hora e meia. Como a TV molda seu modo de pensar. Algo mudou?

Pierre Verger


As chaves do reino

«AS CHAVES DO REINO»

551. Desde o princípio da sua vida pública, Jesus escolheu alguns homens, em número de doze, para andarem com Ele e participarem na sua missão (306). Deu-lhes parte na sua autoridade «e enviou-os a pregar o Reino de Deus e a fazer curas» (Lc 9, 2). Estes homens ficam para sempre associados ao Reino de Cristo, porque, por meio deles, Jesus Cristo dirige a Igreja:

«Eu disponho, a vosso favor, do Reino, como meu Pai dispõe dele a meu favor, a fim de que comais e bebais à minha mesa, no meu Reino. E sentar-vos-eis em tronos, a julgar as doze tribos de Israel» (Lc 22, 29-30).

552. No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar (307). Jesus confiou-lhe uma missão única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro confessara: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16). E nosso Senhor declarou-lhe então: «Tu és Pedro: sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt 16, 18). Cristo, «pedra viva» (308), garante à sua Igreja, edificada sobre Pedro, a vitória sobre os poderes da morte. Pedro, graças à fé que confessou, permanecerá o rochedo inabalável da Igreja. Terá a missão de defender esta fé para que nunca desfaleça e de nela confirmar os seus irmãos (309).

553. Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: «Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus» (Mt 16, 19). O «poder das chaves» designa a autoridade para governar a Casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, o «bom Pastor» (Jo 10, 11), confirmou este cargo depois da sua ressurreição: «Apascenta as minhas ovelhas» (Jo 21, 15-17). O poder de «ligar e desligar» significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo ministério dos Apóstolos e particularmente pelo de Pedro, o único a quem confiou explicitamente as chaves do Reino.

Catecismo

Holbein: Georg Gisze (1532) - Louvre, Paris

Pisca pisca

PISCA PISCA
Charles Fonseca

À noite volta o corpo à cama
Dorme o real o delírio aflora
Lírios sobre o pântano agora
O embelezam para o ser que ama

Densa treva o vaga-lume espia
Aqui na terra reflete ao céu
Os astros a correr ao léu
No pisca pisca da noite fria

Beethoven - Fur elise

A perfeição. Clarice Lispector

A perfeição
Clarice Lispector


O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.


O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.


Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.


O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.


Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

Queria poder ouvir as conchas quando elas se desprendem da existência. Manoel de Barros.

A víbora e a raposa

A VÍBORA E A RAPOSA

Arrastava a corrente de um rio a uma víbora enroscada em espinhos.
Observava a passagem uma raposa que descansava e exclamou:
- Para tal classe de barco, tal piloto!

Moral:
Homens perversos sempre se ligam a ferramentas perversas.

Esopo

Cravo


CRAVO
Charles  Fonseca

Uma dor me arranca do leito
É a da alma que me acorda
É o meu ser no estar que chora
Por um sorriso teu, por um teu preito

De gratidão embora eu falho
Antes que venha a ceifa que a todos
Leva a esperança ainda que toldos
Cubram à vista cobra o passado

Ir adiante qualquer que seja a vida
Que leve à outra além travo
Da taça reste um gosto cravo
Arredio à hora da partida.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Mi Primer Tango Georgina,Oscar & Nicolas Mandagaran bailan Poema

João Cabral de Melo Neto


ENCONTRA DOIS HOMENS CARREGANDO UM DEFUNTO NUMA REDE, AOS GRITOS DE "Ó IRMÃOS DAS ALMAS! IRMÃOS DAS ALMAS! NÃO FUI EU QUE MATEI NÃO!"

— A quem estais carregando,
irmãos das almas,
embrulhado nessa rede?
dizei que eu saiba.
— A um defunto de nada,
irmão das almas,
que há muitas horas viaja
à sua morada.
— E sabeis quem era ele,
irmãos das almas,
sabeis como ele se chama
ou se chamava?
— Severino Lavrador,
irmão das almas,
Severino Lavrador,
mas já não lavra.
— E de onde que o estais trazendo,
irmãos das almas,
onde foi que começou
vossa jornada?
— Onde a Caatinga é mais seca,
irmão das almas,
onde uma terra que não dá
nem planta brava.
— E foi morrida essa morte,
irmãos das almas,
essa foi morte morrida
ou foi matada?
— Até que não foi morrida,
irmão das almas,
esta foi morte matada,
numa emboscada.
— E o que guardava a emboscada,
irmão das almas,
e com que foi que o mataram,
com faca ou bala?
— Este foi morto de bala,
irmão das almas,
mais garantido é de bala,
mais longe vara.
— E quem foi que o emboscou,
irmãos das almas,
quem contra ele soltou
essa ave-bala?
— Ali é difícil dizer,
irmão das almas,
sempre há uma bala voando
desocupada.
— E o que havia ele feito,
irmãos das almas,
e o que havia ele feito
contra a tal pássara?
— Ter um hectares de terra,
irmão das almas,
de pedra e areia lavada
que cultivava.
— Mas que roças que ele tinha,
irmãos das almas,
que podia ele plantar
na pedra avara?
— Nos magros lábios de areia,
irmão das almas,
os intervalos das pedras,
plantava palha.
— E era grande sua lavoura,
irmãos das almas,
lavoura de muitas covas,
tão cobiçada?
— Tinha somente dez quadros,
irmão das almas,
todas nos ombros da serra,
nenhuma várzea.
— Mas então por que o mataram,
irmãos das almas,
mas então por que o mataram
com espingarda?
— Queria mais espalhar-se,
irmão das almas,
queria voar mais livre
essa ave-bala.
— E agora o que passará,
irmãos das almas,
o que é que acontecerá
contra a espingarda?
— Mais campo tem para soltar,
irmão das almas,
tem mais onde fazer voar
as filhas-bala.
— E onde o levais a enterrar,
irmãos das almas,
com a semente de chumbo
que tem guardada?
— Ao cemitério de Torres,
irmão das almas,
que hoje se diz Toritama,
de madrugada.
— E poderei ajudar,
irmãos das almas?
vou passar por Toritama,
é minha estrada.
— Bem que poderá ajudar,
irmão das almas,
é irmão das almas quem ouve
nossa chamada.
— E um de nós pode voltar,
irmão das almas,
pode voltar daqui mesmo
para sua casa.
— Vou eu, que a viagem é longa,
irmãos das almas,
é muito longa a viagem
e a serra é alta.
— Mais sorte tem o defunto,
irmãos das almas,
pois já não fará na volta
a caminhada.
— Toritama não cai longe,
irmão das almas,
seremos no campo santo
de madrugada.
— Partamos enquanto é noite,
irmão das almas,
que é o melhor lençol dos mortos
noite fechada.

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Nas tuas mãos. Charles Fonseca.

Paul Mauriat * Richard Clayderman * Ray Conniff

Embora

EMBORA
Charles Fonseca.

Agora dá-me tua mão
Chega atroz o cansaço
De tanto esperar abraço,
Por ora desejo vão

Agora fraco dos passos
A alma em agonia
Meu corpo por ar ansia,
Por ora dá-me um abraço

Agora dou-te meu beijo
Aquele que sempre foi teu
Do amor que nunca morreu,
Por ora em dor, arquejo

Dá-me um abraço agora
A ceifadeira espia
Minha alma ao céu aspira
Já vou meu amor, embora

Um frio la fora, cá dentro crepito. De dia agito, de noite, agora.


Trópicos

TRÓPICOS
Charles Fonseca

Adeus trópico de capricórnio
Adentro agora trópico câncer
Aonde quer que em vida alcance
Agora escrevo o exórdio

Uma pregação beira deserto
Um amar tão sem contrapartida
Morrer aos poucos enquanto há vida
Tantos erros ainda decerto

Pode ser longa a caminhada
Beira mar brisa sargaço estrela
Mulher doce por ti estendo esteira
De saudosa caminhada eu nada

Levo em mim a não ser saudade
De ti de tão doce convivência
Que assunto aos céus por benemerência
Deixo, devida, a ti herdade

Uma homenagem um elogio
Uma lembrança de um querer bem
A ti, tua filha, dois mais alguém,
Deixo um abraço , subo, sorrio.

terça-feira, janeiro 29, 2013

Público

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Drão- Gil e Yamandu

Pastor alemão Freud. À espera de um grande amor. 48 8441 2797

Quando o poeta dorme. Charles Fonseca.

Luiz Gonzaga - Ave Maria Sertaneja

Aparelhamento desmontou a Petrobras

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=484228&ch=n

Algemas

Os sinais do reino de Deus

OS SINAIS DO REINO DE DEUS

547. Jesus acompanha as suas palavras com numerosos «milagres, prodígios e sinais» (Act 2,22), os quais manifestam que o Reino está presente n'Ele. Comprovam que Ele é o Messias anunciado (289).

548. Os sinais realizados por Jesus testemunham que o Pai O enviou (290). Convidam a crer n'Ele (291). Aos que se Lhe dirigem com fé, concede-lhes o que pedem (292). Assim, os milagres fortificam a fé n'Aquele que faz as obras do seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus (293). Mas também podem ser «ocasião de queda» (294). Eles não pretendem satisfazer a curiosidade nem desejos mágicos. Apesar de os seus milagres serem tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns (295); chega mesmo a ser acusado de agir pelo poder dos demónios (296).

549. Ao libertar certos homens dos males terrenos da fome (297), da injustiça (298) da doença e da morte (299) – Jesus realizou sinais messiânicos; no entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo (300), mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado (301), que os impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as servidões humanas.

550. A vinda do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás (302): «Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demónios, então é porque o Reino de Deus chegou até vós» (Mt 12, 28). Os exorcismos de Jesus libertam os homens do poder dos demónios (303). E antecipam a grande vitória de Jesus sobre «o príncipe deste mundo» (304). É pela cruz de Cristo que o Reino de Deus vai ser definitivamente estabelecido: «Regnavit a ligno Deus – Deus reinou desde o madeiro» (305).

Catecismo

Elizeth Cardoso e Zimbo Trio '' Apelo ''. Música

King Kong

KING KONG
Charles Fonseca

Era grossa no trato, chata de corpo, de baixa estatura, obesa, de meia idade. Emergencialmente cuidadora do ancião até que sua afilhada reassumisse suas funções. Morava numa favela hoje sutilmente chamada de comunidade de bairro com todo o diferencial eufemístico que a massa ignara acha como sendo o nome correto. Um visinho com quem não simpatizava disse-lhe qualquer coisa desagradável. Ela não contou história: tirou a roupa no meio da rua e a jogando ao chão disse:
- Agora mostre que é homem e pise em cima de minha roupa.

Nélson Gonçalves - Quando o samba acabou

Alfazema


ALFAZEMA
Charles Fonseca

Um cheiro de alfazema
pós banho na tenra idade
te ninar só tua vontade
depois berço cantilena  

tu dormias eu sonhava
acordavas eu sorria
se choravas correria
choro agora ante nada

pois que és pra mim herdade
o meu filho tu criança
eu idoso em esperança
em ti, neto, que saudade!

Queria que um ferrolho fechasse o meu silêncio, para eu sentir melhor as coisas increadas. Manoel de Barros.

A Barra é leve. Eleva.


O sol nasceu bem forte, upload feito originalmente por Charles Fonseca.

segunda-feira, janeiro 28, 2013

Cãibra. Vinicius de Moraes.

Cãibra
Vinicius de Moraes

Um cacho de gente pendura-se ao meu lado, do estribo do bonde descendo a Presidente Vargas em demanda da Central. Na ponta do cacho, como uma banana não prevista, um mulatinho segura-se ao bonde por apenas dois dedos de cada mão. Numa hora lá, ouço-o dizer:
- Puxa, que cãibra!
Olho a penca humana do meu lugar à ponta do banco. Tenho à minha esquerda um velho que cochila, com toda a pinta de funcionário da Central, os punhos puídos e a gravata desfiando no nó. À minha frente há uma mulata gorda, de pé, ou melhor, no seu impressionante posterior, Vejo, nas caras à minha volta, sinais de imemorial fadiga e paciência, Dir-se-ia que estamos na Índia. A cor de todo mundo é a da desnutrição e da desesperança. Há poucos rostos escanhoados. Muitos olhos trazem sinais de conjutivite crônica e paira um ar geral de avitaminose dentro do elétrico a transportar lentamente a sua carga humana para a cidade. O sol bate a pino no cacho pendente, como a querer amadurá-lo à força, e rapidamente. Lá de fora chega-me novamente a voz, meio aflita:
- 'Tou com uma cãibra!
Mas ninguém dá atenção. O bonde prossegue um pouco mais, eu de olho no mulatinho de cara contraída, os braços elásticos a abraçar de fora a penca de homens de cerrada catadura. "Ele vai cair…" penso comigo. Mas logo depois acho que não, que ele agüenta mais um pouquinho, porque já por estas alturas estamos atingindo a antiga praça Onze, onde há um ponto de parada. Mas a voz chega novamente, aflitíssima, enquanto eu vejo os dedos do mulatinho com as pontas brancas de esforço, agarrados como garras ao balaústre:
- Não agüento mais essa cãibra!
A queda veio em seguida, mas o "roxinho" era muito safo. Apesar de cair de costas, ele aproveitou o movimento, girou numa espetacular pantana e pôs-e de pé. Foi evidentemente sorte sua o bonde estar a fraca velocidade.
Vi-o ainda sacudindo o braço da cãibra que o tomara, sem qualquer sinal aparente de ferimento ou choque. O seu substituto no cacho ficou olhando, o corpo estirado para fora do bonde, e comentou meio para si mesmo:
- O homem devia 'tar com uma cãibra...

Nem no mar, nem na terra. Charles Fonseca.

O anúncio do reino de Deus

O ANÚNCIO DO REINO DE DEUS

543. Todos os homens são chamados a entrar no Reino. Anunciado primeiro aos filhos de Israel (271), este Reino messiânico é destinado a acolher os homens de todas as nações (272). Para ter acesso a ele, é preciso acolher a Palavra de Jesus:

«A Palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo: aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo, já receberam o Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao tempo da messe» (273).

544. O Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer, dos que o acolheram com um coração humilde. Jesus foi enviado para «trazer a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4, 18) (274). Declara-os bem-aventurados, porque «é deles o Reino dos céus» (Mt 5, 3). Foi aos «pequenos» que o Pai se dignou revelar o que continua oculto aos sábios e inteligentes (275). Jesus partilha a vida dos pobres, desde o presépio até à cruz: sabe o que é sofrer a fome (276), a sede (277) e a indigência (278). Mais ainda: identifica-se com os pobres de toda a espécie, e faz do amor activo para com eles a condição da entrada no seu Reino (279).

545. Jesus convida os pecadores para a mesa do Reino: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17) (280). Convida-os à conversão sem a qual não se pode entrar no Reino, mas por palavras e actos, mostra-lhes a misericórdia sem limites do Seu Pai para com eles e a imensa «alegria que haverá no céu, por um só pecador que se arrependa» (Lc 15, 7). A prova suprema deste amor será o sacrifício da sua própria vida, «pela remissão dos pecados» (Mt 26, 28).

546. Jesus chama para entrar no Reino, por meio de parábolas, traço característico do seu ensino (282). Por meio delas, convida para o banquete do Reino (283), mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo (284). As palavras não bastam, exigem-se actos (285). As parábolas são, para o homem, uma espécie de espelho: como é que ele recebe a Palavra? Como chão duro, ou como terra boa? (286) Que faz ele dos talentos recebidos? (287) Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas. É preciso entrar no Reino, quer dizer, tornar-se discípulo de Cristo, para «conhecer os mistérios do Reino dos céus» (Mt 13, 11). Para os que ficam «fora» (Mc 4, 11), tudo permanece enigmático (288).

Catecismo

Baile à fantasia

BAILE À FANTASIA
Charles Fonseca  

Ela era uma coelhinha
Toda preto e vermelho
Ele palhaço pentelho
Eu pulando com peninha

Volteios pleno o salão
Num baile de carnaval
Filhos meus fui bem ou mal
Chacoalhei na ilusão.

No haver e grande devedor.

A vida me sorriu. Algumas vezes chorei. Deveria ter chorado mais. Estou no haver espiritual. Mas devo tudo a Deus.

A saudade

A SAUDADE
Charles Fonseca

Há uma saudade enorme
Que o meu peito vergasta
Que a minh’alma retalha
Que o meu ser toldo encobre

É como um manto sombrio
Que me separa dos vivos
Dos mortos eu sobrevivo
É longa a vida no estio

É um deserto de afeto
Sem oásis fruição
É vento seco monção
Sem um orvalho decerto.

Andrea Bregno - Monument of Cardinal Nicola de Cusa San Pietro in Vincoli

domingo, janeiro 27, 2013

Ao luar


AO LUAR
Charles Fonseca

Não sei se olho pra lua
Ou pra mulher a cismar
Atrás da vidraça um lar
Além dela só a rua

Quem será que ilumina
Suas noites de luar
Um homem lado de lá
Ou lado de cá uma sina

Ai quem dera eu soubesse
Mas tudo é só ilusão
Uma foto tenho à mão
Fantasia cai se despe

Este meu imaginar
Tudo é pura ilusão
É beira-mar viração
Sonho acordado ao luar.
 

Europeando. 1


Europeando. 1, upload feito originalmente por Charles Fonseca.

Desenho Aquarela do Brasil

Por quê não medir a amorosa penetração das chuvas no dentro da terra? Manoel de Barros

Ricos

Canção. Cecília Meireles.

CANÇÃO
Cecília Meireles

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Os beijos que nao te dei. Charles Fonseca

SONHO
Charles Fonseca

Suave fragancia
Um toque sutil
Anil sobre a alva
Na alma um arrepio

No peito a saudade
Nas noites de frio
O leito vazio
Sozinho a vontade

De novo a ti ver
Passado a subir
Das brumas luzir
O amor, quero ter.

Europeando


O suco de frutas e a obesidade

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/julioabramczyk/1217208-o-suco-de-frutas-e-a-obesidade.shtml

Gárgulas ou Quimeras. Catedral Notre Dame de Paris.


“O fantasma é um exibicionista póstumo.” Mario Quintana.

O reino de Deus está próximo.

«O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO»

541. «Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia. Aí proclamava a Boa-Nova da vinda de Deus, nestes termos: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: convertei-vos e acreditai na Boa-Nova!"» (Mc 1, 14-15). «Por isso, Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na terra ao Reino dos céus» (267). Ora a vontade do Pai é «elevar os homens à participação da vida divina» (268). E fá-lo reunindo os homens em torno do seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, a qual é na terra «o germe e o princípio» do Reino de Deus» (269).

542. Cristo está no centro desta reunião dos homens na «família de Deus». Reúne-os à sua volta pela sua palavra, pelos seus sinais que manifestam o Reino de Deus, pelo envio dos discípulos. E realizará a vinda do seu Reino sobretudo pelo grande mistério da sua Páscoa: a sua morte de cruz e a sua ressurreição. «E Eu, uma vez elevado da Terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32). Todos os homens são chamados a esta união com Cristo (270).

Catecismo

Yamandu Costa

Saudade (II)

SAUDADE (II)
Charles Fonseca

Para ti um bom lugar
Onde quer que tu estejas
Muito além d’alguma igreja
Que estejas num habitar

Que te descanse da lide
Que foi tua vida acá
Junto a ti eu quero estar
Mãe, pai, irmão Ataide.

A sós

Era tão premente a paixão restaurada que em mais de uma ocasião eles se olharam nos olhos quando se dispunham a comer e, sem se dizerem nada, tamparam os pratos e foram morrer de fome e de amor no quarto.
Gabriel Garcia Márquez, Cem Anos de Solidão

De minha parte, chás com torrada, sucos de frutas adocicados, nada apimentado a não ser com muito estilística, suavidade, metáforas sutis, um longo olhar ao céu azul estrelado, sombra de luar, mãos dadas a beira mar, um cochicho aqui, outro acolá. Um toque de flor, um cheiro jasmim, um sargaço no ar.

Cinzas

CINZAS
Charles Fonseca

Já disse pra ela as cinzas
Jogue fundo da Lagoa
Da Conceição numa boa
Tudo em cores senda finda

Esta do meu bem querer
Da amada minha vida
‘té que a morte dê guarida
Minh’alma a Deus no haver.

sábado, janeiro 26, 2013

Público

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A víbora e a lima

A VÍBORA E A LIMA
Esopo

A uma loja de um ferreiro entrou uma víbora, pedindo caridade às ferramentas. Depois de receber algo de todas, faltando só a lima, aproximou-se e lhe suplicou que lhe desse alguma coisa.
- Bem enganada estás - disse a lima - se crês que te darei algo. Eu que tenho o costume, não de dar, mas sim de tomar algo de todos!

Moral:
Nunca deves esperar obter algo de quem só tem vivido de tirar dos demais.

Por quê não medir a relação de amor que os pássaros têm com as brisas da manhã? Manoel de Barros.

A emoção através de décadas. Você precisa me acompanhar agora. Preciso de sua companhia. Sem você, como seria?

Minha casa é onde a paz habita comigo

A lágrima cristalina. Charles Fonseca.

A meu irmão Guilherme de Castro Alves. Antonio de Castro Alves

A meu irmão Guilherme de Castro Alves
Antonio de Castro Alves

Na Cordilheira altíssima dos Andes
Os Chimborazos solitários, grandes
Ardem naquelas hibernais regiões.
Ruge embalde e fumega a solfatera...
É dos lábios sangrentos da cratera
Que a avalanche vacila aos furacões.
A escória rubra com os geleiros brancos
Misturados resvalam pelo flancos
Dos ombros friorentos do vulcão...

...............................................................

Assim, Poeta, é tua vida imensa,
Cerca-te o gelo, a morte, a indiferença...
E são lavas lá dentro o coração.


Clique: https://charlesfonseca.blogspot.com

Oh, Minas Gerais!

Evandro Teixeira

A tentação de Jesus

A TENTAÇÃO DE JESUS

538. Os evangelhos falam dum tempo de solidão que Jesus passou no deserto, imediatamente depois de ter sido baptizado por João: «Impelido»pelo Espírito para o deserto, Jesus ali permanece sem comer durante quarenta dias. Vive com os animais selvagens e os anjos servem-n'O (263).

No fim desse tempo, Satanás tenta-O por três vezes, procurando pôr em causa a sua atitude filial para com Deus; Jesus repele esses ataques, que recapitulam as tentações de Adão no paraíso e de Israel no deserto; e o Diabo afasta-se d'Ele «até determinada altura» (Lc 4, 13).

539. Os evangelistas indicam o sentido salvífico deste acontecimento misterioso, Jesus é o Novo Adão, que Se mantém fiel naquilo em que o primeiro sucumbiu à tentação. Jesus cumpre perfeitamente a vocação de Israel: contrariamente aos que outrora, durante quarenta anos, provocaram a Deus no deserto (264), Cristo revela-Se o Servo de Deus totalmente obediente à vontade divina. Nisto, Jesus vence o Diabo: «amarrou o homem forte», para lhe tirar os despojos (265). A vitória de Jesus sobre o tentador, no deserto, antecipa a vitória da paixão, suprema obediência do seu amor filial ao Pai.

540. A tentação de Jesus manifesta a maneira própria de o Filho de Deus ser Messias, ao contrário da que Lhe propõe Satanás e que os homens (266) desejam atribuir-Lhe. Foi por isso que Cristo venceu o Tentador, por nós: «Nós não temos um sumo-sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas; temos um, que possui a experiência de todas as provações, tal como nós, com excepção do pecado» (Heb 4, 15). Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto.

Catecismo

Dalva de Oliveira. Ave Maria no Morro.

Fundo

FUNDO
Charles Fonseca

Aflora do fundo desejo
Entre pétalas tão rubras
Que a colibris às dúzias
Só a um é dado ensejo

De adentrar nesse vestíbulo
Templo do amor pede a carne
Um sorver mel fim de tarde
Uma carícia eu discípulo

Desta flor sempre aprendo
Um pouco mais, pede ela,
Olho a lua à janela
Já nela afundo, apreendo.

Sobrinhas netas. Feira de Santana, Bahia.


Oração

ORAÇÃO
Charles Fonseca

Entre nós silêncio só
Entre vós o sim que é não
Ou o não fica em desvãos
Da alma ‘té o corpo ao pó

Quão bom seria ainda
Neste final de capítulo
Desta cena um discípulo
Dizer pra mim já se finda

Este tanto querer bem
Contido fundo da alma
Contudo que isso acalma
Com nada mais digo amém.

Catedral Notre Dame de Paris


sexta-feira, janeiro 25, 2013

Por quê não medir, por exemplo, a extensão do exílio das cigarras? Manoel de Barros.

Filhos da rua. Aline de Mello Brandão.

FILHOS DA RUA
Aline de Mello Brandão

A rama da manhã que acaso enredo
traz nua a alma do sol, trama e segredo.
A rua inteira acorda seus conflitos:
motores, tosses, carros, novos gritos
na boca armada, enfim, bebendo a taça
entredormida entre o sono e a sede
velando esta cidade onde boceja
o cidadão comum, o empresário,
a verdureira, o padeiro, o vigário,
os armazéns e as portas de oferendas
as percentagens expostas em suas vendas
num ensaio vivo de outra escravidão.

A esperança sofreu seu desmame
no estalar das bolas de sabão.

Precocemente foi-se a ama de leite,
foi com o marujo, no sonho cruzado
e a mãe de parto, ah...esta nem pensa
que o filho vende nos limões da feira,
sacolas feito pão-de-cada-dia
e os picolés da prostituição,
cheirando a cola, junto à podridão.

Filha da rua, esta pariu o anjinho
feto afogado / era bonitinho
na escadaria - pedra do alagado.
O seio vaza, o leite insinuado.
Traz nua a alma do sol, trama e segredo,
a rama da manhã que acaso enredo.

Clara Nunes - Abrigo De Vagabundo

Meu eu criança com meus sobrinhos netos de Feira de Santana, Bahia.


Dilmais

O cravo. Charles Fonseca.

Rio acima

RIO ACIMA
Charles Fonseca

Vai rio acima meu verso ligeiro
Nas margens ribeiras da ilusão
E diz pra ela que não desça não
Por essas vãs águas das cachoeiras.

Diz para a flor da verde campina
Que já não desça rio abaixo não
Não fique à margem desilusão
Da ribanceira, no rio acima.

Que no rio abaixo desce somente
Flores cadentes do que já se foi
Que novo sonho rebrote, pois,
Do rio à margem flor, fruto, semente.

Dorothea Margaretta Lange Nutzhorn

Os mistérios da vida pública de Jesus

III. Os mistérios da vida pública de Jesus

O BAPTISMO DE JESUS

535 O início (251) da vida pública de Jesus é o seu baptismo por João, no rio Jordão (252). João pregava «um baptismo de penitência, em ordem à remissão dos pecados» (Lc 3, 3). Uma multidão de pecadores, publicanos e soldados (253), fariseus e saduceus (254) e prostitutas vinha ter com ele, para que os baptizasse. «Então aparece Jesus». O Baptista hesita, Jesus insiste: e recebe o baptismo. Então o Espírito Santo, sob a forma de pomba, desce sobre Jesus e uma voz do céu proclama: «Este é o meu Filho muito amado» (Mt 3,13-17). Tal foi a manifestação («epifania») de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus.

536. Da parte de Jesus, o seu baptismo é a aceitação e a inauguração da sua missão de Servo sofredor. Deixa-se contar entre o número dos pecadores (256). É já «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29), e antecipa já o «baptismo» da sua morte sangrenta (257). Vem, desde já, para «cumprir toda a justiça» (Mt 3,15). Quer dizer que Se submete inteiramente à vontade do Pai e aceita por amor o baptismo da morte para a remissão dos nossos pecados (258). A esta aceitação responde a voz do Pai, que põe toda a sua complacência no Filho (259). O Espírito que Jesus possui em plenitude, desde a sua conceição, vem «repousar» sobre Ele (Jo 1, 32-33) (260) e Jesus será a fonte do mesmo Espírito para toda a humanidade. No baptismo de Cristo, «abriram-se os céus» (Mt 3, 16) que o pecado de Adão tinha fechado, e as águas são santificadas pela descida de Jesus e do Espírito, prelúdio da nova criação.

537. Pelo Baptismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus que, no seu baptismo, antecipa a sua morte e ressurreição. Deve entrar neste mistério de humilde abatimento e de penitência, descer à água com Jesus, para de lá subir com Ele, renascer da água e do Espírito para se tornar, no Filho, filho-amado do Pai e «viver numa vida nova» (Rm 6, 4):

«Sepultemo-nos com Cristo pelo Baptismo, para com Ele ressuscitarmos; desçamos com Ele, para com Ele sermos elevados; tornemos a subir com Ele, para n'Ele sermos glorificados» (261).
«Tudo o que se passou com Cristo dá-nos a conhecer que, depois do banho de água, o Espírito Santo desce sobre nós do alto dos céus e, adoptados pela voz do Pai, tornamo-nos filhos de Deus» (262).

Catecismo

Gonzaguinha - Sangrando (1980)

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Por outro lado, o orgulho dos brejos é o de serem escolhidos por lírios que lhes entregarão a inocência. Manoel de Barros.

Nosso rio

NOSSO RIO
Charles Fonseca

Um coqueiro sobre as águas
Do meu Rio São Francisco
Noutras eras tanto pisco
Hoje do homem chora mágoas

Como chora uma mulher
Ou um homem seus pesares
De seus filhos n’outros ares
Divididos por quem quer

Fazer secar nosso rio
São Francisco pelas margens
Derribar toda folhagem
Tão tolos que deles rio.

Porta aberta

PORTA ABERTA
Charles Fonseca

Uma rosa haste aberta
Vem o sol e pousa nela
E eu daqui da janela
Sinto inveja solo certas

Flores rubras em oferta
Tão prontas a receber
A dar perfume haver
Não de ter portas abertas.

Holbein: Nikolaus Kratzer (1528) - Louvre, Paris

Decaída

DECAÍDA
Charles Fonseca

Era um aniversário
Em resumo muitas décadas
Invejosos, solidários,
Uma flor desfaz-se em pétalas

Em torno uns colibris
também tinha carcará
Uma viola no ar
Um certo perfume Paris

Um canto angelical
No centro a decaída
Uma puta na descida
Um bolo sortido afinal.

Imunidade ou impunidade, eis a questão.


CANA CAIANA. Charles Fonseca. Poesia

Fazendo turismo

Fazendo turismo

Todo americano que chega no Brasil quer ir em quatro lugares, fixos. Sempre me intriguei com isso. Resolvi perguntar.
- Steve, por que você foi: no Rio de Janeiro, em Manaus, numa praia do Nordeste e em Foz do Iguaçu?
- Easy, Johnny. Rio é o que a gente sonha sobre o Brasil, Manaus o que nunca vimos, Nordeste o que nunca amamos antes e Foz é para conferir que é maior do que Niágara Falls.
- Mas Steve, nenhum desses lugares é o nosso verdadeiro país!
- Well, espero que não seja real a sua capital.

JB Alencastro

Pierre Verger

A víbora e a cobra d'água. Esopo.

A VÍBORA E A COBRA D’ÁGUA
Esopo

Uma víbora acostumada a beber água de um manancial, e uma cobra d’água que nele habitava tratava de impedi-la, indignada porque a víbora, no contente em reinar no campo, também chegasse a molestar seu domínio.
A tanto chegou a coisa que combinaram um combate: aquela que conseguisse a vitória, entraria em posse de tudo. Fixaram o dia, e as rãs, que não queriam a cobra, foram apoiar a víbora, excitando-a e prometendo que a ajudariam.
Começou o combate, e as rãs, não podendo fazer outra coisa, só gritavam. Ganhou a víbora que as reprovou porque, ao invés de ajudá-la, não haviam feito outra coisa senão gritar. Responderam as rãs:
- Mas, companheira, nossa ajuda não está em nossos braços, e sim em nossas vozes.

Moral da Estória:
Na luta diária tão importante é o estímulo como a ação.

Geraldo Azevedo - Chorando e cantando (Palco MPB parte 2)

Eterno retorno

ETERNO RETORNO
Charles Fonseca

Quando o amor submerge, o ódio aflora à flor das águas no mar da emoção. Bem lá no fundo fica o amor, então, a matutar latente se vai embora pra outro objeto e expande o desejo. Ele não pode ficar no incompleto do ser faltante, só ao espelho reto, só na imagem, o gozo quer sem pejo.

Alonso Berruguete, 1526-32 - Adoration of the Maggi National Museum of Religious Carvings, Valladolid

Os mistérios da vida oculta de Jesus

OS MISTÉRIOS DA VIDA OCULTA DE JESUS

531. Durante a maior parte da sua vida, Jesus partilhou a condição da imensa maioria dos homens: uma vida quotidiana sem grandeza aparente, vida de trabalho manual, vida religiosa judaica sujeita à Lei de Deus (246), vida na comunidade. De todo este período, é-nos revelado que Jesus era «submisso» a seus pais (247) e que «ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52).

532. A submissão de Jesus à sua Mãe e ao seu pai legal foi o cumprimento perfeito do quarto mandamento. É a imagem temporal da sua obediência filial ao Pai celeste. A submissão diária de Jesus a José e a Maria anunciava e antecipava a submissão de Quinta-Feira Santa: «Não se faça a minha vontade [...]» (Lc 22, 42). A obediência de Cristo, no quotidiano da vida oculta, inaugurava já a recuperação daquilo que a desobediência de Adão tinha destruído (248).

533. A vida oculta de Nazaré permite a todos os homens entrar em comunhão com Jesus, pelos diversos caminhos da vida quotidiana:

«Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho [...] Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh! se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito [...]! Uma lição de vida familiar Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável [...]. Uma lição de trabalho, Nazaré, a casa do "Filho do carpinteiro"! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano [...] Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande modelo, o seu Irmão divino» (249)

534. O reencontro de Jesus no templo (250) é o único acontecimento que quebra o silêncio dos evangelhos sobre os anos ocultos de Jesus. Nele, Jesus deixa entrever o mistério da sua consagração total à missão decorrente da sua filiação divina: «Não sabíeis que Eu tenho de estar na casa do meu Pai?». Maria e José «não compreenderam» esta palavra, mas acolheram-na na fé, e Maria «guardava no coração todas estas recordações», ao longo dos anos em que Jesus permaneceu oculto no silêncio duma vida normal.

Catecismo

Com teto.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Público

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Morte e vida Severina. João Cabral de Melo Neto.

O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
João Cabral de Melo Neto.

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.

Ser escolhido pelas garças para ser o rio delas: eis a vaidade dos rios. Manoel de Barros

Remanso. Charles Fonseca. Poesia

Quando chegar aos 70 serei sócio remido.


Maquiavel

Nicolau Maquiavel - O Príncipe

Nicolau Maquiavel - O Príncipe

* O Príncipe (no original, Il Principe) é um livro escrito por Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi publicada postumamente em 1532. O Principe é livro fascinante, daqueles que uma vez iniciada a leitura, não se pode largar até o ponto final.

O nome de seu autor deu origem ao termo maquiavélico que define um homem perverso, cínico, a serviço de tiranos. Como diz T.S.Eliot: nenhum grande homem foi tão completamente mal interpretado.

De um prefácio assinado por Raymond Aron: Que queria dizer Maquiavel? A quem queria dar aulas, aos reis ou aos povos? De que lado ele se colocava? Do lado dos tiranos ou dos republicanos? Ou de nenhum dos dois?



Capítulo XXII

DOS SECRETÁRIOS QUE OS PRÍNCIPES MANTÊM JUNTO DE SI

Não é de pouca importância para um príncipe a escolha dos ministros, os quais são bons ou não, de acordo com sua prudência. A primeira conjetura que se faz da inteligência de um senhor, resulta da observação dos homens que o cercam. Se estes forem competentes e fiéis, o príncipe sempre poderá ser reputado sábio porque soube reconhecê-los competentes e mantê-los fiéis.

Quando não são assim, sempre se pode fazer mau juízo do príncipe, porque cometeu seu primeiro erro na escolha.

Não houve ninguém que conhecesse messer Antônio de Venafro, ministro de Pandolfo Petrucci, príncipe de Siena, e não julgasse Pandolfo um homem de grande valor por tê-lo como ministro.

Há três tipos de inteligências: uma entende as coisas por si, outra discerne aquilo que os outros entendem e a terceira não entende nem a si nem aos outros. A primeira é excelentíssima, a segunda é excelente e a terceira, inútil.

Pandolfo, se não se classificava no primeiro grau, estava, necessariamente, no segundo. Porque, toda vez que alguém tem a capacidade de distinguir o bem do mal que outro faz e diz, ainda que por si mesmo não possa concebê-los, distingue as obras más e boas de um ministro, corrige aquelas e elogia estas, o ministro sabe que não poderá enganá-lo e se conserva bom.

Existe um modo perfeito pelo qual o príncipe pode conhecer um ministro. Quando vês que um ministro pensa mais em si do que em ti, e em todas as ações procura primeiro seu próprio benefício, pode concluir que este jamais será um bom ministro e nele nunca poderás confiar pois aquele que tem o estado do outro em suas mãos não deve jamais pensar em si mesmo, mas no príncipe, nem ocupá-lo com coisas que não lhe digam respeito.

Por outro lado, o príncipe, para conservar sua lealdade, deve pensar no ministro, concedendo-lhe honrarias e riquezas, obsequiando-o e compartilhando com ele as honras e funções.

Desse modo o ministro perceberá que não pode passar sem ele; as inúmeras honrarias o dispensarão de desejar mais outras honrarias; as muitas riquezas de desejar mais riquezas e as múltiplas atribuições o farão recear as mudanças.

Portanto, enquanto os ministros agirem assim em relação aos príncipes e estes em relação aos ministros, poderão ambos confiar um no outro; caso contrário sempre haverá um fim mau para um deles.



Nicolau Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469 e faleceu em sua cidade natal em 21 de junho de 1527. Está enterrado na Igreja de Santa Croce, Florença. Foi filósofo, escritor, dramaturgo, poeta. Há exatamente 500 anos, em 1513, escreveu este que é um dos livros “imortais”, segundo todos os pontos de vista. (mhrrs)

Vade retro Satanás


O mel da cumbuca

O mel da cumbuca
Charles Fonseca

Como fugir da geleia geral do facebook, como não escorregar na maionese? Como aceitar as variadas manifestações de espíritos tão dispares uns rastejantes e outros no etéreo? Ter centenas de, digamos, amigos, melhor seriam companheiros e não beber o vinho azedo em mistura com o mais puro mel e umas outras gotículas nem tanto! É nesse terreno que piso, que colho as minhas flores, que lanço a minha semente. O terreno é variado: fértil, árido, espinhoso, rasteiro. É preciso conviver com a diversidade se precavendo do que ela traz de perverso. Assim, deixo passar batido dezenas de postagens, aqui ou ali dou uma paradinha, uma piscada d'olhos, um soslaio. Vezes uma leitura, um olhar embevecido, chegando ao toque no corpo, a um arrepio na alma. Às centenas de "amigos" agreguei-me a seis grupos específicos de poesia, música, turismo, etc. Aqui, sim, mais homogêneo, mais afim.

40 minutos com Tchaikovsky Piano Concerto No 1 FULL / Martha Argerich, piano - Charles ...

Os mistérios da infância de Jesus

OS MISTÉRIOS DA INFÂNCIA DE JESUS

527. A circuncisão de Jesus, oito dias depois do seu nascimento (228), sinal da sua inserção na descendência de Abraão, no povo da Aliança, da sua submissão à Lei (229) e da sua deputação para o culto de Israel, no qual participará durante toda a sua vida. Este sinal prefigura «a circuncisão de Cristo», que é o Baptismo (230).

528. A Epifania é a manifestação de Jesus como Messias de Israel, Filho de Deus e salvador do mundo. Juntamente com o baptismo de Jesus no Jordão e as bodas de Caná (231), a Epifania celebra a adoração de Jesus pelos «magos» vindos do Oriente (232). Nestes «magos», representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações, que acolhem a Boa-Nova da salvação pela Encarnação. A vinda dos magos a Jerusalém, para «adorar o rei dos judeus» (233), mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de David (234), Aquele que será o rei das nações (235). A sua vinda significa que os pagãos não podem descobrir Jesus e adorá-Lo como Filho de Deus e Salvador do mundo, senão voltando-se para os Judeus (236) e recebendo deles a sua promessa messiânica, tal como está contida no Antigo Testamento (237). A Epifania manifesta que «todos os povos entram na família dos patriarcas» (238) e adquire a « israelitica dignitas» – a dignidade própria do povo eleito (239).

529. A apresentação de Jesus no templo (240) mostra-O como Primogénito que pertence ao Senhor (241). Com Simeão e Ana, é toda a expectativa de Israel que vem ao encontro do seu Salvador (a tradição bizantina designa por encontro este acontecimento). Jesus é reconhecido como o Messias tão longamente esperado, «luz das nações» e «glória de Israel», mas também como «sinal de contradição». A espada de dor, predita a Maria, anuncia essa outra oblação, perfeita e única, da cruz, que trará a salvação que Deus «preparou diante de todos os povos».

530. A fuga para o Egipto e o massacre dos Inocentes (242) manifestam a oposição das trevas à luz: «Ele veio para o que era seu e os seus não O receberam» (Jo 1, 11). Toda a vida de Cristo decorrerá sob o signo da perseguição. Os seus partilham-na com Ele (243). O seu regresso do Egipto (244) lembra o Êxodo (245) e apresenta Jesus como o libertador definitivo.

Catecismo

O terno


Margem

MARGEM
Charles Fonseca

Dizia estou preparado
Batia no peito o ancião
Eu o olhava e a mão
Voltava bater em compasso

E eu tão descompassado
Olhava o velho em adeus
Tão perto longe do meu
Pai tão desalentado

É que pouco tempo restara
Para mim que fui tão prodigo
Em outros amores em código
À margem do amor eu ficara

terça-feira, janeiro 22, 2013

A transposição do Rio São Francisco é de novo obra prioritária pré eleitoral.

Público do blog

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Tatuagem. Charles Fonseca. Psicanálise

Qual a pulsão vicária que leva o sujeito freudiano a manipular seu imago? Como e por que a sociedade do espetáculo pós moderno navega no imaginário coletivo desse tipo de consumo?

Cartola - Peito vazio / O sol nascerá

Trombose - Pronto Atendimento 19/01/2013

Enriqueceram manipulando a massa ignara.


Ser ferido de silêncio pelo vôo dos pássaros: eis o esplendor do silêncio. Manoel de Barros.

O mistério do Natal.

O MISTÉRIO DO NATAL

525. Jesus nasceu na humildade dum estábulo, no seio duma família pobre (219). As primeiras testemunhas deste acontecimento são simples pastores. E é nesta pobreza que se manifesta a glória do céu (220). A Igreja não se cansa de cantar a glória desta noite:

«Hoje a Virgem dá à luz o Eterno
e a terra oferece uma gruta ao Inacessível.
Cantam-n'O os anjos e os pastores,
e com a estrela os magos põem-se a caminho,
porque Tu nasceste para nós,
pequeno Infante. Deus eterno!» (221)

526. «Tornar-se criança» diante de Deus é a condição para entrar no Reino (222), e para isso, é preciso abaixar-se (223) tornar-se pequeno. Mais ainda: é preciso «nascer do Alto» (Jo 3, 7), «nascer de Deus» (224) para se «tornar filho de Deus» (225). O mistério do Natal cumpre-se em nós quando Cristo «Se forma» em nós (226). O Natal é o mistério desta «admirável permuta»:

«O admirabile commercium! Creator generis humani, animatum corpus sumens de Virgine nasci dignatus est; et, procedens homo sine semine, largitus est nobis suam deitatem». – «Oh admirável permuta! O Criador do género humano, tomando corpo e alma, dignou-Se nascer duma Virgem; e, feito homem sem progenitor humano, tornou-nos participantes da sua divindade!» (227).

Catecismo

Pesquisa em Pauta - Velhice. Medicina

Um cidadão acima de qualquer suspeita

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/01/22/um-cidadao-acima-de-qualquer-suspeita-por-marco-antonio-villla-483299.asp

Não quero nem ver

Aqui minha rica inserção social de adolescente pobre


A igreja protestante. Charles Fonseca.

Embora não mais o sendo tenho boas lembranças da igreja protestante em que fui criado. Mais liberal que a igreja doméstica. No seu interior como adolescente ganhei alguns concursos de conhecimento bíblico, um me marcou: ganhei um livro de poemas de Natur de Assis chamado "Harpa de Prata". O meu professor da escola dominical sucumbiu aos "encantos da carne" e comeu não sei quem. Um escândalo. Uma amiguinha minha, de linda voz, também sucumbiu e a notícia correu ai de boca em boca. Um amigo meu começou namoro com uma prima que durou dois dias e, desistindo, argumentou com ela sobre minha augusta pessoa. Aí namorei com a mesma durante oito meses. Os irmãos não queriam o idílio. Queriam mesmo era me bater. O primo dizia: namore que eu garanto. Ele namorava uma linda coleguinha de maravilhosos olhos verde canavial. Fiz um acróstico com o nome dela e entreguei sem comentário diretamente para ele. Depois de uma pequena cena de ciúme, superou o trauma. Continua meu amigo até hoje. E minha paixão continuava. Era um frio que sentia no estômago quando a via, afora outras reações típicas da adolescência de tal monta que quando sobrevinham o altaneiro porta bandeira me deixava constrangido. Pensava em Deus, em Jesus, em Maria, mas a sagrada família demorava de me atender. A imaginação era uma labareda. A ação, uma fumacinha. Era a menina mais rica da igreja, especialista em vestir cassa rendada, um tecido fino. E eu lá, curtindo intensamente a paixão que recomendo pra qualquer um vivê-la se ainda não o fez. Mas precisa de uma boa musa. Era o tempo das vacas magras. Meu pai, puritano, como empregado da receita estadual com sua autoridade resolveu prender umas boiadas do prefeito mais tarde governador do Estado. Tinha que pagar o imposto devido. Foi demitido. E minha mãe, professora leiga, ganhava os altos salários que até hoje ganham os reconhecidos professores. O dinheiro encurtou. Mas eu passava e engomava minha roupa pra ir à igreja ver a amada. Calça infestada, vinco perfeito. Pra economizar, bico de ferro na ponta e no calcanhar dos sapatos e o cascalho das ruas roendo no centro. Quando furava, ainda tinha o brilho da pasta preta ou marrom, escova e flanela. Se abria do lado, Jesus me perdoe, ia com um pé só calçado e ia assim mesmo ver a amada, com o sólido argumento de que havia cortado o pé descalço. Como eu era o ganhador dos concursos bíblicos, era o líder do rebanho de cordeirinhos. “Vinde, meninos, vinde a Jesus, ele ganhou-vos bênçãos na cruz!” E eu ia ver a cordeirinha que, depois eu conto, deu uma de cabrita. O pastor da igreja me concedeu a subida honra de fazer o sermão nas sextas feiras à noite na praça da feira, quando chegavam os mateiros com suas verduras pra vender no dia seguinte. E eu ia, paletó e gravata, uns oito fieis ao meu lado, abria o peito com a voz já barítono que a adolescência me trouxe, cantávamos hinos de conclamação às almas perdidas, abria a Biblia, lia o evangelho e fazia minha homilia, usando o modelo de sermões de Jorge Buarque Lira, o autor do livro “Cem sermões”.  Um ou outro mateiro, em silêncio, me ouvia com seu olhar bronco. Até que chegou o dia em que fui convidado pelo pastor da igreja para domingo à noite fazer o sermão de cabo a rabo. Todo o ritual. Passo seguinte, me colocou de vez em quando no programa da radio AM do prefeito para pregar aos incrédulos, ou seja, todos os que não eram protestantes. Mas ele era suave, pacífico, de ir à igreja católica numa boa e, com freqüência, citar nos seus sermões o padre Antonio Vieira de quem terminei lendo todos os seus sermões, glória da literatura da língua portuguesa. Assim era a igreja: um ponto de inserção social dos pobres coitados.

Motoqueiro treme treme


segunda-feira, janeiro 21, 2013

Amada lua. Charles Fonseca.


Comecei minha vida profissional como locutor aos 15 anos em uma radio AM no sertão da Bahia. Havia um programa sob minha responsabilidade chamado "Você e a boa música". Ficaram marcas. Aos 68 renasço das cinzas. Pretendo melhorar na locução.

Ser escolhido por um pássaro para ser a árvore dele: eis o orgulho de uma árvore. Manoel de Barros.

Vidas passadas

Peia

PEIA
Charles Fonseca

Morena caso pensado
Cor do pecado esse cobre
Que te cobre a tez pobre
De quem seguir teu jingado

Fica meio abobalhado
A mão fica toda boba
Só quer beijar tua boca
Joga esse coco pro lado

O corpo joga mulher
Pra dentro do mar turquesa
Vai reinar nele beleza
Rainha do mar que tu és

Uma miragem sereia
Pescador teu não seria
Longe do mar levaria
Minha ventura à peia.

Antonio Bregno, after 1466 - Monument of Francesco Foscari Santa Maria Gloriosa dei Frari, Venice

Não cedo

NÃO CEDO
Charles Fonseca

Chorei molhando as fotos
O tempo ali que ficara
O mofo saudade ignara
Daquele olhar de devoto

De mim saístes tão cedo
Sol posto e era amanhece
Vem perto já anoitece
Só eu de amar-te não cedo.

Respeitem Dilma!

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/01/21/respeitem-dilma-por-ricardo-noblat-483189.asp

Os mistérios da infância e da vida oculta de Jesus.

II. Os mistérios da infância e da vida oculta de Jesus

OS PREPARATIVOS

522. A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento tão grandioso, que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da «primeira Aliança» (210), tudo Deus faz convergir para Cristo. Anuncia-O pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. E, por outro lado, desperta no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda.

523. São João Baptista é o precursor imediato do Senhor (211), enviado para Lhe preparar o caminho (212). «Profeta do Altíssimo» (Lc 1, 76), supera todos os profetas (213), é o último deles (214) inaugura o Evangelho (215); saúda a vinda de Cristo desde o seio da sua Mãe (216) e põe a sua alegria em ser «o amigo do esposo» (Jo 3, 29) que ele designa como «Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29). Precedendo Jesus «com o espírito e o poder de Elias» (Lc 1, 17), dá testemunho d'Ele pela sua pregação, pelo seu baptismo de conversão e, finalmente, pelo seu martírio (217).

524. Ao celebrar em cada ano a Liturgia do Advento, a Igreja actualiza esta expectativa do Messias. Comungando na longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo da sua segunda vinda (218). Pela celebração do nascimento e martírio do Precursor, a Igreja une-se ao seu desejo: «Ele deve crescer e eu diminuir» (Jo 3, 30).

Catecismo

Morcego aqui não tem vez


Broto alegre, "coroa" melancólica... Vinicius de Moraes. Prosa

Broto alegre, "coroa" melancólica...
Vinicius de Moraes

Elas se atarefavam, mãe e filha, nos últimos preparativos para a festinha. Iam ser uns quarenta ao todo, entre meninas e meninos, como sempre esfaimados, e a mãe não poupara nas comidas e sobremesas para os que inham comemorar os 16 anos de sua queridinha. Esta, excitada com a movimentação, ordenava agora os discos por ordem de popularidade. O barril de chope acabara de chegar, e os homens instalavam a serpetina que deveria mantê-lo bem gelado. A filha lançou um último olhar à sala enfeitada de flores e depois correu a beijar a mãe, que, emocionada, fingiu não dar por isso, ocupando-se com a arrumação de um vaso.
- Você é um devaneio! - disse-lhe a menina. - A garota mais legal que eu conheço.
- Pois é... - suspirou a mãe, disfarçando. - Acho que não falta mais nada.
A filha coçou a cabeça, franzindo um pouco a testa.
- Você acha que esse negócio de chope vai dar certo? Não é meio... antiquado, meio devagar? Será que os caras não vão me gozar?
- Que é isso? Tenha personalidade! No meu tempo era o que se usava, para as festas maiores. Sai tão mais barato... Imagina dar uísque a essa gente toda... Era só o que faltava! E depois, custa mais a dar pileque.
- Bem, eu tenho uísque escondido para o Marquinhos e o Ronaldo, que são do peito. Os outros vão pensar que é guaraná.
A mãe parecia, de repente, perdida em recordações.
- Era sempre chope... A não ser, naturalmente, nos grandes dias, quando seu avô abria vinho e até champanha...
- Devia ser o auge do troço quadrado - comentou a filha distraidamente.
- Não tinha nada de quadrado, não senhora! A gente se divertia muito mais, em lugar de ficar se matando com essas danças malucas de vocês. Eu me lembro, por exemplo, quando fiz 18 anos. Tinha leitão assado, galinha ao molho pardo, frigideira de siri, empadas de camarão... você nem imagina! Sobremesas, acho que eram umas dez!
- E vocês dançaram?
- Se dançamos! Seu avô mandou contratar especialmente a orquestra de Nelsinho e seus Turunas. Era o que se chamava, então, uma jazz band. Tinha uma música que eu adorava... como é mesmo? Ah, já lembrei... Chamava-se "Carabu":

O minha Carabu
Dou-te o meu coração
La-ra-ra-ra-ra-rão
Tu, somente tu
Minha Carabu!

- A melodia é bacaninha, mas a letra parece uma bomba. Como é que você estava vestida?
- Ah... - e a mãe deu uma meia-volta de modelo para mostrar - eu tinha um vestido mauve rosé até aqui: bem curtinho. Foi a moda precursora do Courrèges. Sapatinhos meio-salto, mordorrés, meias com liga de elástico, e rococós.
- Rococós? Que troço é esse?
- Nada, sua boba. Eram duas rosinhas de cetim que se punha na frente das ligas, para ficar bonitinho se alguém por acaso visse, sabe… O cabelo era assim meio de taradinha, como andam usando de novo. Só que a gente fazia pega-rapaz, umas vírgulas de cabelo na testa e dos lados. E a boca era pintada em forma de coração. Ah, ia me esquecendo: punha-se sempre um sinal preto um pouquinho abaixo do olho, o grain de beauté. Eu usava um produto chamado Sardalina, para disfarçar um pouco as sardas, e a gente escovava bem os dentes com pasta Diamant vermelha, para ficar com as gengivas rosadas. Na mão só se levava uma pequena trousse: a minha era linda, de ouro, que mamãe tinha me dado. Um leque japonês também tinha seu lugar, mais para as senhoras. Nos olhos se usava Kohl, uma pasta preta: ficava lindo!
- Imagino... - disse a menina.
- É sim! Quando a orquestra ia embora, passava-se para o gramofone. E no final da noite faziam-se jogos de prenda. Esconde-esconde seu avô não deixava, por causados beliscões que os moços davam.
- Ninguém puxava um fumo?
- Se alguém fumava? Havia quem fumasse, mas escondido, para os pais não verem. Imagina se alguém ia ter coragem de fumar diante de seu avô...
- Você não entendeu... Eu perguntei se alguém fumava maconha, ô quadradona!
- Você está louca, menina! Você tem cada idéia! Isso são loucuras dessa mocidade de hoje. Mas em compensação eu tinha um namorado, logo antes de seu pai, que tocava ukelele!
- Tocava... o QUÊ?
- Ukelele, ora essa! Muito bonitinho. Vocês por acaso não tocam todas essas bobagens de iê-iê-iê e não sei mais quantas? Meu namorado tocava ukelele. E muito bem até!
A menina correu para dentro, as mãos tapando a boca de tanto rir.
- Essa não! Essa não!

domingo, janeiro 20, 2013

Público do blog

Gráfico dos países mais populares entre os visualizadores do blog

Facebookando

Gosto de facebookar. A rede social aproxima pessoas distantes, afasta os impertinentes, descobre os encobertos, cobre os mau olhados e por aí vai. Excelente meio clarificador de idéias enquanto tange ignorâncias. Todo mundo pode ler todo mundo. Quando às vezes um ou outro tenta usar a página de alguém como plataforma de debates que encobrem embates, simplesmente a pessoa que não quer ser usada, com um simples clique impede a má prática. Continua vendo os embustes, os fracos que a vista encandeia e os fortes que a luz alumia.

Vicário


VICÁRIO
Charles Fonseca

Quando  ela foi ausente
Ou quando foi ausentada
O ser por ela carente
Põe seu lugar deslocada

Uma figura suplente
Um objeto de amor
Que rime com sua dor
Do pai passado pressente

Que tudo é drama de talhe
Que força farsa de forte
Filho na cruz diz de sorte
Pai, por que me abandonaste?

Torre de Piza


Torre de Piza, upload feito originalmente por Charles Fonseca.

"Dize-me o Deus que tens e te direi quem és"

A raposa e o porco espinho. Esopo.

A RAPOSA E O PORCO ESPINHO
Esopo

Uma Raposa, que precisava atravessar a nado um rio não muito caudaloso, acabou surpreendida por uma forte e inesperada enchente.
Depois de muita luta, teve forças apenas para alcançar a margem oposta, onde caiu quase sem fôlego e exausta.
Mesmo assim, estava feliz por ter vencido aquela forte correnteza, da qual chegou a imaginar que jamais sairia com vida.
Pouco tempo depois, veio um enxame de moscas sugadoras de sangue e pousaram sobre ela. Mas, ainda fraca para fugir delas, permaneceu quieta, repousando, em seu canto.
Então veio um Porco Espinho, que vendo todo aquele seu drama, gentilmente se dispôs a ajudá-la e disse:
"Deixe-me espantar estas moscas para longe de você!"
E exclamou a Raposa quase sussurrando:
"Não! Por favor não perturbe elas. Elas já pegaram tudo aquilo de que precisavam. Se você as espanta, logo outro enxame faminto virá e irão tomar o pouco sangue que ainda me resta!"

Moral:
Pode ocorrer que, algumas vezes, o remédio para a cura de um mal é pior que o mal em si mesmo.

Sorri - Djavan

Doutrina espírita.

fonte wikipedia

Doutrina espírita, Espiritismo ou Kardecismo,[1][2] é a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. Esta é baseada em cinco obras básicas, escritas por ele, através da observação de fenômenos que o mesmo atribuía a manifestações de inteligências incorpóreas ou imateriais, denominadas espíritos. A codificação Espirita está presente em: O livro dos Espíritos, O livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O céu e o inferno e A Gênese.
Na publicação do livro O que é o Espiritismo, o codificador a define como "uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal"[3]. Contudo, em sentido estrito, é consenso científico que todas as buscas por evidências que corroborassem a existência de espíritos não foram afirmativas aos rigores do método científico — questão cientificamente válida em princípio e certamente merecedora de atenção e escrutinação, principalmente considerada a época em que estas se deram com intenso fervor. Cientistas renomados empenharam-se nos estudos sobre a comunicação com entidades incorpóreas, entre eles: Alfred Russel Wallace, Augustus De Morgan, Camille Flammarion, Cesare Lombroso, Charles Richet, Cromwell Varley, Ernesto Bozzano, Frederic Myers, Hermani G. Andrade, J.K Friedrich Zöllner, Julian Ochorowicz, Oliver Lodge, Thomas Edison, William Fletcher Barrett e William Crookes.[4][5][6]. A doutrina espírita não é, entretanto, uma cadeira científica em stricto sensu; como são por exemplo a biologia, a física, a química, ou outra similar.
Mesmo a doutrina valendo-se de métodos da ciência de observação, como o método dedutivo, sua contribuição não pode ser considerada exclusiva sob este caráter, pois a doutrina tem também um grande legado em seus outros dois caráteres: o filosófico e o religioso, este, cristão.[3]
A doutrina muito tem expandido, e hoje conta com adeptos em diversos países, como, Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Bélgica[7], Estados Unidos, Japão, Alemanha, Argentina, Canadá[8], e, especialmente, alguns países americanos como, Cuba, Jamaica e Brasil, este, tendo uma das maiores proporções, com um considerável número de seguidores em sua população.[9]
Alguns nomes são tidos como continuadores da doutrina, e de fundamental importância para sua expansão, entre os quais pode-se citar: Arthur Conan Doyle, Amalia Domingo Soler, Bezerra de Menezes, Brian Weiss, Camille Flammarion, Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne, Herculano Pires, Johannes Greber[10], Léon Denis, Waldo Vieira e Yvonne Pereira.

Máquina breve. Cecília Meireles.

MÁQUINA BREVE
Cecilia Meireles

O pequeno vaga-lume
com sua verde lanterna,
que passava pela sombra
inquietando a flor e a treva
— meteoro da noite, humilde,
dos horizontes da relva;
o pequeno vaga-lume,
queimada a sua lanterna,
jaz carbonizado e triste
e qualquer brisa o carrega:
mortalha de exíguas franjas
que foi seu corpo de festa.
Parecia uma esmeralda
e é um ponto negro na pedra.
Foi luz alada, pequena
estrela em rápida seta.
Quebrou-se a máquina breve
na precipitada queda.
E o maior sábio do mundo
sabe que não a conserta.

Quando minha musa me dá um bom dia é um um gorjeio, um colírio, um perfume, um sabor, um arrepio. Charles Fonseca.

Na cruz de Cristo. Charles Fonseca.

Quando visitei em Roma o local em que os cristãos eram mortos pelos gladiadores, arrastados em carruagens, em silêncio chorei copiosamente, quase um choro convulso. Sorte minha estar ao lado da mulher amada que me consolou. Tenho um amigo, bispo de Camaçari, que ao ler um meu sofrido poema me disse para jogar todo o meu sofrimento na cruz de Cristo.

Anisio Silva - Onde estás agora? Música

A nossa comunhão nos mistérios de Jesus

A NOSSA COMUNHÃO NOS MISTÉRIOS DE JESUS

519. Toda a riqueza de Cristo «se destina a todos os homens e constitui o bem de cada um» (201). Cristo não viveu para Si mesmo, mas para nós, desde a Encarnação «por nós homens e para nossa salvação» (202) até á sua morte «por causa dos nossos pecados» (1 Cor 15, 3) e à sua ressurreição «para nossa justificação» (Rm 4, 25). Ainda agora, Ele é «o nosso advogado junto do Pai» (1 Jo 2, 1), «sempre vivo para interceder por nós» (Heb 7, 25). Com tudo o que viveu e sofreu por nós, uma vez por todas, Ele está para sempre presente «em nosso favor, na presença de Deus» (Heb 9, 24).

520. Em toda a sua vida, Jesus mostra-Se como nosso modelo (203): é «o homem perfeito» (204), que nos convida a tornarmo-nos seus discípulos e a segui-Lo; com a sua humilhação, deu-nos um exemplo a imitar (205); com a sua oração, convida-nos à oração (206); com a sua pobreza, incita--nos a aceitar livremente o despojamento e as perseguições (207).

521. Tudo o que Cristo viveu, Ele próprio faz com que o possamos viver n'Ele e Ele vivê-lo em nós. «Pela sua Encarnação, o Filho de Deus uniu-Se, de certo modo, a cada homem» (208). Nós somos chamados a ser um só com Ele; Ele faz-nos comungar, enquanto membros do seu corpo, em tudo o que Ele próprio viveu na sua carne por nós, e como nosso modelo:

«Devemos continuar a completar em nós os estados e mistérios da vida de Jesus e pedir-Lhe continuamente que Se digne consumá-los perfeitamente em nós e em toda a sua Igreja [...]. Na verdade, o Filho de Deus deseja comunicar e prolongar, de certo modo, os seus mistérios em nós e em toda a sua Igreja, [...] quer pelas graças que decidiu conceder-nos, quer pelos efeitos que deseja produzir em nós, por meio destes mistérios. É neste sentido que Ele quer completá-los em nós» (209).

Catecismo