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terça-feira, dezembro 31, 2013

O mercador de sal e o burro. Esopo. Fábula. Prosa

O mercador de sal e o burro
Esopo

Um mercador de sal levou seu burro à beira-mar, para comprar sal. Carregou a garupa do burro de cestas de sal e tocou-se com ele para casa. No caminho, atravessaram um riacho. O burro escorregou e caiu dentro d'água. Quando conseguiu levantar-se, achou que o peso da carga estava muito menor, porque grande quantidade de sal se dissolvera na água.
O mercador voltou à beira-mar e reencheu as cestas. De regresso à casa, o burro novamente caiu dentro do riacho. Desta vez, porém, tinha feito de propósito. O mercador compreendeu a intenção do burro mas não disse nada. Levou-o novamente junto ao mar e, disfarçadamente, colocou dentro das cestas um carregamento de esponjas. Quando chegaram junto do riacho, o burro tratou de cair mais uma vez. E então as esponjas se encharcaram d'água, de tal modo que, em vez de a carga do burro ficar aliviada, dobrou de peso.

Moral de história - "Quem com ferro fere, com ferro será ferido."

Francisque-Joseph Duret - Neapolitan Fisherman Dancing the Tarantella - 1833 Musée du Louvre, Paris. E55. Escultura

E o resto é silêncio... J G de Araujo Borges. Poesia

E o resto é silêncio...
J G de Araujo Borges

E então ficamos os dois em silêncio, tão quietos
como dois pássaros na sombra, recolhidos
ao mesmo ninho,
como dois caminhos na noite, dois caminhos
que se juntam
num mesmo caminho...
.
Já não ouso... já não coras...
E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha
que qualquer palavra bateria estranha
como um viajante, altas horas...

Nada há mais a dizer, depois que as próprias mãos
silenciaram seus carinhos...

Estamos um no outro
como se estivéssemos sozinhos...

segunda-feira, dezembro 30, 2013

Adoração. Hino. Igreja.

A Igreja - prefigurada desde a origem do mundo. Igreja

A IGREJA – PREFIGURADA DESDE A ORIGEM DO MUNDO

760. «O mundo foi criado em ordem à Igreja», diziam os cristãos dos primeiros tempos (153). Deus criou o mundo em ordem à comunhão na sua vida divina, comunhão que se realiza pela "convocação" dos homens em Cristo, e esta "convocação" é a Igreja. A Igreja é o fim de todas as coisas (154). Até as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, não foram permitidas por Deus senão como ocasião e meio de pôr em acção toda a força do seu braço, toda a medida do amor que queria dar ao mundo:

«Assim como a vontade de Deus é um acto e se chama mundo, do mesmo modo a sua intenção é a salvação dos homens e chama-se Igreja» (155).

A IGREJA – PREPARADA NA ANTIGA ALIANÇA

761. A reunião do povo de Deus começa no instante em que o pecado destrói a comunhão dos homens com Deus e entre si. A reunião da Igreja é, por assim dizer, a reacção de Deus ao caos provocado pelo pecado. Esta reunificação realiza-se secretamente no seio de todos os povos: «Em qualquer nação, quem O teme e pratica a justiça, é aceite por Ele» (Act 10, 35) (156).

762. A preparação remota da reunião do povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a quem Deus promete que há-de vir a ser o pai de um grande povo (157). A preparação imediata começa com a eleição de Israel como povo de Deus (158). Pela sua eleição, Israel deve ser o sinal da reunião futura de todas as nações (159). Mas já os profetas acusam Israel de ter quebrado a aliança, comportando-se como uma prostituta (160). Eles anunciam uma Aliança nova e eterna (161). «Esta Aliança nova, instituiu-a Cristo» (162).

Catecismo

POR QUE CHORAS? Charles Fonseca. Poesia

POR QUE CHORAS?
Charles Fonseca

Tanto que quis amar-te e me fugiste,
Tanto que quis perdoar tuas desfeitas,
As minhas faltas presentes tu as deixas
Vagando sem campa pra sempre tristes.

Sorris à distância, perto vou embora,
Meu adeus pra sempre é interminável,
Por Deus, o que eu te fiz tão execrável,
O que não te fiz sorrindo, porque choras?

Lajos Bruck - Indo para o Mercado . Pintura

sábado, dezembro 28, 2013

Freud morde. Meu cão pastor alemão. Fotografia

A uma taça feita de um crânio humano. Castro Alves. Poesia

A uma taça feita de um crânio humano
Castro Alves

Traduzido de Byron

"Não recues! De mim não foi-se o espírito...
Em mim verás — pobre caveira fria —
Único crânio que, ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!... que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais val guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
— Taça — levar dos Deuses a bebida,
Que o pasto do reptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,
Vá nos outros o espírito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro
...Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dor aí repousa?
É bom fugindo à podridão do lodo
Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!... "

Se você jurar (Ismael Silva/Newton Bastos/Francisco Alves). Música

Maravilhas Divinas - Luiz de Carvalho. Hino. Igreja.

BENTO. Charles Fonseca. Poesia

BENTO
Charles Fonseca

Vindo de mim não é meu
Nem minha me sendo parte
Sorte e azar desta arte
De amar sem dar adeus

Às ilusões fim de estrada
Quem sabe por algo bento
Me amem em mim ha rebento
De amores, salvam minh'alma

Jean Pierre Dantan, 1832 - Paganini Musées de la Ville de Paris, Paris. E55. Escultura

sexta-feira, dezembro 27, 2013

O camelo. o elefante e o macaco. Esopo. Fábula. Prosa

O CAMELO, O ELEFANTE E O MACACO
Esopo

Votavam os animais para eleger um rei. O camelo e o elefante se puseram a disputar os votos, já que esperavam ser preferidos por causa de seu tamanho e sua força. Porém chegou o macaco e os declarou incapazes de reinar. O camelo não serve - disse - porque não se encoleriza contra os bandidos e o elefante tampouco nos serve porque teremos de temer o ataque do marrano, animal a quem teme o elefante.

MORAL: A maior fortaleza sempre se mede no ponto mais fraco.

A Trip to the Moon (HQ 720p Full) - Viaje a la Luna - Cinema

"Jesus Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado". Igreja

«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS
FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»

571. O mistério pascal da cruz e ressurreição de Cristo está no centro da Boa-Nova que os Apóstolos, e depois deles a Igreja, devem anunciar ao mundo. O desígnio salvífico de Deus cumpriu-se de «una vez por todas» (Heb 9, 26) pela morte redentora do seu Filho Jesus Cristo.

572. A Igreja permanece fiel à «interpretação de todas as Escrituras» dada pelo próprio Jesus, tanto antes como depois da sua Páscoa (336) «Não tinha o Messias de sofrer tudo isto, para entrar na sua glória?» (Lc 24, 26). Os sofrimentos de Jesus tomaram a sua forma histórica concreta, pelo facto de Ele ter sido «rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas» (Mc 8, 31), que «O entregaram aos pagãos para ser escarnecido, flagelado e crucificado» (Mt 20, 19).

573. A fé pode, portanto, esforçar-se por investigar as circunstâncias da morte de Jesus, fielmente transmitidas pelos evangelhos (337) e esclarecidas por outras fontes históricas, para melhor compreender o sentido da redenção.

Catecismo

quinta-feira, dezembro 26, 2013

James W. Shepp. Fotografia

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ACAUÃ. 2. Charles Fonseca. Poesia

ACAUÃ
Charles Fonseca

Na acauã em seus olhos circunda
Faixa negra que vai à cerviz,
À cabeça branca lhe segue o verniz
Dum pardo dorso que à cauda funda.

Mancha clara circunda o pescoço
Tem faixas claras na cauda transversas,
O branco por base em seu corpo prega
A paz que ela nega sangra o dorso

Do pobre borrego, caatinga a pastar,
Da ovelha marrã que foge da onça,
E eu a lhe ver não sei que vingança
Traz-lhe no peito, sua vida é matar.

Glória ao Senhor. Hino. Igreja

No exterior, Revalidação de diplomas médicos é mais rigorosa. Medicina

Clique: http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=24382%3Ano-exterior-revalidacao-de-diplomas-medicos-e-mais-rigorosa-&catid=3%3Aportal

Sinais de alerta de maus tratos contra pessoas idosas. Dr. Marcio Borges. Medicina

Dr. Márcio Borges - geriatra
Aconselhamento para famílias de idosos de alta dependência

SOCORRO!
(SINAIS DE ALERTA DE MAUS TRATOS CONTRA PESSOAS IDOSAS)

- hematomas na pele, olhos roxos, ferimentos inexplicados e quedas frequentes
- recusa do cuidador em deixar a pessoa idosa sozinha com outras pessoas
- procura de serviços de emergências médicas com frequência
- perda de peso e sinais de denutrição (precisam ser bem avaliados)
- óculos quebrados com frequência
- troca frequente de médicos
- roupas sujas, rasgadas e aparência de descuido
- escaras de decúbito (feridas profudas) em muitos lugares do corpo, com sinais de infecção e curativos sujos
- Pessoa idosa dormindo a maior parte do dia e da noite, por uso excessivo de medicamentos sedativos
- alterações de comportamento repentinas pelo idoso, principalmente perante pessoas estranhas
- Pessoa idosa confusa, mas que família ou cuidador alega estar “esclerosado”
- doenças facilmente controláveis, mas que não melhoram por falta de tratamento adequado (principalmente ligados à higiene pessoal: frieiras, assaduras...)

***Esta dica é para os profissionais de saúde que trabalham em emergência: sempre pensar e desconfiar de situações onde pessoas idosas se “ACIDENTAM" dentro do próprio domicílio.

Joseph Bergler, the Elder - The Sacrifice of Abraham Liechtenstein Museum, Vienna. E54. Escultura

Canção das coisas que dormem lá fora e acordam aqui dentro André J. Gomes. Prosa

Canção das coisas que dormem lá fora e acordam aqui dentro
André J. Gomes

Tem um galo cantando lá longe. Ele canta baixinho, tranquilo, seu canto de quem agradece a Deus pelo céu azul imenso de nuvens brancas varridas que vem aí, sob o sol alaranjado da alegria, esquentando o vento que varre das casas as angústias de ontem, que seca as roupas e renova a vida. Tem um galo cantando. Ele canta lindo, profundo, comovido, para a mulher que em algum lugar dança sozinha de olhos fechados, pés descalços, mãos abertas e coração transbordando música e lembranças.

quarta-feira, dezembro 25, 2013

Presença divina. Hino. Música. Igreja

Poema Sujo. Ferreira Gullar. Poesia

Poema Sujo
Ferreira Gullar

turvo turvo
a turva
mão do sopro
contra o muro
escuro
menos menos

menos que escuro
menos que mole e duro
menos que fosso e muro: menos que furo
escuro
mais que escuro:
claro
como água? como pluma?
claro mais que claro claro: coisa alguma
e tudo
(ou quase)
um bicho que o universo fabrica
e vem sonhando desde as entranhas
azul
era o gato
azul
era o galo
azul
o cavalo
azul
teu cu
tua gengiva igual a tua bocetinha
que parecia sorrir entre as folhas de
banana entre os cheiros de flor
e bosta de porco aberta como
uma boca do corpo
(não como a tua boca de palavras) como uma
entrada para
eu não sabia tu
não sabias
fazer girar a vida
com seu montão de estrelas e oceano
entrando-nos em ti
bela bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Tereza nem Maria
Seu nome seu nome era…
Perdeu-se na carne fria
perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia

Lajos Bruck - Menina no vestido azul com rosas Coleção particular. A23. Pintura

EM PARTE. Charles Fonseca. Poesia

EM PARTE
Charles Fonseca

Sumiram-me da vida quem mais prezo,
A ela deu a mão a solidão,
Juntei-me, então, à pena nos desvãos
Da sublime arte, fiz-me poeta.

Condenso com a pena a minha arte,
Os tendo à distância os faço perto,
Insano fico são com os meus versos,
Reverso do real sou o todo em parte.

terça-feira, dezembro 24, 2013

O CRAVO. Charles Fonseca (declamado pelo autor)

Ao Deus Santo. Hino. Igreja

Tabacaria. Fernando Pessoa. Poesia

Tabacaria
Fernando Pessoa

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

A regra do jogo - Jean Renoir - LEG/BRA. 1:46. Cinema

VAGO. Charles Fonseca. Poesia

VAGO
Charles Fonseca

Todos querem os salvar
Das profundas do inferno
Num amar a fogo e ferro
Querem-nos por no altar

Tal a fé dos penitentes
Ao andor os seus senões
No andar das procissões
Os incréus que não são crentes

Da culpa são uns herdeiros
Do pecado original
Ai, Por Deus, pelo sinal
Da cruz morte aos cordeiros

Remidos no mal passado
Fé de mais todos contidos
Sem medos todos já idos
Aos céus, o inferno vago.

José Álvarez y Cubero - Isabel de Braganza, Queen of Spain - 1826 Museo del Prado, Madrid. E54. Escultura

segunda-feira, dezembro 23, 2013

Carta de um médico não identificado. Medicina

“Prezada X. O que aconteceu com seu pai, infelizmente, é normal. Acontece com TODOS os planos de saúde em TODOS os hospitais do Brasil, quando se trata de atendimento de emergência. A autorização de procedimentos é sempre por telefone e, se você já tentou, sabe que isso significa horas de lenga-lenga e musiquinhas irritantes.

Até que se contate um médico auditor responsável, pelo menos uma hora já é perdida na espera. Por isso, os melhores atendimentos de emergência ainda estão nos hospitais públicos. Quando é preciso uma cirurgia de urgência, o cenário muda: vou dar o exemplo de um caso comum em nosso dia a dia.

O paciente chega politraumatizado – com uma fratura exposta de perna e um traumatismo craniano leve. A pancada na cabeça torna necessária a realização de exames, como uma tomografia, e a colocação do paciente em observação. A fratura exposta deve ser operada logo.
Quanto mais tempo demora, maior o risco de o paciente contrair uma infecção que, se confirmada, será de difícil tratamento – ossos não respondem bem a infecções, o que obrigaria a cirurgias posteriores. Uma urgência, portanto.

Como o paciente está lúcido, ele diz à equipe que tem plano e quer operar em hospital particular. O chefe de equipe faz o contato e, em até duas horas, a transferência é autorizada. Falta a ambulância chegar, o que só costuma acontecer cerca de três horas depois.

É isso mesmo: em média, entre a chegada do paciente ao hospital público e a saída do paciente para o particular, o tempo de espera varia entre 5 e 8 horas. Diz-se que o período de ouro para essas cirurgias é de menos de 6 horas, para diminuir o risco de infecção. Normalmente, convencemos o paciente de que é melhor operar no hospital público e, depois, fazer o acompanhamento pós-operatório num hospital particular.

E é com isso que os planos de saúde contam. Que, com a demora, o SUS acabe arcando com as despesas maiores. Exames, medicamentos, material anestésico, material cirúrgico. E que, depois, não haja ressarcimento ao hospital por todos os serviços. Sem contar que um paciente que teria condições de arcar financeiramente por um serviço melhor acaba ocupando ou disputando espaço com pacientes menos favorecidos.

Talvez, no Hospital Lourenço Jorge, seu pai tivesse sido atendido mais rápido. Só teria de esperar pelos procedimentos numa maca muito menos confortável, em contato próximo com outros pacientes. Talvez visse alguns pacientes aguardando cirurgia espalhados nos corredores, por falta de vaga nas enfermarias. Quer dizer, talvez não. O Lourenço não tem neurocirurgião para ver a tomografia cerebral de seu pai. Sobraram só o Miguel Couto e o Souza Aguiar no Rio. Faltam neurocirurgiões que aceitem trabalhar por pouco.

Atualmente, meu salário pela prefeitura do Rio é de R$ 1.686. Passei num concurso entre os primeiros lugares para ter direito a esse salário. Somente aceitei por respeito à instituição onde fiz internato, residência e pós-graduação. Não aceitaria se não fosse por motivos idealistas. Sou obrigado a dar plantões com colegas que não fizeram concurso nenhum. Apenas conhecem as pessoas certas. E, por isso, recebem até R$ 7.500. Para realizar o mesmo serviço.

Também trabalho em hospitais particulares. E tento fazer o certo por lá também. Mas os mesmos planos de saúde que se negavam a pagar a tomografia de seu pai também se negam a pagar decentemente por nossos procedimentos. Recebo cerca de R$ 150 – para a equipe toda, cirurgião, auxiliar e instrumentadora – por uma fratura de calcâneo, cirurgia complexa, com alto risco de complicações. Para a placa e os parafusos utilizados para a fixação, que custam R$ 1.500, os planos pagam tranquilamente R$ 5.000.

Meus antigos professores me dizem que o foco precisa ser a saúde pública. No dia em que a saúde pública remunerar adequadamente a classe médica, os hospitais particulares e os planos de saúde serão obrigados a aumentar as remunerações se quiserem atendimento de qualidade.
Meus mestres são de um tempo em que um médico fazia carreira no mesmo hospital durante toda a vida. O que é cada vez menos possível, mesmo em hospitais particulares. O médico hoje tenta sobreviver até conseguir o suficiente para montar um consultório. Aí, é fugir tanto do serviço público quanto dos planos. Ou largar a especialização, ir para o interior e entrar para o Mais Médicos.

Atendi índios na Amazônia e sou apaixonado pelo serviço público. Mas é cada vez mais difícil fazer carreira de Estado nos dias de hoje”.

Carinhoso (Pixinguinha) - Orlando Silva. Música

Os mistérios da vida pública de Jesus. Igreja

560. A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias vai realizar pela Páscoa da sua morte e da sua ressurreição. É com a sua celebração, no Domingo de Ramos, que a Liturgia da Igreja começa a Semana Santa.

Resumindo:

561. «Toda a vida de Cristo foi um contínuo ensinamento: os seus silêncios, os seus milagres, os seus gestos, a sua oração, o seu amor pelo homem, a sua predilecção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na cruz pela redenção do mundo, a sua ressurreição tudo é actuação da sua palavra e cumprimento da Revelação» (330).

562. Os discípulos de Cristo devem conformar-se com Ele até que Ele Se forme neles (331), «Por isso, somos assumidos nos mistérios da sua vida, configurados com Ele, com Ele mortos e ressuscitados, até que reinemos com Ele» (332).

563. Pastor ou mago, ninguém pode atingir a Deus neste mundo senão ajoelhando diante do presépio de Belém e adorando-O oculto na fraqueza duma criança.reja

564. Pela sua submissão a Maria e a José, assim como pelo seu trabalho humilde em Nazaré durante longos anos, Jesus dá-nos o exemplo da santidade na vida quotidiana da família e do trabalho.

565. Desde o princípio da sua vida pública, desde o seu baptismo, Jesus é o «Servo» inteiramente consagrado à obra redentora, que consumará pelo «baptismo» da sua paixão.

566. A tentação no deserto mostra Jesus como Messias humilde, que triunfa de Satanás pela total adesão ao desígnio de salvação querido pelo Pai.

567. O Reino dos céus foi inaugurado na terra por Cristo, e resplandece para os homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo» (333). A Igreja é o gérmen e o princípio deste Reino. As suas chaves são confiadas a Pedro.

568. A transfiguração de Cristo tem por fim fortalecer a fé dos Apóstolos em vista da paixão: a subida à «alta montanha» prepara a subida ao Calvário. Cristo, cabeça da Igreja, manifesta o que o seu Corpo contém e irradia nos sacramentos: «a esperança da Glória» (Cl 1, 27) (334).

569. Jesus subiu voluntariamente a Jerusalém, sabendo perfeitamente que ali ia morrer de morte violenta, por causa da oposição dos pecadores (335).

570. A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino, que o Rei-Messias, acolhido na cidade pelas crianças e pelos humildes de corarão, vai realizar pela Páscoa da sua morte e ressurreição.

Catecismo

Louvor ao Senhor. Hino. Igreja


Ó gratos ao Senhor, ao vosso Rei louvai;

Com alegria e com fervor,

Com alegria e com fervor,

Seu culto celebrai, Seu culto celebrai!

A Ele pertencem benção e sabedoria, sim!

Glória e soberania, agora e prá sempre sem fim.




Robert Lowry (1826-1899)
William E.Entzminger (1859-1930)

RESTO. Charles Fonseca. Poesia

RESTO
Charles Fonseca

Adeus, amiga, a teus
Desejos de bem e mal
Anseios que afinal
Dão pejo pensá-los meus

Adeus, mulher, fui incréu
Dos teus amores vetustos
Ardores que tão astutos
Retiro meu ser do teu céu

Que premoniso infernos
Delícias ao fim amargas
Quiseste de minhas ilhargas
O sumo, o suco, fui resto.

Albert Watson. Fotografia

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Crescer é aprender a dizer adeus para certas coisas. Graça Taguti. Prosa

Crescer é aprender a dizer adeus para certas coisas
Graça Taguti

Aprende-se a viver mais de mansinho, a morrer sem estardalhaço, a trocar a costumeira arrogância por duas doses de humildade. A trancar mentiras feias nas gavetas da consciência. Aprende-se a buscar rotinas mais éticas, um corpo mais harmonioso, relações mais mágicas e férteis, no amor e no trabalho. Aprende-se a dançar um tango vertiginoso, embebido em estrógenos e testosteronas que circulam sem parar pelos salões da tentação.

Lajos Bruck - c. Vendedores de frutas - 1880 Coleção particular. Pintura

domingo, dezembro 22, 2013

Três mil cubanos "desertaram" da Venezuela no último ano. Medicina

Clique: http://www.noticiasaominuto.com/mundo/149649/tres-mil-cubanos-desertaram-da-venezuela-no-ultimo-ano#.UrdOcNJDtGE

PERFUMES. Charles Fonseca. Poesia

PERFUMES
Charles Fonseca

Desce o tempo pelo rio
Das contas buscando os mares,
Amantes trocam olhares
Em vagas, nas noites de frio.

Sobem soluços do peito,
Desejos em chamas crepitam,
Sobem ardores, suscitam
Gemidos em ondas no leito.

Sobem à lua queixumes,
Desce cândido o luar,
O rio dá contas ao mar,
No leito recendem perfumes.

Jean-August Barre - The Tragic Actress Rachel - 1848 Musée du Louvre. E54. Escultura

Origem, fundação e missão da Igreja.

II. Origem, fundação e missão da Igreja

758. Para perscrutar o mistério da Igreja, é conveniente meditar primeiro sobre a sua origem no desígnio da Santíssima Trindade e sobre a sua progressiva realização na história.

UM DESÍGNIO NASCIDO NO CORAÇÃO DO PAI

759. «O eterno Pai, que pelo libérrimo e insondável desígnio da sua sabedoria e bondade, criou o universo, decidiu elevar os homens participação da vida divina», para a qual a todos convida em seu Filho: «E, aos que crêem em Cristo, decidiu convocá-los na santa Igreja». Esta «família de Deus» constituiu-se e realizou-se gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as disposições do Pai: de facto, a Igreja «prefigurada já desde o princípio do mundo e admiravelmente preparada na história do povo de Israel e na antiga Aliança, foi constituída no fim dos tempos, e manifestada pela efusão do Espírito Santo, e será gloriosamente consumada no fim dos séculos» (152).

Eu tinha um cachorro preto, seu nome era depressão. [LEGENDADO]. Medicina

A Máquina do Mundo. Carlos Drummond de Andrade. Poesia

A Máquina do Mundo
Carlos Drummond de Andrade

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas.

sábado, dezembro 21, 2013

Antífona. Hino. Música

DEVIR. Charles Fonseca. Prosa

DEVIR
Charles Fonseca

Algumas coisas a contar, o tempo urge, a vida escoa. Mas ainda nem tudo está preparado. Só poucos haverão de saber, pra cada um diversa a versão, cada qual sua visão, surpresa, tristeza, poderá haver até alegria, pasmo, ódio, um amor infinito, saudade do que poderia ter sido, arrependimento pelo julgar por inferência, maldade, maledicência. O tempo corre, o vento assopra, o sol que nasce é o mesmo que se põe e ainda assim restará no peito de cada qual, do que se foi, do que será, do que virá, uma ternura, lição aprendida, uma sabedoria oculta, inatingível, no aquém, no alguém, no que viria a ser e se foi.

VEM COMIGO, AMADA. Charles Fonseca. Fotografia

Fora das suposições religiosas. Olavo de Carvalho.

1 - O homem é a única espécie animal que conhece todas as outras. Estas só conhecem as imediatamente acessíveis.
2 - O homem pode conhecer até o modo de percepção dos outros animais. Um chimpanzé ou um galo não pode ter a menor idéia de como funciona um olho humano.
3 - O homem é por isso mesmo o único para o qual a "natureza" existe. Para os outros animais só existe o seu ambiente imediato.
4 - O homem pode zelar pelos outros animais e estes não podem zelar por ele, aliás nem mesmo uns pelos outros. Animais não praticam a medicina veterinária.
5 - O homem pode discutir esta questão, os outros animais não podem.
6 - Se ainda restar alguma dúvida, não tente pedir esclarecimento a um ganso ou a uma formiga.

Charlie Chaplin - The Lion's Cage. Cinema

Manoel de Barros em "Ensaios fotográficos". Poesia

"... Meu avô era tomado por leso porque de manhã dava
bom-dia aos sapos, ao sol, às águas.
Só tinha receio de amanhecer normal
Penso que ele era provedor de poesia como as aves
e os lírios do campo."

Manoel de Barros em "Ensaios fotográficos", Editora Record, 2000, p. 51.

István Réti, 1912 - menina Gipsy Galeria Nacional Húngara, Budapeste. A23. Pintura

sexta-feira, dezembro 20, 2013

Com quem meus pais irão morar? Dr. Marcio Borges. Medicina. Geriatria.

COM QUEM MEUS PAIS IRÃO MORAR?
Dr. Márcio Borges - geriatra
Aconselhamento para famílias de idosos de alta dependência

Um assunto muito comentado pelos internautas no FACEBOOK CUIDAR DE IDOSOS é: “Com quem meus pais irão morar?” Com quem minha mãe viúva e doente irá morar, com qual filho ou filha meu pai viúvo irá ficar, quem tomará conta de minha avó ou avô? Por trás dessas perguntas, toda uma vida familiar está exposta, com suas desavenças, suas diferenças, sua união e seu amor familiar. A dependência de nossos pais e avós pode ser uma realidade mais difícil do que possamos imaginar. As diferenças entre irmãos e netos também. Tudo isso sem falar na própria personalidade do idoso dependente ou não, que poderá tornar a vida da família num lugar mais amoroso e acolhedor. Ou num verdadeiro inferno.

Antes de pensar em trazer e cuidar de seus pais ou avós em sua casa, considere estas perguntas:
**Eu e minha família nos damos bem o suficiente para viver juntos novamente com meu pai ou minha mãe idosa? Temos uma relação positiva e condições de cuidar bem deles? Se você tem ou teve um relacionamento complicado, cuidar dos pais em sua casa pode não ser a resposta certa. Será que o seu cônjuge/companheiro e seus filhos concordam que trazer seus pais para a sua casa é a melhor forma de cuidar deles?

**Como vamos resolver os problemas que certamente surgirão? Quando as coisas ficarem tensas e os desentendimentos surgirem, como eu e minha família lidaremos com isso? Partilhe as suas expectativas com a sua família e também com o seu idoso. Pense em algumas regras básicas de convivência, antes que eles venham morar com vocês. Não presuma que cuidar dos pais será um mar de rosas e que os conflitos não aparecerão.

**O que acontecerá se morar junto não der certo? Cuidar de seus pais deve incluir outras alternativas. Quais são as outras alternativas, se trazer os pais para morarem com você não der certo? Ou se seus pais precisam de mais cuidados do que você pode oferecer?

**Quanto cuidado estou disposto a oferecer? Morando juntos levanta a questão de quanto cuidado, trabalho e esforço você poderá dar a seus pais. Será que terei condições de ajudar no banho de meu pai ou de minha mãe, ou ajudar a se vestir e se alimentar? Terei condições de contratar serviço de cuidador profissional ou de empresa de home care? Meus pais aceitarão serem cuidados por outras pessoas?

**Como pagarei pelas despesas de cuidados de meus pais? Certamente os cuidados dos pais em casa terão um forte impacto financeiro. Cuidar de idosos dependentes normalmente tem um custo financeiro alto. Será que meus pais podem contribuir para o orçamento familiar? Meus irmãos poderão contribuir? A compreensão clara de como as despesas de cuidados dos pais será tratada, poderá evitar mal-entendidos e brigas entre os familiares.

**Entre os irmãos, alguém terá melhores condições de cuidar de meus pais? Saberei entender e distinguir essa diferença? Saberei ajudar meus irmãos nessa tarefa? Ajudarei financeiramente, com a minha presença e meu trabalho? Os irmãos têm condições de, pacificamente, conversar e tratar do melhor cuidado para seus pais dependentes?

**E quando a alternativa de levar meus pais para uma casa de repouso, uma instituição de longa permanência para idosos é a melhor? Eu e meus irmãos saberemos entender e analisar, com a cabeça fria, essa alternativa?

Uma boa comunicação e planejamento são as chaves para o sucesso na difícil tarefa de cuidar dos pais em nossa casa ou na casa dos irmãos. Com essa perguntas e essas dicas, poderemos minimizar essa séria questão e fazer com nossos pais se sintam verdadeiramente cuidados e amados por todos nós, filhos. Afinal, cuidar de nossos filhos nos dá sentido de perpetuação; entretanto, cuidar de nossos pais idosos nos dá sentido de gratidão e compaixão!

Edward Weston. Fotografia

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Pumpcast News, Part 1 - The Tonight Show with Jay Leno. Música

Nós e nossa sublime alegria de não saber. André J. Gomes. Prosa

Nós e nossa sublime alegria de não saber
André J. Gomes

A menina que hoje brinca com a comida e as próprias meias não sabe, mas ela sorri quando olha na claridade as partículas de poeira flutuando, brilhantes como estrelas caseiras, enquanto sua mãe passa uma vassoura na sala. Não sabe que a saudade corriqueira que tem do pai durante o dia é um sentimento que só vai aumentar com o tempo, o nariz e as orelhas de cada um. Ela não sabe que um dia vai ter saudade do que já foi, do que ainda é e até do que — quem sabe? — um dia poderá ser.

Ennio Morricone - Cinema Paradiso. Música

QUEIXUME. Charles Fonseca. Poesia

QUEIXUME
Charles Fonseca

Quando se forem vicários
Amores desde antanho
Enganos ledos finados
Como perdas antes fados
Agora só desenganos
O meu amor em sacrário

Em cãs de esperar tanto
No só no pó no deserto
Deserdado sem oásis
Sem esperança no quase
No talvez quem sabe incerto
Como há de sorrir não pranto?

Como fingir não foi nada
Sorrir ainda que gema
Abraçar antes que morte
Minh’alma alce ao orbe
E ao pó retornem apenas
As ilusões descarnadas?

Damián Campeny y Estany - The Dying Lucretia - 1834 Palau de la Llotja, Barcelona. E54. Escultura

Imre Révész - 1899 - Pão! Galeria Nacional Húngara, Budapeste. A23. Pintura

quinta-feira, dezembro 19, 2013

EPITÁFIO. Charles Fonseca

Aqui jaz aquele que viria a ser e se foi.

REI CHARLES SENDO COROADO POR SOBRINHO NETO. Fotografia

Licença Poética. Manoel De Barros

Licença Poética
Manoel De Barros

Quero sentar na curva do rio,
Pegar o vento pelo rabo,
Passear nas asas das borboletas,
E sem luneta
Me esparramar na lua.

Quem disse que sou triste?
Tenho certa dose de loucura!

Sou silêncio de peixe.
Pensamento de passos de formiga.
Galo de briga em teimosia.
Olhar esticado de lagartixa em literatura.

Gata no cio e desejo mia no lado esquerdo do peito.
Deito minhas travessuras no travesseiro de capim gordura.

Chuvas de rimas e versos visitam minhas terras,
Montanhas, colinas e planícies.
Germinam poesia.
Encerram vida.

66 Sunnyside - Charlie Chaplin (1919). Cinema

A Terra Desolada. T.S. Eliot. Poesia

A Terra Desolada
T.S. Eliot

Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aléias de Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Big gar keine Russin, stamm' aus Litauen, echt deutsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam,
nem te consola o canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.

MozART Group / Grupa MoCarta - Wild, wild West.../ Na Dzikim Z. Música

Os símbolos da Igreja

OS SÍMBOLOS DA IGREJA

753. Na Sagrada Escritura, encontramos grande quantidade de imagens e figuras ligadas entre si, mediante as quais a Revelação fala do mistério inesgotável da Igreja. As imagens tomadas do Antigo Testamento constituem variantes duma ideia de fundo, que é a de «povo de Deus». No Novo Testamento (129), todas estas imagens encontram um novo centro, pelo facto de Cristo Se tomar «a Cabeça» deste povo (130) que é, desde então, o seu corpo. A volta deste centro, agrupam-se imagens «tiradas quer da vida pastoril ou agrícola, quer da construção ou também da família e matrimónio» (131).

754. «Assim a Igreja é o redil, cuja única e necessária porta é Cristo (132). E também o rebanho, do qual o próprio Deus predisse que seria o pastor (133) e cujas ovelhas, ainda que governadas por pastores humanos, são contudo guiadas e alimentadas sem cessar pelo próprio Cristo, bom Pastor e Príncipe dos pastores (134), o qual deu a vida pelas suas ovelhas (135)» (136) .

755 «A Igreja é a agricultura ou o campo de Deus (137). Nesse campo cresce a oliveira antiga, de que os patriarcas foram a raiz santa e na qual se realizou e realizará a reconciliação de judeus e gentios (138). Ela foi plantada pelo celeste Agricultor como uma vinha eleita (139). A verdadeira Videira é Cristo: é Ele que dá vida e fecundidade aos sarmentos, isto é, a nós que, pela Igreja, permanecemos n'Ele, e sem o Qual nada podemos fazer (140)» (141).

756. «A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (142). O próprio Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou pedra angular (Mt 21, 42 par.: Act 4, 11; 1 Pe 2, 7; Sl 118, 22). Sobre esse fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (143), e dele recebe firmeza e coesão. Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (144), na qual habita a sua família; habitação de Deus no Espírito (145); tabernáculo de Deus com os homens (146); e, sobretudo, templo santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém. Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como pedras vivas (147). Esta cidade, S. João contemplou-a "descendo do céu, da presença de Deus, na renovação do mundo, como esposa adornada para ir ao encontro do esposo" (Ap 21, 1-2)» (148).

757. «A Igreja é também chamada "Jerusalém do Alto" e "nossa mãe" (Gl 4, 26) (149); é também descrita como a Esposa imaculada do Cordeiro sem mancha (150), a qual Cristo "amou, pela qual Se entregou para a santificar" (Ef 5, 25-26), que uniu a Si por um vínculo indissolúvel, e à qual, sem cessar, "alimenta e presta cuidados" (Ef 5, 29)» (151).

Hermann Wilhelm Bissen - Prince Paris Ny Carlsberg Glyptotek, Copenhagen. E54. Escultura

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Tumbalalaika spezzone prendimi l'anima roberto faenza. Música

FORTE. Charles Fonseca. Poesia

FORTE
Charles Fonseca

Ainda ressoa amiga
Tua chegada discreta
À minha vida eu poeta
Morto na dor por imiga

‘Inda o silêncio dos prados
O leve ruflar das garças
O crepitar da fogaça
Praia dos fortes abraços

Na bela Itacimirim
Búzios da praia Atalaia
Longe de ti não me esvaia
Saudade se vinda a mim.

William Bouguereau, 1896 - Por Rocky Beach - Detroit Institute of Art. A22. Pintura

Governo adia programa de assistência médica a detentos após caso Genoino. Medicina

Clique: http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/12/18/interna_politica,480381/governo-adia-programa-de-assistencia-medica-a-detentos-apos-caso-genoino.shtml

Charlie Chaplin - The Kid (1921) - Legendado - Br. Cinema

Tristeza Universal. Luiz Fernando Pinto. Poesia

Tristeza Universal
Luiz Fernando Pinto

Quando chegar o dia da Tristeza Universal
Todos os lagos transformar-se-ão
Nos mausoléus de todos os sonhos de amor,
Sobreviventes de todas as fantasias românticas
E de todas as histórias de amor
Vividas nas mais lindas sagas de amor e saudade.

Quando este dia chegar,
Todos os cisnes, de todos os lagos,
- Amedrontados por esta tristeza letal-
Fugirão desta melancolia maldita,
Reunidos em grupos de tristes fugitivos,
Em busca de refúgios secretos
Escondidos em paraísos desconhecidos.

Quando este dia chegar,
Desolados pela Tristeza Universal.
Os peixes, em desespero,
Buscarão os sepulcros privativos das algas e corais
E deixar-se-ão morrer, em cardumes,
No fundo dos lagos,
No fundo dos rios,
No fundo do mar.

Os pássaros, desolados e melancólicos,
Fugirão em revoada,
Rumo a recantos distantes,
Em busca dos céus desconhecidos,
Jamais navegados pelos astronautas da NASA
Em desespero, os pássaros
Mergulharão num voo cego de morte
Em direção a precipícios rochosos
Que serão lindamente decorados
Com beleza e o colorido
Desprendido de suas plumas

As luas de todos os planetas
Fugirão, também,
Levando prisioneiros consigo,
Os meus reflexos esmaecidos e tristonhos,
Que jamais voltarão a brilhar
Nos mares sem peixes,
Nos lagos sem cisnes
E nos céus sem pássaros.
Em desespero, as luas afogar-se-ão no mar
E nunca mais haverá
Lindas noites de luar

Quando este dia chegar,
Partirei, então, sem bússola e sem destino,
Em busca deste paraíso distante e desconhecido
Que acolherá
Os cisnes fugitivos e os pássaros migratórios,
Porque tenho certeza
Que neste paraíso reencontrarei você,
À minha espera, de braços abertos,
Dentre os sobreviventes
Desta catástrofe da Tristeza Universal

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In memoriam do autor, médico, falecido ontem, dia 17.12.13

terça-feira, dezembro 17, 2013

Dorothea Lange. Fotografia

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NOITE DE SÃO JOÃO. Charles Fonseca. Poesia

NOITE DE SÃO JOÃO
Charles Fonseca

É noite de São João
sobem fogueiras aos céus
chuvas de estrelas descem
riscam foguetes nos ares
que enfim, fenecem.
Tudo é folia
é festa a noite inteira,
É noite de São João.
Os fogos de artifício!
Nas mãos de crianças 'lágrimas' choram
balões multicores no céu vão embora
Baião, roupas de chita, forró e milho!

Sir Francis Legatt Chantrey - Mrs. Siddons - 1831 Westminster Abbey, London. Escultura

Queixa-se o poeta. Gregório de Matos

Queixa-se o Poeta em que o mundo vai errado e, querendo emendá-lo, o tem por empresa dificultosa

Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer e vou-me ao fundo.

O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ornadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.

Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir, que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.

O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo o mar de enganos
Ser louco cos demais, que ser sisudo.

- Gregório de Matos, in 'Obra poética'. (Org.) James Amado. (Prep. e notas) Emanuel Araújo. (Apres. ) Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

Madeleine Lemaire Jeanne - Allegorie de L-Automne - Coleção particular. Pintura

segunda-feira, dezembro 16, 2013

Chico Buarque - Construção (Clipe ao Vivo) HD. Música

Presidente da AMB comenta expectativas para a saúde no Brasil. Medicina

Clique: http://www.amb.org.br/Site/Home/NOT%C3%8DCIAS/Presidente-da-AMB-comenta-expectativas-para-a-sa%C3%BAde-no-Brasil%2037376.cnt

Charlie Chaplin - Corrida do Ouro (Remasterizado Legendado). Cinema

Estava lá Aquiles, que abraçava. Mário Faustino. Poesia

ESTAVA LÁ AQUILES, QUE ABRAÇAVA
Mário Faustino

Estava lá Aquiles, que abraçava
Enfim Heitor, secreto personagem
Do sonho que na tenda o torturava;
Estava lá Saul, tendo por pajem
Davi, que ao som da cítara cantava;
E estavam lá seteiros que pensavam
Sebastião e as chagas que o mataram.
Nesse jardim, quantos as mãos deixavam
Levar aos lábios que os atraiçoaram!
Era a cidade exata, aberta, clara:
Estava lá o arcanjo incendiado
Sentado aos pés de quem desafiara;
E estava lá um deus crucificado
Beijando uma vez mais o enforcado.

Lajos Karcsay, c.1885 - Recolha maçãs - Galeria Nacional Húngara, Budapeste. Pintura

MUTANTES. Charles Fonseca. Poesia

MUTANTES
Charles Fonseca

Dores do parto, parto de alvores
De minha chegada, o primogênito,
Assim chamado, primeiro rebento,
Quatro me seguem e são meus amores.

São meus irmãos, são tão diferentes,
Da mesma fôrma, estão na diáspora,
Nas suas certezas, todas metáforas,
Deslizam de si, mutantes parentes.

Guido Mazoni, 1492-94 - Lamentation, Church of Monteolivetto - Naples. E53. Escultura

domingo, dezembro 15, 2013

Ansel Adams. Fotografia

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Seis tomografias em um ano e nenhum psiquiatra. Governo quer fazer medicina sem médicos e triplica os custos. Marcelo Caixeta

SEIS TOMOGRAFIAS EM UM ANO E NENHUM PSIQUIATRA : GOVERNO QUER FAZER MEDICINA SEM MÉDICOS E TRIPLICA OS CUSTOS
Marcelo Ferreira Caixeta

Esta é a história de A.F.F., 34 anos, do interior goiano de Cavalcante. Tem um passado de doença bipolar desde a infância, nunca diagnosticado ou tratado. Alcoolismo, brigas, prisões, traumatismo craniano há um ano. Primeira tomografia crânio ( TC) : pequena lesão parietal esquerda. Depois disto, além dos sintomas bipolares que já tinha ( agitação, logorreia,etc), começou a ter delírios persecutórios ( em cima da doença bipolar, alcoolismo, fez uma psicose traumática ). Condutas no Governo, de lá para cá : 1) sendo "tratado" por psicólogo no Caps. 2) não melhora : vá para Brasília. 3) lá é atendido em postos de saúde, por 10 meses, passado tegretol pelo médico generalista. 4) não melhora... não melhora... dá-lhe tomografias ( "com este exame ele vai melhorar"). 5) volta para seu "médico oficial", o psicólogo. 6) Depois de 11 meses, "só está piorando", volta para Brasília : residente de neurologia 7) este, pede mais uma tomografia, a sexta, "só para ver como é que está". além do tegretol, passa fenitoína, "deve ser alguma coisa epiléptica". 9) só piora. 10) quebra tudo em casa, tentativa de suicídio. 11) volta para o residente em Brasília. 12) encaminha para Goiânia ( "disseram que em Brasília não tem "hospital de saúde mental" [ nome que o PT dá para psiquiatria], e que os casos deles eles encaminham para Anápolis ou Goiânia.

COMENTÁRIOS

1) É importante que Brasília seja uma cidade "limpa" de loucos nas ruas, todos os dias são mandados aproximadamente 30 doentes para Anápolis-GO, 160 km de distância, numa "caravana de ambulância", conhecida com "nau dos loucos". É importante para desinfetar a "capital dos anti-médicos" daqueles doentes "anti-estéticos" , os incomodativos "loucos". É importante para mostrar, na capital do comunismo, que o sistema governista-esquerdista-empreguista de "psicólogos em centros de saúde" ( caps ) é suficiente e funciona muito bem para atender as doenças psiquiátricas ( que, como os loucos das ruas, eles dizem que "não existem" e é criação da "indústria farmacêutica") .
2) É importante investir em um sistema que contrata não-médicos para atender medicina ( "psicólogo como médico do paciente A.F.F"). É importante investir em um sistema que gasta 6 tomografias para "saber o que o paciente tem" e para "ver o que é que faz". É importante investir em um sistema que diz que a "atenção básica" resolve 90% dos problemas. É importante valorizar-se um sistema onde o "médico não é o profissional mais importante", onde "não se precisa de hospitais ou de medicina especializada".
3) Só esquecem de fazer uma conta simples : com o salário dos psicólogos e com o custo das tomografias, quantos psiquiatras poderiam ser pagos ?

Ismael Silva - Se Você Jurar. Música

Os nomes e as imagens da Igreja.

I. Os nomes e as imagens da Igreja

751. A palavra «Igreja» («ekklesía», do verbo grego «ek-kalein» = «chamar fora») significa «convocação». Designa as assembleias do povo em geral de carácter religioso. É o termo frequentemente utilizado no Antigo Testamento grego para a assembleia do povo eleito diante de Deus, sobretudo para a assembleia do Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por Deus como seu povo santo (125). Ao chamar-se «Igreja», a primeira comunidade dos que acreditaram em Cristo reconhece-se herdeira dessa assembleia. Nela, Deus «convoca» o seu povo de todos os confins da terra. O termo « Kyriakê», de onde derivaram «church», «Kirche», significa «aquela que pertence ao Senhor».

752. Na linguagem cristã, a palavra «Igreja» designa a assembleia litúrgica (126), mas também a comunidade local (127) ou toda a comunidade universal dos crentes (128). Estes três significados são, de fato, inseparáveis. «A Igreja» é o povo que Deus reúne no mundo inteiro. Ela existe nas comunidades locais e realiza-se como assembleia litúrgica, sobretudo eucarística. Vive da Palavra e do Corpo de Cristo, e é assim que ela própria se torna Corpo de Cristo.

Catecismo

Charles Chaplin. O grande ditador. Cinema

sábado, dezembro 14, 2013

SOBEJOS. Charles Fonseca. Poesia

SOBEJOS
Charles Fonseca

Que versão outros darão de minha vida,
Que exemplo de vida em mim verão,
Que lutas venci de forma só renhida,
Que derrotas ganhei eu de antemão?

Que vitórias ganhei e foram perdas,
Que ausências tive e estão presentes,
Que prazeres tive e ainda estou carente,
Que amadas tive e não foram sobejas?

Károly Kernstok, 1910 - Park - Coleção particular. A22. Pintura

O Corvo. Edgar Allan Poe. Poesia

O Corvo
Edgar Allan Poe

Numa meia-noite cava, quando, exausto, eu meditava
Nuns estranhos, velhos livros de doutrinas ancestrais
E já quase adormecia, percebi que alguém batia
Num soar que mal se ouvia, leve e lento, em meus portais.
Disse a mim: "É um visitante que ora bate em meus portais´-
É só isto, e nada mais."

Ah! tão claro que eu me lembro! Era um frio e atroz dezembro
E as chamas no chão, morrendo, davam sombras fantasmais,
E eu sonhava logo o alvor e pra acabar com a minha dor
Lia em vão, lembrando o amor desta de dons angelicais
A qual chamam Leonora as legiões angelicais,
Mas que aqui não chamam mais.

E um sussurro triste e langue nas cortinas cor de sangue
Assustou-me com tremores nunca vistos tão reais,
E ao meu peito que batia eu mesmo em pé me repetia:
"É somente, em noite fria, um visitante aos meus portais
Que, tardio, pede entrada assim batendo aos meus portais.
É só isto, e nada mais.

Neste instante a minha alma fez-se forte e ganhou calma
E "Senhor" disse, ou "Senhora, perdoai se me aguardais,
Que eu já ia adormecendo quando viestes cá batendo,
Tão de leve assim fazendo, assim fazendo em meus portais
Que eu pensei que não ouvira" - e abri bem largo os meus portais: -
Treva intensa, e nada mais.

Longamente a noite olhei e estarrecido me encontrei,
E assustado, tive sonhos que ninguém sonhou iguais,
Mas total era o deserto e ser nenhum havia perto
Quando um nome, único e certo, sussurrei entre meus ais -
- "Leonora" - esta palavra - e o eco a repôs entre meus ais.
E isto é tudo, e nada mais.

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Trecho de “O Corvo”, de Edgar Allan Poe.
Tradução de Alexei Bueno.

sexta-feira, dezembro 13, 2013

Johann Gregor van der Schardt, c. 1570 - Sol Rijksmuseum - Amsterdam. E53. Escultura

Parentes vão à Justiça em busca de vaga para paciente em Divinópolis. Medicina

Clique: http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2013/12/parentes-vao-justica-em-busca-de-vaga-para-paciente-em-divinopolis.html

FREUD, MEU CÃO PASTOR. Charles Fonseca

Exibindo 20131213_145657.jpg

EIS TUDO. Charles Fonseca

EIS TUDO
Charles Fonseca

Quando vejo a tua foto
Tão perto tu tão distante
Dá-me um banzo num instante
Eu à toa e a ti devoto

Tu ateia do amar
Eu crente na salvação
De minh'alma e isto não
Só me alegra a vagar

Nesta espera dum futuro
Que se foi a tanto tempo
Eu teimoso a ti detento
Dum olhar teu, eu no escuro.

Gal Costa. Canção da manhã feliz. Música.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

Károly Kernstok, 1897 - Agitating in the Factory Cantine - Hungarian National Gallery, Budapest. A22. Pintura

"Creio na Santa Igreja Católica". Igreja

«CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA»

748. «A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar todos os homens com a sua luz que resplandece no rosto da Igreja, anunciando o Evangelho a toda a criatura» (120). É com estas palavras que começa a «Constituição Dogmática sobre a Igreja» do II Concilio do Vaticano. Desse modo, o Concílio mostra que o artigo de fé sobre a Igreja depende inteiramente dos artigos relativos a Jesus Cristo. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo. Ela é, segundo uma imagem cara aos Padres da Igreja, comparável à lua, cuja luz é toda reflexo da do sol.

749. O artigo sobre a Igreja depende também inteiramente do artigo sobre o Espírito Santo, que o precede. «Com efeito, depois de ter mostrado que o Espírito Santo é a fonte e o dador de toda a santidade, nós confessamos agora que foi Ele quem dotou de santidade a Igreja» (121). A Igreja é, segundo a expressão dos Padres, o lugar «onde floresce o Espírito» (122).

750. Crer que a Igreja é «santa» e «católica», e que é «una» e «apostólica» (como acrescenta o Símbolo Niceno-Constantinopolitano), é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. No Símbolo dos Apóstolos fazemos profissão de crer a Igreja santa («Credo... Ecclesiam»), e não na Igreja, para não confundir Deus com as suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que Ele próprio pôs na sua Igreja (123).

Catecismo

Man Ray. Fotografia

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A face oculta de Lolita. Fred Navarro. Prosa

A face oculta de Lolita

A personagem Lolita, assim como Alice, de Lewis Carroll, e Emma Bovary, de Gustave Flaubert, morava no inconsciente da humanidade. Em meados do século passado, com a revolução tecnológica anunciada pelo rádio e televisão, as revistas de moda, biquíni, pílula, liberação dos costumes, rock’n’roll, Elvis, os Beatles, os Stones, mais cedo ou mais tarde a questão da sexualidade de crianças e adolescentes, já enunciada em profundidade por Sigmund Freud e sua filha Anna desde a primeira metade do século, viria à tona.

quarta-feira, dezembro 11, 2013

Rudolph Schadow, 1793 - Quadriga Public Collection. Escultura

Médico do Saboya está cansado. Medicina

Clique: http://diariosp.com.br/noticia/detalhe/61643/Medico+do+Saboya+esta+cansado

ANDRAJOS. Charles Fonseca. Poesia

ANDRAJOS
Charles Fonseca

Tu me amas? Perguntava enlouquecida
Ela, a não amante, querendo ser amada.
Ele em farrapos, a não dizer mais nada,
Morrendo o futuro, partiu pra outra vida.

E assim ele se foi por uma longa estrada
Carpir desilusões, buscando novo alento
De alguém amante, buscando outro momento,
Amante ele também quem sabe, além do nada.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

O Espírito e a Igreja nos últimos tempos. Igreja

742. «E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: "Abbá!" Pai!» (Gl 4, 6).

743. Desde o princípio até à consumação do tempo, quando Deus envia o seu Filho, envia sempre o seu Espírito: a missão dos dois é conjunta e inseparável.

744. Na plenitude dos tempos, o Espírito Santo realiza em Maria todas as preparações para a vinda de Cristo ao povo de Deus. Pela ação do Espírito Santo n 'Ela, o Pai dá ao mundo o Emanuel, «Deus connosco» (Mt 1, 23).

745. O Filho de Deus é consagrado Cristo (Messias) pela unção do Espírito Santo, na sua Encarnação (118).

746. Pela sua morte e ressurreição, Jesus foi constituído Senhor e Cristo na glória (119). Da sua plenitude, Ele derrama o Espírito Santo sobre os Apóstolos e sobre a Igreja.

747. O Espírito Santo, que Cristo-cabeça derrama sobre os seus membros, constrói, anima e santifica a Igreja. Ela é o sacramento da comunhão da Santíssima Trindade com os homens.

Catecismo

EU, TIO AVÔ. Charles Fonseca. Fotografia

Relatório: desorganização prejudica mais o SUS do que falta de verba. Medicina

Clique: http://noticias.terra.com.br/brasil/relatorio-desorganizacao-prejudica-mais-o-sus-do-que-falta-de-verba,bea77de4cc5d2410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html

sexta-feira, dezembro 06, 2013

Aquarela do Brasil (1942, Walt Disney). Música

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser. Graça Tagut. Prosa

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Graça Tagut

Ignorância, brutalidade ou primitivismo é o que não faltam mesmo nas mais abastadas famílias, rodeadas de caviar e etiquetas. Todo mundo, não dá para negar, carrega pedras na alma. Raiva e lodo por detrás de sorrisos quase imaculados. Cegueiras de todo o tipo, que nos impedem de enxergar a fertilidade e o despertar delicado de certas relações ou de belos e abençoados momentos da natureza. Os olhares licorosos perdidos no pôr do sol, um modo especial de acariciar seu bichinho de estimação.

Francesco Pozzi, Cyparissus Private Collection. E53. Escultura

terça-feira, dezembro 03, 2013

"Nós vamos ver o estrago daqui a oito anos", afirma presidente do Simers sobre criação de cursos de Medicina

Clique: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/12/nos-vamos-ver-o-estrago-daqui-a-oito-anos-afirma-presidente-do-simers-sobre-criacao-de-cursos-de-medicina-4353171.html

Amedeo Modigliani, ca. 1918-1919 - L'Etudiant. A21. Pintura

CPI aponta irregularidades no Gisa e quer melhorias na fiscalização do SUS. Medicina

Clique: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/12/cpi-aponta-irregularidades-no-gisa-e-quer-melhorias-na-fiscalizacao-do-sus.html

Franz Schubert - Ave Maria For Violin. Música

Relação de afiguração. Suely Monteiro. Filosofia

Clique: http://suelymonteiro.blogspot.com.br/2013/12/para-lembrar.html#links

Antonio Pollaiolo, 1470-1480 - Hercules and Anteus Museo Nazionale del Bargello, Florence, Italy. E53. Escultura

ALÉM, MUITO ALÉM. Charles Fonseca

ALÉM, MUITO ALÉM.
Charles Fonseca

Meu destino é amar-te além do mar
Das procelas qual náufrago que a terra avista
E nega a morte e a terra conquista,
Que jamais se entrega, és meu norte fanal.

Meu destino é amar-te além do horizonte
Que a vista alcança, do além do mundo,
Das estrelas, do universo profundo,
Além da esperança, beijo-te a fronte.

Yasuhiro Ishimoto. Fotografia

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segunda-feira, dezembro 02, 2013

O Espírito Santo e a Igreja

O ESPÍRITO SANTO E A IGREJA

737. A missão de Cristo e do Espírito Santo completa-se na Igreja, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Esta missão conjunta associa, doravante, os fiéis de Cristo à sua comunhão com o Pai no Espírito Santo: o Espírito prepara os homens e adianta-se-lhes com a sua graça para os atrair a Cristo. Manifesta-lhes o Senhor ressuscitado, lembra-lhes a sua Palavra e abre-lhes o espírito à inteligência da sua morte e da sua ressurreição. Torna-lhes presente o mistério de Cristo, principalmente na Eucaristia, com o fim de os reconciliar, de os pôr em comunhão com Deus, para os fazer dar «muito fruto» (116).

738. Assim, a missão da Igreja não se acrescenta à de Cristo e do Espírito Santo, mas é o sacramento dela: por todo o seu ser e em todos os seus membros, é enviada para anunciar e testemunhar, actualizar e derramar o mistério da comunhão da Santíssima Trindade (será este o objecto do próximo artigo):

«Nós todos, que recebemos o único e mesmo Espírito, quer dizer, o Espírito Santo, fundimo-nos entre nós e com Deus. Porque, embora sejamos numerosos separadamente, e Cristo faça com que o Espírito do Pai e seu habite em cada um de nós, este Espírito único e indivisível reconduz pessoalmente à unidade os que são distintos entre si [...] e faz com que todos apareçam n'Ele como sendo um só. E assim como o poder da santa humanidade de Cristo faz com que todos aqueles em quem ela se encontra formem um só corpo, penso que, do mesmo modo, o Espírito de Deus, que habita em todos, único e indivisível, os leva todos à unidade espiritual» (117).

739. Uma vez que o Espírito Santo é a unção de Cristo, é Cristo, a Cabeça do corpo, quem O derrama nos seus membros para os alimentar, os curar, os organizar nas suas mútuas funções, os vivificar, os enviar a dar testemunho, os associar à sua oferta ao Pai e à sua intercessão pelo mundo inteiro. É pelos sacramentos da Igreja que Cristo comunica aos membros do seu corpo o seu Espírito Santo e santificador (será este o objecto da segunda parte do Catecismo).

740. Estas «maravilhas de Deus», oferecidas aos crentes nos sacramentos da Igreja, dão os seus frutos na vida nova em Cristo, segundo o Espírito (será este o objecto da terceira parte do Catecismo).

741. «Também o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, porque não sabemos o que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rm 8, 26). O Espírito Santo, artífice das obras de Deus, é o Mestre da oração (será este o objecto da quarta parte do Catecismo).

Catecismo

Alfréd Reth, Mulher com Colar - Coleção particular. A21. Pintura

Os sinos que unem John Donne, Hemingway e Raul Seixas. Elder Dias

Os sinos que unem John Donne, Hemingway e Raul Seixas
Elder Dias

Apesar de cético, Hemingway tem muito de influência do anglicano John Donne. A citação do inglês no livro, portanto, é mais do que uma simples referência: talvez esteja mais para deferência, ou até reverência. O que chega a ser uma ironia: Donne, um dos principais arquitetos do pensamento de Hemingway, esteve no porão até seu reaparecimento, no preâmbulo de “Por Quem os Sinos Dobram”. “Por Quem os Sinos Dobram” influenciaria também o pensamento de um controverso e genial artista brasileiro: Raul Seixas, que batizou seu 9º álbum — e uma de suas canções — com esse título.

domingo, dezembro 01, 2013

FANTASMAS. Charles Fonseca. Poesia

FANTASMAS
Charles Fonseca

Me agitam o corpo, também a min’alma
Antigos fantasmas em mim que reluzem
No escuro, gargalham, aos poucos reduzem
Minh’alma e corpo que pena sem calma.

São sempre mutantes, à luz se esquivam,
De mim arreliam, zombando cutucam,
Atentam à razão, sem pejo torturam
Minh’alma carente em que ardores palpitam.

James W Shepp & Daniel Shepp. Fotografia

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O Espírito Santo - Dom de Deus. Igreja

O ESPÍRITO SANTO – DOM DE DEUS

733. «Deus é Amor» (1 Jo 4, 8.16) e o Amor é o primeiro dom, que contém todos os outros. Este amor «derramou-o Deus nos nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5).

734. Uma vez que estamos mortos, ou pelo menos feridos pelo pecado, o primeiro efeito do dom do Amor é a remissão dos nossos pecados. E é a comunhão do Espírito Santo (2 Cor 13, 13) que, na Igreja, restitui aos baptizados a semelhança divina perdida pelo pecado.

735. Ele dá-nos então as «arras» ou as «primícias» da nossa herança (111): a própria vida da Santíssima Trindade, que consiste em amar «como Ele nos amou» (112). Este amor (a caridade de que se fala em 1 Cor 13) é o princípio da vida nova em Cristo, tornada possível graças ao facto de termos «recebido uma força vinda do alto, a do Espírito Santo»(Act 1, 8).

736. É graças a esta força do Espírito que os filhos de Deus podem dar fruto. Aquele que nos enxertou na verdadeira Vide far-nos-á dar «os frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio» (Gl 5, 22-23). «O Espírito é a nossa vida»: quanto mais renunciarmos a nós próprios (113), mais «caminharemos segundo o Espírito» (114):

«Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de chamar Pai a Deus e de participar na graça de Cristo, de ser chamados filhos da luz e de tomar parte na glória eterna» (115)

Catecismo

sexta-feira, novembro 29, 2013

Relatório aponta falta de equipamentos e superlotação no Hospital de Base. Medicina

Clique: http://noticias.r7.com/distrito-federal/relatorio-aponta-falta-de-equipamentos-e-superlotacao-no-hospital-de-base-28112013

Gal Costa - Canção da manhã feliz. Música

NO. Charles Fonseca. Poesia

NO
Charles Fonseca

No imaginário, tuas tetas; no simbólico,
Minha língua em versos te lambe, sacia-se.
Aos poucos, às apalpadelas psíquicas,
No real do corpo, te vejo, caleidoscópico.

Alfréd Reth, 1956 - Composição - Coleção particular. A21. Pintura

O Pentecostes. Igreja

O PENTECOSTES

731. No dia de Pentecostes (no termo das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo que Se manifestou, Se deu e Se comunicou como Pessoa divina: da sua plenitude, Cristo Senhor derrama em profusão o Espírito (109).

732. Neste dia, revelou-Se plenamente a Santíssima Trindade. A partir deste dia, o Reino anunciado por Cristo abre-se aos que n'Ele crêem. Na humildade da carne e na fé, eles participam já na comunhão da Santíssima Trindade. Pela sua vinda, que não cessará jamais, o Espírito Santo faz entrar no mundo nos «últimos tempos», no tempo da Igreja, no Reino já herdado mas ainda não consumado:

«Nós vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível, porque foi Ela que nos salvou» (110).

Catecismo

Visitando o belo Uruguay. Charles Fonseca. Fotografia

“Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão”. Graça Taguti. Prosa

“Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão”
Graça Taguti

Quem nunca sentiu em plena luz do dia o mundo cinzento e circunspecto à sua volta, levante a mão. As palavras saindo da boca sem ordem e sem juízo. O discurso atrapalhado, estendendo os braços por detrás de sentenças inteiras sobrepostas umas sobre as demais. Brincadeira ainda verde de cabra-cega, esgueirando os restos de infância através de um corpo decididamente maduro. Quem nunca ansiou compor de quietude seus gestos e de apaziguamento sua mente? Confesse enquanto há tempo.

quinta-feira, novembro 28, 2013

O desenho proibido de Walt Disney - "As Crianças de Hitler". Cinema

Frase do Barão de Itararé. 1. Prosa

O que se leva desta vida é a vida que a gente leva.

René Michel Slodtz, 1753 - Monumento Funeral para Languet de Gergy Saint-Sulpice, em Paris, França. E52. Escultura

Comissão do CFM apresenta relatório e aponta situação caótica nos hospitais. Medicina

Clique: http://www.aquidauananews.com/0,0,00,9948-245767-COMISSAO+DO+CFM+APRESENTA+RELATORIO+E+APONTA+SITUACAO+CAOTICA+NOS+HOSPITAIS.htm

SE. Charles Fonseca. Poesia

SE
Charles Fonseca

Se durmo, sonho acordado,
Se acordo, ao longe te vejo,
Tão perto, sou todo desejo,
Tão longe, não sou teu amado.

Te escrevo, e tu nem me lês,
Te falo, e tu não me ouves,
Te ouço, me encho de amores,
Te amo, só tu que não vês.

Dilermando Reis e Francisco Petrônio - Canção de amor. Música

terça-feira, novembro 26, 2013

Jesus Cristo. Igreja

727. Toda a missão do Filho e do Espírito Santo, na plenitude do tempo, está contida no facto de o Filho ser o ungido do Espírito do Pai, desde a sua Encarnação: Jesus é o Cristo, o Messias.

Todo o segundo capítulo do Símbolo da Fé deve ser lido a esta luz. Toda a obra de Cristo é missão conjunta do Filho e do Espírito Santo. Aqui mencionaremos somente o que se refere à promessa do Espírito Santo feita por Jesus, e à sua doação pelo Senhor glorificado.

728. Jesus não revela plenamente o Espírito Santo enquanto Ele próprio não for glorificado pela sua morte e ressurreição. No entanto, sugere-O pouco a pouco, mesmo no seu ensino às multidões, quando revela que a sua carne será alimento para a vida do mundo (89). Insinua-O também a Nicodemos (99) , à samaritana (100) e aos que tomam parte na festa dos Tabernáculos (101). Aos seus discípulos, fala d'Ele abertamente a propósito da oração (102) e do testemunho que devem dar (103).

729. Só quando chega a Hora em que vai ser glorificado, é que Jesus promete a vinda do Espírito Santo, pois a sua morte e ressurreição serão o cumprimento da promessa feita aos antepassados (104). O Espírito da verdade, o outro Paráclito, será dado pelo Pai a pedido de Jesus; será enviado pelo Pai em nome de Jesus; Jesus O enviará de junto do Pai, porque do Pai procede. O Espírito Santo virá, nós O conheceremos, Ele ficará connosco para sempre, habitará connosco; há-de ensinar-nos tudo, há-de lembrar-nos tudo o que Cristo nos disse e dará testemunho d'Ele; conduzir-nos-á à verdade total e glorificará a Cristo. Quanto ao mundo, confundi-lo-á em matéria de pecado, de justiça e de julgamento.

730. Chega, por fim, a «Hora de Jesus» (105) : Jesus entrega o seu espírito nas mãos do Pai (106) , no momento em que pela sua morte vence a morte, de tal modo que, «ressuscitado dos mortos pela glória do Pai» (Rm 6, 4), logo dá o Espírito Santo «soprando» sobre os discípulos (107). A partir dessa «Hora», a missão de Cristo e do Espírito torna-se a missão da Igreja: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós» (Jo 20, 21) (108).

Catecismo

Alexej Jawlensky, Helene with Colored Turban. A21. Pintura

Adams defende "Mais Médicos" e entidades fazem críticas: Medicina

Clique: http://www.conjur.com.br/2013-nov-25/adams-defende-programa-medicos-enquanto-entidade-medica-faz-criticas

Gil de Siloe, 1496-99 - Main Altar (detail) Monastery of Miraflores, Burgos. E52. Escultura

Todo charme, simpatia e burrice da mulher brasileira. Eberth Vêncio. Prosa

Todo charme, simpatia e burrice da mulher brasileira
Eberth Vêncio

Eu tô cansado de saber que os leitores, em sua maioria, não gostam nem um pouquinho de ler os meus textos, quando eles (os textos) são tristes ou violentos. Filme triste, novela violenta, ainda vá lá, mas, crônica-drama ninguém merece. Não tenho boas notícias, amigos. Esta crônica não somente é triste, mas, violenta também. Os olhos incomodados que se retirem. Sem ressentimentos, cambada. Para amenizar a agonia daqueles que continuarem comigo pelas linhas seguintes, hei de me esmerar no sarcasmo e na fina ironia, para não ser tão grosseiro quanto pareço desde o título.

segunda-feira, novembro 25, 2013

Imagen Cunningham - After the Bath 1952. Fotografia

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SONHOS. Charles Fonseca

SONHOS
Charles Fonseca

O mar nas ondas batia
Tu no meu colo eu ninava
Não ao balanço da vaga
Ao da aragem dormias.

Hoje ao ronco das ondas
Da vida cheia procelas
Acordo à noite por elas
Sem ti nas noites tão longas.

Se me falas a agonia
De mim se afasta em recesso
Dias me voltam pregressos
Quando em meu colo dormias.

sexta-feira, novembro 22, 2013

O que é que a baiana tem? Carmem Miranda. Música

«Alegra-te, ó cheia de graça». Igreja.

«ALEGRA-TE, Ó CHEIA DE GRAÇA»

721. Maria, a santíssima Mãe de Deus, sempre virgem, é a obra-prima da missão do Filho e do Espírito na plenitude do tempo. Pela primeira vez no desígnio da salvação e porque o seu Espírito a preparou, o Pai encontra a morada na qual o seu Filho e o seu Espírito podem habitar entre os homens. É neste sentido que a Tradição da Igreja muitas vezes lê, em relação a Maria, os mais belos textos sobre a Sabedoria (90): Maria é cantada e apresentada na Liturgia como «o Trono da Sabedoria». Nela começam a manifestar-se as «maravilhas de Deus», que o Espírito vai realizar em Cristo e na Igreja:

722. O Espírito Santo preparou Maria pela sua graça. Convinha que fosse «cheia de graça» a Mãe d'Aquele em Quem «habita corporalmente a plenitude da divindade» (Cl 2, 9). Ela foi, por pura graça, concebida sem pecado, como a mais humilde das criaturas, a mais capaz de acolher o dom inefável do Omnipotente. É a justo título que o anjo Gabriel a saúda como «Filha de Sião»: «Ave» (= «Alegra-te») (91). É a acção de graças de todo o povo de Deus, e portanto da Igreja, que ela faz subir até ao Pai, no Espírito Santo, com o seu cântico (92) , quando já portadora, em si, do Filho eterno.

723. Em Maria, o Espírito Santo realiza o desígnio benevolente do Pai. É pelo Espírito Santo que a Virgem concebe e dá à luz o Filho de Deus. A sua virgindade torna-se fecundidade única, pelo poder do Espírito e da fé (93).

724. Em Maria, o Espírito Santo manifesta o Filho do Pai feito Filho da Virgem. Ela é a sarça ardente da teofania definitiva: cheia do Espírito Santo, mostra o Verbo na humildade da sua carne; e é aos pobres (94) e às primícias das nações (95) que Ela O dá a conhecer.

725. Finalmente, por Maria, o Espírito começa a pôr em comunhão com Cristo os homens que são «objecto do amor benevolente de Deus» (96); e os humildes são sempre os primeiros a recebé-Lo: os pastores, os magos, Simeão e Ana, os esposos de Caná e os primeiros discípulos.

726. No termo desta missão do Espírito, Maria torna-se a «Mulher», a nova Eva «mãe dos vivos», Mãe do «Cristo total» (97). É como tal que Ela está presente com os Doze, «num só coração, assíduos na oração» (Act 1, 14), no alvorecer dos «últimos tempos», que o Espírito vai inaugurar na manhã do Pentecostes, com a manifestação da Igreja.

terça-feira, novembro 19, 2013

Johan Tobias Sergel, 1791 - rei Gustavo III da Suécia Museu Nacional de Estocolmo. E52. Escultura

Será a luz no fim do túnel por tornar lei a revalidação do diploma de médico no Brasil. Medicina

Clique: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/11/19/comissao-aprova-proposta-que-institui-exame-de-proficiencia-em-medicina

Charles Chaplin em O Garoto 1921. 1. Filme Completo. Cinema

De Freud para Martha. Carta. Prosa

De Freud para Martha
Teatrinho de máscaras
7.8.1882

Amada pequena menina,
Os astrônomos afirmam que as estrelas que hoje vemos reluzir começaram a arder há centenas de milhares de anos e talvez hoje estejam se extinguindo. Tal é a dimensão de distância que nos separa delas, até mesmo para um raio de luz que, sem se cansar, percorre mais de 40.000 milhas em um segundo.

Sempre foi difícil para mim imaginar isso, mas agora posso fazê-lo com facilidade quando penso como você sorri diante de minhas cartas cordiais, enquanto minha alma sofre com dúvidas e preocupações, e quando penso como você se aborrece com a minha dureza e a minha desconfiança, enquanto uma medida de ternura, que luta em vão para se expressar, me preenche.

Há dois caminhos para evitar esta incongruência. O primeiro seria me abster de relatar uma atmosfera que supostamente não vai durar nem uma semana. O outro seria fazê-lo mantendo um olhar sereno, acima do teatrinho de máscaras que a vida vai encenando conosco.

Desprezamos o primeiro caminho, o caminho da preservação, porque ele pode acabar levando ao estranhamento. Por isso, somos obrigados a fazer aquilo que o segundo caminho nos recomenda.

Imagine que cada duas horas dos quatro dias que se passam entre a minha pergunta e a sua resposta — não, mais 64 das 96 horas — estendessem a tal ponto por meio de pensamentos confusos a respeito de você que a pobre pessoa por fim não fosse mais capaz de distinguir esse intervalo de tempo de um mês ou de um ano.

Imagine quão vazios e, consequentemente, quão breves pareceriam os milênios durante os quais não pensamos em nada, e então você será forçada a admitir que o atraso dos acontecimentos que interessam ao astrônomo não será maior do que aquele que nós dois somos forçados a suportar por causa de seu veraneio em Wandsbeck.

O que nós, ligados de maneira tão íntima e tão insolúvel, teremos que fazer quando acontecer entre nós algo como aquilo que constituía o conteúdo de minhas últimas cartas. Se eu não estiver fisicamente exausto, vou empurrar para um segundo plano as poucas lembranças incômodas associadas aos meus esforços por você e me alegrar pensando em tudo de bom e de belo que vi em você, e em todos os sacrifícios que você fez por mim até hoje.

Você vai habituar-se a continuar amando o pobre homem, apesar de sua antipatia, de seus maus humores esporádicos e de seus julgamentos equivocados, e continuaremos a caminhar juntos alegremente. Se não me engano, hoje efetivamente você não é capaz de dedicar a mim todo o seu amor sem alguma dificuldade, e à custa de autocontrole — e eu só serei capaz de sorrir, ciente de minha vitória, quando você finalmente se tornar minha, seguindo o curso inevitável da natureza, como eu pretendia desde o começo.

Por isso alegre-se, amada Marthinha, o tempo há de chegar — se é que ainda não chegou — no qual tudo aquilo a que um dia você concedeu uma parte de sua estima se tornará uma sombra que não vai perturbá-la mas do que a mim mesmo.

Em breve, terei que retomar meu trabalho, que por meio de um hábito seguido com pontualidade primeiro se torna suportável e depois pode tornar-se estimado. Tenho diante de outros principiantes a vantagem de uma maturidade maior, e de maior consideração por parte dos superiores. Atualmente falta-me a confiança que vem de habilidades conquistadas pelo hábito constante, porém não me faltam conhecimentos teóricos nem a capacidade de observar o corpo humano como um simples objeto, sem me intimidar com as dores dos pacientes.

Durante os poucos dias nos quais me dediquei à cirurgia, realizei algumas pequenas operações com o bisturi, coloquei algumas ataduras com gesso e, por duas vezes, conduzi a anestesia de pacientes por meio de clorofórmio.

Das atividades que realizei, está última é certamente a mais desagradável, pois a morte súbita durante a anestesia por clorofórmio, esse acontecimento temido por todos e incontrolável, faz com que o médico fique em estado permanente de excitação nervosa.

No quarto que me foi designado encontra-se também um menino pobre e perdido, cuja perna precisa ser diariamente lavado com o maior cuidado antes que seja trocado seu curativo, e eu não escapo dessa atividade desagradável e de pouco sucesso.

Os próximos três meses no departamento de cirurgia certamente vão melhorar visivelmente minha habilidades e, se alguma vez eu tiver de retirar do mais lindo dos olhos um grãozinho de poeira, as dores que a querida menina terá de enfrentar nessa grande operação serão muito mais suaves.

Sorte de quem puder em breve ver estes olhos lindos reluzindo de amor! Agora infelizmente Eli está tão apaixonado por Fritz que ele também não consegue largar de Martha e esse novo amor me custa tanto sofrimento quanto o anterior.

Um consolo são agora as três irmãs iniciadas, que sempre conversam, e com as quais pode-se falar de Martha, e que me parecem melhores e mais maduras, como se entendessem como a nossa vida mudou.

Elas também contam algumas coisas com as quais se poderia provocar a Marthinha num momento alegre, por exemplo como ela nos criticou uma vez na casa dos Weiss, e eu sou obrigado a rir quando me lembro quanto ele foi castigada por isso.

Amanhã voltarei a escrever uma cartinha, o dia de hoje é tão irritante e perturbador. Vamos fazer com que passe depressa, para dar lugar a um outro, melhor.

Com cordiais saudações à única e querida menina amada,
Teu Sigmund.

Ben Shahn. Fotografia

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IV. O Espírito de Cristo na plenitude do tempo. Igreja

IV. O Espírito de Cristo na plenitude do tempo

JOÃO, PRECURSOR, PROFETA E BAPTISTA

717. «Apareceu um homem, enviado por Deus, que tinha o nome de João» (Jo 1, 6). João é «cheio do Espírito Santo já desde o seio materno» (Lc 1, 15) (81), pelo próprio Cristo que a Virgem acabava de conceber por obra e graça do Espírito Santo. A « visitação» de Maria a Isabel tornou-se, assim, «visita de Deus ao seu povo» (82).

718. João é «Elias que devia vir» (83). O fogo do Espírito habita nele e fá-lo «correr à frente» (como «precursor») do Senhor que chega. Em João o Precursor, o Espírito Santo acaba de «preparar para o Senhor um povo bem disposto» (Lc 1, 17).

719. João é «mais do que um profeta» (84). Nele, o Espírito Santo consuma o «falar pelos profetas». João termina o ciclo dos profetas inaugurado por Elias (85). Anuncia como iminente a consolação de Israel; é ele a «voz» do Consolador que vai chegar (86). Tal como fará o Espírito da verdade, «ele vem como testemunha, para dar testemunho da Luz» (Jo 1, 7) (87). A respeito de João, o Espírito cumpre assim as «indagações dos profetas» e o «desejo» dos anjos (88): «Aquele sobre Quem vires o Espírito Santo descer e permanecer, é Ele que baptiza no Espírito Santo. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus [...] Eis o Cordeiro de Deus!» (Jo 1, 33-36).

720. Finalmente, com João Baptista, o Espírito Santo inaugura, em prefiguração, aquilo que vai realizar com e em Cristo: restituir ao homem «a semelhança» divina. O baptismo de João era para o arrependimento: o Baptismo na água e no Espírito será um novo nascimento (89).

Albert Gleizes, 1914-1915 Retrato de um médico do exército. A21. Pintura