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sábado, junho 30, 2012

"A palavra branda desvia o furor mas a palavra dura suscita a ira." Dos néscios.

sexta-feira, junho 29, 2012

Suely Monteiro Café Filosófico: MODERNIDADE, MODERNISMO E MODERNIZAÇÃO

Suely Monteiro Café Filosófico: MODERNIDADE, MODERNISMO E MODERNIZAÇÃO

quarta-feira, junho 27, 2012

Hieronimus Bosch - A tentação de Santo Antão (1505/6)


Evangelho
Mt:7,15-20;

15. Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores.
16. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos?
17. Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos.
18. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos.
19. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo.
20. Pelos seus frutos os conhecereis.

Para Viver Um Grande Amor - Vinicius de Moraes

A lágrima cristalina. Charles Fonseca. Poesia

A LÁGRIMA CRISTALINA
Charles Fonseca

Chora meu peito de amante
A minh'alma sem sossego
Chora de ti o degredo
Em lágrima diamante

Que bóia triste e rola
Pela face, cristalina,
Saudade de ti, menina,
Neste meu verso que chora.

Frase do dia

Deem a manchete com letras garrafais: a Câmara vai conceder reajuste para os servidores dos gabinetes.

Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, confirmando que a partir de 1 de julho a verba de gabinete dos deputados aumentará de R$ 60 mil para R$ 78 mil

terça-feira, junho 26, 2012


Gilberto Gil & Os Mutantes - Domingo No Parque

Mérito


Ruínas

RUÍNAS
Charles Fonseca

Agora restam ruínas
Foi quarto de um terceiro
Que segundo um primeiro
O jogou a por-se em rimas

Assim foi um passado
Ficaram marcas presentes
Para uns futuros ausentes
Hoje sonhos alados.

Hieronimus Bosch - O Ilusionista (c.1475/1505)


Depois da Guerra. Vinicius de Moraes

Depois da Guerra
Vinicius de Moraes

Depois da Guerra vão nascer lírios nas pedras, grandes lírios cor de sangue, belas rosas desmaiadas. Depois da Guerra vai haver fertilidade, vai haver natalidade, vai haver felicidade. Depois da Guerra, ah meu Deus, depois da Guerra, como eu vou tirar a forra de um jejum longo de farra! Depois da Guerra vai-se andar só de automóvel, atulhado de morenas todas vestidas de short. Depois da Guerra, que porção de preconceitos vão se acabar de repente com respeito à castidade! Moças saudáveis serão vistas pelas praias, mamães de futuros gêmeos, futuros gênios da pátria. Depois da Guerra, ninguém bebe mais bebida que não tenha um bocadinho de matéria alcoolizante. A coca-cola será relegada ao olvido, cachaça e cerveja muita, que é bom pra alegrar a vida! Depois da Guerra não se fará mais a barba, gravata só pra museu, pés descalços, braços nus. Depois da Guerra, acabou burocracia, não haverá mais despachos, não se assina mais o ponto. Branco no preto, preto e branco no amarelo, no meio uma fita de ouro gravada com o nome dela. Depois da Guerra ninguém corta mais as unhas, que elas já nascem cortadas para o resto da existência. Depois da Guerra não se vai mais ao dentista, nunca mais motor no nervo, nunca mais dente postiço. Vai haver cálcio, vitamina e extrato hepático correndo nos chafarizes pelas ruas da Cidade. Depois da Guerra não haverá mais Cassinos, não haverá mais Lídices, não haverá mais Guernicas. Depois da Guerra vão voltar os bons tempinhos do carnaval carioca com muito confete, entrudo e briga. Depois da Guerra, pirulim, depois da Guerra, vai surgir um sociólogo de espantar Gilberto Freyre. Vai se estudar cada coisa mais gozada, por exemplo, a relaÇão entre o Cosmos e a mulata. Grandes poetas farão grandes epopéias, que deixarão no chinelo Camões, Dante e Itararé. Depois da Guerra, meu amigo Graciliano pode tirar os chinelos e ir dormir a sua sesta. Os romancistas viverão só de estipêndios, trabalhando sossegados numa casa na montanha. Depois da Guerra vai-se tirar muito mofo de homens padronizados pra fazer penicilina. Depois da Guerra não haverá mais tristeza: todo o mundo se abraçando num geral desarmamento. Chega francês, bate nas costas do inglês, que convida o italiano para um chope no Alemão. Depois da Guerra, pirulim, depois da Guerra, as mulheres andarão perfeitamente à vontade. Ninguém dirá a expressão "mulher perdida", que serão todas achadas sem mais banca, sem mais briga. Depois da Guerra vão se abrir todas as burras, quem estiver mal de cintura, faz logo um requerimento. Os operários irão ao Bife de Ouro, comerão somente o bife, que ouro não é comestível. Gentes vestindo macacões de fecho zíper dançarão seu jiterburgue em plena Copacabana. Bandas de música voltarão para os coretos, o povo se divertindo no remelexo do samba. E quanto samba, quanta doce melodia, para a alegria da massa comendo cachorro-quente! O poeta Schmidt voltará à poesia, de que anda desencantado e escreverá grandes livros. Quem quiser ver o poeta Carlos criando, ligará a televisão, lá está ele, que homem magro! Manuel Bandeira dará aula em praça pública, sua voz seca soando num bruto de um megafone. Murilo Mendes ganhará um autogiro, trará mensagens de Vênus, ensinando o povo a amar. Aníbal Machado estará são como um perro, numa tal atividade que Einstein rasga seu livro. Lá no planalto os negros nossos irmãos voltarão para os seus clubes de que foram escorraçados por lojistas da Direita (rua). Ah, quem me dera que essa Guerra logo acabe e os homens criem juízo e aprendam a viver a vida. No meio tempo, vamos dando tempo ao tempo, tomando nosso chopinho, trabalhando pra família. Se cada um ficar quieto no seu canto, fazendo as coisas certinho, sem aturar desaforo; se cada um tomar vergonha na cara, for pra guerra, for pra fila com vontade e paciência — não é possível! esse negócio melhora, porque ou muito me engano, ou tudo isso não passa de um grande, de um doloroso, de um atroz mal-entendido!

São João do Maranhão.

O cravo

O CRAVO
Charles Fonseca

A rosa em entrevero
Comigo, suposto amado,
Feriu-me, bateu o martelo.
Sangrou-me o peito. Eis o cravo.

Do espinho, fez-me agravo.
Do amor, fez-me uma glosa.
É bela, não mais que rosa.
Já vou. Chamo-me cravo.

Giotto: Cappella degli Scrovegni, Pádua (1305)


Os cisnes

OS CISNES
Julio Salusse

A vida, manso lago azul algumas 
Vezes, algumas vezes mar fremente, 
Tem sido para nós constantemente 
Um lago azul sem ondas, sem espumas, 

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas 
Matinais, rompe um sol vermelho e quente, 
Nós dois vagamos indolentemente, 
Como dois cisnes de alvacentas plumas. 

Um dia um cisne morrerá, por certo: 
Quando chegar esse momento incerto, 
No lago, onde talvez a água se tisne, 

Que o cisne vivo, cheio de saudade, 
Nunca mais cante, nem sozinho nade, 
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!

Ultimo Desejo - Aracy de Almeida


Nosso amor que eu não esqueço
E que teve seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão
Perto de você me calo
Tudo penso, nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar

Se alguma pessoa amiga
Pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora
Que você lamenta e chora
A nossa separação

E às pessoas que detesto
Diga sempre que eu não presto
Que o meu lar é um botequim
Que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim

Frase do dia

Cheguei a pensar: será que o problema do senador Demóstenes não é mais psiquiátrico? De dupla personalidade? Ele enganou a todos nós.

Senador Pedro Simon (PMDB-RS)

segunda-feira, junho 25, 2012

Gestos


162. A fé á um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este dom inestimável. Paulo adverte Timóteo a respeito dessa possibilidade: «Combate o bom combate, guardando a fé e a boa consciência; por se afastarem desse princípio é que muitos naufragaram na fé» (1 Tm 1, 18-19). Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente (37); ela deve «agir pela caridade» (Gl 5, 6) (38), ser sustentada pela esperança (39) e permanecer enraizada na fé da Igreja.
Catecismo

Daniele da Volterra - Bust of Michelangelo Museo Nazionale del Bargello, Florence


Estandarte

ESTANDARTE
Charles Fonseca

A palavra, um estandarte,
o gesto, o seu sintoma,
uma verdade em sanfona
uma angústia antiarte.

Tudo
Do
Amor
Há.

Só quer aflorar o desejo
do bem querer o agir,
não voltar e não mais ir
não ficar e jamais sê-lo.

Hieronimus Bosch - Ecce Homo (c.1475)


Frase do dia

A ditadura não é somente militar, mas também parlamentar, do capital, do narcotráfico, da violência, e já não queremos isso.
Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai

domingo, junho 24, 2012

Lucas

LUCAS
Charles Fonseca

No entra e sai deste saguão
do Hospital Aliança
onde mora a esperança
chega à vida um irmão

trazido por Deus dará
avós, pais, só alegria,
Lucas, chegou o teu dia,
viva o Sào Joào, vem cá!

Frase do dia

Em 2004, Lula apoiou Marta e eu ganhei. Em 2006, ele apoiou Mercadante e eu ganhei. Em 2008, apoiou a Marta e o Kassab ganhou. Em 2010, apoiou a Dilma e eu ganhei aqui na cidade. Infalível ele não é.

José Serra

Rubens: A Adoração dos Magos, Prado, Madrid


sábado, junho 23, 2012

O fiasco do Lula+90

Cliquehttp://revistaepoca.globo.com/Mente-aberta/ruth-de-aquino/noticia/2012/06/o-fiasco-do-lula90.html

Inteligência demais é burrice.

Uma lebre encontrou com a raposa da qual só conhecia a fama. Perguntou: “Na verdade ganhas mesmo muitas coisas ou tu as tens porque teu nome é raposa?”. Responde esta: “Para tirar as dúvidas vem à minha casa onde vou servir um almoço”. Quando entrou na toca da raposa, verificou tarde demais que ela, lebre, era o almoço! A própria lebre conclui: “Na minha desgraça, finalmente descobri que a fama da raposa não vem do mérito, mas da astúcia”.
Esopo

Viva São João!


Cana caiana

CANA CAIANA
Charles Fonseca

Cana caiana moida a melaço
Resta bagaço no chão massapê.
Presta ao arado, o sonho enterrado,
Foi sumo, foi mel, de engenho banguê.

Retorna bagaço, humus da terra.
De novo terá pendão de caiana.
Ao sol dourado, chegada a ceifama,
Novo cutelo afiado lhe espera.

Louis Antoine Barye, 1841-46 - Theseus Slaying the Minotaur


O inconsciente


“Os sonhos e os delírios surgem de uma mesma fonte: do que é reprimido. Poderíamos dizer que os sonhos são os delírios fisiológicos das pessoas normais. Antes de tornar-se suficientemente forte para irromper na vida de vigília como delírio, o que é reprimido pode ter alcançado um primeiro sucesso, sob as condições mais favoráveis do sono, na forma de sonho de efeitos duradouros. Durante o sono, juntamente com uma diminuição geral da atividade mental, dá-se um relaxamento da intensidade de resistência que as forças psíquicas dominantes opõem ao que é reprimido. É esse relaxamento que possibilita a formação dos sonhos, e é por isso que estes constituem o melhor caminho para o conhecimento da parte inconsciente da mente – só que, via de regra, com o restabelecimento das catexias [ou investimentos] psíquicas da vida de vigília, os sonhos se desvanecem e o inconsciente é obrigado a evacuar mais uma vez o terreno que conquistara.” Freud.

Botticelli: nascita di Venere (1485) - Uffizi, Firenze


sexta-feira, junho 22, 2012

Remanso


REMANSO
Charles Fonseca

Não sou seixo à margem paralítico
Nem pedra no eito abissal,
Sou barcaça em diagonal,
Vago eu ao porto teu aflito.

O fraco farol do pirilampo
Lambe em luz as trevas do pernoite.
Busco a aurora, fujo eu da noite,
Aporto minha nau em ti remanso.

Károly Bebo, 1749 - St. Michael St. Michael Parish Church, Mogyoród


“Um Conto Chinês”

“Um Conto Chinês”


Cena inicial: um casal de jovens noivos chineses, um lago, uma promessa e uma vaca! Cai do céu e destroça tudo. Corta para uma pequena loja de ferragens no meio de uma Buenos Aires envelhecida, carcomida e cinza. Dentro dela o sujeito mais chato do mundo. Cheio de manias, irascível, contando parafusos.


Só que esse sujeito é o fantástico ator Ricardo Darin. Não há filme ruim com ele. Argentino de 55 anos, compõe personagens ricos e diversos e tem “una mirada que me mata”, segundo a outra personagem, Mari. Falta apenas o chinezinho que é praticamente lançado na vida dele, o Jun.


Vida metódica, isolado, triste. Órfão de pai e mãe, um passado tão forte, pode até machucar. E o invasor não fala absolutamente nada de espanhol e Roberto, menos ainda de cantonês. Sua rotina torna-se um caos, dentro da ordenação de dormir exatamente as onze da noite, de comprar presentes de aniversário para a mãe que nem conheceu... E tentar dar casa e comida para um coitado que quer achar o tio e começar uma nova vida.


O filme é simples. Piadas sutis e bem colocadas, o drama do abandono –que diga-se de passagem- que ambos vivem. O isolamento das pessoas e o medo que elas têm de apenas dividir, que seja um minuto, um prato de comida, uma conversa. Quanto mais a mesma casa, banheiro e funções.


Segue-se a saga de tentar encontrar um lar para o chinês. E com isso, o coração de Roberto vai se abrindo, com o constante assédio da Mari, com quem teve tórridos momentos num passado recente. Você vai adorar as visitas na embaixada, e também o insólito diálogo de Roberto e reação ainda mais do que imprevisível com o guarda.


Os risos vão se sucedendo de maneira sutil, delicada. Assim como as modificações que o ator Darin faz no seu personagem. Ele constrói como artesão cada cena, cada olhada e cada reação. Não tem como não se encantar com o personagem e também com o roteiro criativo e bem filmado do diretor –anotem esse nome - Sebastián Borensztein. E as revelações vão chegando, também.


O final é uma discussão sobre o absurdo e até filosoficamente, como a vida transcorre. Desenhos belíssimos feitos pelo chinês, e um reencontro mais do que esperado, libertando Roberto.


O que há de bom: ator fora-do-comum, roteiro inteligente e filme correto na duração apenas uma hora e meia, sem “encher lingüiça”

O que há de ruim: eu estudo mandarim e vou feliz para ouvir algo que eu compreenda e ele me fala em cantonês!

O que prestar atenção: os argentinos nunca temem falar de suas dores, tais como a Guerra das Malvinas e a perda do poder aquisitivo em geral, da população

A cena do filme: ele respondendo o outro tão enjoado quanto ele, no momento de mais uma compra

Cotação: filme ótimo (@@@@)

quarta-feira, junho 20, 2012

Evangelho
Mt:6,1-6. 16-18;

1. Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.
2. Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
3. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita.
4. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.
5. Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
6. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.

Xingu

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Amada lua

AMADA LUA
Charles Fonseca

É noite. Nas ruas sóis de mercúrio.
A lua sozinha no firmamento
Passeia no céu em tom de lamento,
Clareia sozinha meu céu escuro.

É noite. Luzes a vapor de sódio.
Na terra me elegem pra presidente
Da ong dos homens sem sentimento
Do amor feminino, dos homens sós.

Mas chegaste, amada. Pra mim és lua.
Pros outros reservo minha clemência
De noutras buscarem, por transferência,
Teu claro luar em minha alma nua.

Musa do Rio+20

Manchetes19.06.2012

Plano de saúde terá que divulgar rede credenciada na internet
Clique: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

terça-feira, junho 19, 2012

A náusea

"Va pensiero" - Nabucco - Roma 2011

Voa, Pensamento
Va', pensiero, sull'ali dorate,
Voa, pensamento, com tuas asas douradas;
va', ti posa sui clivi, sui colli,
voa, pousa-te nas encostas e no topo das colinas,
ove olezzano tepide e molli
onde perfumam mornas e macias
l'aure dolci del suolo natal!
as brisas doces do solo natal!

Del Giordano le rive saluta,
Cumprimenta as margens do rio Jordão,
di Sïonne le torri atterrate...
as torres derrubadas de Jerusalém...
Oh mia patria sì bella e perduta!
Oh minha pátria tão bela e perdida!
Oh membranza sì cara e fatal!
Oh lembrança tão cara e fatal!

Arpa d'or dei fatidici vati,
Harpa dourada dos grandes poetas,
perché muta dal salice pendi?
porque agora estas muda?
Le memorie nel petto raccendi,
Reacendas as memórias no nosso peito,
ci favella del tempo che fu!
fala-nós do bom tempo que foi!

O simìle di Sòlima ai fati,
Como Sólima fez como o destino
traggi un suono di crudo lamento,
traduz em música o nosso sofrimento,
o t'ispiri il Signore un concento
deixa-te inspirar pelo Senhor
che ne infonda al patire virtù!
porque nossa dor se torne virtude!

Soneto a quatro mãos. Paulo Mendes Campos e Vinícius de Moraes

Soneto a quatro mãos

Paulo Mendes Campos
e Vinícius de Moraes


Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.


Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.


Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.


Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

Sibila. Michelangelo.


Károly Alexy, 1844 - Matthias, rei da Hungria

segunda-feira, junho 18, 2012

Onde está a fruta?

Clique:  http://www.idec.org.br/uploads/revistas_materias/pdfs/16_fruta.pdf

Malubufando

O inconsciente

“Enquanto lidamos apenas com lembranças e idéias, permanecemos na superfície. Só os sentimentos têm valor na vida mental. Nenhuma força mental é significativa se não possuir a característica de despertar sentimentos. As idéias só são reprimidas porque estão associadas à liberação de sentimentos que devem ser evitados. Seria mais correto dizer que a repressão age sobre sentimentos, mas só nos apercebemos destes através de sua associação com idéias.” Freud.

Eu não acredito que Paulo Maluf participará de eventos públicos junto comigo e junto com Haddad. Eu evitaria essa situação porque cria um certo mal-estar com aquelas pessoas que sabem quem é Maluf, que sabem quem é a direita nessa cidade. Deputada Luiza Erundina (PSB-SP), candidata a vice-prefeita na chapa do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, sobre a aliança com o PP de Paulo Maluf

Sorrindo para a vida.

Alabastrina

ALABASTRINA
Charles Fonseca

Quero o alabastrino todo
Não só teu corpo em parte
Quero fazer nele arte
Arde-me, aplaca meu fogo,

No lago das tuas delícias
No fundo dos teus refolhos
Até desmaiem teus olhos
Gozo ante minhas carícias.

domingo, junho 17, 2012

Bee Gees - Don't Forget To Remember

8. Salmo

Salmos, 8

1. Ao mestre de canto. Com a gitiena. Salmo de Davi.
2. Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus.
3. Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos.
4. Quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes:
5. Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?
6. Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes.
7. Destes-lhe poder sobre as obras de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo.
8. Rebanhos e gados, e até os animais bravios,
9. pássaros do céu e peixes do mar, tudo o que se move nas águas do oceano.
10. Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra!

János Fadrusz, 1903 - Miklós Toldi Wrestling com os Lobos


Grávida porém virgem. Dalton Trevisan

Grávida porém Virgem

Dalton Trevisan


Na volta da lua-de-mel, Maria em lágrimas confessou à mãe que ainda era virgem.

Lembrava dona Sinhara como o noivo se apresentou pálido na igreja, por demais nervoso? Justificou que, filho amoroso, muito se afligia com a mãe doente. No ônibus, a mão suada, e esquecido da noiva, olhava a paisagem.

Primeira noite o varão fracassou vergonhosamente. Foi alegada inexperiência. A estranha palidez na igreja de violenta crise nervosa — a mãe tinha saúde perfeita. Maria iludiu-se que era desastre passageiro. Ai dela, assim não foi: noite após noite João repetiu o fiasco. Arrenegava-se de trapo humano, não tomava banho nem fazia a barba. A pobre moça buscou recuperá-lo para os deveres de estado. Uma noite, envergando a capa pijama, saiu de óculo escuro, a noite inteira entregue às práticas do baixo espiritismo.

— O que me conta, minha filha! Me nego a acreditar. João, um rapaz tão simples, tão dado... Dona Sinhara evocava o noivo delicado e de fina educação.

— É para a senhora ver, mãe!

Dia seguinte ao casamento um tipo esquisito, que vivia aflito. Uma feita e outra feita, submeteu a moça a provas de intimidade, as quais não foram além do ensaio.

Mais que se enfeitasse para agradá-lo, indiferente aos encantos de Maria. De vez em longe, sem resultado, perseguia o impossível ato. Depois a acusava de única culpada. Suspeitando-a de traição com o primeiro noivo, agredida a bofetão e pontapé:

— Tem de apanhar bastante, Maria. Você é uma histérica!

Proibida de pintar a olho, tingir o cabelo, usar saia curta e calça comprida, sem que ele chegasse a conhecer a noivinha.

Pretendia arrastá-la ao suicídio a fim de esconder o seu desastre. Em provocação soprava-lhe no rosto a fumaça do cigarro.

Com a brasa queria marcar-lhe a bochecha para que deixasse de ser vaidosa.

— Por que judia de mim, querido?

— Bem sabe por que, sua cadela!

E, quarenta dias de casada, vinte em viagem e vinte em casa, ali estava Maria, a mais inteira das donzelas.

— Ter uma conversa com esse sujeitinho — bradou furiosa dona Sinhara.

Não era tudo: comprou coleção de fotos pornográficas, obrigada a admirá-las uma por uma. Nem assim prestou-se aos caprichos do noivo — eram quadros imundos e pecaminosos. Suspendendo pelo cabelo ou afogando a garganta, ele a constrangia às suas loucas fantasias. Saciado, era jogada ao chão, dali erguida aos bofetões.

— Ah, o teu pai que saiba... – persignou-se dona Sinhara.

Na volta da lua-de-mel, João em lágrimas confessou à mãe que a noiva não era pura. Desde a primeira noite, mais carinhoso que fosse, acusava-o de trair o seu ideal. Sá havia casado para se livrar dos pais e merecer o título de esposa.

— Por que judia de mim, querida?

— Você não soube ganhar o meu amor.

Ao exigir satisfações, ouviu dela que tinha caspa na sobrancelha. Censurava-o por deixá-la fria e manifestava repulsa física. Se insistia em tomá-la nos braços, atacada dos nervos, atirava-se ao chão em convulsões. Para reanimá-la, sacudia-a gentilmente, batia de leve no rosto.

Não era a ele que amava e sim ao primeiro noivo, de quem se separou por exigência dos pais. Três dias antes do casamento, estivera com a mãe na casa de Joaquim, propusera com ele fugir, mas o outro respondeu que era tarde. Além do mais, segunda dona Sinhara, todos os convites já distribuídos.

Não queria confessar, abrigada revelava toda a verdade — somente nojo sentia por ele, os seus dentes eram amarelos:

— Depois que me beija tenho de cuspir três vezes!

Não saía do espelho, olho pintado, de saía curta ou calça comprida, o cabelo retinto de loiro:

— Nasci para artista. Não mulher de você, una pobretão!

Reclamando de sua presença no leito conjugal, implicava com o assobio do nariz torto de João:

— Vai você ou vou eu para a sala?

Por ter comido salada de cebola — lembrava-se a mãezinha de como gosta de bife sangrento? — forçado a dormir no sofá.

— O que me conta, meu filho! Me nego a acreditar. Maria, moça tão querida, tão dada... Educada no colégio de freiras, toda cuidados com a futura sogra: um beijinho aqui, um abracinho ali.

— É para ver, mãe! Usa roupa de baixo que a senhora não imagina...

Se não a deixasse em paz, Maria acabava seus dias: engolindo vidro moído, escrevia com batom no espelho que era o culpado. Tal intriga fizera para os sogros que, ao visitá-la, conversavam apenas com a filha, nem cumprimentavam o pobre rapaz, como se ausente estivesse. Uma tarde surgiu-lhe o sogro porta adentro, bradando que recolhera a moça descabelada. Queria saber o que lhe fizera para que ficasse tão chorosa. Se era verdade que lhe marcava a coxa, com brasa de cigarro, se lhe surrupiava o dinheiro da bolsa, se ao sair de casa apagava todas as luzes. Sem esperar a resposta, berrou que tinha mais duas filhas para casar e bateu a porta.

— Ter uma conversa com essa sujeitinha — acudiu furiosa dona Mirazinha, com a mão no peito, sofria de palpitação.

Qual a sua surpresa: a náusea da noiva era... de estar...

— Grávida?! — espantou-se dona Sinhara. — Grávida, apesar de virgem?

O incrível resultado de um ato falho do noivo, segundo Maria, tanto bastou para a concepção.

— Grávida?! — surpreendeu-se dona Mirazinha. — E ainda pretende que é virgem?

— Para a senhora ver, mãe, quem ela é. Após a confissão do filho, Maria foi visitada pela sogra:

— Eu vivo para Cristo. Não para o imundo de seu filho!

Após a confissão da filha, João recebeu a visita de dona Sinhara, que se instalou na companhia dos noivos. A moça não deu a menor atenção a João assim não fosse o rei da família. Ele passava o dia no trabalho e, de volta, queria certa liberdade: lá estava a maldita sogra. Negando-se a moça a ir para o quarto, ficavam bocejando na sala diante da televisão, até que dona Sinhara os mandava dormir. Ele não exercia poder sobre a noiva: nem bife sangrento nem cebola na mesa.

Bem desconfiou que ela era amante da própria tia Zezé. Revoltou-se contra a atitude da noiva que, instigada pela mãe, se negava a cumprir o dever conjugal, arrependida de ter casado tão novinha quando podia aproveitar a vida.

Sempre na casa do pai, Maria confidenciava que João dormia a manhã inteira. À tarde, em vez de ir para o emprego, escondido na esquina, espiava se a pobre moça não recolhia o ex-noivo Joaquim. Mostrava uma folha em branco, exigia lhe revelasse o que estava escrito, eram palavras em tinta invisível — bom pretexto para tentar esganá-la a toda custo.

Existe um motivo para o noivo sentir ciúme, pensou dona Sinhara, é não ser o rei da casa. Bradou para Deus e o mundo que João não era homem bastante para sua filha.

O moço confidenciou para a mãe que, na tarde anterior, entrara a noiva batendo a porta (ó família que tanto bate a porta) e gritando bem alto:

— Fomos a uma parteira. Ela provou que sou virgem!

O pobre rapaz discutiu com o sogro que era detalhe para ser esclarecido.

— Quantos anos você tem, João?

— Vinte e três, sim senhor.

— Com essa idade, João, não sente vergonha de uma esposa virgem?

— Virgem, porém grávida.

O velho indignado exigiu a filha de volta. Respondeu João que Maria estava muito bem com ele. O sogro berrou que se retirasse imediatamente, e a partir daquele dia, proibido de pisar nos seus domínios.

Dona Mirazinha perguntou a uma amiga:

— Como vai a grande cadela?

Porque a chamava de cadela, Maria nunca mais foi visitá-la.

Cada um se queixa do outro para a respectiva família. Ora, a família de Maria está ao lado dela. E a família de João ao lado dele. Casados de três para quatro meses e Maria, segundo ela, sempre virgem. Como pode ser, contesta João, se está grávida?

Um mistério que até hoje não foi decifrado.

Manchetes 17.06.2012

No Congresso, um balcão para negociar emendas
Dirceu negará vínculos com Delúbio e Valério
Documentos detalham tortura sofrida por Dilma na ditadura
‘Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu’, relatou a presidente ao Conedh-MG Amanda Almeida, O Globo
Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/


Governo carimba documentos como 'secretos' para driblar Lei de Acesso
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,governo-carimba-documentos-como-secretos-para-driblar-lei-de-acesso-,887435,0.htm


Lula junta ex-prefeita expulsa do PT a um velho conhecido da Interpol
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/para-eleger-o-novo-lula-junta-no-palanque-do-pt-a-ex-prefeita-que-expulsou-no-seculo-passado-e-um-velho-conhecido-da-interpol/
INTERLÚDIO
Marcia Tigani

Entre o amor e a catástrofe
há uma trégua (ou regato)
em meio à sêca do deserto
em que se abre um hiato.....

Entre estrofes do poema, novo fato:
enlaça-me, perdoo e até sinto.
No palco,uma peça em três atos:
a paixão, névoa da razão, enquanto minto.

No cânone,na ópera,há uma pausa:
entreatos onde ensaia-se a partida.
O elo no lapso de tempo volta à vida
e de novo vens dançar a nossa valsa.

Eu ator, tu atriz:uma só dor
que escorre pelos dedos,que se esvai...
A liturgia que consagra nosso amor
é a mesma que tua face já não trai.

Sigamos pelo palco (até quando?),
em ritos, cultos, sacramentos.
A noite insinua-se em cada pranto
e a coda* adia assim o seu momento.

* CODA: tradução do italiano para o português: quer dizer cauda_é a seção com que se termina uma música ou partitura.

ROSA
Charles Fonseca

Ah, saudade, que desgosto,
vivo o entorno contigo
em sonhar posto que vivo
a viver por ela posto

Que é ela a minha rosa
vermelha, branca por paz
a sofrer minh’alma jaz
só de amá-la em sonho prosa.

Bruegel: Triumph of Death (1562) - Prado, Madrid


sábado, junho 16, 2012

Neuroses

"A hereditariedade é pré-condição nas neuroses maiores, poderosa em todos os casos e mesmo indispensável na maioria deles. No entanto, ela nada poderia fazer sem colaboração das causas específicas." Freud

Orações ao alto


Tropa do cheque

O vôo da águia. Affonso Romano de Sant'Anna

O vôo da águia
Affonso Romano de Sant'Anna


Já que estamos nesse clima de recomeçar, com a alma limpa para novas coisas, vou iniciar transcrevendo algo que recebi. Havia pensado em outra crônica, coisa tipo "propostas para um novo milênio", como o fez Ítalo Calvino. Mas à$ vezes um texto parabólico, elíptico, pode nos dizer mais que outros pretensamente objetivos. Ei-lo:

"A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.

Nessa idade, suas unhas estão compridas e flexíveis. Não conseguem mais agarrar as presas das quais se alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.

Nesse momento crucial de sua vida a águia tem duas alternativas: não fazer nada e morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que se estenderá por 150 dias.

A nossa águia decidiu enfrentar o desafio. Ela voa para o alto de uma montanha e recolhe-se em um ninho próximo a um paredão, onde não precisará voar. Aí, ela começa a bater com o bico na rocha até conseguir arrancá-lo. Depois, a águia espera nascer um novo bico, com o qual vai arrancar as velhas unhas. Quando as novas unhas começarem a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só após cinco meses ela pode sair para o vôo de renovação e viver mais 30 anos."

Esse texto foi mandado como um cartão de fim de ano pela Rose Saldiva, da Saldiva Propaganda. Tem mais um parágrafo explicitando, comentando essa parábola e o titulo geral é "Renovação".

Achei que você ia gostar de tomar conhecimento disto, sobretudo quando janeiro nos inunda com sua luz.

Este texto vale mais que mil ilustrações.

Sei como é difícil uma nova ou surpreendente idéia para cartão de fim de ano. Mas esse, além de bater fortemente em nosso imaginário, dispara em nós uma série de correlações e desdobramentos.

A: abertura é seca e forte. Não há uma palavra sobrando. Parece as batidas do destino na Quinta Sinfonia de Beethoven. Releiam. "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.” ·
Já li em algum lugar que Jung dizia que, em torno dos 40, alguma coisa subterrânea começa a ocorrer com a gente e os seres humanos sentem que estão no auge de sua força criativa. É quando podem (ou não) entrar em contato com forças profundas de sua personalidade.

Já ouvi de especialistas em administração de empresas que tem uma hora em que elas começam a crescer e seus dirigentes têm que tomar uma decisão — ou fazem com que cresçam de vez assumindo mais pesados desafios ou, então, fecham, porque ficar estagnado é apenas adiar a morte.

Já mencionei em outras crônicas o personagem Jean Barois (de Roger Martin du Gard) que fez um testamento aos 40 anos, quando achava que estava no auge de sua potência intelectual, temendo que na velhice, carcomido e alquebrado, fizesse outro testamento que negasse tudo aquilo em que acreditava quando jovem. Com efeito, envelhecendo, fez realmente outro testamento que desautorizava e desmentia o anterior. É que sua perspectiva na trajetória da vida mudara, como muda a de um viajante ou a do observador de um fenômeno.

O ano está começando.

Mais grave ainda: um século está se iniciando.

Gravíssimo: mais que um ano, mais que um século, um novo milênio está se inaugurando.

Três vezes Sísifo: o ano, o século, o milênio.

Sísifo — aquele que foi condenado a rolar uma pedra montanha acima, sabendo que quando estivesse quase chegando no topo — cataprum!... a pedra despencaria e ele teria que empurrá-la, de novo, lá para o alto.

Pois bem: "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Nesta idade suas unhas estão compridas. Não conseguem mais agarrar as presas das quais alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.” ·

Nossa sociedade pensou ter inventado uma maneira de resolver, nos seres humanos, o drama da águia: a cirurgia plástica. Silicone aqui e acolá, repuxar a pele acolá e aqui, pintar e implantar cabelos. Isto feito, a águia sai flanando pelos salões, praias, telas, ruas, escritórios e passarelas.

Mas aquela outra águia prefere uma solução que veio de dentro. Talvez mais dolorosa. Recolher-se a um paredão, destruir o velho e inútil bico, esperar que outro surja e com ele arrancar as penas, num rito de reiniciação de 150 dias.

Então a águia, digamos, acabou de descasar.

(Tem que redimensionar seu corpo e seus desejos, desmontar casa e sentimentos, realocar objetos e sensações, reassumir filhos.)

Então a águia, digamos, acabou de perder o emprego.

(Tem que descobrir outro trajeto diário, outras aptidões, enfrentar a humilhação.)

Então, a águia,digamos, acabou de mudar de país.

(A crise ou o amor levou-a a outras paragens, tem que reaprender a linguagem de tudo e reinventar sua imagem em outro espelho.)

Então, a águia, digamos, acabou de perder alguém querido.

(É como se uma parte do corpo lhe tivessem sido arrancada, sente que não poderá mais voar como antes, que o azul lhe é inútil.)

Então, a águia, digamos, está numa nova situação em que está sendo desafiada a mostrar sua competência.

(Tem medo do fracasso, acha que não terá garras nem asas para voar mais alto.)

Então, a águia, digamos, andou olhando sua pele, sua resistência física, certos achaques de velhice.

Pois bem. Há que jogar fora o bico velho, arrancar as velhas penas, e recomeçar.

Época de metamorfose.

Os estudiosos da metamorfose dizem que não apenas larvas se transformam em borboletas. Para nosso espanto as próprias pedras passam também por silenciosas metamorfoses.

Enfim, parece que estamos condenados à metamorfose. Morrer várias vezes e várias vezes renascer. Até que, enfim, cheguemos à metamorfose final, onde o que era sonho e carne se converte em pó.

Mas que fique sempre no azul o imponderável vôo da águia.

Chuá, chuá. Augusto Calheiros.

A honra

A LUVA
Friedrich Schiller

Frente ao seu parque de leões,
Aguardando o combate,
Sentado estava o rei Francisco.
E a seu lado os grandes da coroa,
E ainda, em redor, na alta galeria,
As damas, em magnífica grinalda.

E como faz sinal a mão do soberano,
Logo se abre a grande jaula,
E avança um leão
A passo ponderado.
Silencioso,
Lança à volta um olhar,
Com um bocejo prolongado,
E sacode a juba,
E distende os membros,
E na arena se deita.

E novamente faz sinal o rei.
Então se abre ligeira
Um segunda porta.
De súbito,
Com um salto selvagem
Surge, correndo, um tigre.
Como descobre o leão
Ruge ruidosamente;
Bate com a cauda,
Descrevendo um círculo terrível.
E estende a língua,
E vai, em volta, receoso,
Rodeando o leão,
Rosnando, furioso.
Depois estende-se, resmungando,
Ao seu lado, no chão.

E novamente faz sinal o rei.
Eis que da jaula se abrem duas portas:
Dois leopardos saem, simultâneos,
Que sobre o tigre se lançam,
Com bravo ardor de combate.
A fera os prende em suas garras ferozes.
Endireita-se o leão, com um rugido,
- Faz-se em silêncio -
E à sua volta,
Ardendo em sede de sangue,
Estendem-se os terríficos felinos.
Do varandim da galeria,
Eis que uma luva de mão formosa
Cai, entre o leão e o tigre,
A igual distância, entre um e outro.

E voltando-se para o cavaleiro Delorges,
A jovem Cunegunda diz-lhe em troça:
«Senhor cavaleiro, se é tão ardente
O vosso amor por mim, como jurais
A cada instante, ide buscar a minha luva.»

E o cavaleiro, prontamente,
À arena assustadora desce
Em passos firmes.
E, do local monstruoso,
Com a mão audaciosa apanha a luva.

E com espanto, e com temor, olham para ele
Os cavaleiros e as nobres damas.
De espírito sereno, a luva traz de volta.
Nascem em cada boca palavras de louvor.
Porém, com terno olhar de amor,
(Promessa de uma próxima felicidade),
Recebe-o a jovem Cunegunda.
E ele atira a luva ao rosto feminino:
«A vossa gratidão, não a pretendo.»
E no próprio momento se retira.

Manchetes de 16.062012

A CPI de araque, por Ruy Fabiano
Articulação pretende esvaziar a CPI?, por Ilimar Franco
O polêmico juiz que mandou soltar Cachoeira
O plano para libertar Cachoeira falhou, por Augusto Nunes

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/



Bebida amarga na Comissão da Verdade, por Vitor Hugo Soares
Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=450785&ch=n

É preciso recolocar a CPI nos trilhos da investigação para valer, valorizando o essencial, que é o desvio do dinheiro público, por meio das operações da Delta tendo Cachoeira como principal traficante de influência. Senador Álvaro Dias (PSDB-PR)

Você constroi castelos na areia?


O que dá pra rir dá pra chorar

A comédia é o uso de humor nas artes cênicas. Também pode significar um espetáculo que recorre intensivamente ao humor. De forma geral, "comédia" é o que é engraçado, que faz rir.

História
Uma das principais características da comédia é o engano. Frequentemente, o cómico está baseado no facto de uma ou mais personagens serem enganadas ao longo de toda a peça. À medida que a personagem vai sendo enganada e que o equívoco vai aumentando, o público (que sabe de tudo) vai rindo cada vez mais.

Comédia grega
No surgimento do teatro, na Grécia, a arte era representada, essencialmente, por duas máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da comédia. Aristóteles, em sua Arte Poética, para diferenciar comédia de tragédia diz que enquanto esta última trata essencialmente de homens superiores (heróis), a comédia fala sobre os homens inferiores (pessoas comuns da pólis). Isso pode ser comprovado através da divisão dos júris que analisavam os espetáculos durante os antigos festivais de Teatro, na Grécia. Ser escolhido como jurado de tragédia era a comprovação de nobreza e de representatividade na sociedade. Já o júri da comédia era formado por cinco pessoas sorteadas da platéia.

A importância da comédia era a possibilidade democrática de sátira a todo tipo de ideia, inicialmente política. Assim como hoje, em seu surgimento, ninguém estava a salvo de ser alvo das críticas da comédia: governantes, nobres e nem ao menos os Deuses (como pode ser visto, por exemplo, no texto As Rãs, de Aristófanes).

Fonte: Wikipédia

"Chiquitita" (Spanish version from 1979)

Chiquitita, dime por qué
Tu dolor hoy te encadena
En tus ojos hay
Una sombra de gran pena.

No quisiera verte asi
Aunque quieras disimularlo
Si es que tan triste estás
Para qué quieres callario

Chiquitita, dimelo tú
En mi hombro, aquí llorando
Cuenta conmigo ya
Para así seguir andando

Tan segura te conocí
Y ahora tu ala quebrada
Déjamela arreglar
Yo la quiero ver curada

Chiquitita, sabes muy bien
Que las penas vienen y van y desaparecen
Otra vez vas a bailar y serás feliz,
Como flores que florecen.

Chiquitita, no hay que llorar
Las estrellas brillan por ti allá en lo alto,
Quiero verte sonreir para compartir
Tu alegria, Chiquitita.

Otra vez quiero compartir
Tu alegria Chiquitita.

Chiquitita, dime por qué
Tu dolor hoy te encadena
En tus ojos hay
Una sombra de gran pena.

No quisiera verte asi
Aunque quieras disimularlo
Si es que tan triste estás
Para qué quieres callario

Chiquitita, sabes muy bien
Que las penas vienen y van y desaparecen
Otra vez vas a bailar y serás feliz,
Como flores que florecen.

Chiquitita, no hay que llorar
Las estrellas brillan por ti allá en lo alto,
Quiero verte sonreir para compartir
Tu alegria, Chiquitita.

Otra vez quiero compartir
Tu alegria Chiquitita.

Otra vez quiero compartir
Tu alegria Chiquitita.

17 de março

17 DE MARÇO
Charles Fonseca

Hoje, 17 de março,
para sempre um grande dia
veio ao mundo minha filha
agora, de olhos baços,

fico eu chorando ao longe
de saudade tempos idos
dela ao colo, seu vagido,
onde ela, onde, onde?

Ao lado do seu querido
em si traz um novo ser
meu neto no alvorecer
ave aos três, eu regozijo.

sexta-feira, junho 15, 2012

Mare nostrum.

Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena?
Tudo vale a pena se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa.

La máquina de escribir. L. Anderson. (Lio en los Grandes Almacenes)

Henfil. Cartas à mãe. Cinema.

Clique: http://www.portacurtas.com.br/beta/filme/?name=cartas_da_mae

Gênero: Documentário
Diretor: Fernando Kinas, Marina Willer
Duração: 28 min Ano: 2003 Bitola: 35mm
País: Brasil Local de Produção: SP
Cor: Cor e P&B
Sinopse: Cartas da mãe é uma crônica sobre o Brasil dos últimos 30 anos contada através das cartas que o cartunista Henfil (1944/1988) escreveu para sua mãe, Dona Maria. Estas cartas, publicadas em livros e jornais, são lidas pelo ator e diretor Antônio Abujamra enquanto desfilam imagens do Brasil contemporâneo. Política, cultura, amigos e amor são alguns dos temas que elas evocam, criando um diálogo entre o passado recente do Brasil e nossa situação atual. Artistas, políticos e amigos de Henfil, entre eles o atual Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o escritor Luis Fernando Veríssimo, os cartunistas Angeli e Laerte e o jornalista Zuenir Ventura, falam sobre a trajetória do cartunista dos anos da ditadura militar até sua morte. Animações inéditas de seus cartuns complementam o documentário.

7. Salmo

Salmos, 7

1. Lamentação de Davi, que cantou em honra do Senhor, por causa de Cus, o benjaminita.
2. Senhor, ó meu Deus, é em vós que eu busco meu refúgio; salvai-me de todos os que me perseguem e livrai-me,
3. para que o inimigo não me arrebate como um leão, e me dilacere sem que ninguém me livre.
4. Senhor, ó meu Deus, se acaso fiz isso, se minhas mãos cometeram a iniqüidade,
5. se fiz mal ao homem pacífico, se oprimi os que me perseguiam sem motivo,
6. que o inimigo me persiga e me apanhe, que ele me pise vivo ao solo e atire a minha honra ao pó.
7. Levantai-vos, Senhor, na vossa cólera; erguei-vos contra o furor dos que me oprimem, erguei-vos para me defender numa causa que tomastes a vós.
8. Que a assembléia das nações vos circunde, presidi-a de um trono elevado.
9. O Senhor é o juiz dos povos. Fazei-me justiça, Senhor, segundo o meu justo direito, conforme minha integridade.
10. Ponde fim à malícia dos ímpios e sustentai o direito, ó Deus de justiça, que sondais os corações e os rins.
11. O meu escudo é Deus, ele salva os que têm o coração reto.
12. Deus é um juiz íntegro, um Deus perpetuamente vingador.
13. Se eles não se corrigem, ele afiará a espada, entesará o arco e visará.
14. Contra os ímpios apresentará dardos mortíferos, lançará flechas inflamadas.
15. Eis que o mau está em dores de parto, concebe a malícia e dá à luz a mentira.
16. Abre um fosso profundo, mas cai no abismo por ele mesmo cavado.
17. Sua malícia recairá em sua própria cabeça, e sua violência se voltará contra a sua fronte.
18. Eu, porém, glorificarei o Senhor por sua justiça, e salmodiarei ao nome do Senhor, o Altíssimo.

Clarão.

Clarão
Afonso Henriques de Guimaraes Neto

e os tambores que soam sendo sombras
dos sorrisos de amor, fogo de outrora,
eis refulgem na cinza desta hora,
luz a corroer a pedra mais escura.

ah que esta dor na alma é que perdura
rente ao nojo dos anjos, flama impura,
relâmpago a transmudar-se em poesia,
astro que consola energiza cura.

o verso é esta pedra viva, pão
da luz, claro segredo inviolado
a preencher de sonho o que era ausência,

muda forma do amor reconquistado
pelo fulgor do coração em fúria
(estrelas bebem deste sumo intato).

Fulop O. Beck, 1914 - Aphrodite Galeria Nacional Húngara, Budapeste


Manchetes 15.06.2012

MP: alto escalão da Prefeitura de São Paulo cobrou propina
Quatro brasileiros em lista internacional de corrupção
Impunidade por atos de tortura está disseminada no Brasil, aponta ONU
Falta alguém na CPI, por Merval Pereira
'Economist': salário de servidor no Brasil é 'roubo' ao contribuinte'


Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

Na praia

NA PRAIA
Charles Fonseca.

O drama é mergulhar nas profundezas e morrer na praia
Sem o pré, sem o per, sem o pós real
Só no imaginário gozar sem o nó final
Que estrutura o prazer de querer mais fundo e tanto ´té meu corpo se esvaia.


Foto do perfil

Abaporu


Tarsila do Amaral

Artes

Movimentos artísticos

Meio de expressão dos mais variados sentimentos e aspirações do homem, a arte perpassa toda a história da humanidade. Desde a Idade da Pedra, com as pinturas nas cavernas, até os dias- com as criações digitais-, as manifestações artísticas têm servido para dar forma à sensibilidade e à subjetividade de cada um de nós, assim como para representar ideais de perfeição e transcendência.

Para tanto, o homem conta com várias formas de manifestação: além das seis artes clássicas: música, dança, pintura, escultura, literatura e teatro-, com o mundo moderno sugiram outras, o cinema (que passou a ser conhecido com a sétima arte), a fotografia e a animação.

Além das criações artísticas, desde a Antiguidade a filosofia também tem desempenhado um papel importante na compreensão de nossa subjetividade, assim como na busca de entendimento acerca da origem e do próprio sentida da existência.

Em suas mais diversas formas, todas as escolas de pensamento buscaram abarcar a completude e complexidade da cultura humana.


Abaixo alguns movimentos artísticos:

Abstracionismo
Barroco
Classicismo
Concretismo
Construtivismo
Cubismo
Dadaísmo
Expressionismo
Futurismo
Impressionismo
Minimalismo
Modernismo
Naturalismo
Pop art
Primitivismo
Realismo
Renascimento
Romantismo
Simbolismo
Surrealismo

Fonte: Almanaque Brasil