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sábado, dezembro 31, 2011

Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais na Escócia.



Fazenda
Fazenda de cacau. Ibirataia. Bahia. 1933.
Vista Cansada
Otto Lara Resende

Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Paulinho da Viola em Foi um rio que passou em minha vida.wmv

Fernando Pessoa escreve

ás 4 da madrugada

Meu amorzinho, meu Bébé querido:

São cerca de 4 horas da madrugada e acabo, apezar de ter todo o corpo dorido e a pedir repouso, de desistir definitivamente de dormir. Ha trez noites que isto me acontece, mas a noite de hoje, então, foi das mais horriveis que tenho passado em minha vida. Felizmente para ti, amorzinho, não podes imaginar. Não era só a angina, com a obrigação estupida de cuspir de dois em dois minutos, que me tirava o somno. É que, sem ter febre, eu tinha delirio, sentia-me endoidecer, tinha vontade de gritar, de gemer em voz alta, de mil cousas disparatadas. E tudo isto não só por influencia directa do mal estar que vem da doença, mas porque estive todo o dia de hontem arreliado com cousas, que se estão atrazando, relativas á vinda da minha família, e ainda por cima recebi, por intermedio de meu primo, que aqui veio ás 7 1/2, uma serie de noticias desagradaveis, que não vale a pena contar aqui, pois, felizmente, meu amor, te não dizem de modo algum respeito.
Depois, estar doente exactamente numa occasião em que tenho tanta cousa urgente a fazer, tanta cousa que não posso delegar em outras pessoas.

Vês, meu Bébé adorado, qual o estado de espirito em que tenho vivido estes dias, estes dois ultimos dias sobretudo? E não imaginas as saudades doidas, as saudades constantes que de ti tenho tido. Cada vez a tua ausencia, ainda que seja só de um dia para o outro, me abate; quanto mais hão havia eu de sentir o não te ver, meu amor, ha quasi três dias!
Diz-me uma cousa, amorzinho: Porque é que te mostras tão abatida e tão profundamente triste na tua segunda carta - a que mandaste hontem pelo Osorio? Comprehendo que estivesses tambem com saudades; mas tu mostras-te de um nervosismo, de uma tristeza, de um abatimento tães, que me doeu immenso ler a tua cartinha e ver o que soffrias. O que te aconteceu, amôr, além de estarmos separados? Houve qualquer cousa peor que te acontecesse? Porque fallas num tom tão desesperado do meu amor, como que duvidando d'elle, quando não tens para isso razão nenhuma?

Estou inteiramente só - pode dizer-se; pois aqui a gente da casa, que realmente me tem tratado muito bem, é em todo o caso de cerimonia, e só me vem trazer caldo, leite ou qualquer remedio durante o dia; não me faz, nem era de esperar, companhia nenhuma. E então a esta hora da noite parece-me que estou num deserto; estou com sêde e não tenho quem me dê qualquer cousa a tomar; estou meio-doido com o isolamento em que me sinto e nem tenho quem ao menos vele um pouco aqui enquanto eu tentasse dormir.

Estou cheio de frio, vou estender-me na cama para fingir que repouso. Não sei quando te mandarei esta carta ou se acrescentarei ainda mais alguma cousa.

Ai, meu amor, meu Bébé, minha bonequinha, quem te tivesse aqui! Muitos, muitos, muitos, muitos, muitos beijos do teu, sempre teu

Fernando

Mulher do Sudão. Ancestral da mulher baiana. Fotografia


Mulher do Sudão. Tipo ancestral da negra baiana.
"São em geral pretalhonas de elevada estatura - essas negras que é costume chamar de "baianas". Heráldicas. Aristocráticas. A estatura elevada é aliás um característico sudanês, que convém salientar." Gilberto Freire.

Normalistas. 1951
https://picasaweb.google.com/100062538931735001544/FOTOSDOBENJAMIMGUIMARAES#5341392318456905154
História da Igreja Católica

10. O fim de Jerusalém
Cansado da brutalidade dos procuradores Albino (62-64) e Géssio Floro (64-66), e incitado pelos zelotas, o povo judeu se revoltou. Em Cesaréia e Jerusalém houve grande agitação. A fortaleza Antônia e o palácio de Herodes foram consumidos pelas chamas. As suas guarnições foram massacradas. Ataques contra guarnições romanas pipocavam em toda a Palestina.
Durante o inverno de 66-67, o legado da Síria levou doze legiões pela costa mediterrânea e conseguiu chegar aos muros de Jerusalém, mas foi derrotado pelos guerrilheiros judeus. A vitória exaltou os ânimos dos rebeldes. Chegaram a ser cunhadas moedas de prata com a data do "primeiro ano da liberdade" de Israel.
Roma reagiu com força. Em 67 Nero enviou o general Vespasiano, que devastou a Galiléia com sessenta mil soldados. Mas, ao chegar na região montanhosa do país, sofreu várias baixas, algumas bem graves.
Na Páscoa do ano 70, Vespasiano, sucessor de Nero (depois de alguma confusão), enviou o seu filho Tito para Jerusalém, com todas as forças necessárias. A cidade santa foi cercada.
Depois de cinco meses de horror, o cerco termina com a vitória dos romanos. Jerusalém é reduzida a ruínas, o Templo incendiado e muitos cadáveres ficam apodrecendo pelas ruas. A resistência judaica é reduzida a grupos insignificantes.
O último reduto fica em Massada. No ano 73, Flávio Silva, legado da Judéia, triunfa sobre os revoltosos sicários chefiados por Eleazar, os quais, para evitarem uma humilhante rendição, preferem matar-se uns aos outros.
Tais fatos só contribuíram para aumentar ainda mais a tensão entre judeus e cristãos. O historiador Tácito fala de um comentário feito por Tito, evocando "a luta de uma destas seitas contra a outra [judeus e cristãos], apesar da sua origem comum".
Por volta do ano 93, o historiador judeu Flávio Josefo, em suas Antigüidades Judaicas, descreve detalhadamente o cerco e a destruição da cidade santa.
No começo do século II, o imperador Adriano (117-138) ordenou a reedificação de Jerusalém. Mas, ao mesmo tempo, mandou encher a cidade de ídolos. As sobras da resistência de Israel ficaram inflamadas. Um pseudo-messias chamado Bar Kókeba, e um certo rabi Akiba, incentivam a revolução.
Mais três anos de horror se sucedem. Os fanáticos combatem em duas frentes: contra os romanos e contra os cristãos. Roma esmaga impiedosamente os agitadores. Bar Kókeba é degolado e os sobreviventes dispersos. Os judeus só poderão aproximar-se novamente de Jerusalém apenas a cada quatro anos, para poderem chorar e lamentar a sua desgraça.

O belo. Platão. Filosofia

O BELO EM PLATÃO
Clique: http://www.suelymonteiro.blogspot.com/search/label/Conceito%20Belo

Auschwitz Alemão em Teritorio Polones - Documentário sobre a II Guerra ...


Auschwitz Polonia - Documentário sobre a II Guerra Mundial.
Documentário sobre a II Guerra Mundial que mostra imagens inéditas e sem cortes da libertação pelas tropas soviéticas do campo de concentração de Auschwitz.

Auschwitz-Birkenau é o nome de um grupo de campos de concentração localizados no sul da Polônia, símbolos do Holocausto perpetrado pelo nazismo. A partir de 1940 o governo alemão comandado por Adolf Hitler construiu vários campos de concentração e um campo de extermínio nesta área, então na Polônia ocupada. Houve três campos principais e trinta e nove campos auxiliares. Os campos localizavam-se no território dos municípios de Auschwitz e Birkenau, versões em língua alemã para os nomes polacos de Oswiecim e Brzezinka, respectivamente. Esta área dista cerca de sessenta quilômetros da cidade de Cracóvia, capital da região da Pequena Polônia. Os três campos principais eram:

Auschwitz I -- Campo de concentração original que servia de centro administrativo para todo o complexo. Neste campo morreram perto de 70.000 intelectuais polacos e prisioneiros de guerra soviéticos.

Auschwitz II (Birkenau) -- Era um campo de extermínio onde morreram aproximadamente um milhão de judeus e perto de 19.000 ciganos.

Auschwitz III (Monowitz) -- Foi utilizado como campo de trabalho escravo para a empresa IG Farben. O número total de mortes produzidas em Auschwitz-Birkenau está ainda em debate, mas se estima que entre um milhão e um milhão e meio de pessoas morreram ali. Como todos os outros campos de concentração, os campos de Auschwitz eram dirigidos pela SS comandada por Heinrich Himmler. Os comandantes do campo foram Rudolf Hess até o verão de 1943, seguiu-lhe Artur Leibehenschel e Richard Baer.

Os bois e o eixo. Esopo. Fábula. Prosa

OS BOIS E O EIXO

Um carro era arrastado pelos bois. Como o eixo rangia, eles se voltaram e disseram-lhe: "Nós puxamos o carro e você é quem geme?".

Para uns o sacrifício, para outros as queixas.

Esopo

Mariana. Minas Gerais. Brasil.

Evangelho
Jo:1,1-18


1.No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.
2.Ele estava no princípio junto de Deus.
3.Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
4.Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.
5.A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6.Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
7.Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.
8.Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
9.[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.
10.Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu.
11.Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.
12.Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus,
13.os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.
14.E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.
15.João dá testemunho dele, e exclama: Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim.
16.Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça.
17.Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
18.Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.
CANÇÃO DA JANELA ABERTA
Mário Quintana

Passa nuvem, passa estrela,
Passa a lua na janela...
Sem mais cuidados na terra,
Preguei meus olhos no Céu.

E o meu quarto, pela noite
Imensa e triste, navega...
Deito-me ao fundo do barco,
Sob os silêncios do Céu.

Adeus, Cidade Maldita,
Que lá se vai o teu Poeta.
Adeus para sempre, Amigos...
Vou sepultar-me no Céu!

Cunhada, mãe e filho., upload feito originalmente por Charles Fonseca.

Cunhada, mãe e filho.

APAIXONADAMENTE
Charles Fonseca

Quando a ti chegarem filhos
Como os que a outros vieram
Tão carentes ao desamparo
E tão fortes se fizeram
Que ancestrais os esperem
Que não os ponham em trilhos

Que os mostrem antiquários
Daqueles que te foram novos
Campanários que bimbalhem
De alegria fogosos
Que da vida os afastem
Das chaves dos claviculários

Com que fechastes as portas
Das janelas tirem trancas
Que circulem como os ventos
Pelas margens das barrancas
Dos rios que cata-ventos
Girem que movam comportas

Daquelas que prendem as águas
Que alagam os ribeirinhos
Que afugentam os bichos
De pêlo os cordeirinhos
Que te amem sem ter nichos
Que prendem teus pais, sem mágoas.
Clique na imagem
BAROCCI, Federico Fiori

sexta-feira, dezembro 30, 2011


Composição: Cartola e Oswaldo Martins - Gravadora Marcus Pereira de 1974.

Sim,
Deve haver o perdão
Para mim
Senão nem sei qual será
O meu fim

Para ter uma companheira
Até promessas fiz
Consegui um grande amor
Mas eu não fui feliz
E com raiva para os céus
Os braços levantei
Blasfemei
Hoje todos são contra mim

Todos erram neste mundo
Não há exceção
Quando voltam a realidade
Conseguem perdão
Porque é que eu Senhor
Que errei pela vez primeira
Passo tantos dissabores
E luto contra a humanidade inteira

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade

Preste atenção aos silêncios nos discursos

Quem pode julgar o juiz? Nelson Motta. Direito.

Quem pode julgar o juiz?
Nelson Motta, O Globo

Quando se fala desse assunto deve-se pesar muito bem cada palavra. Basta algum juiz de qualquer lugar achar que há algo de errado, ofensivo ou calunioso nelas, e você pode ser processado. E pior, o processo vai ser julgado por um colega do ofendido. Com raras exceções, jornalistas processados por supostas ofensas a juízes são sempre condenados por seus pares.

Sim, a maioria absoluta dos juízes é de homens e mulheres de bem, mas eu deveria consultar meu advogado antes de dizer isto: o corporativismo do Judiciário no Brasil desequilibra um dos pilares que sustentam o Estado democrático de direito. Basta ver os salários, privilégios e imunidades.

A brava ministra faxineira-chefe Eliana Calmon está sob fogo cerrado da corporação por defender os poderes constitucionais do Conselho Nacional de Justiça e chamar alguns juízes de “bandidos de toga”. Embora não exista melhor definição para Lalau e outros togados que aviltam a classe.

Como um sindicato de juízes, a Ajufe está indignada porque a ministra Eliana é contra os dois meses de férias que a categoria tem por ano, quando o resto dos brasileiros tem só um (menos os parlamentares, que têm quatro). Se os juízes ficam muito estressados e precisam de dois meses “para descansar a mente, ler e estudar”, de quantos meses deveriam ser as férias dos médicos? E das enfermeiras? E aí quem cuidaria das doenças dos juízes?

“Será que a ministra diz isso para agradar a imprensa, falada e escrita? Para agradar o povão?”, questiona a Ajufe. Como não é candidata a nada, as posições da ministra têm o apoio da imprensa e do público porque são éticas, republicanas e democráticas. Porque o povão, e a elite, julgam que são justas.

Meu avô foi ministro do Supremo Tribunal Federal, nomeado pelo presidente JK em 1958, julgou durante 15 anos, viveu e morreu modestamente, entre pilhas de processos. Suas únicas regalias eram o apartamento funcional em Brasília e o carro oficial. Não sei se foi melhor ou pior juiz por isto, mas sempre foi para mim um exemplo da austeridade e da autoridade que se espera dos que decidem vidas e destinos.



Nelson Motta é jornalista.

Cão pastor alemão.



Yusko Kirschental


Sou médico, meu trabalho tem valor
Florentino Cardoso, presidente da AMB - O Estado de S.Paulo

O título deste artigo foi slogan de campanha das entidades médicas nacionais, em 2004, pela valorização do trabalho médico e da medicina. Passados quase oito anos, a situação pouco mudou, a despeito da luta incessante de instituições como a Associação Médica Brasileira (AMB). É certo que conquistas foram obtidas, como no recente movimento na saúde suplementar. Em vários Estados do País operadoras de saúde promoveram reajustes em consultas durante 2011. Mas ainda não chegaram aos patamares mínimos reivindicados pelos médicos nem resolveram a dramática defasagem dos demais procedimentos.

A exploração do trabalho médico impacta diretamente a qualidade da medicina, bem como a assistência aos cidadãos. Para quitarem suas contas e garantirem sua sobrevivência médicos são obrigados a acumular vários empregos, cumprindo jornadas de 60, 70 ou mais horas semanais. Nenhum indivíduo, seja de que área for, consegue manter a excelência de seu trabalho com tamanha sobrecarga. Mais alarmante ainda é ver que a problemática da desvalorização do médico e da medicina parece atender a uma política deliberada. Se juntarmos algumas peças do quebra-cabeças da saúde, é a essa conclusão que chegaremos, fatal e lamentavelmente. Vamos mudar esse rumo!

O Brasil é um dos países que menos investem em saúde no mundo. Meses atrás, a Organização Mundial da Saúde divulgou relatório anual com dados sobre a saúde no mundo, entre eles os investimentos no setor por país. Entre os 192 avaliados, ocupamos a medíocre 151.ª posição. Aqui a parcela do Orçamento reservada à saúde é em torno de 7%. A média africana, extremamente mais pobre e com inúmeros problemas sociais, é de 9,6%.

O Sistema Único de Saúde (SUS) sofre com recursos insuficientes, impedindo a prática da boa medicina. A triste consequência surge com significativa parcela de profissionais qualificados se afastando cada vez mais da rede pública. Isso sem falar nos salários irrisórios; na tabela do SUS, que, por exemplo, remunera uma consulta básica de clínico geral, ginecologista e pediatra em menos de R$ 3; na falta de um plano de cargos e vencimentos, de uma carreira de Estado; na violência nas periferias - entre tantos outros complicadores.

São conhecidas por todos as péssimas condições de trabalho e assistência no SUS, gerando frustração e desmotivação. Graves obstáculos ao atendimento adequado marcam o dia a dia de postos de saúde, ambulatórios e hospitais. Quanto mais carente a região e mais necessitada a população, pior é o quadro, bem evidenciado nas longas filas de espera por consultas, exames e cirurgias. Angustia-nos ver pacientes jogados em macas nos corredores, a falta de profissionais, de medicamentos e equipamentos. Mortes evitáveis ocorrem, em especial nas grandes emergências.

Se já consideramos o retrato da saúde pública como filme de guerra, vejamos o que mais há por aí. Nos últimos anos faculdades de medicina foram criadas às dezenas de norte a sul do País, a maioria escolas privadas (estarão visando somente o lucro?) sem estrutura mínima para formar bons médicos. Falamos de cursos sem hospital-escola, com corpo docente não adequadamente qualificado, bibliotecas precárias, grade pedagógica deficiente.

O resultado é o que vimos dias atrás, quando o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo apresentou o resultado das avaliações de prova facultativa com estudantes do último ano de Medicina. Quase metade deles não sabe interpretar uma radiografia, fazer um diagnóstico após receber as informações dos pacientes. Metade ainda faria o tratamento errado para infecção na garganta, meningite e sífilis e não é capaz de identificar uma febre alta como fator que eleva o risco de infecção grave em bebê. O que podemos esperar? E nossos filhos, pais, amigos e parentes de pessoas formadas com tamanha insuficiência de conhecimento? É, de fato, assustador.

Poderíamos parar por aqui para alicerçar o argumento de que médicos e medicina vêm sofrendo ataque deliberado nos últimos anos, assim como a assistência à população. Mas há muito mais. Agora o governo federal, com a cumplicidade de alguns Estados, sinaliza a possibilidade de facilitar a revalidação de diploma de médicos brasileiros formados na Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba. Comenta-se que a ideia é permitir que façam estágio em hospitais públicos, recebendo bolsa (com recursos de nossos impostos), enquanto fazem cursinho de reforço para se prepararem para uma prova. Um absurdo, que merece o devido parecer do Ministério Público Federal. Por que essa predileção por Cuba? Não somos contra médicos formados fora do Brasil virem morar e trabalhar aqui, mas defendemos direito igual para todos.

Existe o Revalida, devidamente chancelado pelo Ministério da Educação e que deve ser o caminho para todos os que querem revalidar o seu diploma obtido no exterior. Fortaleçamos o Revalida e não permitamos que qualquer faculdade ou universidade faça revalidação de diploma fora desse contexto.

Defendemos o sistema público de saúde. Não é possível o SUS continuar com recursos insuficientes e profissionais desvalorizados. Ao fazer vista grossa para a má formação e facilitar o ingresso na linha de frente da assistência de quadros não capacitados formados no exterior, afrontam-se as reais necessidades dos cidadãos brasileiros, põem-se em risco a saúde e o bem-estar dos pacientes, desvalorizam-se os bons médicos e bombardeia-se a nossa medicina - hoje ainda uma referência como excelência.

Como presidente da AMB, registro publicamente para que fique claro: reagiremos à altura em nome da boa prática médica e da adequada assistência ao povo brasileiro. Jamais defenderemos castas, pois queremos uma mesma medicina para todos. Deve prevalecer sempre o mérito, e não vieses surgidos de arroubos, que não sabemos que interesses defendem. Sou médico e tenho compromisso com a vida, com a medicina e com a saúde da população.

O amigo da onça. Charge. Péricles


Carta anônima

Teoria microeconómica tradicional

A teoria microeconómica standard assume que os agentes económicos, as famílias ou as empresas, são "racionais" [6]:6, isto é, supõe-se terem habilidades cognitivas e informações suficientes para, por um lado, construir critérios de escolha entre diferentes opções possíveis, por outro, para maximizar a sua satisfação dadas as restrições a que estão sujeitos. Presume-se que são capazes de identificar as restrições sobre estas escolhas, tanto restrições "internas" (as sua capacidade tecnológica, no caso das empresas, por exemplo), como as "externas" (por exemplo, as resultantes da conjuntura económica). É o paradigma do homo economicus[7]:1, que não implica a priori que os critérios de escolha dos indivíduos sejam puramente egoístas. Podem perfeitamente ser "racionalmente" altruístas.
Esta teoria deve sua existência à síntese feita pela economia matemática neoclássica das décadas de 1940 e 1950, entre os contributos da corrente marginalista do século XIX e da teoria do equilíbrio geral de Walras [8] e Pareto [9].
John Hicks e Paul Samuelson são considerados os pais da microeconomia tradicional atual [10]:247, que podemos dividir em quatro áreas:
A teoria do consumidor, que estuda o comportamento das famílias ao fazer opções de consumo sujeitas a restrições orçamentais;
A teoria da firma, que estuda o comportamento de empresas que pretendem maximizar seus lucros sujeitos a restrições tecnológicas;
A teoria das trocas dos mercados, que podem ou não ser concorrenciais;
A teoria do ótimo econômico, que recorre ao conceito de Pareto para avaliar a eficiência económica das interações coletivas entre os agentes, através do comércio.

Fonte: wikipedia

"Entreouvido no nosso Supremo final de ano"
Pelo uso...
Felicidade clandestina
Clarice Lispector

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com um amante.


Clarice Lispector

"como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra". C. Meireles.





É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É uma ponta, é um ponto, é um pingo pingando
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

IMPRESSIONISTA. Adélia Prado. Poesia

IMPRESSIONISTA
Adélia Prado

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

Luzes. Bom Jesus da Lapa. Bahia. Brasil. Charles Fonseca. Fotografia


Luzes, upload feito originalmente por Charles Fonseca.
Bom Jesus da Lapa. Bahia. Brasil.

Provérbios, 21

1.Água corrente é o coração do rei nas mãos do SENHOR: Ele o dirige para onde quiser.
2.O ser humano pensa que seu caminho é sempre reto, mas é o SENHOR quem sonda os corações.
3.Praticar a misericórdia e o direito é mais agradável ao SENHOR do que os sacrifícios.
4.Olhar arrogante e coração orgulhoso, a lâmpada dos ímpios não é senão pecado.
5.Os planos de quem é diligente produzem abundância, quem se apressa demais está sempre na pobreza.
6.Quem ajunta tesouros com língua mentirosa, o vento o lançará nos laços da morte.
7.A violência dos ímpios os destruirá, pois negaram-se a praticar o direito.
8.O caminho tortuoso é funesto; quem é puro, porém, suas obras são retas.
9.É melhor morar num canto do sótão do que, com mulher briguenta, na mesma casa.
10.A alma do ímpio deseja o mal; nem do seu vizinho ele tem compaixão.
11.Quando se castiga o zombador, o inexperiente aprende; quando o sábio é instruído, ele adquire conhecimento.
12.† O Senhor, que é justo, está atento à casa do ímpio: Ele é quem precipita os ímpios na desgraça.
13.Quem tapa os ouvidos ao clamor do pobre, também clamará, e não será ouvido.
14.Presente discreto aplaca a ira; gorjeta enfiada no bolso acalma o furor mais violento.
15.Praticar o direito é alegria para o justo, mas ruína, para os malfeitores.
16.Quem se desvia do caminho da prudência há de parar na assembléia dos mortos.
17.Quem gosta de banquetes vai acabar na indigência; quem aprecia vinho e mesa farta, jamais ficará rico.
18.O ímpio serve de resgate pelo justo e, pelos retos, o iníquo.
19.É melhor morar numa região deserta do que com mulher briguenta e raivosa.
20.Há um tesouro precioso e opulento na casa do sábio, mas o imprudente o desperdiça.
21.Quem segue a justiça e a misericórdia encontrará vida, justiça e glória.
22.O sábio escala a cidade valentemente defendida e desmantela a força em que ela confiava.
23.Quem guarda a sua boca e sua língua preserva das angústias sua alma.
24.Soberbo e arrogante, eis o que é o zombador, aquele que age com raiva e insolência.
25.Os desejos causam a morte do preguiçoso, pois suas mãos não querem fazer nada:
26.ele passa o dia todo a cobiçar e desejar; quem é justo, porém, dá e não retém.
27.Os sacrifícios dos ímpios são abomináveis, tanto mais porque oferecidos criminosamente.
28.A testemunha falsa perecerá; aquela que sabe ouvir, vencerá quando falar.
29.O ímpio ostenta uma firmeza aparente; quem é reto, porém, sabe retificar o seu caminho.
30.Não há sabedoria nem prudência, nem mesmo conselho, contra o SENHOR
31.Treina-se o cavalo para o dia da batalha, mas quem dá a vitória é o SENHOR


Sabara, upload feito originalmente por cosmo45.
Sabará. Munas Gerais. Brasil.
METAMORFOSE
Charles Fonseca

Entrei em metamorfose
Larguei a casca já velha
Do anseio que foi quimera
Foi canga pesada ao cangote.

Cifrado o destino estava
Sofri querendo primícias
Queria do amor as delícias
Perfídias ao fim só restava.

Aquém, passado obscuro
Além jardim a florar
Desejo rosa amar
Adeus ao velho casulo.

França
HERMES E O ESCULTOR

Hermes quis saber qual o grau de estima que os homens lhe devotavam. Tomou a aparência de um mortal e foi ao ateliê de um escultor. Ao ver uma estátua de Zeus, perguntou:
- Quanto Custa?
- Um dracma – respondeu-lhe o homem.
- Hermes sorriu:
- E aquela, de Hera?
- É mais cara.
Hermes viu então sua própria estátua. Achava que, sendo ao mesmo tempo mensageiro e deus do comércio, seu preço seria bem mais alto.
- E Hermes, quanto custa? – quis saber.
- Oh, se comprares as outras duas, a levas de brinde.

Quem se acha o tal termina valendo menos que o esperado.

Esopo

Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente. (C.E.M.)

quinta-feira, dezembro 29, 2011


Outro Tijolo Na Parede (tradução) Pink Floyd
O papai voou pelo oceano
Deixando apenas uma memória
Foto instantânea no álbum de família
Papai, o que mais você deixou para mim?
Papai, o que você deixou para mim?
Tudo era apenas um tijolo no muro
Todos são somente tijolos na parede

"Você! Sim, você atrás das bicicletas, parada aí, garota!"


Quando crescemos e fomos à escola
Havia certos professores que
Machucariam as crianças da forma que eles pudessem
(oof!)
Despejando escárnio
Sobre tudo o que fazíamos
E os expondo todas as nossas fraquezas
Mesmo que escondidas pelas crianças
Mas na cidade era bem sabido
Que quando eles chegavam em casa
Suas esposas, gordas psicopatas, batiam neles quase até a morte


pt.2

Não precisamos de nenhuma educação
Não precisamos de controle mental
Chega de humor negro na sala de aula
Professores, deixem as crianças em paz
Ei! Professores! Deixem essas crianças em paz!
Tudo era apenas um tijolo no muro
Todos são somente tijolos na parede

Não precisamos de nenhuma educação
Não precisamos de controle mental
Chega de humor negro na sala de aula
Professores, deixem as crianças em paz
Ei! Professores! Deixem essas crianças em paz!
Tudo era apenas um tijolo no muro
Todos são somente tijolos na parede

"Errado, faça de novo!" (2x)
"Se você não comer sua carne, você não ganha pudim. Como você
pode ganhar pudim se não comer sua carne?"
"Você! Sim, você atrás das bicicletas, parada aí, garota!"

pt.3

Eu não preciso de braços ao meu redor
E eu não preciso de drogas para me acalmar
Eu vi os escritos no muro
Não pense que preciso de algo, absolutamente

Não! Não pense que eu preciso de alguma coisa afinal
Tudo era apenas um tijolo no muro
Todos são somente tijolos na parede


http://www.vagalume.com.br/pink-floyd/another-brick-in-the-wall-traducao.html#ixzz1khSHP4XW
ORAÇÃO PARA DEPOIS DOS 66 ANOS DE IDADE
(um pouco antes ou um pouco depois)

Ó Senhor, tu sabes melhor do que eu que estou envelhecendo a cada dia.
Sendo assim, Senhor, livra-me da tolice de achar que devo dizer algo, em toda e qualquer ocasião.

Livra-me, também, Senhor, deste desejo enorme que tenho de querer pôr em ordem a vida dos outros.

Ensina-me a pensar nos outros e ajudá-los, sem jamais me impor sobre eles, mesmo considerando, com modéstia, a sabedoria que acumulei e que penso ser uma lástima não passar adiante.

Tu sabes, Senhor, que desejo preservar alguns amigos e uma boa relação com os filhos, e que só se preserva os amigos e os filhos... quando não há intromissão na vida deles...

Livra-me, também, Senhor, da tolice de querer contar tudo com detalhes e minúcias e dá-me asas no assunto para voar diretamente ao ponto que interessa.

Não me permita falar mal de alguém.
Ensina-me a fazer silêncio sobre minhas dores e doenças.
Elas estão aumentando e, com isso, a vontade de descrevê-las vai crescendo a cada dia que passa.

Não ouso pedir o dom de ouvir com alegria a descrição das doenças alheias; seria pedir demais.
Mas, ensina-me, Senhor, a suportar ouvi-las com alguma paciência.

Ensina-me a maravilhosa sabedoria de saber que posso estar errado em algumas ocasiões.
Já descobri que pessoas que acertam sempre são maçantes e desagradáveis.

Mas, sobretudo, Senhor, nesta prece de envelhecimento, peço:
Mantenha-me o mais amável possível.

Livrai-me de achar-me santo...
É difícil conviver com santos!

Mas um velho ou uma velha rabugentos,
Senhor, é obra prima do capeta!
Me poupe!!!
Amém!

Autor(es) desconhecido (s)
O Réveillon das togas iluminadas
Por Alberto Dines

Se 2011 entrou para a história carimbado com o nome de Dilma Rousseff, o ano seguinte, 2012, deverá repetir a dose com outra mulher, Eliana Calmon Alves. De qualquer forma, o cidadão brasileiro já garantiu sua cota na magnífica prenda de Natal oferecida pelo imbróglio entre a destemida Corregedora Nacional de Justiça e as entidades dos magistrados. A bateria de holofotes acesa pela juíza desde setembro, quando assumiu o cargo, é tão luminosa como a galáxia de esperanças acesa pelos fogos de artifício nos festejos de Ano-Novo. Pela primeira vez em seus 511 anos de história e 189 de vida institucional, o Brasil tem a chance de ver a espetacular tomografia do edifício de privilégios e regalias no qual vivemos, construído com a argamassa da injustiça.

O confronto de Eliana Calmon com AMB, Ajufe e Anamatra transcende às questões clássicas identificadas por sociólogos do “sabe com quem está falando?” Sua quixotesca investida é contra o corporativismo e o clientelismo que tanto desfiguram o Estado de Direito. A guerreira baiana não só enfrenta o autoritarismo enrustido em instituições e entidades anquilosadas pelo tempo, está garantindo a produção e a sobrevivência dos indispensáveis contrapoderes (caso do CNJ) sem os quais nossa democracia será formal, retórica e claudicante.

Sua desassombrada cruzada dirige-se, na realidade, contra um sistema de abafamentos e silêncios herdados da colonização ibérica e o surpreendente apoio que vem recebendo de setores expressivos da imprensa coloca-a em posições de vanguarda que há muito não frequenta. Eliana Calmon tirou o trombone da estante, tocou-o e, magicamente, do ruído fez-se a luz. Mesmo solitária, sua indignação espalhou-se porque ao examinar posturas e procedimentos de alguns magistrados, movimentou os desconfortos engolidos e os tormentos camuflados na alma de milhões de brasileiros que o dia inteiro resmungam e remoem queixas contra a impunidade.

Alberto Dines é jornalista, fundador do Observatório da Imprensa.
Do amor à pátria
Vinicius de Morais

São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual - uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperança canções, amores e filhos ao sabor das estações.

Sim, são doces as rotas que reconduzem o homem à sua pátria, e tão mais doces quanto mais ele teve, viu e conheceu outras pátrias de outros homens. Assim eu, ausente pela segunda vez de uma ausência de muitos anos quando, dentro da noite a bordo, os dedos a revirar o dial do ondas-curtas, aguardava o primeiro balbucio de minha pátria como um pai à espera da primeira palavra do seu filho. O coração batia-me como batera um dia, à poesia sonhada, ou como uma outra vez, diante de uns olhos de mulher.

- O sr. tem certeza de que isso é mesmo um ondas-curtas?

O camareiro norueguês, grande e tranqüilo, limitou-se a sorrir misteriosamente. Depois, humano, inclinou-se sobre o aparelho, o ouvido atento, e pôs-se a tentar por sua vez. As ondas sonoras iam e vinham verrumando a minha angústia.

Onde estava ela, a minha pátria que não vinha falar comigo ali dentro do mar escuro?

E de repente foi uma voz que mal se distinguia, balbuciando bolhas de éter, mas pensei no meio delas distinguir um nome: o nome de Iracema. Não tinha certeza, mas pareceu-me ouvir o nome de Iracema entre os estertores espásmicos do aparelho receptor.

Deus do Céu! Seria mesmo o nome de Iracema?

Era sim, porque logo depois chegou a afirmar-se, mas quase imperceptível, como se pronunciado por um gnomo montado em minha orelha. Era o nome de Iracema, da Rádio Iracema, de Fortaleza, a emissora dos lábios de mel, que sai mar afora, enfrentando os espaços oceânicos varridos de vento para trazer a um homem saudoso o primeiro gosto de sua pátria.

Adorável prefixo noturno, nunca te esquecerei! Foste mais uma vez essa coisa primeira tão única como o primeiro amigo, a primeira namorada, o primeiro poema. E a ti eu direi: é possível que o padre Vieira esteja certo ao dizer que a ausência é, depois da morte, a maior causa da morte do amor. Mas não do amor à terra onde se cresceu e se plantou raízes, à terra a cuja imagem e semelhança se foi feito e onde um dia, num pequeno lote, se espera poder nunca mais esperar.

So lar na Lagoa da Conceição., upload feito originalmente por Charles Fonseca.

Como se filha fora.

Centenário de Jorge Amado vai iluminar 2012
Clique:  http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/donnadc/19,380,3610811,Centenario-de-Jorge-Amado-vai-iluminar-2012.html

Doutor, inté outro dia. Zé Praxedes. Poesia

DOUTOR INTÉ OUTRO DIA
Zé Praxedes

Doutor inté outro dia
basta você precisar
um criado às suas ordens
na Serra do Jatobá

Pros almoço tem galinha
tem quaiada pro jantar
água cheirosa de tanque
pra vosmecê se banhar

Leite quente ao pé da vaca
quando o dia amanhecer
café torrado no caco
de quando invez pra você

Aguardente potiguar
caso goste de beber
capim mimoso verdinho
pra seu cavalo comer

Pra vosmecê fazer lanche
mel de abelha com farinha
tem da fonte milagrosa
água fria na quartinha

Pra vosmecê se deitar
uma rede bem arvinha
leve tombém sua muié
proque lá só tem a minha
Mariana. Minas Gerais. Brasil.
1Jo:2,3-11

3.Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos.
4.Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele.
5.Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele:
6.aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu.
7.Caríssimos, não vos escrevo nenhum mandamento novo, mas sim o mandamento antigo, que recebestes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que acabais de ouvir.
8.Todavia, eu vos escrevo agora um mandamento novo - verdadeiramente novo, nele como em vós, porque as trevas passam e já resplandece a verdadeira luz.
9.Aquele que diz estar na luz, e odeia seu irmão, jaz ainda nas trevas.
10.Quem ama seu irmão permanece na luz e não se expõe a tropeçar.
11.Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas, sem saber para onde dirige os passos; as trevas cegaram seus olhos.

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BARNABA DA MODENA
http://www.wga.hu/index1.html
BERÇO E TÚMULO
Casimiro de Abreu

Trago-te flores no meu canto amigo
-Pobre grinalda com prazer tecida -
E - todo amores - deposito um beijo
Na fronte pura em que desponta a vida.

É cedo ainda! - quando moça fores
E percorreres deste livro os cantos,
Talvez que eu durma solitário e mudo
-Lírio pendido a que ninguém deu prantos! -

Então, meu anjo, compassiva e meiga
Depõe-me um goivo sobre a cruz singela,
E nesse ramo que o sepulcro implora
Paga-me as rosas desta infância bela!