quinta-feira, agosto 30, 2007
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CASAMENTO. Charles Fonseca
CASAMENTO
Charles Fonseca
Porque choras, oh poeta, em casamentos,
Mesmo se de estranhos for?
Serão sonhos do passado
Ou do futuro que não chegou?
Afinal, onde estará o teu amor?
Charles Fonseca
Porque choras, oh poeta, em casamentos,
Mesmo se de estranhos for?
Serão sonhos do passado
Ou do futuro que não chegou?
Afinal, onde estará o teu amor?
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quarta-feira, agosto 29, 2007
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ENTRE O SAGRADO E O PROFANO
Gustavo Dourado
Prosagrado Saprofano
Profaneio e Sacralizo
Vou ao Dia do Juízo
Com o Poeta de Feira
Encontro Mulher Rendeira
Parceira de Lampião
Volto ao Afeganistão
Vejo Alá em Tora Bora
Talibã perdeu a hora
Bin Laden se evaporou
Valei-me Nossa Senhora
Com tanta profanação
Profanaram o coração
Com a bomba americana
Arafat comendo cana
A igreja profanada
Natividade sagrada
Cercada pelo tirano
O massacre de um povo
Pelo ditador insano...
O sagrado se explode
com tanta contradição
Valei-me Frei Damião
Da Besta-Fera do Mal
Que profana o sagrado
Num sacrilégio imoral...
O mundo precisa urgente
acabar a tirania
chega de barbaridade
terror e hipocrisia
Vamos dividir a renda
Desprofanar a Poesia
Acorda humanidade
pra sagrada Nova Era
Busharonte Besta-Fera
Do Apokalixo Final
Que nasça o sol surreal
da primavera da paz
Que o sagrado e o profano
Sintetizem os Carnavais...
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Poesia
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segunda-feira, agosto 27, 2007
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SONETO DA FELICIDADE
Odylo Costa, filho
Não receies, amor, que nos divida
um dia a treva de outro mundo, pois
somos um só, que não se faz em dois
nem pode a morte o que não pode a vida.
A dor não foi em nós terra caída
que de repente afoga mas depois
cede à força das águas. Deus dispôs
que ela nos encharcasse indissolvida.
Molhamos nosso pão quotidiano
na vontade de Deus, aceita e clara,
que nos fazia para sempre num.
E de tal forma o próprio ser humano
mudou-se em nós que nada mais separa
o que era dois e hoje é apenas um.
Odylo Costa, filho
Não receies, amor, que nos divida
um dia a treva de outro mundo, pois
somos um só, que não se faz em dois
nem pode a morte o que não pode a vida.
A dor não foi em nós terra caída
que de repente afoga mas depois
cede à força das águas. Deus dispôs
que ela nos encharcasse indissolvida.
Molhamos nosso pão quotidiano
na vontade de Deus, aceita e clara,
que nos fazia para sempre num.
E de tal forma o próprio ser humano
mudou-se em nós que nada mais separa
o que era dois e hoje é apenas um.
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sábado, agosto 25, 2007
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A desconfiança no pai. Freud.
“O modelo no qual os paranóicos baseiam seus delírios de perseguição é a relação de uma criança com o pai. A imagem que um filho faz do pai é habitualmente investida de poderes excessivos desta espécie e descobre-se que a desconfiança do pai está intimamente ligada à admiração por ele. Quando um paranóico transforma a figura de um de seus associados num “perseguidor”, está elevando-o à categoria de pai; está colocando-o numa posição em que possa culpá-lo por todos os seus infortúnios”. Freud.
“O modelo no qual os paranóicos baseiam seus delírios de perseguição é a relação de uma criança com o pai. A imagem que um filho faz do pai é habitualmente investida de poderes excessivos desta espécie e descobre-se que a desconfiança do pai está intimamente ligada à admiração por ele. Quando um paranóico transforma a figura de um de seus associados num “perseguidor”, está elevando-o à categoria de pai; está colocando-o numa posição em que possa culpá-lo por todos os seus infortúnios”. Freud.
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sexta-feira, agosto 24, 2007
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NO JARDIM DAS DELÍCIAS
Mário Q. Tomba
Oh tu que a mim manda flores
Que à distância espinhas
Acaso sabes que minhas
Rimas são-me só dores
Por não ver-te, estás tão longe,
Não cheirar-te os aromas
Não gozar-te nas alfombras
No jardim das delícias, onde?
Mário Q. Tomba
Oh tu que a mim manda flores
Que à distância espinhas
Acaso sabes que minhas
Rimas são-me só dores
Por não ver-te, estás tão longe,
Não cheirar-te os aromas
Não gozar-te nas alfombras
No jardim das delícias, onde?
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quinta-feira, agosto 23, 2007
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UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO
(Trecho)
Manoel de Barros
I
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.
IV
No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para Dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras
IX
Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz.
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.
(Trecho)
Manoel de Barros
I
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.
IV
No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para Dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras
IX
Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz.
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.
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quarta-feira, agosto 22, 2007
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Quando o amor é demais.
“A ocorrência de uma solicitude excessiva dessa espécie é muito comum nas neuroses e especialmente nas neuroses obsessivas, com as quais nossa comparação é principalmente traçada. Chegamos a compreender sua origem bastante claramente. Ela aparece onde quer que, além de um sentimento predominante de afeição, exista também uma corrente de hostilidade contrária, mas inconsciente – estado de coisas que representa um exemplo típico de uma atitude emocional ambivalente. A hostilidade é então feita calar no grito, por assim dizer, por uma intensificação excessiva da afeição, que se expressa em solicitude e se torna compulsiva, porque de outro modo seria inadequada para desempenhar a missão de manter sob repressão a corrente de sentimento contrária e inconsciente.” Freud.
“A ocorrência de uma solicitude excessiva dessa espécie é muito comum nas neuroses e especialmente nas neuroses obsessivas, com as quais nossa comparação é principalmente traçada. Chegamos a compreender sua origem bastante claramente. Ela aparece onde quer que, além de um sentimento predominante de afeição, exista também uma corrente de hostilidade contrária, mas inconsciente – estado de coisas que representa um exemplo típico de uma atitude emocional ambivalente. A hostilidade é então feita calar no grito, por assim dizer, por uma intensificação excessiva da afeição, que se expressa em solicitude e se torna compulsiva, porque de outro modo seria inadequada para desempenhar a missão de manter sob repressão a corrente de sentimento contrária e inconsciente.” Freud.
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segunda-feira, agosto 20, 2007
"O Violino de Ingres", Man Ray.. Fotografia
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Fotografia
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APELO. Charles Fonseca
APELO
Charles Fonseca.
Abracei-te efusivo,
Envolvi-te num abraço.
Saístes de modo esquivo
Pensando que era um laço.
A mim dissestes, ´mão boba´!
Sensível que sou, esteta.
Acho que tu não és tola,
Descompassastes o poeta.
Teu corpo é muito esbelto,
Longilíneo, violino.
Se tocado vibra certo.
Com jeito, dele sai hino.
Não sei se te recordas:
O maestro na orquestra
Dos instrumentos de cordas
Quem o toca, a mão aperta.
Deixa-me fazer vibrar
Qual vibra o diapasão,
Teu corpo em cordoalhas
Frementes nas minhas mãos!
Charles Fonseca.
Abracei-te efusivo,
Envolvi-te num abraço.
Saístes de modo esquivo
Pensando que era um laço.
A mim dissestes, ´mão boba´!
Sensível que sou, esteta.
Acho que tu não és tola,
Descompassastes o poeta.
Teu corpo é muito esbelto,
Longilíneo, violino.
Se tocado vibra certo.
Com jeito, dele sai hino.
Não sei se te recordas:
O maestro na orquestra
Dos instrumentos de cordas
Quem o toca, a mão aperta.
Deixa-me fazer vibrar
Qual vibra o diapasão,
Teu corpo em cordoalhas
Frementes nas minhas mãos!
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BUCCA ROSA
Manuel Martins Gaspar Tomé
A tua boca rosa
húmida e exótica
é um porto de sonho
onde meu corpo de navio
lança a âncora do desejo
A tua boca rosa
macia, quente, preciosa
carnuda de tanta loucura
solta no meu peito
um milhão de cavalos
em desenfreado galopar
A tua boca rosa
fofa, doce, langorosa
quando beija ou toca
dá-me calor
arrepios, frémitos
ânsias, tonturas
sentindo-me eu desfalecer
e sempre na tua boca rosa
outras tantas vezes renascer
A tua boca rosa...!
Manuel Martins Gaspar Tomé
A tua boca rosa
húmida e exótica
é um porto de sonho
onde meu corpo de navio
lança a âncora do desejo
A tua boca rosa
macia, quente, preciosa
carnuda de tanta loucura
solta no meu peito
um milhão de cavalos
em desenfreado galopar
A tua boca rosa
fofa, doce, langorosa
quando beija ou toca
dá-me calor
arrepios, frémitos
ânsias, tonturas
sentindo-me eu desfalecer
e sempre na tua boca rosa
outras tantas vezes renascer
A tua boca rosa...!
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sábado, agosto 18, 2007
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O ÚLTIMO NÚMERO
Augusto dos Anjos.
Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
A idéia estertorava-se... No fundo
Do meu entendimento moribundo
jazia o último número cansado.
Era de vê-lo, imóvel, resignado,
Tragicamente de si mesmo oriundo,
Fora da sucessão, estranho ao mundo,
Com o reflexo fúnebre do Increado:
Bradei: — Que fazes ainda no meu crânio?
E o último número, atro e subterrâneo,
Parecia dizer-me: "É tarde, amigo!
Pois que a minha ontogênica Grandeza
Nunca vibrou em tua língua presa,
Não te abandono mais! Morro contigo!"
Augusto dos Anjos.
Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
A idéia estertorava-se... No fundo
Do meu entendimento moribundo
jazia o último número cansado.
Era de vê-lo, imóvel, resignado,
Tragicamente de si mesmo oriundo,
Fora da sucessão, estranho ao mundo,
Com o reflexo fúnebre do Increado:
Bradei: — Que fazes ainda no meu crânio?
E o último número, atro e subterrâneo,
Parecia dizer-me: "É tarde, amigo!
Pois que a minha ontogênica Grandeza
Nunca vibrou em tua língua presa,
Não te abandono mais! Morro contigo!"
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sexta-feira, agosto 17, 2007
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A sogra. Freud.
“A identificação simpática da mãe com a filha pode facilmente ir tão longe que ela própria se apaixone pelo homem que a filha ama e, em exemplos extremos, isto pode levar a formas graves de doença neurótica, como resultado das violentas lutas mentais contra esta situação emocional. De qualquer modo, acontece muito frequentemente uma sogra estar sujeita a um impulso para este tipo de paixão e este próprio impulso ou uma condição oposta são acrescidos ao tumulto das forças conflitantes em sua mente. E muitas vezes os compromissos cruéis e sádicos de seu amor são dirigidos para o genro, a fim de que os afetuosos e proibidos possam ser mais severamente proibidos.” Freud.
“A identificação simpática da mãe com a filha pode facilmente ir tão longe que ela própria se apaixone pelo homem que a filha ama e, em exemplos extremos, isto pode levar a formas graves de doença neurótica, como resultado das violentas lutas mentais contra esta situação emocional. De qualquer modo, acontece muito frequentemente uma sogra estar sujeita a um impulso para este tipo de paixão e este próprio impulso ou uma condição oposta são acrescidos ao tumulto das forças conflitantes em sua mente. E muitas vezes os compromissos cruéis e sádicos de seu amor são dirigidos para o genro, a fim de que os afetuosos e proibidos possam ser mais severamente proibidos.” Freud.
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quinta-feira, agosto 16, 2007
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PÁLIDA, À LUZ DA LÂMPADA SOMBRIA
Alvares de Azevedo
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
sobre o leito de flores reclinada,
como a lua por noite embalsamada,
entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens de alvorada,
que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
Alvares de Azevedo
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
sobre o leito de flores reclinada,
como a lua por noite embalsamada,
entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens de alvorada,
que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
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quarta-feira, agosto 15, 2007
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Psicologia e antropologia.
“Uma comparação entre a psicologia dos povos primitivos, como é vista pela antropologia social, e a psicologia dos povos neuróticos, como foi revelada pela psicanálise, está destinada a mostrar numerosos pontos de concordância e lançará nova luz sobre fatos familiares às duas ciências.” Freud.
“Uma comparação entre a psicologia dos povos primitivos, como é vista pela antropologia social, e a psicologia dos povos neuróticos, como foi revelada pela psicanálise, está destinada a mostrar numerosos pontos de concordância e lançará nova luz sobre fatos familiares às duas ciências.” Freud.
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terça-feira, agosto 14, 2007
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TINTO TANGO
Lilian Maial
O momento é rubro
Como o tinto
da boca carmim.
O sangue ferve
Como o vinho
que desce queimando
[em desejos]
O tango aquece
Como o calor
de lábios ávidos
de vinho
de beijos
de amor.
O tango gira
A cabeça quente
O vinho ferve
A boca rubra...
O peito explode
O pensamento alcança
O amor se jorra
na taça tinta
do teu olhar...
o vinho
o beijo
o tango...
O momento é carmim
A taça é de sangue
O vinho é loucura
O tango é desejo.
A boca rubra
A taça gira
O amor loucura
O vinho excita.
Bebo-te louca
beijo-te tinto
Sorvo-te tango
Amo-te boca
Vejo-me rubra.
Lilian Maial
O momento é rubro
Como o tinto
da boca carmim.
O sangue ferve
Como o vinho
que desce queimando
[em desejos]
O tango aquece
Como o calor
de lábios ávidos
de vinho
de beijos
de amor.
O tango gira
A cabeça quente
O vinho ferve
A boca rubra...
O peito explode
O pensamento alcança
O amor se jorra
na taça tinta
do teu olhar...
o vinho
o beijo
o tango...
O momento é carmim
A taça é de sangue
O vinho é loucura
O tango é desejo.
A boca rubra
A taça gira
O amor loucura
O vinho excita.
Bebo-te louca
beijo-te tinto
Sorvo-te tango
Amo-te boca
Vejo-me rubra.
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domingo, agosto 12, 2007
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PERFUME EXÓTICO
Charles Baudelaire
Quando, cerrando os olhos, numa noite ardente,
Respiro a fundo o odor dos teus seios fogosos,
Vejo abrirem-se ao longe litorais radiosos
Tingidos por um sol monótono e dolente.
Uma ilha preguiçosa que nos traz à mente
Estranhas árvores e frutos saborosos;
Homens de corpos nus, esguios, vigorosos,
Mulheres cujo olhar faísca à nossa frente.
Guiado por teu perfume a tais paisagens belas,
Vejo um porto a ondular de mastros e de velas
Talvez exaustos de afrontar os vagalhões,
Enquanto o verde aroma dos tamarineiros,
Que à beira-mar circula e inunda-me os pulmões,
Confunde-se em minha alma à voz dos marinheiros.
Charles Baudelaire
Quando, cerrando os olhos, numa noite ardente,
Respiro a fundo o odor dos teus seios fogosos,
Vejo abrirem-se ao longe litorais radiosos
Tingidos por um sol monótono e dolente.
Uma ilha preguiçosa que nos traz à mente
Estranhas árvores e frutos saborosos;
Homens de corpos nus, esguios, vigorosos,
Mulheres cujo olhar faísca à nossa frente.
Guiado por teu perfume a tais paisagens belas,
Vejo um porto a ondular de mastros e de velas
Talvez exaustos de afrontar os vagalhões,
Enquanto o verde aroma dos tamarineiros,
Que à beira-mar circula e inunda-me os pulmões,
Confunde-se em minha alma à voz dos marinheiros.
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sábado, agosto 11, 2007
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ELE É POETA. Poesia. Autor desconhecido.
ELE É POETA
(autor desconhecido)
É noite. A chuva chora na calçada
como se fosse a mágoa recalcada
que subisse do peito dos humanos
e retumbasse em lágrimas na terra.
Minha mãe chora,
chora os desenganos de um filho
que é poeta e desgraçado.
“Meu Deus! Onde andará ele agora?
Erra pela cidade úmida e deserta,
como um boêmio despreocupado”.
E, recostada à janela aberta,
minha mãe espia a rua e espera:
“Hoje por certo virá mais cedo.
Faz tanto frio, sinto tanto medo...”
E, fatigada com uma dor no coração,
pensa em Deus e faz uma triste oração:
“Oh, Jesus, pastor divino,
tem misericórdia de mim, Senhor!
Traze o meu filho, o meu pobre filho
que erra pela cidade sem fim".
Um vulto! Talvez seja ele... mas... não, não é.
E já desponta cálido o sol.
Meus olhos fatigados de vigília não descansarão jamais.
Mas tenho fé. Amanhã eu lhe direi raivosa, assim:
“Você é a ovelha má desta família.
Não é mais meu!”
Mas... ai que vida de abrolhos!
Não posso dizer assim. Ele é tão bom, tão delicado,
que se eu disser em tom zangado,
encontrarei nele o mesmo sorriso de menino
e uma lágrima boiando-lhe nos olhos.
Coitado de meu filho, arte abjeta,
pobre do meu filho, ele é poeta!
(autor desconhecido)
É noite. A chuva chora na calçada
como se fosse a mágoa recalcada
que subisse do peito dos humanos
e retumbasse em lágrimas na terra.
Minha mãe chora,
chora os desenganos de um filho
que é poeta e desgraçado.
“Meu Deus! Onde andará ele agora?
Erra pela cidade úmida e deserta,
como um boêmio despreocupado”.
E, recostada à janela aberta,
minha mãe espia a rua e espera:
“Hoje por certo virá mais cedo.
Faz tanto frio, sinto tanto medo...”
E, fatigada com uma dor no coração,
pensa em Deus e faz uma triste oração:
“Oh, Jesus, pastor divino,
tem misericórdia de mim, Senhor!
Traze o meu filho, o meu pobre filho
que erra pela cidade sem fim".
Um vulto! Talvez seja ele... mas... não, não é.
E já desponta cálido o sol.
Meus olhos fatigados de vigília não descansarão jamais.
Mas tenho fé. Amanhã eu lhe direi raivosa, assim:
“Você é a ovelha má desta família.
Não é mais meu!”
Mas... ai que vida de abrolhos!
Não posso dizer assim. Ele é tão bom, tão delicado,
que se eu disser em tom zangado,
encontrarei nele o mesmo sorriso de menino
e uma lágrima boiando-lhe nos olhos.
Coitado de meu filho, arte abjeta,
pobre do meu filho, ele é poeta!
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sexta-feira, agosto 10, 2007
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DÁ A SURPRESA DE SER
Fernando Pessoa
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro,
faz bem só pensar em ver
seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
assenta em palmo espalhado
sobre a saliência do flanco
do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gnomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
Fernando Pessoa
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro,
faz bem só pensar em ver
seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
assenta em palmo espalhado
sobre a saliência do flanco
do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gnomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
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quinta-feira, agosto 09, 2007
Medeia e o Velo de Ouro, de H.J.Draper.
Medeia, Jasão e o Velo de Ouro, na volta da Colquida, para onde Jasão dirigiu a expedição dos Argonautas, com os 50 maiores heróis gregos, a fim de resgatar o Tosão de Ouro do carneiro encantado que tempos antes Mercúrio havia cavalgado em magnífico vôo, para salvar os príncipes Heles e Frixo da vingança de sua madrasta Ino. Heles caiu, exatamente sobre o ponto que no estreito de Bosforo separa o Mar Negro do Mediterrâneo, o Helesponto. Jasão, tempos depois, resgatou o velo do carneiro, com ajuda da princesa Medeia. O episodio foi eternizado no firmamento sob a constelação do Navio, hoje repartida em quatro, a Popa, a Quilha a Vela e a Bússola. (colaboração do poeta Ernane Gusmão)
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BELEZA PURA
Caetano Veloso
Não me amarra dinheiro não
Mas formosura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moça preta do curuzu
Beleza pura
Boca do Rio
Beleza pura
Dinheiro não
Quando essa preta começa
a tratar do cabelo
É de se olhar
Toda a trama da trança
a transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar pra botar
no cabelo
É de se olhar
Toda a trama da trança
a transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar pra
botar no cabelo
Toda minúcia
Toda delícia
Não me amarra dinheiro não
Mas elegância
Não me amarra dinheiro não
Mas a cultura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moço lindo do Badauê
Beleza pura
Do Iê Aiyê
Beleza pura
Dinheiro yeah
Beleza pura
Dinheiro não
Dentro daquele turbante
do Filho de Ghandi
É o que há
Tudo é chique demais, tudo
é muito elegante
Manda botar
Fina palha da costa e que
tudo se trace
Todos os búzios
Todos os ócios
Não me amarra dinheiro não,
mas os mistérios
Caetano Veloso
Não me amarra dinheiro não
Mas formosura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moça preta do curuzu
Beleza pura
Boca do Rio
Beleza pura
Dinheiro não
Quando essa preta começa
a tratar do cabelo
É de se olhar
Toda a trama da trança
a transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar pra botar
no cabelo
É de se olhar
Toda a trama da trança
a transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar pra
botar no cabelo
Toda minúcia
Toda delícia
Não me amarra dinheiro não
Mas elegância
Não me amarra dinheiro não
Mas a cultura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moço lindo do Badauê
Beleza pura
Do Iê Aiyê
Beleza pura
Dinheiro yeah
Beleza pura
Dinheiro não
Dentro daquele turbante
do Filho de Ghandi
É o que há
Tudo é chique demais, tudo
é muito elegante
Manda botar
Fina palha da costa e que
tudo se trace
Todos os búzios
Todos os ócios
Não me amarra dinheiro não,
mas os mistérios
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quarta-feira, agosto 08, 2007
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terça-feira, agosto 07, 2007
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CONTRASTE
Antonio Tomaz
Quando partimos, no verdor dos anos,
da vida pela estrada florescente,
as esperanças vão conosco à frente,
e vão ficando atrás os desenganos.
Rindo e cantando, céleres e ufanos,
vamos marchando descuidosamente...
Eis que chega a velhice, de repente,
desfazendo ilusões, matando enganos.
Então, nós enxergamos, claramente,
como a existência é rápida e falaz,
e vemos que sucede exatamente
o contrário dos tempos de rapaz:
- Os desenganos vão conosco à frente
e as esperanças vão ficando atrás.
Antonio Tomaz
Quando partimos, no verdor dos anos,
da vida pela estrada florescente,
as esperanças vão conosco à frente,
e vão ficando atrás os desenganos.
Rindo e cantando, céleres e ufanos,
vamos marchando descuidosamente...
Eis que chega a velhice, de repente,
desfazendo ilusões, matando enganos.
Então, nós enxergamos, claramente,
como a existência é rápida e falaz,
e vemos que sucede exatamente
o contrário dos tempos de rapaz:
- Os desenganos vão conosco à frente
e as esperanças vão ficando atrás.
Escreva para o meu e-mail: silvafonseca@gmail.com
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NOSTALGIAS
José Dias Egipto
Perguntas-me pelas nossas árvores,
pelos soutos, pelas alamedas
que atravessávamos no Outubro
quando a geometria das cores da natureza
desenhavam tapetes afogueados
que se abriam em folhas abrasadas e macias
que pisávamos num restolhar de espumas,
colorindo os nossos gestos e carinhos
naquele amor que nos cheiros da terra se consome,
fazendo-nos jovens ébrios do Outono
plasmados nos muros e nos caminhos...
Perguntas-me pelas praças da nossa cidade,
pelas pedras irmãs das calçadas e ladeiras
que soletramos, uma a uma, vezes sem conta,
nos dias claros, tangíveis de palavras límpidas,
como a água que salpicava das fontes,
que foram nossas cúmplices em lutas
por sonhos nunca realizados,
em gritos suados e êxtases passageiros,
que lhes davam o sentido único e inteiro
de serem efectivamente praças
para que nós fossemos integralmente verdadeiros. ..
Perguntas-me pelo mar da nossa mocidade,
pela aragem fria que esculpia o nosso rosto,
pelas mãos que se davam em passeios
assinalados na areia antes da espuma,
do cheiro forte a peixe e a sargaço
que selava para sempre aquele abraço
que fervia pelos poros nas vazantes
deixando escorrer o sal de cada dia
numa espera constante de um barco
que nos levasse a marear, apenas pela vontade de partir
em busca das terras prenhes da nossa fantasia...
Perguntas-me pela alma do Homem
que vimos vibrar em tantas circunstâncias
que parecia emergir à nossa frente,
depois de tanto e longo sofrimento,
para um futuro que se queria perto e radiante
de forma absoluta, quiçá definitivamente,
onde todos pudessem ser pássaros e veleiros
porque o vento da história estava domado
e tínhamos conquistado as asas e as velas suficientes
para o gozar, saborear, saber guiar
e transformar o tempo inteiro...
Perguntas-me tanta coisa, meu amor,
com tanta doçura e veemência,
com olhos rasos do sal que enaltecemos,
que eu, pronto a suster tanto pavor,
te direi varrendo de vez a nostalgia
que para todas as perguntas
há sempre uma resposta
e que não são os olhos que te cegam a visão,
são os velhos medos do Restelo
que te ensombram neste dia,
pois a amarra dos teus sonhos não se romperá
agora na velhice,
a tua barca terá o porto que a espere
e que de novo te seduza,
juro,
porque eu serei barqueiro nesse Letes derradeiro
e veremos os panos do passado, avivados,
nas velas do futuro...
Perguntas-me pelas nossas árvores,
pelos soutos, pelas alamedas
que atravessávamos no Outubro
quando a geometria das cores da natureza
desenhavam tapetes afogueados
que se abriam em folhas abrasadas e macias
que pisávamos num restolhar de espumas,
colorindo os nossos gestos e carinhos
naquele amor que nos cheiros da terra se consome,
fazendo-nos jovens ébrios do Outono
plasmados nos muros e nos caminhos...
Perguntas-me pelas praças da nossa cidade,
pelas pedras irmãs das calçadas e ladeiras
que soletramos, uma a uma, vezes sem conta,
nos dias claros, tangíveis de palavras límpidas,
como a água que salpicava das fontes,
que foram nossas cúmplices em lutas
por sonhos nunca realizados,
em gritos suados e êxtases passageiros,
que lhes davam o sentido único e inteiro
de serem efectivamente praças
para que nós fossemos integralmente verdadeiros. ..
Perguntas-me pelo mar da nossa mocidade,
pela aragem fria que esculpia o nosso rosto,
pelas mãos que se davam em passeios
assinalados na areia antes da espuma,
do cheiro forte a peixe e a sargaço
que selava para sempre aquele abraço
que fervia pelos poros nas vazantes
deixando escorrer o sal de cada dia
numa espera constante de um barco
que nos levasse a marear, apenas pela vontade de partir
em busca das terras prenhes da nossa fantasia...
Perguntas-me pela alma do Homem
que vimos vibrar em tantas circunstâncias
que parecia emergir à nossa frente,
depois de tanto e longo sofrimento,
para um futuro que se queria perto e radiante
de forma absoluta, quiçá definitivamente,
onde todos pudessem ser pássaros e veleiros
porque o vento da história estava domado
e tínhamos conquistado as asas e as velas suficientes
para o gozar, saborear, saber guiar
e transformar o tempo inteiro...
Perguntas-me tanta coisa, meu amor,
com tanta doçura e veemência,
com olhos rasos do sal que enaltecemos,
que eu, pronto a suster tanto pavor,
te direi varrendo de vez a nostalgia
que para todas as perguntas
há sempre uma resposta
e que não são os olhos que te cegam a visão,
são os velhos medos do Restelo
que te ensombram neste dia,
pois a amarra dos teus sonhos não se romperá
agora na velhice,
a tua barca terá o porto que a espere
e que de novo te seduza,
juro,
porque eu serei barqueiro nesse Letes derradeiro
e veremos os panos do passado, avivados,
nas velas do futuro...
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domingo, agosto 05, 2007
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A LÍNGUA LAMBE
Carlos Drummonf de Andrade
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos
Carlos Drummonf de Andrade
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos
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sábado, agosto 04, 2007
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Vestígios do passado.
“O que alguém crê lembrar da infância não pode ser considerado com indiferença; como regra geral, os restos de recordações – que ele próprio não compreende – encobrem valiosos testemunhos dos traços mais importantes de seu desenvolvimento mental.” Freud.
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quinta-feira, agosto 02, 2007
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quarta-feira, agosto 01, 2007
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TESTAMENTO
Alda Lara
À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...
Alda Lara
À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...
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