terça-feira, julho 31, 2007
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De onde vêm os bebês?
“Ao que sabemos, a curiosidade das crianças nessa idade não é espontânea mas ocasionada pela impressão causada por algum acontecimento importante – pelo nascimento de um irmãozinho ou irmãzinha ou pelo temor de que isso aconteça, baseado em outras experiências externas – e que representa para elas uma ameaça aos seus interesses egoístas. As investigações visam a saber de onde vêm os bebês, exatamente como se a criança estivesse procurando modos e meios de evitar tão indesejável acontecimento.” Freud.
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segunda-feira, julho 30, 2007
Moisés salvo das águas. Gellée. Pintura
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ARRIBAÇÃO. Charles Fonseca. Poesia.
ARRIBAÇÃO
Charles Fonseca
Tu que em vida te afastas
Na morte não te aproximes
Eu quero o junco vime
Não cactos longa data
Cujas folhas morrem espinhos
Raízes em terra solta
Flores em alma revolta
Pecos frutos no caminho
Morre o meu amor sertão
Pia ao longe o carcará
Arribação vôo já
Sou livre de novo então.
Charles Fonseca
Tu que em vida te afastas
Na morte não te aproximes
Eu quero o junco vime
Não cactos longa data
Cujas folhas morrem espinhos
Raízes em terra solta
Flores em alma revolta
Pecos frutos no caminho
Morre o meu amor sertão
Pia ao longe o carcará
Arribação vôo já
Sou livre de novo então.
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.....ARRIBAÇÃO
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domingo, julho 29, 2007
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O CAIXÃO FANTÁSTICO
Augusto dos Anjos
Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Cinzas, caixas cranianas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens,
De aberratórias abstrações abstrusas!
Nesse caixão iam, talvez as Musas,
Talvez meu Pai! Hoffmânnicas visagens
Enchiam meu encéfalo de imagens
As mais contraditórias e confusas!
A energia monística do Mundo,
À meia-noite, penetrava fundo
No meu fenomenal cérebro cheio...
Era tarde! Fazia multo frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio!
Augusto dos Anjos
Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Cinzas, caixas cranianas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens,
De aberratórias abstrações abstrusas!
Nesse caixão iam, talvez as Musas,
Talvez meu Pai! Hoffmânnicas visagens
Enchiam meu encéfalo de imagens
As mais contraditórias e confusas!
A energia monística do Mundo,
À meia-noite, penetrava fundo
No meu fenomenal cérebro cheio...
Era tarde! Fazia multo frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio!
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A pergunta que não cala.
“A curiosidade das crianças pequenas se manifesta no prazer incansável que sentem em fazer perguntas; isso deixa o adulto perplexo até vir a compreender que todas essas perguntas não passam de meros circunlóquios que nunca cessam, pois a criança os está usando em substituição àquela única pergunta que nunca faz. Quando ela cresce e se sente bem informada, essa forma de curiosidade muitas vezes desaparece repentinamente. A pesquisa psicanalítica oferece-nos a explicação completa mostrando que a maioria das crianças, ou pelo menos as mais inteligentes, atravessam um período de pesquisas sexuais infantis”. Freud.
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sexta-feira, julho 27, 2007
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DESEJOS
Ernane Gusmão
Eu quero percorrer loucos caminhos,
para achegar-me ati, completo, inteiro,
indaque deva me cobrir de espinhos
ao me tornar amante e companheiro.
Beber os teus segredos no braseiro
do calor emergente dos teus ninhos.
Embriagar-me, aos sorvos, do teu cheiro,
que os teus olores para mim são vinhos!...
Sentir teu ser vibrando no meu peito,
delirio embaracado no meu leito,
ao possuir-te, enfim, de corpo e alma.
Arder meu rosto ao vendaval do risco,
zombar da tempestade em teu aprisco
e merecer teus beijos como palma!...
Ernane Gusmão
Eu quero percorrer loucos caminhos,
para achegar-me ati, completo, inteiro,
indaque deva me cobrir de espinhos
ao me tornar amante e companheiro.
Beber os teus segredos no braseiro
do calor emergente dos teus ninhos.
Embriagar-me, aos sorvos, do teu cheiro,
que os teus olores para mim são vinhos!...
Sentir teu ser vibrando no meu peito,
delirio embaracado no meu leito,
ao possuir-te, enfim, de corpo e alma.
Arder meu rosto ao vendaval do risco,
zombar da tempestade em teu aprisco
e merecer teus beijos como palma!...
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quinta-feira, julho 26, 2007
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MONJA
Cruz e Sousa
Ó Lua, Lua triste, amargurada,
Fantasma de brancuras vaporosas,
A tua nívea luz ciliciada
Faz murchecer e congelar as rosas.
Nas floridas searas ondulosas,
Cuja folhagem brilha fosforeada,
Passam sombras angélicas, nivosas,
Lua, Monja da cela constelada.
Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
Ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
Que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...
Então, ó Monja branca dos espaços,
Parece que abres para mim os braços,
Fria, de joelhos, trêmula, rezando...
Cruz e Sousa
Ó Lua, Lua triste, amargurada,
Fantasma de brancuras vaporosas,
A tua nívea luz ciliciada
Faz murchecer e congelar as rosas.
Nas floridas searas ondulosas,
Cuja folhagem brilha fosforeada,
Passam sombras angélicas, nivosas,
Lua, Monja da cela constelada.
Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
Ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
Que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...
Então, ó Monja branca dos espaços,
Parece que abres para mim os braços,
Fria, de joelhos, trêmula, rezando...
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quarta-feira, julho 25, 2007
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As forças ocultas. Freud.
“A destruição do caráter civilizado pelos impulsos instintivos libertados da repressão é um desfecho temido mas absolutamente impossível. É que este temor não leva em conta o que a nossa experiência nos ensinou com toda segurança: que o poder mental e somático de um desejo, desde que se baldou a respectiva repressão, se manifesta com muito mais força quando inconsciente do que quando consciente; indo para a consciência, só se pode enfraquecer. O desejo inconsciente escapa a qualquer influência, é independente das tendências contrárias, ao passo que o consciente é atalhado por tudo quando, igualmente consciente, se lhe opuser. O tratamento psicanalítico coloca-se assim como o melhor substituto da repressão fracassada, justamente em prol das aspirações mais altas e valiosas da civilização.” Freud.
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terça-feira, julho 24, 2007
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QUASE A SORRIR
Charles Fonseca
Ai, este teu olhar triste
Tão terno quanto distante
De mim ainda que dantes
Alegre, pra mim sorriste
Já na aurora da vida
Tu infante eu herói,
Que saudade, ainda dói
Do teu amor a partida
Pra bem longe e estás aqui
Quedo eu em meu pesar
Rezo aos céus, hás de voltar
Para mim, ponho-me a rir.
Charles Fonseca
Ai, este teu olhar triste
Tão terno quanto distante
De mim ainda que dantes
Alegre, pra mim sorriste
Já na aurora da vida
Tu infante eu herói,
Que saudade, ainda dói
Do teu amor a partida
Pra bem longe e estás aqui
Quedo eu em meu pesar
Rezo aos céus, hás de voltar
Para mim, ponho-me a rir.
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segunda-feira, julho 23, 2007
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CELESTE
Adelino Fontoura
É tão divina a angélica aparência,
e a graça que ilumina o rosto dela,
que eu concebera o tipo da inocência
nessa criança imaculada e bela.
Peregrina no céu, pálida estrela
exilada da etérea transparência,
sua origem não pode ser aquela
da nossa triste e mísera existência.
Tem a celeste e ingênua formosura
e a luminosa auréola sacrossanta
de uma visão do céu, cândida e pura.
E, quando os olhos para o céu levanta,
inundados de mística doçura,
nem parece mulher - parece santa.
Adelino Fontoura
É tão divina a angélica aparência,
e a graça que ilumina o rosto dela,
que eu concebera o tipo da inocência
nessa criança imaculada e bela.
Peregrina no céu, pálida estrela
exilada da etérea transparência,
sua origem não pode ser aquela
da nossa triste e mísera existência.
Tem a celeste e ingênua formosura
e a luminosa auréola sacrossanta
de uma visão do céu, cândida e pura.
E, quando os olhos para o céu levanta,
inundados de mística doçura,
nem parece mulher - parece santa.
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domingo, julho 22, 2007
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Segredinhos. Freud.
“Essas coisinhas, os atos falhos, como os sintomáticos e os fortuitos, não são assim tão destituídos de valor como uma espécie de acordo tácito e hábito admitir. São extraordinariamente significativos e quase sempre de interpretação fácil e segura, tendo-se em vista a situação em que ocorrem; verifica-se que mais uma vez exprimem impulsos e intenções que devem ficar ocultos à própria consciência, ou emanam justamente dos desejos reprimidos e dos complexos que, como já sabemos, são criadores dos sintomas e formadores dos sonhos. Fazem jus à mesma consideração que os sintomas, e o seu exame, tanto quanto o dos sonhos, pode levar ao descobrimento da parte oculta da mente. Por elas o homem trai, em regra, os mais íntimos segredos. Se se produzem com grande facilidade e freqüência, até em indivíduos normais, cujos desejos inconscientes estão reprimidos de modo eficaz, isso se explica pela futilidade e inverossimilhança das mesmas. São porém do mais alto valor teórico: testemunham a existência da repressão e da substituição mesmo na saúde perfeita.” Freud.
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sábado, julho 21, 2007
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DEBAIXO DO TAMARINDO
Augusto dos Anjos
No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos.
Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!
Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,
Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!
No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos.
Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!
Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,
Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!
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sexta-feira, julho 20, 2007
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Sentimento de Amigo
Vinícius de Moraes
Tenho amigos que não sabem
o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor.
Eis que permite que o objeto dela
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e o quanto minha vida
depende de suas existências...
A alguns deles não procuro,
basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja
a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica
e não sabem que estão incluídos
na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem noção de como me são necessários.
De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando comigo,
andando comigo, falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam ou
talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.
Tenho amigos que não sabem
o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor.
Eis que permite que o objeto dela
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e o quanto minha vida
depende de suas existências...
A alguns deles não procuro,
basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja
a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica
e não sabem que estão incluídos
na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem noção de como me são necessários.
De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando comigo,
andando comigo, falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam ou
talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.
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quinta-feira, julho 19, 2007
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SONETO
Amadeu Amaral
Tudo isto há de passar, de certo, muito em breve...
Branca névoa sutil, ir-se-á quando o sol nasça;
branco sonho de amor, passará, como passa
ondas em fúria uma garça de neve.
Passará dentro em pouco, imitando a fumaça
que se evola e se esvai nas curvas que descreve.
Fumaça de ilusão, força é que o vento a leve,
força é que o vento a leve, e disperse, e desfaça.
Que importa! Uma ilusão que nos alegra e afaga
há de ser sempre assim, no mar bravo da vida,
como a espuma que fulge e morre sobre a vaga.
Esta me há de fugir esta que hoje me inflama!
E antes vê-1a fugir como uma luz perdida
que possuí-la na mão como um pouco de lama . . .
Tudo isto há de passar, de certo, muito em breve...
Branca névoa sutil, ir-se-á quando o sol nasça;
branco sonho de amor, passará, como passa
ondas em fúria uma garça de neve.
Passará dentro em pouco, imitando a fumaça
que se evola e se esvai nas curvas que descreve.
Fumaça de ilusão, força é que o vento a leve,
força é que o vento a leve, e disperse, e desfaça.
Que importa! Uma ilusão que nos alegra e afaga
há de ser sempre assim, no mar bravo da vida,
como a espuma que fulge e morre sobre a vaga.
Esta me há de fugir esta que hoje me inflama!
E antes vê-1a fugir como uma luz perdida
que possuí-la na mão como um pouco de lama . . .
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quarta-feira, julho 18, 2007
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A muda fala do corpo.
“Os fenômenos em questão são as pequenas falhas comuns nos indivíduos normais e nos neuróticos, fatos aos quais não costumamos ligar importância - o esquecimento das coisas que deviam saber e que às vezes sabem realmente (por exemplo a fuga temporária dos nomes próprios), os lapsos de linguagem, são freqüentes até mesmo conosco, na escrita e na leitura em voz alta; atrapalhações no executar qualquer coisa, perda ou quebra de objetos etc., bagatelas de cujo determinismo psicológico de ordinário não se cuida, que passam sem reparo como casualidades, como resultado de distrações, desatenções e outras condições semelhantes. Juntam-se ainda os atos e gestos que as pessoas executam ser perceber e, sobretudo, sem lhes atribuir importância mental, como sejam trautear melodias, brincar com objetos, com partes da roupa ou do próprio corpo, etc.". Freud.
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terça-feira, julho 17, 2007
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Poética. Manuel Bandeira
Poética
Manuel Bandeira
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação
Manuel Bandeira
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação
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segunda-feira, julho 16, 2007
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O passado que não passa. Freud
“Os histéricos e neuróticos não só recordam acontecimentos dolorosos que se deram há muito tempo, como ainda se prendem a eles emocionalmente; não se desembaraçam do passado e alheiam-se por isso da realidade e do presente. Essa fixação da vida psíquica aos traumas patogênicos é um dos caracteres mais importantes da neurose e dos que têm maior significação prática”. Freud
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domingo, julho 15, 2007
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A IDÉIA
Augusto dos Anjos
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites de uma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e, depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No molambo da língua paralítica!
Augusto dos Anjos
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites de uma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e, depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No molambo da língua paralítica!
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sábado, julho 14, 2007
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QUERERES
QUERERES
Charles Fonseca
Eu quero é mais muitos filhos ter
Desses que me sejam a própria cara
Que qual cachorrinho balancem pra mim o rabo
E latindo saltem e se proclamem em versos.
Eu quero é mais muito mais pai eu ser
Que seja a lei que liberte meus filhos
Meus pobres versos tão ricos de sentido
Que me libertam, eles muito mais quero eu ter.
Charles Fonseca
Eu quero é mais muitos filhos ter
Desses que me sejam a própria cara
Que qual cachorrinho balancem pra mim o rabo
E latindo saltem e se proclamem em versos.
Eu quero é mais muito mais pai eu ser
Que seja a lei que liberte meus filhos
Meus pobres versos tão ricos de sentido
Que me libertam, eles muito mais quero eu ter.
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sexta-feira, julho 13, 2007
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De onde o ódio espia.
“Sabemos que o amor incipiente com freqüência é percebido como o próprio ódio, e que o amor, se se lhe nega satisfação, pode, com facilidade, ser parcialmente convertido em ódio; os poetas nos dizem que nos mais tempestuosos estádios do amor os dois sentimentos opostos podem subsistir lada a lado, por algum tempo, ainda que em rivalidade recíproca. Mas a coexistência crônica de amor e ódio, ambos dirigidos para a mesma pessoa e ambos com o mesmo elevadíssimo grau de intensidade, não podem deixar de assombrar-nos. Seria de esperar que o amor apaixonado tivesse, há muito tempo atrás, conquistado o ódio ou por ele [ter] sido absorvido. E, com efeito, uma tal sobrevivência protelada dos dois opostos só é possível sob condições psicológicas bastantes peculiares e com a cooperação do estado de coisas presentes no inconsciente. O amor não conseguiu extinguir o ódio, mas apenas reprimi-lo no inconsciente; e no inconsciente o ódio, protegido do perigo de ser destruído pelas operações do consciente, é capaz de persistir e, até mesmo crescer. Em tais circunstâncias, o amor consciente alcança, via de regra, mediante uma reação, um sobremodo elevado grau de intensidade, de maneira a ficar suficientemente forte para a eterna tarefa de manter sob repressão o oponente. A condição necessária para a ocorrência de um estado de coisas tão estranho na vida erótica de uma pessoa parece ser que, numa idade realmente precoce, em algum lugar no período pré-histórico de sua infância, ambos os opostos ter-se-iam separado e um deles, habitualmente o ódio, teria sido reprimido.” Freud.
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quinta-feira, julho 12, 2007
ESSA MULHER
Ruy Espinheira Filho
A que nunca amei e me ama pensa em mim à noite
antes de dormir, e nos escombros do sono
vê o meu rosto suave, arrogante, de há muitos anos
e sente uma mão fria empunhar-lhe o coração.
É bela a que nunca amei e me ama, cada vez mais bela
com seus cabelos soltos ao sopro da memória,
com uma voz onde sonham luas que jamais iluminaram
um caminho que me levasse à que nunca amei e me ama.
É doce essa mulher que acorda e diz o meu nome
com unção. Seus olhos me fitam do longínquo
e doem em mim como dói nessa mulher que me ama
amar quem nunca a amou, disperso em seus enganos.
A que nunca amei e me ama acaricia a minha ausência
com pena de mim, que teria sido feliz, bem sabe,
se a tivesse amado; a ela, que me ama e nunca amei
e nunca hei de amar, como até hoje, amargamente.
Ruy Espinheira Filho
A que nunca amei e me ama pensa em mim à noite
antes de dormir, e nos escombros do sono
vê o meu rosto suave, arrogante, de há muitos anos
e sente uma mão fria empunhar-lhe o coração.
É bela a que nunca amei e me ama, cada vez mais bela
com seus cabelos soltos ao sopro da memória,
com uma voz onde sonham luas que jamais iluminaram
um caminho que me levasse à que nunca amei e me ama.
É doce essa mulher que acorda e diz o meu nome
com unção. Seus olhos me fitam do longínquo
e doem em mim como dói nessa mulher que me ama
amar quem nunca a amou, disperso em seus enganos.
A que nunca amei e me ama acaricia a minha ausência
com pena de mim, que teria sido feliz, bem sabe,
se a tivesse amado; a ela, que me ama e nunca amei
e nunca hei de amar, como até hoje, amargamente.
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quarta-feira, julho 11, 2007
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A escolha do homossexual.
“Não há absolutamente qualquer justificativa para distinguir um instinto homossexual especial. O que constitui um homossexual é uma peculiaridade não na sua vida instintual, mas na sua escolha de objeto. Deixem-me lembrar o que eu disse nos meus Três Ensaios quanto ao fato de que erradamente imaginamos a conexão entre instinto e objeto na vida sexual como sendo mais íntima do que realmente é. Um homossexual pode ter instintos normais, mas é incapaz de separá-los de uma classe de objetos definida por um determinante particular.”. Freud.
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terça-feira, julho 10, 2007
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segunda-feira, julho 09, 2007
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Recolhimento. Charles Baudelaire. Poesia
RECOLHIMENTO
Charles Baudelaire
Sê sábia, ó minha dor, e queda-te mais quieta.
Reclamavas a tarde; eis que ela vem descendo:
Sobre a cidade um véu de sombras se projeta,
A alguns trazendo a angústia, a paz a outros trazendo.
Enquanto dos mortais a multidão abjeta,
Sob o flagelo do prazer, algoz horrendo,
Remorsos colhe à festa e sôfrega se inquieta,
Dá-me, ó dor, tua mão; vem por aqui, correndo
Deles. Vem ver curvarem-se os anos passados
Nas varandas do céu, em trajes antiquados;
Surgir das águas a saudade sorridente;
O sol que numa arcada agoniza e se aninha,
E, qual longo sudário a arrastar-se no Oriente,
Ouve, querida, a doce noite que caminha.
Charles Baudelaire
Sê sábia, ó minha dor, e queda-te mais quieta.
Reclamavas a tarde; eis que ela vem descendo:
Sobre a cidade um véu de sombras se projeta,
A alguns trazendo a angústia, a paz a outros trazendo.
Enquanto dos mortais a multidão abjeta,
Sob o flagelo do prazer, algoz horrendo,
Remorsos colhe à festa e sôfrega se inquieta,
Dá-me, ó dor, tua mão; vem por aqui, correndo
Deles. Vem ver curvarem-se os anos passados
Nas varandas do céu, em trajes antiquados;
Surgir das águas a saudade sorridente;
O sol que numa arcada agoniza e se aninha,
E, qual longo sudário a arrastar-se no Oriente,
Ouve, querida, a doce noite que caminha.
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domingo, julho 08, 2007
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CARAS E BOCAS. Charles Fonseca. Poesia.
CARAS E BOCAS
Charles Fonseca
Essas damas leem “Caras”
Esses caras jogam damas
Oh meu Deus, tu que os ama,
Cura-lhes então as chagas
Que desde a tenra infância
Quando ainda botão-flor
Reprimiram-lhe o amor
Prendem-lhes nós, infâmia,
‘Livros, livros à mancheia’,
Que os tirem do cismar
Por fronteiras dê-lhes mar,
Astros ao léu, lua cheia!
Charles Fonseca
Essas damas leem “Caras”
Esses caras jogam damas
Oh meu Deus, tu que os ama,
Cura-lhes então as chagas
Que desde a tenra infância
Quando ainda botão-flor
Reprimiram-lhe o amor
Prendem-lhes nós, infâmia,
‘Livros, livros à mancheia’,
Que os tirem do cismar
Por fronteiras dê-lhes mar,
Astros ao léu, lua cheia!
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.....CARAS E BOCAS
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O que é um homossexual?
“Na realidade é a alta estima sentida pelo homossexual pelo órgão masculino que decide o seu destino. Na sua infância ele escolhe mulheres como seu objeto sexual, enquanto presume que elas também possuem o que, a seus olhos, é uma parte indispensável do corpo, quando ele se convence de que as mulheres o decepcionaram nesse particular, elas deixam de ser aceitáveis para ele como objeto sexual. Ele não pode abrir mão de um pênis em qualquer pessoa que deva atraí-lo para o ato sexual; e se as circunstâncias forem favoráveis, ele fixará sua libido sobre ‘a mulher com pênis’, um jovem de aparência feminina. Os homossexuais, então, são pessoas que, devido à importância erógena dos seus próprios genitais, não podem passar sem uma forma semelhante no seu objeto sexual. No decurso do desenvolvimento do auto-erotismo para o amor objetal, eles permanecem fixados num ponto entre os dois – um ponto mais perto do seu auto-erotismo.”. Freud. Vol. X. Pág. 101.
“Na realidade é a alta estima sentida pelo homossexual pelo órgão masculino que decide o seu destino. Na sua infância ele escolhe mulheres como seu objeto sexual, enquanto presume que elas também possuem o que, a seus olhos, é uma parte indispensável do corpo, quando ele se convence de que as mulheres o decepcionaram nesse particular, elas deixam de ser aceitáveis para ele como objeto sexual. Ele não pode abrir mão de um pênis em qualquer pessoa que deva atraí-lo para o ato sexual; e se as circunstâncias forem favoráveis, ele fixará sua libido sobre ‘a mulher com pênis’, um jovem de aparência feminina. Os homossexuais, então, são pessoas que, devido à importância erógena dos seus próprios genitais, não podem passar sem uma forma semelhante no seu objeto sexual. No decurso do desenvolvimento do auto-erotismo para o amor objetal, eles permanecem fixados num ponto entre os dois – um ponto mais perto do seu auto-erotismo.”. Freud. Vol. X. Pág. 101.
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sexta-feira, julho 06, 2007
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LÍNGUA-MAR
Adriano Espínola
A língua em que navego, marinheiro,
na proa das vogais e consoantes,
é a que me chega em ondas incessantes
à praia deste poema aventureiro.
É a língua portuguesa, a que primeiro
transpôs o abismo e as dores velejantes,
no mistério das águas mais distantes,
e que agora me banha por inteiro.
Língua de sol, espuma e maresia,
que a nau dos sonhadores-navegantes
atravessa a caminho dos instantes,
cruzando o Bojador de cada dia.
Ó língua-mar, viajando em todos nós.
No teu sal, singra errante a minha voz.
Adriano Espínola
A língua em que navego, marinheiro,
na proa das vogais e consoantes,
é a que me chega em ondas incessantes
à praia deste poema aventureiro.
É a língua portuguesa, a que primeiro
transpôs o abismo e as dores velejantes,
no mistério das águas mais distantes,
e que agora me banha por inteiro.
Língua de sol, espuma e maresia,
que a nau dos sonhadores-navegantes
atravessa a caminho dos instantes,
cruzando o Bojador de cada dia.
Ó língua-mar, viajando em todos nós.
No teu sal, singra errante a minha voz.
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quinta-feira, julho 05, 2007
Paisagem. Charles-Francois-Daubgny.
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A essência.
“... uma psicanálise não é uma investigação científica imparcial, mas uma medida terapêutica. Sua essência não é provar nada, mas simplesmente alterar alguma coisa.” Freud.
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quarta-feira, julho 04, 2007
Anunciação com Santo Emídio. Carlo Crivelli.
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CASAMENTO
Adélia Prado
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Adélia Prado
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
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terça-feira, julho 03, 2007
Johannes Cuspinian. Lucas Cranach.
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Porta-estandarte.
“Uma vez que um estado de ansiedade se estabelece, a ansiedade absorve todos os outros sentimentos; com o progresso da repressão, e com a passagem ao inconsciente de boa parte das outras idéias que são carregadas de afeto e que foram conscientes, todos os afetos podem ser transformados em ansiedade”. Freud.
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segunda-feira, julho 02, 2007
O sono. Gustave Courbet.
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À ÁRVORE DA SERRA
Augusto dos Anjos
— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...
— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
Augusto dos Anjos
— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...
— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
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domingo, julho 01, 2007
Jupiter e Io. Correggio.
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Dos escombros.
“Seguramente deve existir a possibilidade de se observar em crianças, em primeira mão e em todo o frescor da vida, os impulsos e desejos sexuais que tão laboriosamente desenterramos nos adultos dentre seus próprios escombros ¬- especialmente se também é crença nossa que eles constituem a propriedade comum de todos os homens, uma parte da constituição humana, e apenas exagerada ou distorcida no caso dos neuróticos”. Freud.
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