sábado, junho 30, 2007
Dança da Ninfas.Jean-Baptiste-Camille Corot.
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sexta-feira, junho 29, 2007
A Catedral de Salisbury. John Constable.
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Em mim também. Olavo Bilac
EM MIM TAMBÉM
Olavo Bilac
Em mim também, que descuidado vistes,
Encantado e aumentando o próprio encanto,
Tereis notado que outras cousas canto
Muito diversas das que outrora ouvistes.
Mas amastes, sem dúvida ... Portanto,
Meditai nas tristezas que sentistes:
Que eu, por mim, não conheço cousas tristes,
Que mais aflijam, que torturem tanto.
Quem ama inventa as penas em que vive;
E, em lugar de acalmar as penas, antes
Busca novo pesar com que as avive.
Olavo Bilac
Em mim também, que descuidado vistes,
Encantado e aumentando o próprio encanto,
Tereis notado que outras cousas canto
Muito diversas das que outrora ouvistes.
Mas amastes, sem dúvida ... Portanto,
Meditai nas tristezas que sentistes:
Que eu, por mim, não conheço cousas tristes,
Que mais aflijam, que torturem tanto.
Quem ama inventa as penas em que vive;
E, em lugar de acalmar as penas, antes
Busca novo pesar com que as avive.
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Olavo Bilac,
Poesia
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O banho de Diana. Jean Clouet.
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A origem das neuroses.
“Quando um médico trata de um neurótico adulto pela psicanálise, o processo que ele realiza de pôr a descoberto as formações psíquicas, camada por camada, capacita-o, afinal, a construir determinadas hipóteses quanto à sexualidade infantil do paciente; e é nos componentes dessa última que ele acredita haver descoberto as forças motivadoras de todos os sintomas neuróticos da vida posterior.” Freud.
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quarta-feira, junho 27, 2007
Majestade. Cimabue.
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PEDAÇO DE MIM
Chico Buarque de Holanda
Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus
Chico Buarque de Holanda
Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus
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terça-feira, junho 26, 2007
São Jeronimo penitente no deserto. Mantegna.
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OS CISNES
Julio Salusse
A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,
Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.
Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,
Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!
Julio Salusse
A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,
Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.
Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,
Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!
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segunda-feira, junho 25, 2007
Os atributos das artes. Jean-Baptiste-Siméon Chardin.
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A LONGA ESPERA. Charles Fonseca
A LONGA ESPERA
Charles Fonseca
Tu és como água mansinha
Que corre beirando o mato
Querendo ser rio és riacho
E acho que voltas chuvinha.
Quando chegares aos mares
Após seres caudalosa
Desprezastes orgulhosa
As origens, teus amares.
Quando tu voltares chuva
Talvez só fino orvalho
Quem sabe sob este carvalho
Que te deu sombra vetusta
Encontres só em lembranças
A quem se foi, não mais volta
Cansou-se, fechou a porta
Pra ti, morreu de esperanças.
Charles Fonseca
Tu és como água mansinha
Que corre beirando o mato
Querendo ser rio és riacho
E acho que voltas chuvinha.
Quando chegares aos mares
Após seres caudalosa
Desprezastes orgulhosa
As origens, teus amares.
Quando tu voltares chuva
Talvez só fino orvalho
Quem sabe sob este carvalho
Que te deu sombra vetusta
Encontres só em lembranças
A quem se foi, não mais volta
Cansou-se, fechou a porta
Pra ti, morreu de esperanças.
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domingo, junho 24, 2007
A casa do enforcado. Paul Cézanne.
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TEMOR
Junqueira Freire
Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova.
Pisemos devagar. Olhe que a terra
Não sinta o nosso peso.
Deitemo-nos aqui. Abre-me os braços.
Escondamo-nos um no seio do outro.
Não há de assim nos avistar a morte,
Ou morreremos juntos.
Não fales muito. Uma palavra basta
Murmurada, em segredo, ao pé do ouvido.
Nada, nada de voz, - nem um suspiro,
Nem um arfar mais forte.
Fala-me só com o revolver dos olhos.
Tenho-me afeito à inteligência deles.
Deixa-me os lábios teus, rubros de encanto.
Somente pra os meus beijos.
Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova.
Pisemos devagar. Olha que a terra
Não sinta o nosso peso.
Junqueira Freire
Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova.
Pisemos devagar. Olhe que a terra
Não sinta o nosso peso.
Deitemo-nos aqui. Abre-me os braços.
Escondamo-nos um no seio do outro.
Não há de assim nos avistar a morte,
Ou morreremos juntos.
Não fales muito. Uma palavra basta
Murmurada, em segredo, ao pé do ouvido.
Nada, nada de voz, - nem um suspiro,
Nem um arfar mais forte.
Fala-me só com o revolver dos olhos.
Tenho-me afeito à inteligência deles.
Deixa-me os lábios teus, rubros de encanto.
Somente pra os meus beijos.
Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova.
Pisemos devagar. Olha que a terra
Não sinta o nosso peso.
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sábado, junho 23, 2007
O poeta. Leon Girardet.
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O inconsciente recua.
“Os sonhos e os delírios surgem de uma mesma fonte ¬¬– do que é reprimido. Poderíamos dizer que os sonhos são os delírios fisiológicos das pessoas normais. Antes de tornar-se suficientemente forte para irromper na vida de vigília como delírio, o que é reprimido pode ter alcançado um primeiro sucesso, sob as condições mais favoráveis do sono, na forma de sonho de efeitos duradouros. Durante o sono, juntamente com uma diminuição geral da atividade mental, dá-se um relaxamento da intensidade de resistência que as forças psíquicas dominantes opõem ao que é reprimido. É esse relaxamento que possibilita a formação dos sonhos, e é por isso que estes constituem o melhor caminho para o conhecimento da parte inconsciente da mente – só que, via de regra, com o restabelecimento das catexias [ou investimentos] psíquicas da vida de vigília, os sonhos se desvanecem e o inconsciente é obrigado a evacuar mais uma vez o terreno que conquistara.” Freud.
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sexta-feira, junho 22, 2007
Chá. Mary Stevenson Cassat.
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Nós. Guilherme de Almeida. Poesia
NÓS
Guilherme de Almeida
Fico - deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.
E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
- "Que é feito dela?" - indagarão - coitados!
E os amigos dirão: - "Que é feito dela?"
Parte! E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;
irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!
Guilherme de Almeida
Fico - deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.
E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
- "Que é feito dela?" - indagarão - coitados!
E os amigos dirão: - "Que é feito dela?"
Parte! E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;
irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!
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quinta-feira, junho 21, 2007
A tentação de Cristo. Botticelli.
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Fantasias.
“... fantasias precursoras dos delírios... são substitutos e derivados de lembranças reprimidas que não conseguem atingir a consciência de forma inalterada devido a uma resistência, mas que podem alcançar a possibilidade de se tornarem conscientes levando em consideração, por meio de mudanças e distorções, a censura da resistência.” Freud.
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quarta-feira, junho 20, 2007
Ariadne abandonada.
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RIACHO
Ernane Gusmão
A vida é qual riacho pequenino,
fio d'agua nascente lá na serra,
que entre musgos e rochas, bem menino,
cantarolando, desce sobre a terra.
Por sob a chuva e sob o sol a pino,
alarga, estreita, cantarola e berra.
Reflete, longe, o fatal destino
que a vida espera e o riacho encerra.
Pois quando feito rio, se amansando,
as curvas do caminho se entregando,
já não tem mais a força do caudal.
Tal qual a vida, apaga-se sereno,
na imensa sepultura do mar pleno...
...mergulho eterno...ao reino do imortal!...
Ernane Gusmão
A vida é qual riacho pequenino,
fio d'agua nascente lá na serra,
que entre musgos e rochas, bem menino,
cantarolando, desce sobre a terra.
Por sob a chuva e sob o sol a pino,
alarga, estreita, cantarola e berra.
Reflete, longe, o fatal destino
que a vida espera e o riacho encerra.
Pois quando feito rio, se amansando,
as curvas do caminho se entregando,
já não tem mais a força do caudal.
Tal qual a vida, apaga-se sereno,
na imensa sepultura do mar pleno...
...mergulho eterno...ao reino do imortal!...
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terça-feira, junho 19, 2007
“O rapto de Perséfone”, Christoph Schwartz
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Solucionando sonhos.
“… se uma crença na realidade das imagens oníricas persistir por um espaço de tempo invulgarmente prolongado, de modo que o indivíduo não consiga desligar-se do sonho, esse fenômeno não deve ser considerado como um erro de julgamento provocado pela vividez das imagens oníricas, mas um ato psíquico independente: uma garantia, em relação ao conteúdo do sonho, de que algo nele é realmente tal como sonhado;” Freud.
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segunda-feira, junho 18, 2007
O alabardeiro.Pontormo.
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DORMIAS. Charles Fonseca
DORMIAS
Charles Fonseca
Lá no alto de Ondina
Com o vento a farfalhar
Coqueiros de beira mar
Onde a vista descortina
Em meu colo te velava
Tu sonhavas, eu sorria.
Ondas beijavam a praia,
Beijos te dava, dormias.
Charles Fonseca
Lá no alto de Ondina
Com o vento a farfalhar
Coqueiros de beira mar
Onde a vista descortina
Em meu colo te velava
Tu sonhavas, eu sorria.
Ondas beijavam a praia,
Beijos te dava, dormias.
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domingo, junho 17, 2007
Auto retrato. Rosalba Carriera.
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VIAGEM
Paulo César Pinheiro
Oh! tristeza me desculpe, estou de malas prontas
Hoje a poesia veio ao meu encontro,
Já raiou o dia vamos viajar.
Vamos indo de carona na garupa leve
Do vento macio que vem caminhando,
Desde muito longe, lá do fim do mar.
Vamos visitar a estrela da manhã raiada
Que pensei perdida pela madrugada
Mas que vai escondida querendo brincar.
Senta nesta nuvem clara, minha poesia,
Anda, se prepara, traz uma cantiga,
Vamos espalhando música no ar.
Olha quantas aves brancas, minha poesia,
dançam nossa valsa pelo céu que o dia
Fez todo bordado de raios de sol
Oh! poesia me ajude, vou colher avencas,
Lírios, rosas, dálias pelos campos verdes,
Que você batiza de jardins do céu.
Mas pode ficar tranqüila, minha poesia,
Pois nós voltaremos numa estrela guia,
Num clarão de lua quando serenar.
Ou talvez, até quem sabe, nós só voltaremos
No cavalo baio, no alazão da noite
Cujo nome é raio, raio de luar.
Paulo César Pinheiro
Oh! tristeza me desculpe, estou de malas prontas
Hoje a poesia veio ao meu encontro,
Já raiou o dia vamos viajar.
Vamos indo de carona na garupa leve
Do vento macio que vem caminhando,
Desde muito longe, lá do fim do mar.
Vamos visitar a estrela da manhã raiada
Que pensei perdida pela madrugada
Mas que vai escondida querendo brincar.
Senta nesta nuvem clara, minha poesia,
Anda, se prepara, traz uma cantiga,
Vamos espalhando música no ar.
Olha quantas aves brancas, minha poesia,
dançam nossa valsa pelo céu que o dia
Fez todo bordado de raios de sol
Oh! poesia me ajude, vou colher avencas,
Lírios, rosas, dálias pelos campos verdes,
Que você batiza de jardins do céu.
Mas pode ficar tranqüila, minha poesia,
Pois nós voltaremos numa estrela guia,
Num clarão de lua quando serenar.
Ou talvez, até quem sabe, nós só voltaremos
No cavalo baio, no alazão da noite
Cujo nome é raio, raio de luar.
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Adonis e Vênus. Carracci.
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SAUDADES
(autor desconhecido)
Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudadesda minha adolescência,
do meu colégio querido
do meu primeiro amor, do meu segundo,
do terceiro, do penúltimo
e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo,
lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei,
de quem disse que viria e nem apareceu;
de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram
e de quem não me despedi direito;
daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre;
de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter;
de coisas que nem sei que existiram.
Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu não tive
um dia e que me amaria fielmente, como só os
cães são capazes de fazer,
dos livros que li e que me fizeram viajar, dos discos
que ouvi e que me fizeram sonhar,
das coisas que vivi e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar
não sei o que, não sei onde, para resgatar alguma coisa
que nem sei o que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar
sentindo saudades em japonês, em russo, em italiano,
em inglês, mas que minha saudade, por eu ter nascido
no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo,
possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se
usar sempre a língua pátria, espontaneamente,
quando estamos desesperados, para contar dinheiro,
fazer amor e declarar sentimentos fortes, seja lá
em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um
simples "I miss you", ou seja lá como possamos
traduzir saudade em outra língua, nunca terá a
mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima, corretamente, a imensa falta
que sentimos de coisas ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes em que sinto este
aperto no peito, meio nostálgico,
meio gostoso, mas que funciona melhor do que
um sinal vital quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca de
que somos sensíveis, de que amamos muito o
que tivemos e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...
Sentir saudade,
é sinal de que se está vivo!
(autor desconhecido)
Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudadesda minha adolescência,
do meu colégio querido
do meu primeiro amor, do meu segundo,
do terceiro, do penúltimo
e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo,
lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei,
de quem disse que viria e nem apareceu;
de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram
e de quem não me despedi direito;
daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre;
de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter;
de coisas que nem sei que existiram.
Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu não tive
um dia e que me amaria fielmente, como só os
cães são capazes de fazer,
dos livros que li e que me fizeram viajar, dos discos
que ouvi e que me fizeram sonhar,
das coisas que vivi e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar
não sei o que, não sei onde, para resgatar alguma coisa
que nem sei o que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar
sentindo saudades em japonês, em russo, em italiano,
em inglês, mas que minha saudade, por eu ter nascido
no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo,
possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se
usar sempre a língua pátria, espontaneamente,
quando estamos desesperados, para contar dinheiro,
fazer amor e declarar sentimentos fortes, seja lá
em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um
simples "I miss you", ou seja lá como possamos
traduzir saudade em outra língua, nunca terá a
mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima, corretamente, a imensa falta
que sentimos de coisas ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes em que sinto este
aperto no peito, meio nostálgico,
meio gostoso, mas que funciona melhor do que
um sinal vital quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca de
que somos sensíveis, de que amamos muito o
que tivemos e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...
Sentir saudade,
é sinal de que se está vivo!
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sexta-feira, junho 15, 2007
Cavaleiro. Vitore Carpaccio.
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Fantasias precursoras dos delírios.
“Vamos relembrar tudo o que foi dito aqui sobre a origem e a natureza das fantasias precursoras dos delírios. Elas são substitutos e derivados de lembranças reprimidas que não conseguem atingir a consciência e derivados de lembranças reprimidas que não conseguem atingir a consciência de forma inalterada devido a uma resistência, mas que podem alcançar a possibilidade de se tornarem conscientes levando em consideração, por meio de mudanças e distorções, a censura da resistência.” Freud.
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quinta-feira, junho 14, 2007
O tocador de alaúde. Caravaggio.
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A LUA NOVA CHEGOU.
César Augusto Fonseca.
Que engraçado!
Hoje uma lua nova nasceu,
Do colo da lua cheia.
As águas do céu a trouxeram
Correram entre os vales,
Que engraçado!
A lua nova chegou,
Como quem nada quer...
Trazendo uma luz azul,
Suave brilho de mulher.
Que engraçado!
A lua nova dormia,
A lua cheia sorria...
A que parecia minguar,
Na verdade crescia!
Que engraçado!
Parece que o astro-rei,
Desconfiado... fugira!
Mas... que nada...
Só a luz das estrelas diminuía.
Pra que a lua nova chegasse,
Iluminando a Baía!
César Augusto Fonseca.
Que engraçado!
Hoje uma lua nova nasceu,
Do colo da lua cheia.
As águas do céu a trouxeram
Correram entre os vales,
Que engraçado!
A lua nova chegou,
Como quem nada quer...
Trazendo uma luz azul,
Suave brilho de mulher.
Que engraçado!
A lua nova dormia,
A lua cheia sorria...
A que parecia minguar,
Na verdade crescia!
Que engraçado!
Parece que o astro-rei,
Desconfiado... fugira!
Mas... que nada...
Só a luz das estrelas diminuía.
Pra que a lua nova chegasse,
Iluminando a Baía!
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César Fonseca
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quarta-feira, junho 13, 2007
A praça de São Marcos. Canaletto.
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Supressão instintual e repressão de idéias.
“A ciência ainda não suspeita da importância da repressão, não reconhece que para explicar o mundo dos fenômenos psicopatológicos o inconsciente é absolutamente essencial, não procura a base dos delírios num conflito psíquico, e nem considera seus sintomas como conciliações... Assinalei, particularmente em conexão com os estados mentais conhecidos como histeria e obsessões, que o determinante individual desses distúrbios psíquicos é a supressão de uma parcela da vida instintual e a repressão de idéias que representam o instinto reprimido...” Freud.
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terça-feira, junho 12, 2007
A lição de Anatomia do Dr. Tulp. Rembrandt.
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FUROS. Charles Fonseca. Poesia.
FUROS
Charles Fonseca
Este amor embalsamado
Que me tens tu dás-me pena
De querer-te eu apenas
Na amizade do passado
No presente eu o espero
Vê-lo já lá no futuro
No esgarço todo em furo,
Todo em dores, semi etéreo.
Clique: https://charlesfonseca.blogspot.com
Charles Fonseca
Este amor embalsamado
Que me tens tu dás-me pena
De querer-te eu apenas
Na amizade do passado
No presente eu o espero
Vê-lo já lá no futuro
No esgarço todo em furo,
Todo em dores, semi etéreo.
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segunda-feira, junho 11, 2007
A batalha de Lepanto. Paolo Veronese.
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Freud escreveu. Psicanálise
“Enquanto lidamos apenas com lembranças e idéias, permanecemos na superfície. Só os sentimentos têm valor na vida mental. Nenhuma força mental é significativa se não possuir a característica de despertar sentimentos. As idéias só são reprimidas porque estão associadas à liberação de sentimentos que devem ser evitados. Seria mais correto dizer que a repressão age sobre sentimentos, mas só nos apercebemos destes através de sua associação com idéias.” Freud.
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Psicanálise
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domingo, junho 10, 2007
Jovem à janela. Gustave Caillebotte. Pintura
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Pintura
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A luva. Friedrich Schiller. Poesia
A LUVA
Friedrich Schiller
Frente ao seu parque de leões,
Aguardando o combate,
Sentado estava o rei Francisco.
E a seu lado os grandes da coroa,
E ainda, em redor, na alta galeria,
As damas, em magnífica grinalda.
E como faz sinal a mão do soberano,
Logo se abre a grande jaula,
E avança um leão
A passo ponderado.
Silencioso,
Lança à volta um olhar,
Com um bocejo prolongado,
E sacode a juba,
E distende os membros,
E na arena se deita.
E novamente faz sinal o rei.
Então se abre ligeira
Um segunda porta.
De súbito,
Com um salto selvagem
Surge, correndo, um tigre.
Como descobre o leão
Ruge ruidosamente;
Bate com a cauda,
Descrevendo um círculo terrível.
E estende a língua,
E vai, em volta, receoso,
Rodeando o leão,
Rosnando, furioso.
Depois estende-se, resmungando,
Ao seu lado, no chão.
E novamente faz sinal o rei.
Eis que da jaula se abrem duas portas:
Dois leopardos saem, simultâneos,
Que sobre o tigre se lançam,
Com bravo ardor de combate.
A fera os prende em suas garras ferozes.
Endireita-se o leão, com um rugido,
- Faz-se em silêncio -
E à sua volta,
Ardendo em sede de sangue,
Estendem-se os terríficos felinos.
Do varandim da galeria,
Eis que uma luva de mão formosa
Cai, entre o leão e o tigre,
A igual distância, entre um e outro.
E voltando-se para o cavaleiro Delorges,
A jovem Cunegunda diz-lhe em troça:
«Senhor cavaleiro, se é tão ardente
O vosso amor por mim, como jurais
A cada instante, ide buscar a minha luva.»
E o cavaleiro, prontamente,
À arena assustadora desce
Em passos firmes.
E, do local monstruoso,
Com a mão audaciosa apanha a luva.
E com espanto, e com temor, olham para ele
Os cavaleiros e as nobres damas.
De espírito sereno, a luva traz de volta.
Nascem em cada boca palavras de louvor.
Porém, com terno olhar de amor,
(Promessa de uma próxima felicidade),
Recebe-o a jovem Cunegunda.
E ele atira a luva ao rosto feminino:
«A vossa gratidão, não a pretendo.»
E no próprio momento se retira.
Friedrich Schiller
Frente ao seu parque de leões,
Aguardando o combate,
Sentado estava o rei Francisco.
E a seu lado os grandes da coroa,
E ainda, em redor, na alta galeria,
As damas, em magnífica grinalda.
E como faz sinal a mão do soberano,
Logo se abre a grande jaula,
E avança um leão
A passo ponderado.
Silencioso,
Lança à volta um olhar,
Com um bocejo prolongado,
E sacode a juba,
E distende os membros,
E na arena se deita.
E novamente faz sinal o rei.
Então se abre ligeira
Um segunda porta.
De súbito,
Com um salto selvagem
Surge, correndo, um tigre.
Como descobre o leão
Ruge ruidosamente;
Bate com a cauda,
Descrevendo um círculo terrível.
E estende a língua,
E vai, em volta, receoso,
Rodeando o leão,
Rosnando, furioso.
Depois estende-se, resmungando,
Ao seu lado, no chão.
E novamente faz sinal o rei.
Eis que da jaula se abrem duas portas:
Dois leopardos saem, simultâneos,
Que sobre o tigre se lançam,
Com bravo ardor de combate.
A fera os prende em suas garras ferozes.
Endireita-se o leão, com um rugido,
- Faz-se em silêncio -
E à sua volta,
Ardendo em sede de sangue,
Estendem-se os terríficos felinos.
Do varandim da galeria,
Eis que uma luva de mão formosa
Cai, entre o leão e o tigre,
A igual distância, entre um e outro.
E voltando-se para o cavaleiro Delorges,
A jovem Cunegunda diz-lhe em troça:
«Senhor cavaleiro, se é tão ardente
O vosso amor por mim, como jurais
A cada instante, ide buscar a minha luva.»
E o cavaleiro, prontamente,
À arena assustadora desce
Em passos firmes.
E, do local monstruoso,
Com a mão audaciosa apanha a luva.
E com espanto, e com temor, olham para ele
Os cavaleiros e as nobres damas.
De espírito sereno, a luva traz de volta.
Nascem em cada boca palavras de louvor.
Porém, com terno olhar de amor,
(Promessa de uma próxima felicidade),
Recebe-o a jovem Cunegunda.
E ele atira a luva ao rosto feminino:
«A vossa gratidão, não a pretendo.»
E no próprio momento se retira.
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sábado, junho 09, 2007
Pintura de Alexandre Cabanel.
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“Reprimido” é uma expressão dinâmica, que leva em conta a interação de forças mentais; implica a presença de uma força que procura provocar toda uma série de efeitos psíquicos, inclusive o de tornar-se consciente, e a essa força opõe-se uma outra contrária, capaz de obstruir alguns desses efeitos psíquicos, inclusive também aquele de tornar-se consciente. A característica de algo reprimido é justamente a de não conseguir chegar à consciência, apesar de sua intensidade.” Freud.
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sexta-feira, junho 08, 2007
O rei Cophetua e a empregada. Edward Burne-Jones.
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MEU SER EVAPOREI NA VIDA INSANA
Bocage
Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões que me arrastava
Ah, cego eu cria, ah !mísero eu sonhava
Em mim, quase imortal, a essência humana!
De que inúmeros sóis a mente ufana
A existência falaz me não doirava !
Mas eis sucumbe a Natureza escrava
Ao mal , que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos,
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus. Ó Deus! Quando a morte à luz me roube
Ganhe um momento o que perderam anos:
Saiba morrer o que viver não soube!
Bocage
Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões que me arrastava
Ah, cego eu cria, ah !mísero eu sonhava
Em mim, quase imortal, a essência humana!
De que inúmeros sóis a mente ufana
A existência falaz me não doirava !
Mas eis sucumbe a Natureza escrava
Ao mal , que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos,
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus. Ó Deus! Quando a morte à luz me roube
Ganhe um momento o que perderam anos:
Saiba morrer o que viver não soube!
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quinta-feira, junho 07, 2007
A torre de Babel. Pieter Bruegel.
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MADRIGAL MELANCÓLICA
Manoel Bandeira
O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é A VIDA !!!
Manoel Bandeira
O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é A VIDA !!!
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quarta-feira, junho 06, 2007
Trabalho. Ford Madox Brown.
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VERSOS ÍNTIMOS
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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terça-feira, junho 05, 2007
Retrato de Lucrécia Panciatichi. Agnolo Bronzino.
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INGRATIDÃO
Raul de Leôni
Nunca mais me esqueci!... Eu era criança
e, em meu velho quintal, ao sol-nascente,
plantei, com a minha mão ingênua e mansa,
uma linda amendoeira adolescente -
Era a mais rútila e íntima esperança...
Cresceu.., cresceu ... e, aos poucos, suavemente,
pendeu os ramos sobre um muro em frente
e foi frutificar na vizinhança...
Dai por diante, pela vida inteira,
todas as grandes árvores que em minhas
terras, num sonho esplêndido semeio,
como aquela magnífica amendoeira,
eflorescem nas chácaras vizinhas
e vão dar frutos no pomar alheio...
Raul de Leôni
Nunca mais me esqueci!... Eu era criança
e, em meu velho quintal, ao sol-nascente,
plantei, com a minha mão ingênua e mansa,
uma linda amendoeira adolescente -
Era a mais rútila e íntima esperança...
Cresceu.., cresceu ... e, aos poucos, suavemente,
pendeu os ramos sobre um muro em frente
e foi frutificar na vizinhança...
Dai por diante, pela vida inteira,
todas as grandes árvores que em minhas
terras, num sonho esplêndido semeio,
como aquela magnífica amendoeira,
eflorescem nas chácaras vizinhas
e vão dar frutos no pomar alheio...
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segunda-feira, junho 04, 2007
Natureza morta. Georges Braque.
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“...ao tentarmos compreender os sonhos reais de uma pessoa real, temos de examinar atentamente seu caráter e sua história, investigando não só as experiências que antecederam de pouco seu sonho, mas também as de seu passado remoto.” Freud.
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domingo, junho 03, 2007
O segredo. William-Adolphe Bouguerreau.
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DUAS ALMAS
Alceu Wamosy
Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada,
Entra, e, sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
Podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha.
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
Alceu Wamosy
Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada,
Entra, e, sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
Podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha.
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
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sábado, junho 02, 2007
ROSAS VERMELHAS. Charles Fonseca. Poesia.
ROSAS VERMELHAS
Charles Fonseca
Tu que de mim te arrancas,
Meu peito já tão dorido,
Onde o primeiro sentido
Do teu amor, onde o lanças?
Não quero dar-te as brancas
Rosas que acaso a ti cubras
Ainda quero as rubras
Dar-te eu sempre, criança.
As brancas transmitem paz
Amarelas desalentos,
Roxas azuis, só lamentos,
Rubras, o amor que em mim jaz.
Charles Fonseca
Tu que de mim te arrancas,
Meu peito já tão dorido,
Onde o primeiro sentido
Do teu amor, onde o lanças?
Não quero dar-te as brancas
Rosas que acaso a ti cubras
Ainda quero as rubras
Dar-te eu sempre, criança.
As brancas transmitem paz
Amarelas desalentos,
Roxas azuis, só lamentos,
Rubras, o amor que em mim jaz.
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sexta-feira, junho 01, 2007
Rapariga no banco. Francois Boucher
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